segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Obokun Rei de Ilesa (Ijexá)

Ilesa é uma cidade localizada em oeste de Nigéria; é também o nome de um estado histórico (também conhecido como Ijesa) centrou ao redor dessa cidade. O estado foi determinado por um monarca suportando o título de adimula de Obokun de Owa de Ijesaland. O estado de Ilesa consistiu em Ilesa e um número de cercada de menores cidades.
O Ijesa, um termo também denotando as pessoas do estado de Ilesa, são parte do Estado presente de Osun de Nigéria. Alguns povoados populares do Ijesa são Ibokun, Erin Ijesa, Ipetu Jesa, Ijebu Jesa, Aee Oke, Ipole, Ifewara, Iwara, Erinmo, Iwaraja, Idominasi, Ilase, Igangan, Imo e muitos outros.
O Ijesa são muito bom em comércio e cortou um nicho para si como o arquiteto de negócio de "Osomalo" que é um método popular de comércio que permite que fregueses paguem installmentally de mercadoria.
O Ilesa é para casa ao Ilesa Liceo famoso e prestigioso, uma escola fundado por Egbe Atunluse Ilesa e manter de alma a muitos nigerianos incluindo uma Justiça Principal anterior da Federação, Alfa Belgore, um Governador anterior de Lagos Estado, Alhaji Lateef Jakande e o Chanceler anterior de Vício da Universidade de Lagos, Prof Oye Ibidapo Obe.
Os governadores (título Owa Obokun)

Bilagbayo
Ori Abejoye
Bilajagodo "Arijelesin"
Bilatutu "Otutu bi Osin"
Bilasa "Asa abodofunfun"
Akesan c.1800 Bilajara 1... - 1807
Ogbagba 1807 - 1813
Obara "Bilajila" 1813 - 1828
Odundun 1828 - 1833
Gbegbaaje 1833 - 1839
Ariyasunle (1st time) -Regent 1839
Ofokutu 1839 - 1853
Ariyasunle (2nd time) -Regent 1853
Ponlose 1853 - 1867
Alobe 1867 - 1869 4 Jun 1870
Agunlejika I 1869 - 1871
Vacant 4 Jun 1870
Oweweniye (1st time) 1871 - 1873 Vacant 1873
Oweweniye (2nd time) 1873 - 1875 Sep 1892
Adimula Agunloye-bi-Oyinbo "Bepolonun" 1875
Lowolodu Mar 1893 - Nov 1894 Vacant Nov 1894 - Apr 1896
Ajimoko I Apr 1896 - Sep 1901
Ataiyero 1901 - 1920
Aromolaran 1920 - 1942
Ajimoko "Haastrup" -Regent 1942 - 10 Sep 1942
Ajimoko II "Fidipote" 10 Sep 1942 - 18 Oct 1956
J. E. Awodiya -Regent 18 Oct 1956 - 1957
Biladu III "Fiwajoye" 1957 - Jul 1963 .... -Regent Jul 1963 - 1966
Agunlejika II 1966 - 1981
Oba Gabriel Adekunle Aromolaran II 1982? -


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CABINDAS

Os CABINDAS, designação hoje dada aos habitantes do País de Cabinda (abrangendo todos os clãs irmãos - Bauoio, Bakongo, Basundi, Balinge, Bavili, Baiombe, Bakoki ... ) mas que, de começo, por proveniência Clánica era confinada aos do antigo Reino de Ngoyo e mais propriamente aos da região da actual cidade de Cabinda e arredores mais chegados, sendo povos que fazem parte da grande família banta, por suas qualidades, usos e costumes sobressaem entre os outros.

O Cabinda é, certamente, de todos os povos africanos, o que se aponta com mais freqüência como exemplo de índice de, maior desenvolvimento e progresso em toda a gama de valores humanos.

Casas arejadas e asseadas, mesmo as de colmo e papiros, alinhadas ao longo das estradas por entre filas de palmeiras c coqueiros que emprestam, nos dias de grande calma, a sua sombra aos habitantes; gente palradora e comunicativa entre a qual havia sempre alguém - e hoje quase todos e todas - a poder dar-nos informações pedidas num português já muito sofrível e ajuda pronta em qualquer necessidade.

A língua dos Cabindas -o Kiuoio (ou Iuoio) e Kikongo

As principais «divindades» eram:
Kuiti-Kuiti
Mboze
Lusunzi
Nkanga
Mvemba
Lunga
Bunzí ou Mbungi
Nkunda Mbaki Nranda
Makunku

1 - KUITI-KUITI (Nzambi-Mpungu, uivanga naveka = O Nzambi-Mpungu, o que se fez a si mesmo)
Apresenta-se como filho de um deus que nasceu velho na terra, em Mboma Yala Linsongo.
Teve como irmãos a Nkunda Mbaki Nranda e Mboze.
A mulher era a sua própria irmã, Mboze, de quem teve dois filhos: Né-Mbinda Né-Mboma e Nkanga.
Numa das ausências de Kuiti-Kuiti, Mboze teve relações com o seu próprio filho Nkanga. Concebeu. Kuiti-Kuiti tendo conhecimento da traição e vileza da mulher, conhecimento através de um sonho, regressou a casa e pegou-se com seu filho Nkanga. Isto aconteceu em dia de nevoeiro cerrado (= Mbungi).
Nkunda Mbaki Nranda reprova o proceder de Kuiti-Kuiti, seu irmão, por ter morto Mboze e Nkanga. Então, Kuiti-Kuiti faz ressuscitar os dois ao mesmo tempo.
À criança nascida deste crime de incesto foi dado o nome de BUNZI que, na interpretação de Fernandes, queria dizer: «Assistente de dois deuses em luta.»

