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sexta-feira, 21 de junho de 2024

A MEMÓRIA VIVA DE CUSTÓDIO, PRÍNCIPE AFRICANO QUE VIVEU EM PORTO ALEGRE

Coletamos este artigo do Blog UFRGS/ Jornal da Universidade, acessado na data 21/06/2024.


"História | A trajetória e o mito do habitante da Cidade Baixa que se tornou um símbolo da luta antirracista e pela livre expressão de cultos africanos

Por Grégorie Garighan 

Em 01/04/2021 

*Foto de capa: Flávio Dutra/Arquivo JU 20 mai. 2017

“Eu cresci com a história do príncipe Custódio”, conta Nina Fola, doutoranda em Sociologia pela UFRGS e participante da Comunidade Terreira Ilé Àse Yemonjá Omi Olódò, ao falar sobre a importância que a figura do príncipe adquiriu em sua vida. Apesar de toda a simbologia acerca da imagem de Custódio, sua história ainda não é conhecida por parte dos habitantes de Porto Alegre. Isso se deve, muitas vezes, à parca quantidade de registros históricos relacionados ao príncipe. Nina pontua que o racismo leva ao apagamento da história de pessoas pretas. “É fundamental a gente fazer a discussão sobre como o racismo nos tira memória. Memória de humanidade, memória de existência, de civilização”, acrescenta.

Mesmo com a invisibilização histórica, Custódio Joaquim de Almeida ainda é lembrado. A oralidade transmitiu grande parte do que se sabe sobre o príncipe, e, agora, as pesquisas acadêmicas avançam para resgatar sua memória e remontar sua trajetória na capital gaúcha. Na UFRGS, diversos estudiosos aprofundam o que se sabe sobre o príncipe e sua figura no imaginário porto-alegrense.

Custódio Joaquim de Almeida, ou Osuanlele Okizi Erupê, como era conhecido em Benin, seu país de origem e onde era príncipe, nasceu em 1831, como indica seu necrológio. Custódio teria vindo ao Brasil em busca de exílio devido ao imperialismo britânico e ao colonialismo europeu. O príncipe chegou ao estado da Bahia, supostamente, em 1898. A partir daí, diz-se que Custódio passou a peregrinar, seguindo ao Rio de Janeiro, onde se instalou por dois meses. Logo após, os búzios lhe teriam indicado que rumasse para o sul do Brasil. (os grifos são nossos)

No Rio Grande do Sul, Custódio viveu em diversas cidades, tais como Rio Grande, Pelotas e Bagé, possivelmente nessa sequência. Até que, em 1901, o príncipe teria chegado a Porto Alegre. A tradição diz que Júlio de Castilhos, presidente do estado de 1892 a 1898, havia solicitado cura espiritual para o príncipe, que era também famoso curandeiro e por isso foi levado à capital gaúcha.

Custódio morou no bairro Cidade Baixa, que na época, dentro do contexto pós-abolição, era ocupado pela população negra. Apesar disso, o príncipe tinha contato direto e estável com a elite da cidade e era praticante do turfe, esporte que consiste na corrida de cavalos, e que era frequentado, quase exclusivamente, pela alta elite.


O legado de Custódio é conectado, na maioria das vezes, ao assentamento do Bará do Mercado Público de Porto Alegre, que foi realizado pelo príncipe com a intenção de abrir os caminhos da cidade. Também é atribuída como mérito de Custódio a disseminação do batuque no Rio Grande do Sul, já que as cidades por onde passou têm uma forte presença de adeptos de religiões de matriz africana.
As lacunas preenchidas e as não preenchidas

Em um recente estudo sobre a história do príncipe Custódio, os historiadores Jovani Scherer, mestre em História pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), e Rodrigo de Azevedo Weimer, doutor em História pela Universidade Federal Fluminense (UFF), descobriram uma série de documentos inéditos e que esclarecem diversos pontos acerca da presença do príncipe em Porto Alegre. Por meio de uma ferramenta de busca do Arquivo Público do Estado do Rio Grande do Sul, onde Rodrigo trabalha, os historiadores encontraram três processos envolvendo Custódio e, a partir daí, se iniciou uma série de análises sobre o que se acreditava ser real na história tradicional, advinda da oralidade, e o que realmente havia se confirmado como verdadeiro.


