terça-feira, 24 de março de 2020

LUCUBRAÇÕES MACABRAS

Baba Gilberto de Exú.
27/02/2018


Você foi iniciado em Orixa ou o que ?


Sei que muita gente vai querer me trucidar por esse texto, mas o objetivo é realmente falar de um assunto delicado. 

Há muitos anos atrás escrevi um texto onde constatei a troca do oraculo, no caso o jogo do (erindilogun) por entidades que davam consultas. Na ocasião eu chamei atenção por ter conhecimento que, os hoje chamados “CATIÇOS”, notadamente os CABOCLOS não só estavam substituindo os oráculos, estavam recolhendo iawo assim como já estavam adentrando em quarto de santo e fazendo iawo. (o grifo é nosso)

Nesse caso cheguei a ser testemunha em Salvador na casa de um famoso Pai de santo já falecido. O caboclo dele não só recolheu como raspou o iawo e cantou pra tirar na sala.

Isso tudo de certa forma tornou-se subjetivo, a falta de conhecimento no trato com o oraculo (erindilogun) é patente, sendo ele substituído por jogo de cartas das mais diversas procedências: Ciganas, Egípcia, Taro entre outras. Em alguns casos é substituído por runas, bolas de cristal, borra de café, leitura de mão etc. Mais uma vez tudo isso torna-se subjetivo se levarmos em consideração o que esta acontecendo nos dias de hoje.

“ANUNCIOS NAS REDES SOCIAIS”
1- (A IYALORISA TI OIA CONVIDA A TODOS PARA A FESTA DE SUA RAINHA POMBA GIRA (TAL)

2- ( O BABA TI ODE, CONVIDA A TODOS PARA FESTEJAR A DONA DO MEU DESTINO MARIA PADILHA (TAL)

3- (O ILE DE XXXX CONVIDA A TODOS PARA AS FESTA DOS MALANDROS ZÉ E MARIA. O FESTEJO SERÁ REALIZADO NO SALÃO DE FESTAS TAL)

Isso sem falar dos CABOCLOS, PRETO VELHO entre outros espíritos que muito embora devam ser respeitados em suas respectivas casas especificas, hoje são mais importantes que os Orixas a quais os terreiros são supostamente dedicados. 

A proliferação dos CATIÇOS e as novas denominações que vemos todo dia nas redes sociais esta transformando nossa religião em um pandemônio onde a tradição esta se perdendo dando lugar a novas seitas derivadas da Umbanda e de uma Quimbanda que só existe no imaginário dos inventores. Vemos diuturnamente a nova DEMONIZAÇÃO DE EXU e a transformação de CATIÇOS em novos EXU. 

Em alguns sites de pseudos satanistas o personagem de BAFOMETH que já era considerado rei de todos EXU, começa a ter sua sexualidade mudada de masculina para feminina tornando-a rainha de uma QUINBANDA que nunca soube de sua existência. A QUIMBANDA uma manifestação religiosa de origem afro brasileira,  apartada da UMBANDA no processo de branqueamento nunca conheceu tais personagens. 

Os Orixa dos hoje Baba/Iya, tornaram-se secundários, muito embora os terreiros ostentem denominações africanas complicadas e muitas vezes sem nexo, as maiores e mais concorridas festividades são dedicadas ao CATIÇOS notadamente os EXUS e POMBA GIRAS onde a licenciosidade impera junto a libação exagerada muitas vezes terminando em intrigas, brigas e violências.

Meus caros irmãos, temos rever nossos valores e retornar aos nossos cultos tradicionais onde nossos ORIXA são os mais importantes personagens.Fonte - LUCUBRAÇÕES MACABRAS


Nota do Editor 
Acrescentamos a conversa coletada inbox entre Gilberto de Exú e Luiz L. Marins, em 23/03/2020; citação autorizada.




segunda-feira, 23 de março de 2020

DE QUEM É O DEFUNTO?


Baba Gilberto de Exu
22/03/2016




A pouco tempo atrás fiquei revoltado porque dois irmãos de santo meu que morreram tiveram suas casas de candomblé destruídas, ou seja, acabaram.