Passados tempos, Né-Mbinda Né-Mboma, o outro filho de Kuiti-Kuiti, pede ao pai uma mulher para casar.
Kuiti-Kuiti mata os dois gémeos aIbinos, abandona na Europa os filhos destes e regressa sozinho às terras de Ngoio, indo habitar Mboma.
Sua mulher Mboze vai visitá-lo e, mostrando-lhe as duas filhitas que levava, diz-lhe: «aí tens duas filhas que tive de teu filha Né-Mbinda Né-Mboma.»

2 - MBOZE
É irmã e mulher de Kuiti-Kuiti, como se deixou dito.
Depois da ressurreição de Kuiti-Kuiti, Mboze reformou a sua vida.
Mulher de grande beleza, umas vezes era encontrado muito bem vestida, outras fingindo de pobre miserável, esfarrapada e imundal

3 - LUSUNZI
Filha de Né-Mbinda Né-Mboma e de Mboze.
Teve por marido seu irmão Nkanga.
Seus irmãos: Bunzi (irmão e sobrinho), Mvemba (irmã e sobrinha) e Madia-Mamboze (irmã e prima)!

4 - NKANGA
Filho de Kuiti-Kuiti e de Mboze é marido de sua própria irmã Lusunzi,
Presidia a todas as grandes cerimónias.
Governava, espiritualmente, as terras de Kingangaka, Ngoio, Kankatu e outras.

5 - MVEMBA
Filha de Né-Mbinda Né-Mboma e de Mboze e irmã de Lusunzi e de Bunzi.
Era invocada nas grandes calamidades.

6 - LUNGA
Também filha de Né-Mbinda Né-Mboma e de Mboze e irmã de Lusunzi.
É «deusa» de muita representação nos casos que dizem respeito à salvação do «seu» mundo. Habitava nas pequenas florestas das margens do rio que tem o seu nome, na Muanda (Rep. do Zaire), junto à foz.

7 - BUNZI ou, melhor, MBUNGI
Filha de Nikanga e de Mboze.
Foi por causa deste nascimento incestuoso que Kuiti-Kuiti, marido de Mboze, matou esta e seu filho Nkanga.
No momento em que os dois homens lutavam, Mboze, antes de morrer, ouviu dentro de si uma voz que lhe dizia: «Telamena bobo, kaza minu nzoleze umona monso mivioka avava» - Espera que eu quero ver tudo o que se passa aqui». E nesse mesmo instante nasceu MBUNGI e este nome recebeu porque nessa altura, dizem, havia muito nevoeiro (Nevoeiro = Mbungi).
MBUNGI (ou BUNZI) é invocado, principalmente, nas terras de Mputu Kinzazi e Matamba.

8 - MPANGI
Filha adoptiva de Lusunzi.
O seu habitat era numa pedra que se encontrava na encosta do morro do antigo Porto Rico. A essa pedra lhe chamavam: Limanha liMpangi = Pedra de Mpangi. Era o Nkisi-Nsi da terra, o espírito protector.
E por causa desta «destruição», afirmam os naturais de Cabinda, tanto Mpangi como Lusunzi deixaram as terras de Ngoio. Lusunzi foi para S. Tome e Mpangi para a antiga capital do Reino do Loango, Buáli. Mas não deixaram, contudo, de ter influência sobre as gentes de Cabinda.

9 - NKUNDA MBAKI NRANDA
Irmão de Kuiti-Kuiti e marido de Nsansa-Kunda.
Era o «deus» da chuva. Tinha cauda. Quando invocado para fazer cair chuva, apontava a cauda para o céu. Mas quando julgasse bem, como castigo, apontar a cauda para baixo era mais do que o bastante para não chover!

10 - MAKUNKU
Filho adoptivo de Lusunzi.
Era o «deus» das preocupações. Era grande o seu poder sobre o movimento do sol. Trabalho que começasse, tinha que ser terminado antes do sol posto. Mas se se enganava e o trabalho levava mais tempo do que contara? Era simples. Mandava recuar o sol para que lho desse tempo de terminar a tarefa!
(Até parece o dito milagre de Josué, na Bíblia - Cf. Livro de Josué, X12,15!)

11 - DIVINDADES DE SEGUNDA ORDEM
São todos filhos adoptivos de Lusunzi, «deusa» dos bons costumes e a restauradora da moral natural nas terras de Ngoio.
Vela-Ke-Lusunzi, andrajoso e pobretão, vagueava pela praia e pelo Kizu.
Mbaki-Lukola-LiMpangi; Mundala-Mpangi; Lukika-LiMpangi. Estes habitavam junto ao riacho Lukola.
Kinkinda e Kilili - na Muanda.
Kimpukulo e Kinsunda - por várias regiões.

Esta mitologia Cabinda, não destrói nem exclui o sistema Religioso comum a todos os clãs Bakongo.

Se pode haver, v. g. entre os de Ngoio, uma ou outra particularidade, fruto da rica Tradição dos Cabindas - como a de A. J. Fernandes - o sistema religioso que vamos apresentar é o de todos: Bauoio, Basundi, Balinge, Baluango, Bavili, Bakongo propriamente dito, etc., etc., (dos nove clãs descendentes de Vua li Mabene).

NZAMBI - A maior divindade
Todos os clãs Bakongo conhecem Deus sob o vocábulo NZAMBI ou NZAMBI MPUNGU.

NZAMBI é bom. Chamam-lhe Tata, Tat itu: Pai, Pai Nosso; Tata Nzambi = Deus Pai.

É do Nkisi-Nsi que o chefe recebe o poder. É do Nkisi-Nsi que, nos Bauoio - Cabindas - toda a comunidade, por cerimónias públicas, procurava conquistar graças e favores. É em nome do Nkisi-Nsi que os Zindunga, chamados também mulheres do Nkisi-Nsi (Bakama Bakisi-Nsi) ou «soldados», fazem o policiamento das terras de Cabinda e velam pela guarda dos bons costumes e leis de Lusunzi, que não são mais do que as leis do Nkisi-Nsi.
É ainda pelo Nkisi-Nsi que, praticamente, em todos os clãs do num País de Cabinda, fazem entrar as jovens, chegadas à idade núbil, no NZO KUMBI («Casa da Tinta») para, depois, tomarem estado, casando-se ou, mesmo, entregando-se a uma vida fácil.