“Durante muito tempo se dizia que não existia documentação sobre o príncipe Custódio. Era um personagem muito conhecido, muito falado, mas com pouca fundamentação em documentação, pouco embasamento. E isso levou a versões que a gente julgava um tanto inverossímeis, um pouco deslocadas do que a gente, como historiadores, estava acostumado a perceber desse período, dessa época em que viveu o príncipe Custódio” 
Rodrigo de Azevedo Weimer

O primeiro processo que constava da ficha de Custódio era relacionado a uma briga em que o príncipe teria se envolvido com um “homem português” em um bar de Porto Alegre. “No momento do auto de qualificação, que é onde se descrevem as características para identificar o réu, uma série de coisas sobre o príncipe Custódio foi desmontada em algumas linhas”, revela Rodrigo, ao contar que o documento indicava o ano de 1885, dezesseis anos antes de quando se imaginava que Custódio teria chegado à capital gaúcha. Além disso, no documento, o príncipe declarou ter 32 anos à época, contrariando a ideia de que Custódio teria nascido na década de 1830.

Jovani também comenta sobre outro documento que revelou informações em relação à chegada do príncipe ao Brasil. Trata-se de carta ditada, “por não saber escrever”, e enviada ao jornal A Federação em resposta a uma reportagem publicada na véspera pelo Correio do Povo que o difamava – e que, segundo alude, “em sua totalidade é um trabalho de pura fantasia”. Custódio afirma: “Muito moço, vim para estas generosas terras onde constituí família”. Esse registro, datado de 22 março de 1933, ajuda a confirmar que ele veio ao Brasil ainda muito jovem.

 Fonte: Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional


A descoberta mais significativa, no entanto, está relacionada à sua descendência. No auto de qualificação, o príncipe revela o nome de seu pai, Joaquim de Almeida. Diferentemente do que se imaginava, o pai de Custódio não era um rei, apesar de Custódio ter sido reconhecido como príncipe em Porto Alegre. Segundo os historiadores Jovani e Rodrigo, acredita-se que Joaquim de Almeida tenha sido um homem muito poderoso e bem afortunado, que foi escravizado após as guerras que dissolveram o império de Oió e depois foi levado à Bahia. “Na Bahia, ele vai se tornar, logo em seguida, o braço direito de Manuel Joaquim de Almeida, de quem ele vai herdar o nome”, complementa Jovani. Trabalhando com Manuel, que era vinculado ao tráfico de escravos, o pai de Custódio se destaca e passa a ser parte de dez por cento dos homens mais ricos do estado.

Joaquim de Almeida volta ao continente africano após a Revolta dos Malês, dura repressão aos africanos na costa da Bahia que durou até o final do século XIX. Nesse contexto ele desempenha uma posição de liderança e poder ao chefiar um grupo de agudás (descendentes de mercadores de escravos e ex-escravos libertos no Brasil retornados ao Benin). Jovani pondera, ainda, que, com as novas descobertas, não se consegue saber o motivo que levou Custódio a vir para o Brasil, e essa passa a ser uma lacuna na história do príncipe. O historiador considera a possibilidade de que ele possa ter vindo ao país em um contexto de perseguição religiosa, ao mesmo tempo que confirma que a tese de exílio do imperialismo britânico não está correta.
O mediador

“O turfe era o grande encontro que reunia a mais alta sociedade e alguns membros de grupos não tão vinculados – grupos mais subalternos, populares”, explica Jovani, ao contar sobre a ocupação de Custódio com o esporte e em como esse foi um dos principais métodos para que o príncipe tivesse contato direto com a elite. Rodrigo, porém, acha interessante citar que se tratava de uma inserção social na elite local. “Ele tinha essa influência. Só que esse era um poder muito mais simbólico do que econômico. Porque ele era sócio no Haras, mas pediu dinheiro emprestado para comprar a parte dele. Ele se endividou”, relata.

Jovani pontua que, apesar de ser um homem com prestígio, Custódio não era rico e que construiu seu patrimônio trabalhando, provavelmente, com o turfe. Nina Fola considera que a utilização das relações com a classe política por Custódio foi o que lhe garantiu a posição social em que ele se encontrava e, por meio disso, pôde desenvolver um canal de comunicação direto. Rodrigo corrobora essa linha de pensamento: “Ele era um mediador entre os populares e a elite, então acolheu muita gente na sua casa. Ele podia levar demandas de um lado para o outro”.

