quinta-feira, 14 de julho de 2011

Mãe África: Três Rodas de Resistência Negra

A União de Negros pela Igualdade – UNEGRO, entidade do Movimento Negro Brasileiro, suprapartidária, pluriracial e plurireligiosa, busca estabelecer parcerias estratégicas com organizações civis e governamentais comprometidas com a luta contra o racismo, preconceito, discriminação e intolerâncias correlatas.

Convida à todos para o evento “Mãe África: Três Rodas de Resistência Negra”, que ira ocorrer no dia 17 de julho de 2011 das 9h00 às 16h00, na Quadra  G.R.C.S.E.S. UNIDOS DO PERUCHE Av. Ordem e Progresso, 1.061 - Próximo a Ponte do Limão - São Paulo/SP.
A atividade tem como meta o encontro das rodas de capoeira, das religiões de matriz africana e afrobrasileira, e das rodas de samba, tendo assim uma amostra da contribuição da população negra na cultura nacional e na formação da brasilidade. Para este 4º. Encontro, “As Três Rodas de Resistência Negra” se coloca como um veículo contra a desinformação, preconceito e discriminação que pesam sobre as manifestações culturais de origem africana.

Certo de poder contar com a valiosa presença, renovamos os nossos protestos estima e consideração.

COORDENAÇÃO SÃO PAULO
União de Negros pela Igualdade - UNEGRO

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Carta para a comunidade da Parada do Orgulho LGBT

Foto da exposição.
Por Erick Wolff8
20/06/2011

Um evento voltado para o público GLSBT está a cada dia mais perdendo sua referencia hoje eu recebi um e-mail, da prefeitura, informando que no Espaço de convivência da Secretaria de Participação e Parceria - SMPP será decorado com imagens alusivas a comunidade negra apoiando a campanha da ONU contra o racismo.



Nada contra a exposição, ao contrário disso, eu apoio e incentivo, porem não na Parada Gay, onde  o foco deveria ser os problemas  atuais.


O tema que não tem nada haver com a comunidade GLSBT, tomando espaço daqueles que deveriam trabalhar pautas e assuntos tão corriqueiros numa cidade grande, que é a falta de  atenção para a classe mais discriminada no Brasil que são os integrantes da classe GLSBT, independente da etnia, sexo, classe social e raça, que por sua vez não possuem apoio e ou atenção, ou melhor só chamam atenção quando apanham, morrem ou solicitam o direito à sua dignidade.


Tenho certeza de que este evento cairia muito bem em qualquer momento do calendário brasileiro, então porque justamente na Parada Gay? Somente pela carona oportunista e ou porque a Parada Gay não possui conteudo e ou interesse em promover substância para a população Brasileira, no maior evento Gay do mundo?


Falar sobre intolerância racial, não é falar sobre os problemas que os Gays sofrem no dia-a-dia, é jogar para de baixo do tapete as dificuldades e preconceitos que os mesmos sofrem a cada momento, claro que depois de um padre ir à rede nacional, no Fautão, criticar o homossexualismo uma semana antes, será que a comunidade GLSBT se contenta pela hipocrisia brasileira?


Não será a hora da comunidade GLSBT começar a  fazer algo por eles mesmo, sabendo que a sociedade não possui interesse algum em fazer algo por estas pessoas? Comecem a pensar e produzir algo, exigir da sociedade respeito e atenção, afinal você não é apenas um voto e ou uma fonte de imposto a ser pago a cada segundo, exija daqueles que você votou o que você necessita, mas saiba o que realmente você tem necessidade para não fazer ninguém perder tempo. E se uma igreja lhe repudia vire as costas para ela, você não precisa de uma igreja que lhe trata como uma aberração, você  necessita de um Deus justo sem preconceitos que lhe  aceite como você é, afinal se você nasceu assim, foi porque o único Deus existente  lhe fez  assim.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Chief Aikulola Fawehinmi e o Òkúta no Ilé-Orí

Por Erick Wolff8
São Paulo 09/06/2011


Outro dia chegou até as minhas mãos uma conversa entre o escritor Luiz L. Marins e o Chief Aikulola Fawehinmi, que por sinal de um conteúdo ímpar, por isso fiz questão de registrar este conteúdo para que todos tenham acesso.