Em atenção ao Nkisi-Nsi, abstêm-se as pessoas de certos actos fora do casamento ou observam certos costumes nas relações conjugais...
Ao Nkisi-Nsi ficam ligados todos os que nascem de uma forma tida por «anormal», a saber:

A) Os ZINDUNDU (sg. NDUNDU) = Albinos.
Porque os aIbinos, de um e outro sexo, são incapazes de geração (dizem) atiram-nos para o número dos monstros.
Outrora, era costume apresentarem os «Zindundu» ao Rei. Eram, depois, ensinados na prática da magia e passavam a servir de magos ao Rei, que seguiam e acompanhavam sempre.
Ninguém ousaria ofendê-los com qualquer afronta. Eram respeitados por todos. Se iam ao mercado podiam tomar o que quisessem e ninguém lhes iria à mão.

B) BASIMBA, os gémeos. Tidos também por filhos, do Nkisi-Nsi. Havia para com eles as atitudes respeitosas que tinham para com os aIbinos

C) Os NSUNDA (pl. BASUNDA), os que nascem pondo, primeiro, as pernas fora do ventre materno.

D) Os KILOMBO - Os que revelam, em sonho, a sua origem estrangeira.

E) Os mortos com VIMBU. Vimbu, doença que faz inchar. Vem do verbo Kuvimba -Inchar, engrossar.

F) As que morrem grávidas e todo aquele ou aquela a quem não cortaram os cabelos ou as unhas...

Jura-se e amaldiçoa-se, ainda hoje, pelo Nkisi-Nsi.
É que o Nkisi-Nsi, por bom e generoso que seja, também pode encolerizar-se e vingar-se.
Há quem tenha visto nesta espécie de culto uma como que idolatria.
«Je n'oserais pas me prononcer en faveur de cette thèse», afirma o P. Bittremieux.

Assim, o nome de Nzambi dado a uma estatueta, ou o facto de recorrer «directa e unicamente aos bons serviços dos espíritos», estes «agindo por sua vontade e como se fosse por seu próprio poder», dispondo da vida e da morte, da saúde e da doença, - da chuva e da seca, como se fosse DEUS, parece-me, continua Bittremieux, susceptível de uma outra interpretação bem diferente de uma idolatria formal, ou mesmo material.

VUÁ-LUSANGA
Na aldeia do Kakata. Este Nkisi-Nsi «vivia» numa árvore de nome Nunga-Nsende que se encontrava num pequeno bosque, mesmo junto à casa do soba Estanislau Kimpolo.

Havia um outro Nkisi-Nsi de nome KIUNGU-MPATI.

Este tinha o seu habitat em duas mateveiras, tão juntinhas, diziam, «que até pareciam homem e mulher.»

KIVUMA
Era o Nkisi-Nsi do Lusiese. Seu habitat: numa pedra que se encontrava no bosque vizinho. E, convencidos, afirmam tratar-se «de um pedaço de uma estreia, caída em dia de trovoada.»

TULA-KITUNZI
Encontrava-se num embondeiro junto à lagoa deste nome. Era lagoa, em tempos, muito abundante de peixe.
O embondeiro estava pintado a vermelho, branco e amarelo.

NKULU
Um pequeno riacho de nome NKULU MUANA NTELA=Nkulu, filho de Ntela.
Antigamente, dizem, na lagoa que ali perto existia, as canoas não se aquentavam. Canoa que lá se colocasse aparecia no dia seguinte rachada em duas!

MBUKU
Nkisi-Nsi da aldeia do Kinguinguili. Residia numa mafumeira que se encontrava no meio de um pequeno bosque. Estava ela pintada, até à altura de um homem, a vermelho e branco.
As mulheres estavam proibidas de se aproximarem. Eram os homens quem limpava o recinto.

NHOKO-NDOMBE
O Nkisi-Nsi do Banda-Sanvi
Tinha assento numa árvore de nome MBULU (dizem que semelhante à da fruta-pão) no meio de um pequeno bosque.

No dia da limpeza e «benção» cantavam:
Kunhema bantu, kunhema nsí ko - Nsi a bantu.
Gabar-se de ter gente, não se gabar da terra - A terra tem gente.

KIKALA-NGUNGO
Encontrava-se num pequeno bosque o numa árvore NSANHA que lá existia.
Porque se chama Kikala-Ngungo?
Uma mulher, certo dia, foi ao seu campo colher ngungo, uma espécie de Uando (Guando) - Cajanus flavus. Apanhou muito ngungo.
Ao passar junto ao tal bosque onde se encontrava o Nkisi-Nsi ouviu alguém a perguntar-lhe se tinha feito boa recolha.

NGULUNGU-MBUSI
Na aldeia do UANGULO.
Este Nkisi-Nsi encontrava-se no meio do povo, debaixo de um pequeno coberto «muanza».
O que fazia parte do «feitiço» estava encerrado dentro de dois grandes cestos, de dois Ntende-Ngoio.
Ntende = Cesto.
Ngoio = de Ngoio, por ser feito em Cabinda.
Dentro dos cestos havia: ossos de ngulungu, de pacaça e de porco do mato, giz, cal e paus MpalaBanda e de Kindombe.
Os paus tinham que ser tortos, bifurcados ou curvos, e limpos da casca.
Quando faltava a caça ou o pescado nos rios e, sobretudo, nas lagoas, passando bastante tempo sem se conseguir caça e pesca, o dono da terra (Nfumu-Nsi) mandava capinar o local para atrair a bênção do Nkisi-Nsi.
As mulheres, nessa altura, ao mesmo tempo que capinavam, cantavam:

É ... i... à, Ngulungu-Mbusi
Aié... bálale...
Ngulungu-Mbusi
Aié... bálálé...

