quarta-feira, 2 de junho de 2021

NO BATUQUE NÃO DEIXAMOS CADEIRA VAZIA NO SALÃO OU QUARTO DE ORIXÁ

 Por Erick Wolff de Oxalá

Sacerdote de orixá desde 1989, na tradição do Batuque do Rio Grande do Sul.



02/06/2021

Respeitando o direito de cada um e a liberdade de culto, este ensaio tem por finalidade esclarecer alguns conceitos sobre o quarto de orixá, e os rituais do Ilê Axé Nagô Kóbi, tradição Batuque do Rio Grande do Sul.

Metaforicamente o quarto de Orixá é o local onde as divindades moram dentro de um templo, neste recinto evitamos andar de sapatos, colocar certas comidas, pratos vazios, cadeiras vazias ou com pertences de alguém, para preservar a segurança espiritual da casa.

Cada religião possui seus tabus e fundamentos, e para nós do Batuque, não deixamos cadeiras dentro do quarto de Orixá ou no salão na porta deste quarto, a menos que estejamos em ritual de Egun. 

A cadeira vazia, ou com pertences de alguém, somente é colocada nos ritos fúnebres, com o intuito de manter ali o morto (ato representativo), até o final do ritual, no sétimo dia onde é despachado o carrego. 

Por isso, antes de copiarmos algo que achamos lindo ou que achamos legal, é preciso realmente ver se estamos dentro do nosso fundamento ou não. Assim evitaremos prejudicar a nossa casa ou família religiosa. 


CONSIDERAÇÕES FINAIS 

O quarto de Orixá é o local onde as divindades moram. 
Não devemos pisar de sapatos neste local, nem mesmo no salão da casa.
A cadeira no salão de Batuque é usada para rituais de algum morto.

  Mais sobre o Ilê Axé Nagô Kóbi

ILÊ AXÉ NAGÔ KÓBI | Fundado em 1989 (wordpress.com)

segunda-feira, 31 de maio de 2021

A DIASPORA BATUQUE DO RS E SIMILARES DA MATRIZ IORUBA

Por Erick Wolff de Oxalá
Postado em 31/05/2021


Este ensaio tem a finalidade de registrar o reconhecimento da similaridade da diáspora Batuque do RS, com a matriz Ioruba, em Oyo, Nigéria.


Este é o Amalá, comida de Xangô, dos rituais tradicionais do Batuque do Rio Grande do Sul. 


Enviamos esta imagem para a Dra. Paula Gomes, ministra da cultura do Alaafin de Oyo, Nigéria. Em resposta segue:

"O amala é parecido com o amala aqui k se chama lafun, o amala feito de mandioca" [Informação pessoal  da Dra. Paula]

Ainda informa que Xangô come vários bichos:

"Não Ṣàngó come carne sim, carne de porco, bode, carneiro, galo e até vaca e carne de animal selvagem e essa carne é sempre guizada" [Informação pessoal da Dra. Paula]

 

Nos referimos que os orixás do Batuque quando manifestados eles falam diretamente com quem estiver presente, orientam e pedem que façamos algo. A resposta da Dra foi:

"Interessante muito idêntico" [Informação pessoal da Dra. Paula]

 
Paula Cristina Gomes -(9) Paula Cristina Gomes | Facebook




A MALDIÇÃO DA INTIMIDADE ENTRE OS FILHOS

Por Babalorixá Caccioli de Ayrá
Postado em 31 de maio de 2018

São Bernardo do Campo



Uma das coisas que mais causam problemas em uma Casa religiosa, é a intimidade. Os filhos da Casa tem por hábito criar laços com os irmãos, que claro, é saudável e importante.

O problema é quando essa amizade passa para intimidade. Infelizmente nem todos tem bom senso. Trocam telefone, Facebook, WhatsApp, começam a se enfiar um na casa do outro, falar de sua vida pessoal e em alguns casos, a falar da vida dos outros irmãos-de-santo também.
Mas por experiência como Babalorixá, essas conversas sempre vem à tona e quando vão se dar conta, já falaram demais, já dividiram segredos demais e já falaram demais da vida dos outros. Então essa amizade chega ao fim.
O problema é quando um deles se magoa, se sente contrariado, ofendido com o outro irmão! Aí, pronto: ele vai entregar o até então amigo com uma boa dose de veneno e se isentando de qualquer culpa!
Final do jogo:
A casa pode perde um filho (ou mais) e o filho perde a sua Casa de Axé. Ninguém ganha.
Tenham mais cautela com os seus irmãos-de-santo. Cada um tem a sua vida, a sua personalidade, os seus defeitos, as suas qualidades, os seus segredos e intimidades. Se quisermos manter o equilíbrio e harmonia dentro de uma Casa religiosa, devemos saber o limite entre relações.
A Casa religiosa é lugar de nos unirmos em nome de algo maior e sagrado. Esse deve ser o motivo maior dos nossos laços. Amizade pode gerar intimidade e intimidade gera desrespeito.


sexta-feira, 28 de maio de 2021

CADA SACERDOTE TEM O SEU ORÁCULO.

Por Erick Wolff de Oxalá
Postado em 28/05/



Este ensaio tem a finalidade esclarecer que em cada segmento afro-religioso, o sacerdote possui um oráculo.

Para os Orixás existem vários oráculos, entre eles os mais conhecidos são o Obi, Orogbo e o mais comum é o Erindilogun.