Chief Aikulola Fawehinmi possui conhecimento básico da língua portuguesa e espanhol, por isso tenho certeza que será mais adequado publicar o e-mail.
  • Luiz L. Marins - 20-02-2011
    No puedo escribir en español, así que me perdone porque yo estoy usando un traductor digital.
    Mi nombre es Luiz L. Marins y empecé en el rito de Orisanla Batuque, una especie de estado de la religión afro-brasileño de Rio Grande do Sul, Brasil. Candomblé no es, por cierto, es muy diferente.
    En primer lugar, gracias por su artículo sobre las diferencias de religión tradicional Yoruba, y les pido su paciencia y su amabilidad de responder a dos preguntas que son sin duda muy grande en Brasil.
    1) En la tierra de Yoruba, todos deben haber comenzado en adoxu orisha o iniciaciones no están utilizando adoxu orisha?
    2) Ile Ori en Yoruba, ha piedra?
    Estoy muy agradecido si usted puede contestar,
    Muy àse y la salud.
    Luiz L. Marins
    http://luizmarins.wordpress.com/afro

O escritor Luiz L. Marins, pertence a Nação Batuque e foi iniciado para Òòsàálá segundo a tradição Afrosul. E desejando abrir um contato com o
Chief Aikulola Fawehinmi, enviou este e-mail com alguns pontos que estamos estudando na Revista Olórun.

  • Gbawoniyi Awo of Osogboland - 20-02-2011
    hola luiz.  no hay problema.  tal vez puedes escribir en portugues por que tambien entiendo un poco o bastante, dependiendo del nivel del profundidad del portugues.
    la primera pregunta que hiciste no la entendi muy bien.  y por eso no la contesto.  pero si lo escribes en portugues la podre entender.
    para la segunda pregunta....no, ile ori en tierra yoruba no lleva piedra.  es mas, los fundamentos de cada orisa aveces son totalmente diferentes para nosotros.  hay muchas deidades para nosotros que no tienen piedras como parte de su fundamento.  puedo mencionar algunos que no llevan piedra para nosotros de la tradicion orisa de africa occidental:  egungun, orisanla, orisa aje, ori, yemoo, mole, elegbaa hecho de barro, ifa, osoosi, aganju, olokun, osanyin, etc.

Muito interessante ver que segundo a tradição Yorùbá, as divinidades citadas são diferentes da cultuadas na maioria das casas aquí no Brasil.



  • Luiz - Àse Awo, - 20-02-2011
    Muito obrigado por responder.
    No ritual do batuque não se costuma fazer adoxu, nem raspar os cabelos.
    No batuque, o Ile-Ori também não leva ota, mas algumas nações do candomblé estão fazendo ile-ori com ota, a maioria afirma que é tradição iorubá.
    Se desejar conhecer um pouco do batuque (que não é candomblé), por favor, veja aqui:
    http://www.xapana.com.br
    http://www.oxum.com.br
    As suas informações são importantes, e se pudesse escrever algo sobre estas questões, poderíamos publicar em nossa revista virtual, aqui > http://www.olorun.com.br  ... respeitando os seus direitos autorais.
    Ilera !
    No aguardo,

Segue a reposta do Chief Aikulola Fawehinmi;
  • ola.  estou interessado em conhecer mais sobre o batuque só pra ter um melhor entendiment
    Mas na tradicao orisa de africa ocidental e preciso fazer a iniciacao de idosu para se consagrar em orisanla.  somente alguns sacerdotes de alto rango nao tem que fazer porque pertenecem a certas casas onde tem o ase do orisa no seu corpo por heranca.  para estas pessoas se faz uma cerimonia de instalacao de xefe com titulo para faze-los o sacerdotes principais.  mas para o resto do mundo, precisam idosu.
Na conversa eles falavam sobre iniciação, contando com o fator de que algumas  nações não chegam a  raspar e não dão Adósù, segundo o Chief Aikulola Fawehinmi, todo Elégún necessita levar Adósù para que seja consagrado. Porem ele mesmo afirma que alguns sacerdotes não precisam serem Adósù, claro aqueles que não passam pelo transe, e vai além, para aqueles que tenha uma ligação direta com a divindade também não precisa, ou seja, a regra é para os Ocidentais que por sua vez eles consideram sem ligação alguma com o Òrìsà, sendo que a mesma não se estende a todos africanos.

  • e certo que ile ori nao tem pedra.