Jovani relembra a ancestralidade agudá de Custódio, cujo povo era visto como um grupo que se movia entre os poderosos e os menos afortunados. Seu comportamento, portanto, era reflexo de um contexto prévio.

Os historiadores frisam, contudo, que seu caráter religioso e de símbolo antirracista são indiscutíveis e que isso foge do estudo histórico elaborado por eles. Todos os documentos estudados por Jovani e Rodrigo, juntamente de suas interpretações a partir deles, estarão disponíveis no livro O refluxo dos retornados: Custódio Joaquim de Almeida, o príncipe africano de Porto Alegre, de autoria de ambos, que será disponibilizado gratuitamente no site do Arquivo Público do Estado do Rio Grande do Sul em breve.
 
Príncipe do povo

“Ele era um príncipe de Porto Alegre. Ele não era um príncipe por ser filho do Ovonramwen Nogbaisi. Ele era príncipe dos pobres, príncipe do povo. Ele era reconhecido assim pela população” 
Rodrigo de Azevedo Weimer

As discussões acerca das origens do príncipe Custódio são válidas; quando se fala de um príncipe africano que viveu em Porto Alegre e se tornou um símbolo para o movimento negro e a livre expressão de cultos afro-gaúchos, essa significação, porém, vai muito além de comprovações históricas, adentrando um imaginário identitário e de afirmação cultural que se mantém até os dias de hoje.

Rodrigo chama atenção novamente para o episódio em que Custódio briga com um homem português em um bar de Porto Alegre. Acredita-se que o motivo da briga tenha sido a revolta do príncipe quando o homem o trata como escravizado. “Por que o português diz que ele não podia estar bebendo naquele bar? Por que ele era negro? Ele era uma pessoa livre, se via como tal e defendia sua posição”, relata Rodrigo. “Eu acho que aqui a gente reencontra uma questão que é muito importante pras pessoas que falam no Custódio, que é o lugar dele como símbolo antirracista. Nesse ponto, a gente tá vendo um Custódio que se insurge, que se coloca contra a dominação.”

Luz Gonçalves Brito, doutoranda em Antropologia Social pela UFRGS, salienta o assentamento do Bará do Mercado, feito pelo príncipe Custódio, como uma narrativa que traz uma força política muito contundente. “Existe uma erupção do sagrado naquele espaço público de uma forma que é, além de muito interessante do ponto de vista cultural e histórico, também um ato de resistência política”, analisa a pesquisadora, ao frisar a visibilidade do povo negro através do rito sagrado e a manutenção de uma tolerância religiosa por meio dessa tradição.

Nina destaca o racismo religioso e a visão problemática de como se manifesta a religiosidade. Ela afirma que o Bará do Mercado é um exercício de liberdade religiosa muito significativo. “Eu nunca deixo de passar no Mercado, passar pela encruzilhada e de fazer meu gesto explicitamente”, narra Nina, que também cita as discussões iniciadas quando se propôs uma escavação do Bará, na intenção de encontrar a pedra energizada que teria sido plantada por Custódio.


“Nesse momento histórico não interessa mais se o príncipe plantou ou não plantou, interessa que o Bará já está ali, de tanto que a gente o louvou” 
Nina Fola

A socióloga salienta, ademais, a importância de se ter uma figura histórica atrelada ao batuque, que é uma religião afro-gaúcha. Afinal, ainda há uma visão hegemônica do candomblé sobre outras religiões afro-brasileiras. “O príncipe faz parte da genealogia do batuque do Rio Grande do Sul. Então, quando a gente fala de família, de herança, de memória, de história antiga, de fundamentos antigos e de tradição, a gente lembra o príncipe”, declara Nina.

A partir disso, nota-se o caráter intangível na história do príncipe africano que esteve em Porto Alegre. O principado de corte de Custódio não é mais tão relevante, nem mesmo a suposta pedra enterrada sob o Bará, mas sim os ritos, que, conforme cita Luz, articulam o tempo passado com o presente de uma forma intensa, revivendo uma tradição.