O Babalawo Ifatokun informa que o Babalawo joga Opele ou Ikin, e não sabe jogar Erindinlogun, assim como o sacerdote de Orixá (Babalorixá ou Yalorixá) jogam Erindinlogun, e não jogam Ikin ou Opele.





INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES

Baba Adisa, Alaafin Oyo, informa que Obatala que deu o Erindinlogun para os Orixás. 


O Obi e o Erindinlogun são os Oráculos mais velhos.






CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em cada culto o sacerdote tem o seu oráculo.

O Babalawo usa Ikin ou Opele e não sabe e não joga Erindinlogun.

O Babalorixá e a Iyalorixá usam Erindinlogun e não sabe e não joga Ikin ou Opele.


PEQUENO VOCABULÁRIO 
Erindinlogun - Jogo oracular baseado em Búzios.
Ikin - Jogo oracular que usa caroços do dendezeiro, usado no culto Orunmila-Ifa.
Opele - Instrumento oracular feito com uma espécie de corrente e sementes, usado no culto Orunmila-Ifa.  


REFERÊNCIAS

Video do Baba Adisa
Yemojagbemi Omitanmole Arike(Renata Barcelos Yemoja) - (1) Yemojagbemi Omitanmole Arike | Facebook 

quarta-feira, 26 de maio de 2021

ADIVINHAÇÃO DE OBI DENTRO DO IGBALE EGUNGUN, OYO.

Por Paula Cristina Gomes
Postado em 26/05/2021


Adivinhação de Obi dentro do Igbale Egungun em Oyo para o Festival Anual que começará em 15 de junho de 2021.

Página - Facebook

segunda-feira, 24 de maio de 2021

FUNDAMENTO, TRADIÇÃO E CULTURA NO BATUQUE

Por Erick Wolff de Oxalá
Sacerdote de orixá desde 1989, na tradição do Batuque do Rio Grande do Sul.



17/05/2021

Respeitando o direito de cada um e a liberdade de culto, este ensaio tem por finalidade esclarecer alguns conceitos sobre o Fundamento, Festas e Obrigações, nos rituais do Ilê Axé Nagô Kóbi, tradição Batuque do Rio Grande do Sul.

Debatemos muitos sobre fundamentos, tradições e cultura, onde a tradição é praticada conforme a região e seus costumes, podendo sofrer influencia e até mesmo interferência do local onde tal pratica religiosa é feita. Já a Cultura é a base dos fundamentos, rituais, tradições e praticas de determinada religião. 

No entanto fundamento são elementos que compõem rituais, feituras, iniciações e ebós que envolvam determinada divindade ou religião. 

FUNDAMENTOS

Alguns elementos que compõem os fundamentos:


Ervas - podendo haver variações entre espécies de folhas, sementes, ervas ou raízes usadas em banhos, sacudimentos ou rituais. É comum durante os rituais ter um ou mais destes elementos nos assentamentos ou vasilhas de orixá, bori ou segurança, para que o poder destas ervas possam ativar, apaziguar ou fortificar aquele axé que está sendo movimentado. 

Por isso o conhecimento das ervas e suas propriedades é fundamental para o sacerdote no Batuque.

Comidas sagradas dos orixás - toda vez que irá ser praticado algum ritual, iniciação, ebó ou feitura, arria-se comidas sagradas, que pertencem aos orixás, variando de comidas simples às comidas de 4 pés, para rituais de feitura ou iniciações, para que estas comidas possam agradar aos orixás e ao mesmo tempo trazer o seu axé e força. Algumas destas comidas são primordiais para o ritual, feitura ou iniciação, desta forma estas comidas devem compor a  feitura, não ficando apenas arriada no quarto de orixá. 

As comidas podem e devem ser servidas aos filhos ou convidados, para isso, faz uma quantidade maior para que todos possam comer é deverá ser servida, separando das que ficam arriadas para os orixás. 

Importante salientar que a comida de orixá sempre irá ser arriada conforme o seu fundamento, não possuímos o costume de enfeitar ou colocar doces, restringindo apenas a ibeji os doces.

Pós - o efun (uma espécie de tabatinga branca), a cinza, pó de anil, pós de sementes são usados sempre que necessário, pois são elementos que fazem parte dos rituais de orixás e suas defesas. Evitando apenas o talco e o pó de carvão, pois ele restringe a rituais de egun. 


OBRIGAÇÕES 

Com os exemplos acima foi possível termos alguns exemplos do que é fundamento, por mais simples que seja o ritual, necessitamos dos fundamentos e da presença das divindades para consagrar determinada obrigação, e por conta da situação mundial ao qual vivemos, e da pandemia, agravando a nossa preocupação, o templo Nagô Kóbi fez um apejo com os orixás mais velhos da casa para tomar certos protocolos para que fosse cuidadosamente praticados qualquer ritual, evitando aglomerações e festas. Com isso preservando a saúde  e bem estar familiar. 


Considerações finais 


Nem tudo se resume ao ejé. Para o orixá o valor dos elementos que compõem o fundamento são importantes, preservando a vida e a comunidade. 

Em época de pandemia os rituais e tradições podem ser moldadas e repensadas conforme a orientação das próprias divindades, que estão aqui para nos proteger e nos ajudar. 

Mais sobre o Ilê Axé Nagô Kóbi

ILÊ AXÉ NAGÔ KÓBI | Fundado em 1989 (wordpress.com)

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