Ao perguntar sobre o Ilé-Orí na Tradição Yorùbá,  se deveria ou não conter Òkúta, ele foi muito claro, que não tem e que não faz parte do mesmo.

  • mas nao por isso vai pensar que o "iba ori" do brasil e igual ao ile ori de nos de orisa da nigeria.  sao bastante diferentes tambem.  se e pedra que poem dentro do "iba ori" no brasil, isso nao que cuestao de nos.  e uma das praticas do brasil que nao pertenece a nos, mas se respeita.

Claro que ele foi gentil ao afirmar que o
Òkúta é um costume brasileiro e que em momento algum tem ligação com a Tradição Yorùbá, desvinculando assim o ritual deles com o nosso, tipo – Se querem por, põe, mas não diga que isso tem origem com a África, que não tem...-   É importante que os que estão sendo iniciados saibam que o que está sendo feito, pode ser feito, porem não faz parte da tradição Yorùbá.

Achar alguma coisa qualquer um pode, inventar fundamentos e ou reinventar tradições qualquer um pode, porem responder pela cultura e a tradição Yorùbá, poucos podem, o  Chief Aikulola Fawehinmi, é um deles que possui autoridade e voz para fazer, por isso achei interessante e necessário postar este material para que todas tenham conhecimento da riqueza que chegou à minhas mãos.

Erick Wolff8 - Bàbálòrìsà de Òsàálá, dirigente da Ilé-ọba Óbokún Àṣẹ Nàgó'Kọbi, fundada em 05 de junho de 1990.
Chief Aikulola Fawehinmi, Gbawoniyi Awo of Osogbo
Yoruba priest of West African Orisa Tradition
Ijo Asaforitifa Community of Orisa, Ile Oloosa Mokanla
www.gbawoniyi.com

 
Miami cell 1-786-709-3343
New York cell 1-347-419-0427
Mexico cell 011-52-33-1460-1471
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   (GLO) 011-234-70-5802-3833
Venezuela cell 011-58-412-568-4632
Spain cell 011-34-673-987-727
International Association for Orisa Tradition and Culture (Orisa World Congress)...member and supporter!
site:
http://www.gbawoniyi.com/
 
youtube:
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terça-feira, 7 de junho de 2011

Família tradicional Afro-Brasileira

Erick Wolff8
São Paulo 07/06/2011

No que se baseia a “Tradicional Família Afro-brasileira” há mais ou menos uns 200 anos houve um start na população brasileira, que fez prosperar a cultura Africana, miscigenando cultos, costumes e tradições, num país que estava à procura da sua identidade, numa terra que agregava povos e costumes diferentes.  Mesmo com todas as tendências a favor do Cristianismo houve um apontamento para o culto aos Òrìsà, mesmo com toda perseguição e discriminação sobreviveu, dando origem à Tradicional Família Afro-brasileira.


O que realmente fez com que houvesse a formação de uma Família?
Para muitos a resposta seria um pai uma mãe e filhos, no entanto para à Tradicional Família Afro-brasileira, o alicerce está fundamentada no culto, logo a divindade do sacerdote ou sacerdotisa é o eixo que movimenta toda a tradição e conceito religioso familiar. Uma divindade no centro desta comunidade que determina os costumes e tradições, fazendo com que todas as divindades sigam as determinações do Òrìsà principal, claro que podemos observar que cada templo é regido por um único ser divino, este mesmo que pode comandar através da manifestação ou apenas pelo jogo sagrado usado para comunicação das divindades.

Observando a estrutura religiosa Afro-brasileira podemos encontrar o reflexo claro da Cultura Tradicional Yorùbá, onde existe um Deus no centro e ao redor algumas divindades vinculadas ao culto. A atual cultura Yorùbá afirma que Olórun é o centro deste universo, no entanto não apresenta um culto ou Igbá (recinto sagrado necessário para render culto), ele está presentes em alguns Orín, Ìtan ou Oríkì, mas não existe manifestação e ou posição religiosa definida para esta divindade, na verdade os Yorùbá afirmam que ele jamais poderá ser cultuado pela sua força e pelo seu poder, justificando assim a ausência de uma divindade sem culto. Este mesmo ser divino em alguns momentos é citado em determinados Ìtan pedindo auxilio a alguma divindade, onde os Yorùbá explicam que o Criador pode solicitar ajuda de alguma criatura, demonstrando assim o poder e manipulação das energias unindo forças do Criado e Criaturas, demonstrando uma divindade que não detém todos os poderes e solicita ajuda dos seres criados por ele mesmo. (fonte - Omo Awo: Ilésire Òsàlásínà Olóbàtálá)