Ao refletir sobre qual seria o ponto simbólico mais importante deixado pelo príncipe em Porto Alegre, Nina responde sucintamente: “A sua existência”."

 Fonte - https://www.ufrgs.br/jornal/a-memoria-viva-de-custodio-principe-africano-que-viveu-em-porto-alegre/

segunda-feira, 22 de abril de 2024

PRÍNCIPE DOS BATUQUES (JORNAL DO BATUQUEIRO)

Esta postagem foi coletada da página do Facebook, Jornal do Batuqueiro, administrado por Alexsandro Dolzan Vaz, postado em 19/04/2024, acessado em 22/04/2024.
O intuito deste registro é preservar a memória e a história do Batuque do Rio Grande do Sul.  



"PRÍNCIPE DOS BATUQUES
Jornal do Batuqueiro
19/04/2024

No começo do século passado no Rio Grande do Sul, existiam Reis, Rainhas, Príncipes e Princesas. Esses títulos no Batuque Gaúcho eram como se fosse um grau de elevação pelo conhecimento acumulado e seu destaque na sua comunidade. Rei Nagô, Princesa Emília, Príncipe Chico, Príncipe Custódio, Princesa Joaquina e outros Sacerdotes.
Entraram para a história do Batuque Gaúcho e sempre serão exaltados, acima ilustrando, a imagem do Príncipe Custódio, O Príncipe dos Batuques."

Seguem os comentários:


"Hendrix Silveira

Não gente. Esses "títulos" nunca existiram no Batuque. De onde tiraram isso? O príncipe Custódio e a princesa Emília tinham esses títulos porque eram filhos de Reis africanos. Não tem nada a ver com o Batuque. Dos outros nunca ouvi falar, então não sei dizer.


Marcio Carpes

Sera que era realmente batuque que o principe praticava ou era a tradicional religiao ancestral do Benin???

 

Marcio Carpes

E os orixas cultuados aqui no sul sao de origem youruba!salvo alguns como legba Zina

 

Jovani Scherer

[Marcio Carpes] boa essa pergunta!

 

Hendrix Silveira

[Marcio Carpes] O príncipe não praticava Batuque, logicamente, mas é possível que sua presença tenha influenciado na estruturação do Batuque. A onipresença da tradição Jeje no Batuque como um todo é uma evidência. 

 

Alexsandro Dolzan Vaz

[Hendrix Silveira] É que os estudos revelam, uma coisa não anula a outra Hendrix Silveira. Estou falando apenas no Batuque. Rei Nagô não era filho de Rei, esse título foi dado pelos seus irmãos de culto aqui na grande Porto alegre.

 

Hendrix Silveira

[Alexsandro Dolzan] Vaz nunca ouvi falar de rei Nagô ou príncipe Chico, então não posso falar nada sobre eles, mas existem vários estudos sobre o príncipe Custódio (á favor ou contra a dientidade construída sobre ele) e acho que ainda faltam estudos sobre a princesa Emília para além da tradição oral, mas esses títulos nunca tiveram no Batuque. Acho que o Custódio foi chamado assim numa manchete de jornal, mas não entre os batuqueiros. Lembro que a um tempo atrás tinham reis do Candomblé e tal, mas eram só uma propaganda.

 

Alexsandro Dolzan Vaz

[Hendrix Silveira] João Marins que era neto do Pai Thomaz (Rei Nagô) já falava no Príncipe Custódio, Príncipe Chico e outros. O mesmo João Marins é citado na oralidade,inclusive em livros (o que foi pra o Rio de Janeiro e teve muito sucesso por lá). Bom observar que Pai Thomaz faleceu em 1907 na grande Porto Alegre.

 

Hendrix Silveira

[Alexsandro Dolzan] Vaz humm... interessante.

 

Luis Carlos Mattozo

Um linda História que merece ser estudada e difundida no Estado "Príncipe Custódio a Mão Negra que diriguiu o Estado por detras das Cortinas ".


Alexsandro Dolzan Vaz

[Luis Carlos Mattozo] verdade, história que não se apaga

 

Helena Porto

Agô aos mais velhos e aos mais novos! O povo do Candomblé na Bahia, deveria ler estes relatos da história do Batuque aqui do Sul, já que eles dizem que o nosso Batuque não passa de invenção e marmotagem. É pura falta de informação, mas a informação tá aí, ao alcance de todos, basta ter interesse em aprender.