1- A Casa de Ode Tutie, em Santos, que ainda durou alguns anos, pelo menos 10, após sua morte, foi vendida a uma igreja, “segundo fontes”.

2- Com a morte de Kaiambe, no RJ, seu terreiro foi imediatamente vendido pelos herdeiros, “segundo fontes”.


3- Agora nós vemos uma história ainda pior com a Mãe Regina de Oya em Salvador, pois nem seu corpo pode ser enterrado conforme as tradições por ela vivida.

Eis as grandes questões:

1- Sempre a mesma coisa por quê?
2- Qual a causa disso?
3- Quem é o culpado?

Podemos afirmar que 50% dos terreiros de Candomblé estão em casas alugadas e aí, se pai/mãe morre, todos os filhos de santo que carreguem seus santos na cabeça antes que alguém os jogue fora, no poço ou simplesmente no lixo, fato já acontecido em SP, e por mim testemunhado.

1 - Porque na verdade somos desinformados e ignorantes das leis e por mais que tenhamos acesso a elas, não procuramos entende-las ou aplica-las minimamente, e quando um filho/filha de santo pergunta algo pertinente, imediatamente vem as respostas: “a documentação da casa está em dia”, ou, “fulano levou e não trouxe ainda”, ou, “não vou dar dinheiro ao governo que não tem nada a ver com isso”. Quando muito, o pai/mãe tem um estatuto esquecido em algum lugar ou gaveta que não vale mais nada, totalmente invalido, e aí fazer o que se ele/ela morrer? NADA.

2 - Nossos terreiros na verdade não existem, são verdadeiros fantasmas sem direitos nenhum, aja visto que o fato de termos um estatuto desatualizado não garante nada perante as leis, ele é apenas um estatuto sem nenhum valor.

3 - O culpado somos nós mesmos. Por quê?

Abrimos nossos terreiros e quando muito fazemos um estatuto em alguma federação que não nos dá nenhum apoio, seja documental ou legal. No âmbito documental e legal, não orienta o filiado a procurar um contador para dar entrada nos diversos órgãos governamentais, ou seja:

1 - Na receita federal, finalidade, ter um CNPJ.

2 - Prefeitura, finalidade, ter um alvará de funcionamento legalizando seu terreiro. Pelo menos esses dois documentos são de extrema necessidade.

4 - Após esses documentos, o mais importante é, no caso de o terreiro estar em terreno próprio, legalizar o estatuto e suas atas passando legalmente o “terreiro” ou a propriedade para a sociedade presidida pelo pai/mãe de santo imediatamente, pois só assim, em caso de sua morte, a casa terá a mínima possibilidade de prosseguir.

No caso de a sociedade assumir a propriedade, o pai/mãe também estará garantido pois será de seu “USO FRUTO” enquanto viver e cabe a ele/ela declarar seu herdeiro (a) após sua morte, ou designar de que forma quer que se faça a sucessão, através de um conselho especial criado por ele em vida, ou pelo oraculo, podendo designar um pai/mãe de santo específico com a finalidade de conduzir a sucessão.

5 - Resta um problema: DE QUEM É O DEFUNTO?

O defunto é de quem ele designar em vida, assim como serão feitos seus ritos fúnebres, não podendo a família de sangue interferir em hipótese nenhuma. O herdeiro designado deverá realizar as vontades do “de cujus” sob pena de ter sua herança cassada pelos irmãos remanescentes do terreiro.

6- Infelizmente nada poderá ser feito no caso da Mãe Regina de Oya aja visto que ela e seus filhos de santo não previram o que poderia acontecer caso ela morresse.

Não me alongarei mais sobre o tema pois na verdade não sou tão versado, mas tenho alguns conhecimentos que acho são uteis, e estou à disposição dos interessados em fazermos pequenos seminários sobre o assunto.


Contato: Baba Gilberto de Seu – Facebook: https://bit.ly/2UtLX8j

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