Analisando esta cultura podemos notar que aqui no Brasil a estruturação formou-se muito parecida com a situação das aldeias africanas, que por sua vez possuem uma divindade principal e algumas divindades agregadas ao culto, claro que para a nossa realidade foi estabelecido que houvesse uma sequencia ordenada entre as divindades originarias dos territórios Africanos, vinculadas assim com as nações originais, criando a estrutura das nações Afro-brasileiras, tais como citadas na revista on line Olórun, num texto que assinei - O Brasil e a diversidade religiosa Afro-brasileira (página 19)-, já que diferente da África onde eles já nascem pertencendo à divindade da aldeia, aqui no Brasil há a necessidade de determinar a divindade a qual o indivíduo será iniciado, claro que longe das referencias Africanas, foi necessário que o sacerdote adquirisse conhecimento de várias divindades além da divindade regente daquele templo.


Nesta formação Olórun ainda divide a importância com o dono do templo, tal como podemos notar como era nas aldeias africanas, mesmo assim temos uma divindade Feminina ou Masculina sendo cultuada como o centro do Universo daquela família, logo ao lado das demais divindades pertencentes a aquele culto, seguindo os padrões das diversas nações religiosas existentes no Brasil. E o culto deveria ser observado como o Òrìsà no centro do templo e os demais ao redor, mas atualmente observamos uma sutil inversão de valores religiosos e políticos, ou melhor, notamos que algumas vezes a divindade fica de fora e dá lugar para o sacerdote(isa) que como dirigente daquele templo possui muito mais poder administrativo do que a própria divindade regente, talvez porque longe da sua terra foi determinado que as divindades não deveriam falar, ou seja, se restringiriam a dar a sua vontade através do jogo sagrado ou pouco interferiria na administração do sacerdote e sua família, que muitas vezes é deixado de lado para respeitar à vontade do administrador (sacerdote).

A inversão de valores talvez tenha se dado pela dificuldade das divindades se comunicarem abertamente com os iniciados e mais velhos do templo, mesmo assim esta família religiosa possui seus meios de comunicação com as divindades, que por sua vez se faz pelos Erês (uma entidade de origem Angoleira, que traduz a vontade do Òrìsà, possui Igbá e ferramentas, além de festas e homenagens – Fonte Matâmoryde), Aseros (uma divindade cultuada junto com o Òrìsà que se manifesta somente depois da manifestação do mesmo, muito parecida com o Erê, porem não possui Igbá ou ferramentas) ou porta-vozes das divindades. Em contrapartida podemos notar que algumas vertentes religiosas se adaptaram muito bem para a necessidade brasileira, uma delas foi liberar a voz do Òrìsà dos Oyè (membros mais velhos da religião), que por sua vez depois de muitos anos de manifestação, passam por processos de confirmação, com apenas alguns presentes que observam aquela divindade se sujeitando a determinadas provas as quais um ser humano não passaria, por mais que o ser humano tenha estômago forte, seria difícil ele poder passar por aquilo. Dando origem a um Tabu muito comentado na cultura Afrosul que determina que os cavalos de Òrìsà não devam saber que seu Òrìsà manifesta, evitando assim que o Elégùn tenha, a saber, que um dia passou ou passara pelas provas. Criando a proibição do Elégùn jamais saber que seu Òrìsà manifesta.


Este Tabu ainda existe entre o povo Afrosul e determina a existência de um costume antigo de uma Família, diferente das demais famílias Afro-Brasileiras (Ketu, Angola, Djedje, Fon e Umbanda) que geralmente registram a feitura e festas dos Òrìsà e seus iniciados. Então se temos tanta diferença entre cada “Nação” o que nos faz sermos uma única Família cultuando divindades e costumes diferentes? É justamente esta diferença que nos faz ser uma única família, lutamos pela cultura africana e pelos costumes dos nossos antepassados e familiares, unindo o passado (nossos ancestrais), o presente (nós) e o futuro (nossos descendes), por isso lidando com a diversidade religiosa e cultural podemos entender que formamos uma única família.