 

Alexsandro Dolzan Vaz

[Helena Porto] pura verdade a novos estudos que revelam que em Novo Hamburgo já existiam cultos em 1850, Pai Thomaz (Rei Nagô) era dessa família.

 

Ana E Deivid

Conforme contam alguns historiadores, antes de firmar residência em Porto Alegre, ele residiu por muitos anos em Bagé, hoje existe aqui um bairro chamado Passo do Príncipe em sua homenagem, foi onde ele morou, onde haviam muitos atos religiosos, atendimentos a população e inclusive assentamentos aos quais até hoje são uma incógnita os locais realizados por não haver registros de onde foram firmados, aqui inclusive ele atendeu pessoas da alta sociedade e políticos de Porto Alegre, foi quando surgiu o convite para ele se mudar para a capital para facilitar o acesso às pessoas desse meio. Não sei pq em quase todas as pesquisas esquecem de mencionar o fato dele ter sido um célebre morador daqui da nossa cidade, em nosso Museu aqui haviam algumas informações sobre essa época. Cabe a nós compartilharmos um pouco de cada coisa que sabemos para contribuírmos com a história do nosso batuque, mesmo não podendo afirmar que é a verdade absoluta, esses relatos precisam ser contados. Então só para reafirmar que a cidade de Bagé tbm foi rota do Príncipe Custódio, onde ele deixou um legado muito bonito, nossa cidade tem uma forte raiz batuqueira que se perpetua pelos muitos terreiros existentes aqui. Nossa raiz Jejê sobrevive na Rainha da Fronteira, com muito orgulho, pertenço a essa raiz. Parabéns a página pelo trabalho ancestral.

 

Cristiano Ferreira

Importante ressaltar que Príncipe Custódio era príncipe de Judá ( Africa) veio para o Brasil "exilado" mas com seu título monarca.

 

Jornal do Batuqueiro

Cristiano Ferreira é o que os Historiadores, pesquisadores e etc tentam até hoje encontrar algo que ligue ele a este título, o Reino que ele foi ligado, infelizmente é atemporal a sua chegada no Brasil, Príncipe Custódio chegou a Porto Alegre ainda novo como alguns documentos recentes provaram.

Mas os estudos não param, esperamos encontrar mais informações, não só dele, mas de todos ...

 

Paulo Romeu

[Jornal do Batuqueiro] Esses historiadores não chegaram num estudo profundo, mas hoje em dia já é bem documentado. E à maioria não encontrou porque não quis, muitos por preconceito. Tem que consultar gritos africanos. É uma longa história como fala nosso Griot Mestre Paraqueda. Se precisarem podemos compartilhar estudos mais aprofundados.

 

Rodrigo Carvalho

[Cristiano Ferreira] capaz irmão! Não precisa se desculpar pois não é errado não saber até porque todos nós aqui ao certo não sabemos se ele foi ou não membro da realeza daometana. Certo é que ele foi exilado de la e mandado pra cá com auxílio da Inglaterra e por aqui ele passou por Pernambuco, Rio e nosso estado. Se aproveitou do termo príncipe (pra não sofrer preconceito) e se deu bem entre a elite de Porto Alegre. Essa questão do exílio dele até tem haver com a própria função do Bará do Mercado Público pois acreditasse que esse assentamento na verdade seria uma segurança (calçamento na porta do Mercado e não necessariamente no centro) pra ele próprio não ser extraditado de volta pra sua terra. No entanto alguns relatos ja pesquisados informam inclusive que não é só um Bará, mas sim 7 Barás assentados pela capital e todos com o mesmo intuito: Segurança do príncipe no RS pra não ser deportado ao Benin.

