Revisado e aumentado em 18/setembro
Òsanyìn é a divindade que guarda os segredos das folhas sagradas, ervas medicinais e litúrgicas. Sua importância é primordial. O seu sacerdote é o
Babá Olosayìn.
Comanda as folhas medicinais e litúrgicas, muitas vezes é representado com uma única perna. Cada
Òrìṣà tem a sua folha, mas só
Ossaim detém seus segredos. E sem as folhas e seus segredos não há
àse, portanto sem ele nenhuma cerimônia é possível.
Saudação: Eu! Eu!
Dia da Semana: Segunda - feira
Número: 07 e seus múltiplos
Cor: Verde Claro, ou em alguns casos o branco e amarelo
Guia: 01 conta verde e 01 conta branca ou 01 amarelo e 01verde
Oferenda: carne de porco, farinha, folhas de deste
Òrìṣà, ou pipoca e 02
iapeté (batata inglesa esmagada com azeite-de-dendê, a qual se dá forma de cabaça) um com casca e outro sem.
Alguns Oriṣás que pesquisamos:
Delé = mais novo – (sua cor branco e verde 1 x 1)
Aroni = mais velho –
Eventual companheiro de Ossaim. Figura anã que como Saci Pererê traz sempre um cachimbo e anda de uma perna só. Compartilha com Ossaim o Axé das folhas. Ele é o responsável por causar o terror em pessoas que entram na floresta sem a devida permissão. Além de anão, possui um olho pequeno e o outro grande (vê com o menor) e tem uma orelha pequena e a outra grande (ouve com a menor). Muitas vezes Aroni é confundido com o próprio Ossaim, que, segundo dizem, também possui uma única perna. (sua cor verde)
Serebuá = Quem guarda os segredos mágicos das folhas, ele quem recebeu o encanto
Modum = Velho feiticeiro, quem conhece e fala com as arvores e os antigos moradores encantados das matas mágicas.
Ferramentas: coqueiro, muleta, bisturi, cágado, moedas e búzios, sua ferramenta tem uma haste central com um pássaro na ponta, do meio dessa haste saem sete pontas.
Ave: Galo arrepiado ou de pescoço pelado ou galo branco
Quatro pé: Cabrito malhado claro
Ìtàn Òrìṣà (Lendas dos Orixás)
Òsanyìn dá uma folha para cara Òrìṣà
Òsanyìn, filho de
Nanã e irmão de
Oṣumarê,
Ewá e Obaluayê, era o senhor da folhas, da ciência e das ervas, o Òrìsà que conhece o segredo da cura e o mistério da vida. Todos os
Òrìṣàs recorriam a
Òsanyìn para curar qualquer moléstia, qualquer mal do corpo. Todos dependiam de
Òsanyìn na luta contra a doença. Todos iam à casa de
Òsanyìn oferecer seus sacrifícios. Em troca
Òsanyìn lhes dava preparados mágicos: banhos, chás, infusões, pomadas, abo, beberagens. Curava as dores, as feridas, os sangramentos; as desinteiras, os inchaços e fraturas; curava as pestes, febres, órgãos corrompidos; limpava a pele purulenta e o sangue pisado; livrava o corpo de todos os males.
Um dia
Ṣàngó, que era o deus da justiça, julgou que todo os
Òrìṣà deveriam compartilhar o poder de
Òsanyìn, conhecendo o segredo das ervas e o dom da cura.
Ṣàngó sentenciou que
Òsanyìn dividisse suas folhas com os outros
Òrìṣà. Mas
Òsanyìn negou-se dividir suas folhas com os outros
Òrìṣàs.
Ṣàngó então ordenou que
Oyá soltasse o vento e trouxesse ao seu palácio todas as folhas das matas de
Òsanyìn par que fossem distribuídas ao
Òrìsà.
Oyá fez o que
Ṣàngó determinara. Gerou um furacão que derrubou as folhas das plantas e as arrastou pelo ar em direção ao palácio de
Ṣàngó.