Agora o que esperar da Tradicional Família Afro-Brasileira?
Ao olhar para dentro do culto afro-brasileiro seja qualquer vertente que possa referenciar, eu me deparo com o mesmo problema, mas qual receita está errada, qual formula se perdeu que segredo ficou para traz?  Esta pergunta eu me faço sempre, ao perceber que se muda o personagem, mas a situação é a mesma, os problemas são sempre os mesmos, fazendo com que seja a religião que sempre perca ao final.

Se o sacerdote não possui valores seus filhos não terão valores, da mesma forma que um Àse se passa, os valores são passados pelos pais, noções e conceitos são agregados a estes valores, que diversas vezes não são somados a formação do filho, principalmente quando o iniciado já vem criado e com valores adquiridos por famílias que não pertence à cultura afro-brasileira, tornando-se mais difícil a criação do individuo que irá bloquear qualquer informação que venha e vá de encontro com os seus conceitos, dificultando assim a devida criação do iniciado.

Pois então aí temos um grande problema sobre valer do poder do sacerdote para impor noções e conceitos ao recém-iniciado?
Força um indivíduo a aprender sob a imposição hierárquica?
São questões discutíveis para a maioria dos não iniciados e recém-iniciados, que geralmente soam como agressão e ditadura mental, mas isso seria mais fácil se o iniciado se entregasse  à criação religiosa sem lutar contra, se ele soubesse que seu aprendizado seria importantíssimo para a preparação de  um bom sacerdotes, isso para aqueles que possuem caminho do sacerdócio.

Claro que o sacerdote tem uma culpa grande neste problema, pois nem todos necessitam de iniciação, a maioria poderia ser tratado com um Ebo ou Ìbo, tratando desta forma sua energia. Seria o correto porem nem sempre é assim, criando uma família grande e desordenada que refletira mais tarde em criadouros de Elégùn despreparados iniciados por sacerdotes incapazes.

Por isso que a Família Tradicional Afro-brasileira, deve rever valores e conceitos, e as escolas,  templos e sacerdotes (isas) devem procurar rever seus conceitos e noções, para que possam entender que ao iniciar um individuo ele estará mexendo com toda a energia, presente e  futuro daquele ser, da mesma forma que ele terá que usar do seu passado para movimentar o seu Eu, por isso que me preocupo demais com os membros da nossa cultura, para que possam ter o máximo de conceito e noção do que são para poder fortificar a cultura Tradicional Afro-brasileira.


Erick Wolff8 - Bàbálòrìsà de Òsàálá, dirigente da Ilé-ọba Óbokún Àṣẹ Nàgó'Kọbi, fundada em 05 de junho de 1990.

Zarcel Carnielli - Omo Awo: Ilésire Òsàlásínà Olóbàtálá do Ilé Esin àbòrìsà Àsà Yorùbá. Cel para contato 6448-9094.

Tata Matâmoride - Eduardo Brasil – Colaborador, iniciado na Angola, em 23/7/76, pelas mãos de Edson Ribeiro Mandarino (Kaobakessi).
Presidente eleito do Fórum de Sacerdotes de Matriz Afro Brasileira - FOESP, www.portaldocadomble.pro.br Diretor Presidente
Conselheiro do COMPAZ da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, Conselheiro do Fórum Intereligioso da Secretaria de Estado da Justiça de SP, Presidente eleito do Indrab - Instituto Nacional de Defesa da Matriz Afro-brasileira

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Noção de pessoa segundo a cultura afro-brasileira

Erick Wolff8
São Paulo 2011


Primeiro passo seria definir noção de pessoa segundo a cultura Afro-brasileira, para quem não sabe do que eu estou falando, simplesmente a noção de pessoa poderia ser definida por três perguntas;

De onde eu vim?
Quem eu sou?
Para onde eu vou?

Ao ler as matérias publicadas por Luiz L. Marins, na revista on line Olorun (www.olorun.com.br), ao qual eu sou editor, eu começo a perceber quais são as três respostas, ao pensar quem eu sou de onde eu vim e para onde eu vou. Baseado na minha cultura eu tento entender a base da minha estrutura religiosa, nos princípios da minha própria religião, para que eu possa definir corretamente o que cultuo e o que eu pretendo trabalhar espiritualmente.