 

Rodrigo Carvalho

[Cristiano Ferreira] Ajudá, Reino do Daomé (atual Benin). "Judá" era na Etiópia. Pelo o que ja se pesquisou sobre ele, não tinha nenhum título monárquico em África, porém era apelidado de príncipe por ser iniciado ao Vodun Sapatá no culto Fon, provavelmente o Afá - Culto tradicional Fongbe (que o povo rival de Oyó/Nagô onde hoje é o país vizinho Nigéria, os chamavam de "Jêje"). Isso era comum na comunidade dele pois muitos associam Sapatá como o próprio Rei da terra, sendo assim seus filhos eram "príncipes" nas aldeias e grandes curandeiros de doenças

 

Cristiano Ferreira

Irmãos o que tenho sobre este assunto foram passados por minha bisavô religiosa, Titina de Oya, desculpem afirmar título monárquico, realmente o que temos é muito frágil .

 

Jornal do Batuqueiro

[Cristiano Ferreira] perfeito, essa informação teria se propagado depois de sua morte, talvez por algum repórter que queria fazer uma reportagem mais chamativa, não sabemos. Mãe Titina da Oyá da Azenha, foi sua contemporânea, inclusive teria sido sua filha de Santo, Mãe Titina acumulava muito conhecimento.

 

Mary Faleiro

[Cristiano Ferreira] exato, e nunca fez cabeças.

 

Buarque Rodrigo

[Mary Faleiro] não vejo sua alegação?

 

Mary Faleiro

Príncipe Custódio nunca fez cabeças, portanto não deixou ninguém como seu herdeiro religioso.

 

Jornal do Batuqueiro

Diziam... Assim como outros relatos que sim..... Oralidade, não sabemos, inclusive teria muito mais gente feita por ele, As irmãs gêmeas de Ibejis do Campos da Redenção, Mãe Titina da Oyá e por aí vai. A muitos estudos do Jejê em andamento.

 

Raquel Trassante

[Jornal do Batuqueiro] Titina de Oyá afirmava ter sido feita pelo príncipe(conforme relato dos que vieram antes de nós).

 

Fernandinha Cordova

[Jornal do Batuqueiro] jejê nao tem orisa e sim vodun!

 

Emilio de Xangô

[Mary Faleiro] Quem foi o pai ou mãe vde santo de mãe chininha de xangô de Ibejis ?

Mãe de santo de pai João do Exu vi

Sua benção mãe

 

Felipe Barticeli

Onsualele okize erupê o nome dele verdadeiro ele fugiu por causa da invasão britânica se não me engano já faz mais de 24 anos que vi o primeiro documentário e tem parentes dele carnal que vive em poa..teve passagem pelo RJ..Bahia..Rio grande pelotas e por último em poa..

 

Fernandinha Cordova[Felipe Barticeli] a digina dele nao corresponde aos yorubas, me parece angola

 

Javier Markotich

Recomiendo adquirir este libro es una obra de arte respecto del principe custodio



Fernandinha Cordova

So um adento que precisamos estudar, se veio do atual benin precisamos rever qual culto praticava, pois o benin é dos povos daomes ! Orisa é reino yoruba! Povo yoruba só chegaram aqui em meados de 1.800, antes era o povos bantos ( angola e daomey)

Povo do jeje mahi e seus cultos iniciaticos nada tem a ver com orisa e sim vodun!!!! Agora onde mescla e porque nao se raspa, catula e adoxa pra ter possessão ai no sul? Misteriooooooo

 

Rudmar Martins

[Fernandinha Cordova] onde no candomblé é obrigatório a raspagem??

Só vou alegar a seguinte situação, com base nos fundamentos:

Para fazer santo e ter ocupação no candomblé, é preciso jogar nos búzios, então se nos búzios não marca raspagem de cabeça, está não deveria ocorrer!

Mas se os candonblista, tornaram regra as raspagem, isso é doutrina e não fundamento.

No Sul não fazem raspagem de cabeça para ter ocupação, pois as pessoas que recebem o santo (ocupação), não tevem saber que se ocupam, por isso não se faz filmagens, nem fotos destes momentos, enquanto a pessoa que recebe santo estiver ainda viva entre nós.

Isso ocorre no sul, por mistérios da religião. Batuque do Sul é diferente de Candomblé, inclusive quanto ao culto e número de orixás do panteão africano.

Será que foi entendido, ou seu candomblé é exclusivo na matriz africana?

 

Andrew Monteiro

Quais fontes comprovam que ele não aprontou ninguém? Há relatos? De quem? Para quem?