Òsanyìn percebeu o que estava acontecendo e gritou: ”
Euê uassá!” “As folhas funcionam!”
Òsanyìn ordenou que as folhas voltassem às suas matas e as folhas obedeceram às ordens de
Òsanyìn. Quase todas as folhas retornaram para
Òsanyìn. As que já estavam em poder de
Ṣàngó perderam o
Àṣe, perderam o poder de cura.
O
Òrìṣa-rei, que era um
Òrìsà justo, admitiu a vitória de
Òsanyìn. Entendeu que o poder das folhas devia ser exclusivo de
Òsanyìn e que assim devia permanecer através dos séculos.
Òsanyìn, contudo, deu uma folha a cada
Òrìṣà, deu uma
ewè pra cada um deles. Cada folha com seus
Àṣe e seus
ofós, que são as cantigas de encantamento, sem as quais a folhas não funcionam.
Òsanyìn distribuiu as folhas aos
Òrìṣa para que eles não mais o invejassem. Eles também podiam realizar proezas com as ervas, mas os segredos mais profundos ele guardou para si.
Òsanyìn não conta seus segredos para ninguém,
Òsanyìn nem mesmo fala. Fala por ele seu criado
Aroni. Os
Òrìṣà ficaram gratos a
Òsanyìn e sempre o reverenciam quando usam as folhas.
(Mitologia dos Orixás p. 154)
Òsanyìn é mutilado por Òrùnmílá
Òsanyìn vivia numa guerra não declarada contra
Òrùnmílá, procurando sempre enganá-lo, preparando armadilhas, para transtorno do velho.
Um dia
Òrùnmílá foi consultar
Ṣàngó para descobrir quem seria aquele inimigo oculto que o atormentava,
Ṣàngó aconselhou-o a fazer oferendas, devia oferecer doze mechas de algodão em chamas e doze pedras de raio,
edum ará, se isso fosse feito, seria desvendado o segredo.
Ao iniciar o ritual,
Òrùnmílá invocou o poder do fogo, no mesmo momento,
Òsanyìn andava pela mata procurando novamente algo para enfeitiçar
Òrùnmílá,
Òsanyìn foi surpreendido por um raio, que lhe mutilou o braço e a perna e o cegou de um olho.
Òrùnmílá seguiu para o local onde se via o fogo e ouviu gemidos do aleijado, ao tentar ajudar a vítima, encontrou
Òsanyìn, descobrindo por fim quem era seu misterioso inimigo.
(Mitologia dos Orixás p. 160)
Òsanyìn recusa-se a cortar as ervas miraculosas.
Òsanyìn era o nome de um escravo que foi vendido a
Òrùnmílá. Um dia ele foi à floresta a lá conheceu
Aroni, que sabia tudo sobre as plantas.
Aroni, o gnomo de uma perna só, ficou amigo de
Òsanyìn e ensinou-lhe todo o segredo das ervas. Um dia,
Òrùnmílá, desejoso de fazer uma grande plantação, ordenou a
Òsanyìn que roçasse o mato de suas terras. Diante de uma planta que curava dores,
Òsanyìn exclamava: "Esta não pode ser cortada, é as erva as dores". Diante de uma planta que curava hemorragias, dizia: "Esta estanca o sangue, não deve ser cortada". Em frente de uma planta que curava a febre, dizia: "Esta também não, porque refresca o corpo". E assim por diante.
Òrùnmílá, que era um
babaláwo muito procurado por doentes, interessou-se então pelo poder curativo das plantas e ordenou que
Òsanyìn ficasse junto dele nos momentos de consulta, que o ajudasse a curar os enfermos com o uso das ervas miraculosas. E assim
Òsanyìn ajudava
Òrùnmílá a receitar a acabou sendo conhecido como o grande médico que é.
(Mitologia dos Orixás p. 152)
Bibliografia consultada
PRANDI, Reginaldo, Mitologia dos Orixás, Companhia das Letras, 2008
VERARDI, Jorge, Axés do Rio Grande do Sul, Editora Palloti Ltda. 1990