P. JOAQUIM MARTINS, C. S. SP.
(Historiador Laureado de Cabinda)



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quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Politeismo, a base das religioes espalhadas pelos continentes.

Religião; um tema às vezes tão complexo quanto sua origem. Capaz de expressar a cultura, a estrutura de um povo e relatar a história de vida por meio da fé, levando em consideração a diversidade dos costumes e até mesmo as ramificações de cada religião. Muitas vezes elas se contradizem entre o monoteísmo e abrem poder na trindade, que seriam três personalidades de grande importância no pilar da religião, justamente como o cristianismo, que mesmo sob a bandeira de um Deus maior baseia-se na trindade incorpóreo da fé contrapondo, para alguns, a tese monoteísta.

Indo além, se o cristianismo tem um Deus onipotente, mas é para Jesus que todos recorrem. Jesus Cristo além de mais famoso é considerado mais importante que o próprio Deus dos cristãos. Algumas religiões que o referenciam acreditam que ele tem mais poder que o próprio “Criador” assumindo a frente dos votos e solicitações dos seguidores. Tanto que Jesus é referenciado até mesmo dentro de alguns templos de origem afro-brasileira como a Umbanda, Quimbanda e Espíritas.

Uma grande contradição paira sobre a cultura africana, até mesmo as religiões com influência dos Deuses negros (orisás). Uma religião que acredita num Deus supremo com nome de Olódúmarè - agregando o povo do céu chamado de Irum - baseia-se na criação do universo. Desta forma, Olódúmarè desejou criar a Terra e pediu para um Irum descer e iniciar a criação, seu nome é conhecido por todos como Odùdúwa, assim ele fez a Terra e onde começou a criação é conhecido até hoje por Ilé-Ifé. Deste ponto surge o planeta, os reinos e o homem.

Ilé-Ifé é conhecido por ser o primeiro local a ser tocado pelas demais divindades e foi nesta cidade que se iniciou o culto aos Iruns que mais tarde passariam a ser chamados de Orisás (os que escolhem as cabeças – Ori = cabeça; sá = escolhem).

Com grande quantidade de Orisás cultuados no planeta, a religião africana e as religiões afro-brasileiras se contradizem ao afirmar que são monoteístas, pois para que isso seja feito existe a necessidade de cultuar um Deus único, ou seja, sem as demais divindades chamadas de Orisás.

Para os africanos e seus descendentes religiosos Olódúmarè, o grande Deus, tem a finalidade, apenas, de criar os Iruns . Ele não exerce mais atividade e não é cultuado nos templos. Assim, acreditar num ser Onipotente como o gerador deste poder e não cultuá-lo não quer dizer que os seguidores da cultura afros são monoteístas.

Para o monoteísmo reinar dentro da cultura afro haveria necessidade de uma revolução religiosa e o poder dos Orisás caírem para simples intercessores de Olódúmarè. Cada terreiro deverá descer a comunheira do dono da casa e dos Orisás do Ilê, deixando todos os demais assentamentos sagrados para fora e cultuar apenas Olódúmarè. Como foi feito por Akenathon no antigo Egito, durante a revolução religiosa, onde ele parte para Heliópolis e funda o templo do deus Rá. Abandonando o panteão egípcio e assumindo Rá como o deus supremo.

Observando que cada Orisá possui o poder de criar e mudar o destino do povo da Terra, conforme seus caprichos, nos faz acreditar que a religião afro-brasileira é politeísta mesmo acreditando em um deus central, “Olódúmarè”.

Não há registro de algum templo erigido para Olódúmarè em lugar algum do planeta. Sabe-se apenas que os templos religiosos afro-brasileiros são estruturados e fundamentados para a divindade da cabeça do seu fundador ou de algum antepassado. Até mesmo na África os templos são destinados a alguma divindade, não existem imagens ou sacrifícios para “Olódúmarè” dentro dos templos.

Para as casas de cultura afro-brasileiras, o orisá é uma ramificação do deus maior com poder e manifestações que invocam grandes forças e revelações, como os deuses egípcios, gregos e os demais citados abaixo.

Com a vinda dos negros para o Brasil houve um telefone sem fio quebrando o elo da tradição das aldeias e seus orisás. Contudo, a herança religiosa e a fundamentação de uma nova religião, no culto aos orixás, se formaram no Brasil Imperial. Mais tarde, com a estruturação das nações definiu-se bem a origem do culto dividindo-se em Vodum, Nikissi e Orisás. Tal diferença se faz notável dentro de cada nação, pois alguns se diferenciam em elementos da natureza e antepassados. Para o homem moderno, a religião afro-brasileira busca o resgate do elo perdido com os escravos, aquele que rompeu com a vinda dos negros e com o assassinato cultural das religiões imperialistas ao tentar sufocar a cultura afro-brasileira no Brasil.

O candomblé e as nações dos orisás é politeísta e fundamentam-se num grande Deus, que simplesmente teve vontade de criar o Universo e delegou poder para os Iruns fazerem a sua moda e vontade esta criação. Por isso, as religiões de origem direta com a cultura afro têm sua base no politeísmo.

O mesmo acontece com a Umbanda que possui um Deus central, que também é esquecido pelos terreiros e seus sacerdotes dando lugar a Oxalá, orixás e entidades. Peculiarmente a Umbanda possui Orixás muito semelhantes aos orisás das nações africanas, com um diferencial no culto e na origem deles, pois os sacerdotes da Umbanda cultuam apenas os intermediários dos orixás e não diretamente os orixás africanos.

Um bom exemplo de monoteísmo é o espiritismo baseado no Deus maior, seu intercessor Jesus cristo e as entidades. E tudo que é feito nos seus rituais envolve a indulgencia de Jesus para chegar a Deus supremo. Não cultuam orixás ou divindades, nada além de Jesus. Trabalhando com espíritos que já sabemos que são almas e não divindades.