Na simplicidade do nosso culto, o primeiro passo é darmos um Ìborí, claro que quando cito o Ìbo eu me refiro ao culto Yorúbà, o que não quer dizer que as demais culturas (Bantu, Fon e Jeje) são obrigadas a seguir este ritual, sendo que não faz parte da sua liturgia e ritualística. Porem baseado na minha cultura o primeiro passo seria cuidar da Orí, mas o que seria esta Orí, que para os
Yorúbà significa destino ou caminho, como poderia caminhar para frente sem definir qual estrada pegaria? Este mesmo Ìbo pode e deve ser renovado sempre que for solicitado, sem que seja preciso renovar a feitura do Òrìsà, que por sua vez posso considerar que os dois sejam distintos e separados, sendo que os dois partilham da cabeça do iniciado.

A grande dificuldade do Ocidental é entender que esta Orí ao qual cultuamos no Ìbo, não é uma Orí (cabeça) física, ela foi determinada ser chamada assim pelos
Yorúbà, quem sabe para exprimir nosso intelecto ou caminhos aos quais deveremos seguir. Segundo a cultura Yorúbà, nós deveremos ir até a casa de Àjàlá (o oleiro das Orí) e pegar uma Orí, depois seguir até Olorun que ouvirá nossos votos e comprometimentos para a nova vida, que por sua vez teremos apenas Òrùnmílá como testemunha. Fico imaginando há uns 20 anos atrás a população religiosa recebendo está informação, de que nós pegamos uma Orí e vamos à frente de Olorun, isso deve ter gerado uma confusão tremenda e um novo conceito de mulas sem cabeça, onde andaríamos no Òrun sem cabeça (Quem sabe seja por isso que deu-se o inicio à confusão entre o Bara do corpo, afinal os sacerdotes não devem ter entendido que a Orí não era física (espiritual), e deram um elemento para que fosse buscar esta Orí, o que não justifica assim a existência do Bara do corpo, citado pelo livro "Os Nago e a morte", mesmo porque se este Bara do corpo fosse responsável por animar o corpo do ser vivo, este estaria presente na concepção Yorúbà, o que não existe dados algum que ateste  além do material citado pela autora do livro.)... Justamente isso que eu imagino que aconteceu quando foi anunciado pela primeira vez como funcionava o sistema metafisico Yorúbà, causando assim mais confusão do que elucidou a Noção de Pessoa do povo do santo daquela época.
Então o que fazer com toda esta informação agora?
Onde guardar a Orí e o que podermos fazer com ela?

A meu ver houve varias readaptações no conceito e ritual do Ìbo em diversas vertentes religiosas do segmento Yoùbá da cultura Afro-brasileira, visto que o Ìbo era nada mais do que uma Orí e os sacerdotes entenderam que esta cabeça seria a própria cabeça do iniciado e não reavaliaram a possibilidade de estarem falando de um destino, afinal pouco se sabiam sobre Odù e destinos, pois o culto no Brasil ainda era pouco difundido, e a Umbanda e o Batuque Afrosul não precisaram do sistema de Odù para se instalar e sobreviveram até os dias atuais.  Com exceção do Candomblé que usa o jogo de comunicação com as divindades pelo sistema de Ifá, este teve a oportunidade de estudar e remodelar seus conceitos para um Ìbo sob os conceitos
Yorúbà. Esta oportunidade de rever os conceitos e ritualísticas, fez com que eles mexessem no seu  Ìborí, criando assim um ritual reafricanizado, e o Ìborí de Òsàálá ou Yemonja deixou de existir, afinal entenderam que a Orí não deveria comer com Òrìsà e vice-versa e muito menos era de Òsàálá ou Yemonja.

Porem o Ìbo Afrosul vincula o Òrìsà ao Orí, em algum lugar do passado os sacerdotes decidiram vincular o Ìbo ao Òrìsà da pessoa, porem observe um pequeno adendo;

O Ìbo pode ser refeito todo ano ou quando assim a Orí desejar e comer o que ele desejar, sem  que o Elégùn seja iniciado.

O Òrìsà pode comer quando desejar uma ou mais vezes por ano, tudo irá depender da vontade dele, porem a iniciação dele será apenas uma vez, para esta iniciação o Elégùn  deverá ter  Ìbo, sendo assim ele exigirá comer apenas uma vez na Orí, não será necessário o Elégùn deitar todas as vezes que ele for dar de comer ao Òrìsà, diferente da Orí que ele terá que deitar todas as vezes que a Orí dele for comer.