Mania do batuqueiro achar que sua "opinião" é única e a verdadeira.

 

Jornal do Batuqueiro

[Andrew Monteiro] perfeito, assim como diziam que Pai Waldemar só teria aprontado um filho e a pouco tempo apareceu que não.

 

Andrew Monteiro

[Jornal do Batuqueiro], exatamente.

Afirmar algo sem fontes é irresponsabilidade.

 

Anderson Oliveiran

Gostaria que fosse explorada a história e origem do Príncipe Chico que no final dos anos de 1800 até década de 1920 foi muito solicitado para orientar alguns Babás e Yas da época."

 

Link: PRÍNCIPE DOS BATUQUES 

Imagens comprobatórias:








Veja mais aqui:

NO REFLUXO DOS RETORNADOS: CUSTÓDIO JOAQUIM DE ALMEIDA, O PRÍNCIPE AFRICANO DE PORTO ALEGRE.
Por Jovani de Souza Scherer e Rodrigo de Azevedo Weimer
https://revistaolorun.files.wordpress.com/2021/05/revista-olorun-85.pdf

EDO HISTÓRICO PATRIMÔNIO CULTURAL TRADICIONAL
Por HISTÓRIA: OBA OVONRAMWEN NOGBAISI
https://iledeobokum.blogspot.com/2020/03/edo-historico-patrimonio-cultural.html 

MÃE EMILIA DA OYÁ LADJÁ (Princesa do Batuque)
https://iledeobokum.blogspot.com/2022/12/mae-emilia-da-oya-ladja.html

sexta-feira, 10 de novembro de 2023

O QUE SE PASSA COM AS CASAS DE BATUQUES

Este artigo foi publicado na pagina do facebook do Jornal do Batuqueiro, em 04/11/23.

O texto transcrito de um artigo de 1930, fala sobre o preconceito contra as religiões de matriz africana.

"PRÍNCIPE", O REI DOS BATUQUEIROS, COMPLETOU MAIS UM ANIVERSÁRIO NATALÍCIO.

Jornal Estado do RS 21 de julho de 1930
Tomaram parte no festim em sua honra algumas autoridades.
Data de longos anos a introdução da grosseira prática do Batuque em Porto Alegre.
Com o decorrer do tempo, a exótica feitiçaria espalhou-se por todos os recantos da cidade, constituindo isso um grave transtorno para os moradores das vizinhanças dessas casas.
Ninguém pode dormir socegado na noite em que os Batuqueiros estão em plena actividade. A pancadaria infernal, os cantos tétricos, que mais se assemelham a lamentos, as danças ao som do tambor e do pandeiro, e por fim, os suculentos jantares, fazem parte do programa dessas reuniões descabidas e perniciosas.
Os Batuqueiros dão início a sua "festa" a cair a tarde, prolongando-a até ao amanhecer. Diante de tal algazarra, não é possível aos habitantes das redondezas conciliar o mesmo.
Inúmeras foram as queixas dirigidas a polícia, contra taos antros. Mas está nem siquer até hoje, tomou uma providência qualquer para terminar de vez com esse prejudicial abuso.
Ignoramos a razão da incúria das autoridades, que não perseguem os Batuqueiros, deixando-os à vontade, sem se importarem com o bem estar e tranquilidade da sociedade, que justamente indignada, não cansa de exigir uma providência energética, pondo cobro ao desmando.
Será que a polícia tem medo das "mandingas" dos feiticeiros?
BATUQUES POR TODA PARTE:
As casas de batuque alastraram-se por diferentes pontos da cidade, uma verdadeira praga enfim.
A Colônia Africana, Mont-serrat, arralbade do Partenon e Glória e Morro do Menino Deus, são os principais redutos dos Batuqueiros.
Ante a inépcia da policia, os "Caciques" dessa religião Africana redobraram de actividade, fazendo funcionar com mais frequência as suas sessões de pancadaria e algazarra.
Link da reportagem original:"

Link do Jornal do Batuque
https://www.facebook.com/jornaldobatuqueiro/posts/pfbid02SHPx5iGg1KFnJKNyDsQ8aNR7MV6g8gmE23PU29jhJBRSQFHXYWZhKzmxFSySCcFcl


TIKTOK ERICK WOLFF