Aproveitei e estendi o convite para alguns sacerdotes das religiões afro-brasileiras.

Tatetu Nkosi Oluandeji – Nação Angola
“Considero Politeísta, porque apesar de ter um grande "Deus" “NZambi Umpungu" como o criador adoramos as divindades os Mikisi, na África era feito por aldeia, cada aldeia cultuava seu Nkisi, seu Deus próprio apensar de NZambi ser o criador”.
Xenu pangi
Tatetu Nkosi Oluandeji
Campinas SP

Josi Moreira - Umbanda
“Eu acredito que a Umbanda seja politeísta pelo fato que cultuarmos orixás”.
São Paulo – SP

Babalorixá Paulo de Oyá do Ilê Aba Axé Oyá Obakosso.
O Candomblé é uma religião monoteísta, pois acredita num único criador supremo - Olorum!
Os Orixás que são os ancestrais divinizados associados aos aspectos da natureza, são parte do todo maior!
São Paulo - SP

Egbomi Omindowo de Yemanjá do Ilê Aba Axé Oyá Obakosso.
Olorum é o Deus único! O grande criador! Os Orixás - ancestrais divinizados e associados com as forças da natureza- desempenham uma função como se fossem anjos. Por isso o Candomblé é monoteísta.
São Paulo - SP

Observe a semelhança das antigas religiões com as religiões afro-brasileiras;

A religião Egípcia era riquíssima com seus deuses (muitos deles com corpo formado por parte humana e parte animal sagrado) e mitos. A cada deus era atribuído um poder, que atuava sobre a natureza ou mortais.
Realizavam muitas oferendas e festas para agradar aos deuses, que possuíam personalidades e vontades.
Cada qual com sua característica e templo, eram tratados pelos sacerdotes aos quais guardavam seus segredos a sete chaves.

A Mitologia Grega também teve grande influência sobre a cultura mundial, os gregos antigos enxergavam vida em quase tudo que os cercavam, buscando explicações para tudo. Poderemos notar também grande influência dos personagens divinos e figuras mitológicas que mesclam corpo humano e animais. Heróis, deuses, ninfas, titãs e centauros habitavam o mundo material, extensão em suas vidas. A Pitonisa, espécie de sacerdotisa, era convocada a interpretar a vontade dos deuses através dos sinais.

Xintoísmo se baseia na cultura nipônica, nos deuses que criaram o Japão e o seu povo em meados de 1868 até 1946. Os japoneses adoravam o imperador como um descendente direto de Amaterasu-Omikami, a deusa do sol e mais importante divindade da religião.
O imperador Hiroíto renunciou ao caráter divino atribuído à realeza, e a nova Constituição do país passou a defender a liberdade de religião.
Contudo, 90% da população japonesa é xintoístas, e os que pertencem a outra religião, permanecem oferecendo sacrifícios devocionais aos deuses e celebrando suas cerimônias e rituais.
O xintoísmo é representado por um portal de madeira vermelho, chamado de Tori. Todas as estradas para os templos possuem este Tori que é formado por duas colunas de madeira ligadas por duas vigas.

Mitologia Nórdica, os vikings são vistos como agressivos, primitivos, violentos e sedentos de sangue, semeando terror e morte. O Odin (Wotan) o deus maior, também com vários outros deuses primitivos alguns com formas animais.

Astecas e Maias, também possuíam vários deuses com poderes que decidiam a vida e estações do ano, formas animais eram usadas constantemente para representar seus deuses.


Olódúmarè – O deus central da cultura africana – ọlọ = senhor, ọdu – destino, maré – supremo;
NZambi Umpungu - idem a Olódúmarè;
Odùdúwa – quem criou a terra;
Irum – divindades que habitavam o ọ̀run;
ọ̀run – céu;
llé-Ifẹ́ – aldeia sagrada do culto de Ifá, acredita-se que ali deu origem a humanidade;
Ilé - casa
orí – cabeça;
ṣá – escolher;
vodum - baseada nos ancestrais, que tem as suas raízes primárias entre os povos Ewe-Fon;
Nkissi - baseada nos ancestrais kassanje ou bantu;
oriṣá – divindades do panteão africano;
orixá – divindade do panteão umbandista;
Tatetu – cargo de sacerdote na nação Angola;
Umbanda – culto afro-brasileiro aos espíritos e orixás;
Espiritismo – sessões que envolvem desobsessões e contatos com espíritos,baseada no cristianismo;
Candomblé – culto aos oriṣá, vodun e nkissi;
Quimbanda – culto aos espíritos da legião dos exus;
Kimbanda – culto ancestral de origem bantu, que lida com ervas e magia, prática branca;

Pesquisa com prof. Jorge Claudio Ribeiro (Depto) de Teologia Universidade PUC.
TV PUC http://tv.pucsp.br/blog/
www.pucsp.br


Por Erick Wolff8
Edição - Kueynislan Teodósio

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Òòṣàálá

 
Revisado e aumentado em 18/10/2023

Òrìṣàálá ou Obàtálá na África, "O Grande Òrìsà" ou "O Rei do Pano Branco" para os Yorubás, criador do mundo, dos homens, animais e plantas. Foi o primeiro Òrìṣà criado por Olodumare, é considerado o maior de todos os Òrìṣà

É o mais velho dos Òrìsás, o rei de vestes brancas, raiz de todos os outros Òòṣàálá

Representa a massa de ar, as águas frias e imóveis do começo do mundo, controla a formação de novos seres, é o senhor dos vivos e dos mortos, preside o nascimento, a iniciação e a morte.

Obàtálá é quem rege tudo o que é branco sobre a terra em todos os sentidos da palavra; pureza... Obàtálá - Oba (rei) alá (branco) Òòṣàálá - Palavra de origem árabe, mais precisamente de inshalla, com o significado de "se Deus quiser, se Deus o permitir".