E segundo a cultura Afrosul, o Ìbo contém os elementos básicos, que são búzios, moeda e um recipiente, nada que ateste contra o conceito do Ìbo
Yorúbà, apesar de seguir uma quartinha e fios, não é um erro tão grave que não possa ser reavaliado, sendo que a quartinha está ligada a ancestralidade, que no caso do Ìbonão deveria ser vinculado a ancestral algum mesmo que divinizado, o Ìbo deveria ser ligado apenas à Orí, com cantigas para Orí e comidas para Orí.

Desta forma se um Ìboé para a Orí, nada mais lógico do que entender que  quem deveria ocupar a cabeça ou seja manter a consciência  do Elégùn na hora do ritual, seria a consciência do próprio iniciado, sem o Òrìsà responder ou a presença de divindade alguma, ou seja, nada além da própria Orí que por sua vez a Orí se transforma numa divindade. Esta Orí será cultuada aqui na terra, dentro de um templo, logo é fácil definir que existe uma ligação direta com o Òrun, mas então qual a finalidade deste Ìbo?

Se o meu
Ìbo está ligado com o Òrun, é o meu destino e caminho, nada mais correto do que eu pedir a ele tudo que desejo, lembrando que ao dar o bo eu peço prosperidade, saúde, fartura, trabalho, dinheiro e etc... Neste momento eu estou renovando meus votos e pedindo uma segunda chance, ou melhor, suplicando um novo caminho, novas oportunidades, que serão atendidas se a minha Orí assim desejar. Desta forma cabe a minha Orí julgar se tenho ou não oportunidade de receber o que desejo.

Mas se é a minha Orí que define o que eu devo ou não receber porque então cultuamos Òrìsà? Simplesmente porque os Òrìsà devem ser sento para servir a Orí e não o contrário conforme é costume notar no conceito global.



Se eu sei de onde eu vim, se eu percebo que estou seguindo meu caminho corretamente eu perceberei quem eu sou e para onde eu irei, seria interessante lerem o material ao qual citei no inicio deste artigo, onde poderão estudar  e entender melhor o conceito sobre Noção de Pessoa.

Ilé-orí


(Os Yorúbà consideram que o melhor lugar para se guardar um Ìbo, seria na Orí Inú, quer dizer a cabeça interna do iniciado, porem convencionaram que poderia ser usado um recipiente para guardar itens que simbolizem a Orí)

Orí inú


Erick Wolff8 - Bàbálòrìsà de Òsàálá, dirigente da Ilé-ọba Óbokún Àṣẹ Nàgó'Kọbi, fundada em 05 de junho de 1990.

domingo, 27 de março de 2011

A Umbanda virtual.

Por Erick Wolff
(Òrìṣà Èṣù)
A comunicação virtual fornecendo conteúdo para a comunidade, isso é confiável?
Infelizmente eu tenho as minhas dúvidas, o que deveria ser para ajudar e levar conhecimento a todos, chega a confundir e às vezes até mesmo ludibriar o estudante que assimila informações erradas, que trará um conhecimento errado e ou graves consequências espirituais.

Observe os temas de um Curso:

  • -Os Mistérios de Exu e suas Lendas
  • -Exu Natural, Exu Guardião e Exu de trabalho
  • -Exu na Umbanda e seus costumes
  • -As Guias de Exu
  • -Como usar, guardar e cuidar da Guia do seu Exu
  • -Identificando o Orixá regente através do nome do Exu
  • -Qual a relação do Exu com o numero 7
  • -Qual o significado dos elementos de uma oferenda
  • -Como fazer corretamente a oferenda para o Exu
  • -Como fazer a firmeza de Exu na própria residência
  • Entre outros...

(Entidade Exu da Umbanda)

Ao contatar a organização, fui informado que o curso presta informações apenas das entidades da Umbanda, porem a confusão é nítida e demonstra total desconhecimento de causa e filosofia da Umbanda, confundindo conceitos e lendas dos Òrìṣà Africanos com os Orixás da Umbanda (brasileiros), mas como assim?

As divindades Africanas são diversas e sua origem energética mais diversificada ainda, porem os Okú (entidades), não são divindades, pelo que eu sei, apenas os ancestrais cultuados pela tradição africana que foram divinizados, alguns se tornaram-se  Òrìṣà, mas isso é uma história que não tem nada haver com o que estamos discutindo aqui, apesar de estar falando de divindades e ancestrais, os mesmo são distintos.

