quarta-feira, 13 de março de 2024

MÃE ONDINA DE ΧΑΡΑΝΑ

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ONDINA DE ΧΑΡΑΝΑ

"Postado por Fermando Palmeiro da Fontoura
Em 11/03/2024
Ondina da Conceição, cujo nome de religião era "Ondina de Xapana nasceu em Porto Alegre em 19 de novembro de 1900, no Bairro Sarandi, de etnia negra Raça que labutou na lavoura e no cultivo da cana-de-açúcar no Brasil Colónia e que, nos séculos seguintes, veio a se notabilizar na música, na literatura, nas artes plásticas, artesanato e esportes. Ainda, na politica, culinária, religião, notadamente no Candomblé, Nação e Umbanda.

Mae Ondina de Xapana foi e é uma das figuras mais respeitáveis e grandiosas da Religião Africana, segundo confirma e relata sua filha Taia que a sucedeu no lle do Passo das Pedras.

Ondina da Conceição chegou a ter, entre filhos-de-santo e outros que foram por ela orientados, 3.800 pessoas devidamente cadastradas, em Porto Alegre e no interior do Estado. Seu avô materno foi o herói da Guerra do Paraguai Bastião Batista e ao avô patemo o gaúcho João Antônio Mathias. Mäe Ondina trajava-se sempre com a roupa comprida e branca no estilo das baianas.

Quando da oferenda ao seu Orixá, chamava com a sineta o boi que seria entregue ao sacrificio, e ele dirigia-se espontânea e pacifi- camente em sua direção até a porta de entrada do ile e de lá era, entao, encaminhado até o quarto-de-santo, onde era sacrificado de forma rápida e tranqüila e entregue a Xapana.

Alta, forte, terna e caridosa, chegava a abrigar em quajcasa, por inúmeras vezes, mais de vinte pessoas, sem contar seus familiares. Dotada de grande poder mediúnico, vein a falecer em 14 de maio de 1978. 3
Lembro-me bem que, naquela data, resolvi, de inepiro, dirigir- me à sua casa, portando uma rosa, pois tratava-se do Dia das Mäes. Era seu amigo e advogado do Templo. Encontrei-a deitada, com um "bori". 

Sendo um dia muito quente, mandou que buscas- sem cerveja para oferecer-me. A seguir disse-me: 

"Tudo o que quiseres pedir, faze-o por escrito para eu entregar para a "Velha do Balé"... Fiquei com ela aproximadamente uma hora e meia e à tardinha retornei. Posteriormente, fiquei chocado ao saber que na- quele Dia das Mães, no qual também aniversariava seu Xapană, e, ao bater cabeça no peji, saudando seu Orixá, falecera.

Fui a última pessoa a estar com ela, além de seus familiares. Sua filha camal Taia e os parentes depositaram a rosa que eu levara ao seu lado, no esquife.

Meus pedidos, que ela solicitara fossem feitos por escrito, no sentido de entregar à "Velha do Balé" com certeza ela mesma os conduziu ao astral...

Deixou um profundo vácuo e saudades em todos aqueles que a conheceram de perto. Os desígnios foram cumpridos, pois, como foi visto, morreu no Dia das Mães, que coincidia com o aniversário do seu Xapană e ao homenagear os Orixás no peji, todos esses fatos vêm a demonstrar, salvo melhor juízo, tratar-se de uma autêntica sacerdotisa da Religião Africana.

Seu Xapană, naquela tardinha de 14 de maio de 1978, com certeza ao lado de outros Orixás, a abraçaram afetuosamente no mo- mento em que seu luminoso espírito libertava-se da matéria, conduzindo-a "aos verdes campos guiando-a mansamente às águas tranquilas" entregando-a aos braços de Olorum..."

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