Òrìṣà-Nla, Òrìàálá ou (Orixalá e Oxalá em português) é o primeiro Òrìṣà Funfun nascido diretamente de Olórun (DEUS) (tudo desses Òrìṣà é de cor branca).

O Reverendo Samuel Johnson, no livro The History of the Yorubas, Lagos, 1937, escreve: "Òòṣàálá é encarregado do poder criador e é considerado um co-trabalhador de Ọlọ́run. Supõe-se que o homem tenha sido feito por Deus e modelado por Òòṣàálá.

Seus adeptos se distinguem pelo uso de colares de contas brancas e pelas roupas brancas. Não podem beber vinho de palmeira.

Os sacrifícios por eles oferecidos não podem conter sal.
Os albinos, os anões, os estropiados e os corcundas são considerados sagrados por esse Òrìṣà.
Òòṣàálá é o nome comum, conhecido e adorado em diversas cidades e sob diversos nomes: Òrìṣà Oluofin em Iwofin, Òrìṣàko em Oko, Òrìṣàkire em Ikire, Òrìṣàgiyan em Ejigbo, Òrìṣàeguin em Owu, Òrìṣàjaye em Ijaye, Obàtálá em Oba." Òòṣàálá é o Òrìṣà associado à criação do mundo e da espécie humana.

Apresenta-se de duas maneiras: moço – chamado Òrìàjiyán, e velho – chamado Oṣalufan. Os símbolos do primeiro é uma idá (espada), "mão de pilão" e escudo. O do segundo Òrìṣàjiyán é o branco levemente mesclado com azul, a de Oṣalufam é somente branco. O dia consagrado para ambos na africa é a sexta-feira.
No Nàgó é domingo.
Sua saudação é ÈPA BÀBÁ !
Òòṣàálá é considerado e cultuado como o maior e mais respeitado de todos os Òrìṣà do panteão africano. Simboliza a paz é o pai maior nas nações das religiões de tradição africana.
É calmo, sereno, pacificador, é o criador, portanto respeitado por todos os Òrìṣà e todas as nações.
A Òòṣàálá pertence os olhos que vêem tudo.

Alguns Oriṣás que pesquisamos:

Òrìṣà Óbokún = O rei de Ijesá, conhecido entre os Nago como Òṣàlá porem foi um guerreiro, filho de mais novo de Odùdúwá (branco rajado de cinza claro ou cinza muito clarinho).
Òrìṣà Olokun - senhor do oceano para os Yorubás, pai de Yemonjá. (branco com cristal 1x1)
Òrìṣà Dakùn  – o fiador de algodão (branco).
Òrìṣà Jobokún – que traz as águas. (branco)
Òrìṣàálá /Obàtálá - é casado com Yemowo, suas imagens são colocadas uma do lado da outra e cobertas com traços e pontos desenhados com efum, no ilésin, local de adoração, dizem que Yemowo foi a única mulher de Òrìṣàlá - Obàtálá um caso excepcional de monogamia entre Òrìṣà e eboras (branco com cristal 1 x 1)
Òrìṣà de Oromilaia = importantíssimo para o culto Yorubá, pois com ele recebemos nosso àṣe de búzios (branco com preto 1 x 1)

Saudação: Epaô Baba!
Dia da Semana: Domingo
Número: 08 e seus múltiplos
Cor: Branco para todos com exceção de Branco com preto para Òòṣàálá de Oromilaia ou cinza bem claro para Óbokún
Guia: toda branca fora 01 branca, 01 preta, 01 branca para Òòṣàálá de Orumiláia
Oferenda: canjica branca, Igbin, merengue e coco ralado
Ferramentas: jóias em prata, caramujo, sol, cajado, pomba de prata, moedas e búzios, para Òòṣàálá de Oromilaia acrescentamos olhos de prata.
Ave: Galinha branca com exceção de galinha branca mais galinha preta para Òòṣàálá de Oromilaia
Quatro pé: cabrita branca e cabrita branca com pequenas manchas pretas para Òòṣàálá de Oromilaia.


Yemonjá



Iemanjá, Yemanjá, Yemaya, Iemoja ou Yemonjá, é um Òrìṣà africano, cujo nome deriva da expressão Iorubá "Yèyé omo ejá" ("Mãe cujos filhos são peixes").

Na Mitologia Yoruba, o dono do mar é Olokun que é o pai de Yemonjá, ambas de origem Egbá.

Yemonjá, que é saudada como Odò (rio) ìyá (mãe) pelo povo Egbá, por sua ligação com Olokun, Òrìṣà do mar (masculino (em Benin) ou feminino (em Ifé), muitas vezes é referida como sendo a rainha do mar em outros países. Cultuada no rio Ògùn em Abeokuta

História
Pierre Verger no livro Dieux D'Afrique registrou: "Iemanjá, é o Òrìṣà dos Egbá, uma nação Yorubá estabelecida outrora na região entre Ifé e Ibadan, onde existe ainda o rio Yemonjá. Com as guerras entre nações Yorubás levaram os Egbá a emigrar na direção oeste, para Abeokuta, no início do século XIX. Não lhes foi possível levar o rio, mas, transportaram consigo os objetos sagrados, suportes do àse da divindade, e o rio Ògùn, que atravessa a região, tornou-se, a partir de então, a nova morada de Iemonjá. Este rio Ògùn não deve, entretanto, ser confundido com Ògún, o Òrìṣà do ferro e dos ferreiros."

Saudação: Omim odò!