Um Okú (entidade) é cultuado pela Umbanda, segue os preceitos e fundamentos daquela religião, quando falamos de Exu logo vem duas imagens para este mesmo nome, para os Umbandistas entidades com capa, tridentes e paramentos muito semelhante a divindade Èṣù, mas sem nem uma ligação com a divindade Èṣù, que assume um grande papel no culto tradicional africano.

  • -Identificando o Orixá regente através do nome do Exu
Segundo a organização o curso, cada Exu possui uma origem energética, esta chamada de Orixá, sabendo que a Umbanda possui seus Orixás e divindades, que apesar da semelhança dos nomes e sincretismo com os africanos, energeticamente não tem nada haver com os cultuados na África. Sim porque Orixá não se mistura com Okú, apenas com Ègún, Ègúngún e Ancestrais divinizados, o que sabemos que nem um deles são cultuados na Umbanda.

  • -Os Mistérios de Exu e suas Lendas
Bara Òrìṣà Yorùbá

Eu considero que cada entidade seja única, apesar de assumir um nome ou uma linha de um famoso Exu (entidade), ele não é o mesmo, basta colocar um Marabo ao lado do outro para ver que cada um portará de uma forma e ou contará uma história de vida diferente, logo cada um é um, não existe uma forma de codificar ou formatar esta entidade, podemos chegar perto de conceitos de forma de trato ou elementos que possam carregar, mas mentiu quem disse ou está dizendo que Marabo é tudo igual (risos), tenho certeza que eles mesmos não irão concorda...

  • -Como fazer a firmeza de Exu na própria residência

Outro perigo, manter um Exu na própria residência, será que todos podem ter um Exu na residência, como saber qual é o Exu adequado, como fazer isso e dominar, sendo que a maioria dos templos sabem que manter um Exu dentro de um templo requer sérios cuidados, qual o poder e domínio que uma pessoa terá com diante desta entidade? Fiquei realmente preocupado com este tópico...

Sem falar que a organização afirmou que “Exu tem passagem para todos os mundos, esta a disposição de todos os Divinos Orixás.“, sim ela está corretíssima, porem ela está se referindo ao Òrìṣà e não a entidade, pois Okú não entra no Ọ̀run (céu espiritual) assim, ele tem seus limites e tem que respeitar, não é uma bagunça sem eira nem beira que chega qualquer um e vai entrando assim, Exu entidade com todo respeito tem o seu caminho e trabalho, que respeita e sabe muito bem trabalhar. Mas não caiam no mesmo erro de  considerar que uma entidade pode entrar assim, e  não se confundam também.

Para um iniciante é importantíssimo saber o que cultua e como cultua, por isso que fico preocupado com a realidade dos cursos On Line que mais traduzem confusão do que segurança.

O que devemos fazer, como difundir e apoiar determinados cursos?
Quem orienta estes ministradores de cursos?
Quais os parâmetros para defirnir o que deve ou não ser divulgado?



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Direito de resposta
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O jornalista, e publicitário especialista em mídia digital a 8 anos e dedica 24h por dia disso a nossa religião. Organizador do “Curso Virtual de Exu”.

Pediu apenas que publicasse esta resposta; “O Candomblé sobrevive até hoje porque não quer convencer pessoas sobre uma verdade absoluta, ao contrário da maioria das religiões
(Pierre Verger)

E assina pelo e-mail, caso queiram estrar em contato para o curso ou informações.
BARBIERI.NEGOCIOS@HOTMAIL.COM



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Resposta do editor Erick Wolff
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A liberdade e a diversidade sempre foram respeitadas, tanto neste Blog quanto em qualquer matéria publicada, por qualquer um que disponibilizamos espaço. A diferença está em quando eu publiquei esta matéria o foco foi a Umbanda, não estamos ou me suponho que eu não estou falando do Candomblé, por isso, focando a Umbanda que eu respondo chamando a atenção para certos pontos que devem ser policiados, para que o leitor possa ter acesso aos devidos conteúdos e conhecimento, afinal como um leigo vai manter um Exu dentro de casa, ou melhor, como ele irá saber qual é o Exu dele?
Mistérios da Inclusão Digital...

Grato

TIKTOK ERICK WOLFF

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