Dia da Semana:
Sexta - feira

Número:
08 e seus múltiplos

Cor:
azul claro, azul forte ou incolor, dependendo da característica da Mãe
Guia: toda da mesma cor, o tom do azul claro ou se for incolor varia com a característica da Mãe

Oferenda:
canjica branca, canjica branca temperada com cheiro verde e cocada branca

Alguns Oriṣás Yemonja que pesquisamos:

Yemoja Bomí ou Soba = fiandeira de algodão, foi esposa de Orunmilá (azul claro)

Yemoja Bocí
 = voluntariosa e respeitável, mensageira de Olokun (azul claro, podendo acrescentar o cristal 1 x 1)

Iya Masemale/Iamasse = mãe de ṣangò (azul claro leitoso)

Olobomi ou Awoyó/Iemowo
= a mais velha de todas, esposa de Òṣàlá (azul claro, podendo usar azul claro com cristal transparente, 4 azul clara e 1 transparente)

Nanã Burukun - esta divindade é considerada muito velha, e na cultura Nàgó’Kọbi é cultuada entre as Yemonjas, mesmo não sendo uma yemonjá, ela foi agregada em determinado momento da estruturação da cultura, veja algumas Nanã cultuadas:



Obáíyá
= é um Òrisà ligado a água, a lama e aos pântanos.

Ajàosi
= é uma Nàná guerreira e agressiva que veio de Ifé, e confunde-se às vezes com Obá. É uma divindade das águas doces, e que se veste de azul com vermelho.


Yewá é outra divindade aglutinada  entre as Yemonjá.


Yemoja Tuman/Aynu/Iewa = sobre o mar a névoa das águas (azul claro e branco 1 x 1)

Ferramentas: todos os adornos femininos em prata, peixe, leque, caramujos, barco, âncora, leme, conchas, lua, moedas e búzios

Ave:
Galinha branca

Quatro pé:
ovelha


Lendas

Yemonjá joga búzios na ausência de Òrùnmílá
Yemonjá e Òrùnmílá eram casados. Òrùnmílá era um grande adivinho, com seus dotes sabia interpretar os segredos dos búzios. Certa vez Òrùnmílá viajou e demorou para voltar e Yemonjá viu-se sem dinheiro em casa, Então, usando o oráculo do marido ausente, passou a atender uma grande clientela e fez muito dinheiro.
No caminho de volta para casa, Òrùnmílá ficou sabendo que havia em sua aldeia uma mulher de grande sabedoria e poder de cura, que com a perfeição de um babaláwo jogava búzios. Ficou desconfiado, quando voltou, não se apresentou a Yemonjá, preferindo vigiar, escondido, o movimento em sua casa.
Não demorou a constatar que era mesmo a sua mulher a autora daqueles feitos, Òrùnmílá repreendeu duramente Yemonjá, ela disse que fez aquilo para não morrer de fome, mas o marido contrariado a levou perante Olofim-Olodumarè.
Olofim reiterou que Òrùnmílá era e continuaria sendo o único dono do jogo oracular que permite a leitura do destino, Ele era o legítimo conhecedor pleno das histórias que forma a ciência dos dezesseis Odu. Só o sábio Òrùnmílá pode ler a complexidade e as minúcias do destino, mas reconheceu que Yemonjá tinha um pendor para aquela arte, pois em pouco tempo angariara grande freguesia.
Deu a ela então autoridade para interpretar as situações mais simples, que não envolvessem o saber completo dos dezesseis Odu, assim as mulheres ganharam uma atribuição antes totalmente masculina.


Olokun isola-se no fundo do oceano

Olokun vivia na água e vivia na terra, a natureza de Olokun era anfíbia, Olokun tinha vergonha de sua natureza, pois ela não era nem uma coisa nem outra.
Ela se sentia muito atraída por Òrìsà Ocô, mas não queria ter relações com ele, pois temia ser objeto de ridículo. Olokun, então, pediu conselho a Olofim, que lhe assegurou que Òrìsà Ocô era um homem sério e reservado.
Olokun criou coragem e foi viver com o Òrìsà lavrador, mas este descobriu a particularidade que existia na natureza de Olokun e contou a todos. Todos ficaram sabendo da ambígua natureza de Olokun, a vergonha fez com que Olokun se escondesse no fundo do oceano, onde tudo é desconhecido e aonde ninguém nunca pode chegar.
Olokun nunca mais deixou o mar e agora só esse é o seu domínio, outros dizem que Olokun se transformou numa sereia, ou uma serpente marinha que habita os oceanos, mas isso ninguém jamais pôde provar.

Osùn

Ọ̀ṣún, Oshun ou Oschun, na Mitologia Yoruba é um Òrìṣà feminino. O seu nome deriva do rio Ọ̀ṣún, que corre na Yorubalândia, região nigeriana de Ijexá e Ijebu. É tida como um único Òrìṣà que tomaria o nome de acordo com a cidade por onde corre o rio, ou que seriam dezesseis e o nome se relacionaria a uma profundidade desse rio. As mais velhas ou mais antigas são encontradas nos locais mais profundos (Ibu), enquanto as mais jovens e guerreiras respondem pelos locais mais rasos. Ex. Ọ̀ṣún Osogbo, Ọ̀ṣún Opara ou Apara, Yeye Iponda, Yeye Kare, Yeye Ipetu... Em seu livro Notas Sobre o Culto aos Òrìṣàs e Voduns, Pierre Fatumbi Verger escreve que os tesouros de são guardados no palácio do rei Ataojá. O templo situa-se em frente e contém uma série de estátuas esculpidas em madeira, representando diversos Òrìṣàs: "Ọ̀ṣún Osogbo, que tem as orelhas grandes para melhor ouvir os pedidos, e grandes olhos, para tudo ver. Ela carrega uma espada para defender seu povo." Ọ̀ṣún é um Òrìṣà feminino da nação Ijexá adotada e cultuada em todas as religiões afro-brasileiras. É o Òrìṣà das águas doces dos rios e cachoeiras, da riqueza, do amor, da prosperidade e da beleza, em Ọ̀ṣún, os fiéis também buscam auxílio para a solução de problemas no amor, uma vez que ela é a responsável pelas uniões e na vida financeira, tanto que muitas vezes é chamada de Senhora do Ouro que outrora era do Cobre por ser o metal mais valioso da época. Na natureza, o culto à Ọ̀ṣún costuma ser realizado nos rios e nas cachoeiras e, mais raramente, próximo às fontes de águas minerais. Ọ̀ṣún é símbolo da sensibilidade e muitas vezes derrama lágrimas ao incorporar, característica que se transfere a seus filhos identificados por chorões. Candomblé Bantu - a Nkisi Ndandalunda, Senhora da fertilidade, e da Lua, muito confundida com Hongolo e Kisimbi, tem semelhanças com Ọ̀ṣún. Candomblé Ketu - Divindade das águas doces, Ọ̀ṣún é a padroeira da gestação e da fecundidade, recebendo as preces das mulheres que desejam ter filhos e protegendo-as durante a gravidez. Protege, também, as crianças pequenas até que comecem a falar, sendo carinhosamente chamada de Mamãe por seus devotos.


Saudação: Iê iêu!

Dia da Semana:
Sábado

Número:
08 e seus múltiplos

Cor:
Todos os tons de amarelo, a escolha do tom depende da característica da Mãe

Guia:
toda amarela de um mesmo tom, o tom varia com a característica da Mãe

Oferenda:
canjica amarela cozida e quindim, e o famoso omolucum

Alguns Oriṣás que pesquisamos
:
Ọ̀ṣún EPandá Ibedji = muito jovem e vaidosa (cor amarelo ouro claro, podendo usar 4 amarelas e 1 vermelha)

Ọ̀ṣún EPandá
=
outra guerreira é a verdadeira Ọ̀ṣún Ijesa que veio de Ijesa ou de Ipondá (cor amarelo ouro claro, podendo usar 8 amarelas e 1 vermelha)

Ọ̀ṣún Opará
=
mais jovem e guerreira (amarelo ouro claro)

Yeye Odo
=
muito semelhante a docò = é a Ọ̀ṣún das fontes; talvez seja a mesma que íyá mi Odo ou Iya Nodo, confundida com Yemánjá idosa, porem não existe ligação alguma. (cor amarelo ouro escuro, podendo usar 4 amarela e 1 branca)

Yeye Kaiò
=
é um tipo de Ọ̀ṣún mais velha, autoritária é guerreira e agressiva. (cor amarelo ouro, podendo usar 1 amarela e 1 preta)

Ọ̀ṣún Demun ou Jimu
=
intermediaria ligada a magia das folhas e das águas (cor amarelo ouro escuro, podendo usar 4 amarela e 1 verde)

Ọ̀ṣún Olobá
=
jovem idosa (cor amarelo ouro)

Ọ̀ṣún Abalu ou Docô
=
muito velha. (cor amarelo ouro escuro, podendo usar 4 amarela e 1 branca)

Iyá Omi
=
idosa . (cor amarelo ouro escuro)


Ferramentas: todos adornos femininos em ouro, peixe, leque, caramujos, coração, moedas e búzios

Ave:
Galinha amarela

Quatro pé:
cabrita branca ou amarela

Sete folhas mais usadas para Ọ̀ṣún: Efirin, Eré tuntún, Macassá, Teté, Ejá Omodé, Wuê mimolé, Ewê boyí funfun

Lenda

Quando Òòṣàálá estava criando o mundo, escolheu Ọ̀ṣún para ser protetora das crianças. Ela deveria zelar pelos pequeninos desde o momento da concepção, ainda no ventre materno, até que pudessem usar o raciocínio e se expressar em algum idioma. Por isso, Ọ̀ṣún é considerada a deusa da fertilidade e da maternidade.
Por sua beleza, Ọ̀ṣún também é tida como a deusa da vaidade, sendo vista como uma Òrìṣà jovem e bonita, mirando-se em seus espelhos (abebê) e abanando-se com seu leque (abelê). Quando todos os Òrìṣàs chegaram à terra, organizaram reuniões onde as mulheres não eram admitidas. Ọ̀ṣún ficou aborrecida por ser posta de lado e não poder participar de todas as deliberações. Para vingar-se, tornou as mulheres estéreis e impediu que as atividades desenvolvidas pelos deuses chegassem a resultados favoráveis. Desesperados, os Òrìṣàs dirigiram-se a Olórum e explicaram-lhe que as coisas iam mal sobre a terra, apesar das decisões que tomavam em suas assembleias.
Olórum perguntou se Ọ̀ṣún participava das reuniões e os Òrìṣàs responderam que não. Olórum, explicou-lhes então que, sem a presença de Ọ̀ṣún e do seu poder sobre a fecundidade, nenhum de seus empreendimentos poderia dar certo. De volta a terra, os Òrìṣàs convidaram Ọ̀ṣún para participar de seus trabalhos, o que ela acabou por aceitar depois de muito lhe rogarem. Em seguida, as mulheres tornaram-se fecundas e todos os projetos obtiveram felizes resultados. Senhora soberana das águas doces. Todos os rios, lagos, lagoas e cachoeiras pertencem a este Òrìṣà. O casamento, o ventre e a fecundidade e as crianças são de Ọ̀ṣún, assim como, talvez por consequência, a felicidade.

O ouro e o dinheiro em todas as suas espécies também são de Ọ̀ṣún. Pela hierarquia é o primeiro Òrìṣà doce seguida de Iemanjá e Oalá, formando assim o grupo de Òrìṣàs chamado de Cabeças Grande. Em uma lenda conta-se que quando os Òrìṣàs chegaram ao mundo eram feitas reuniões onde as mulheres não poderiam participar, Ọ̀ṣún insatisfeita com a decisão retirou toda a fecundidade do mundo, nada mais crescia e nada mais nascia. Os homens da terra começaram a desacreditar nos Òrìṣàs, pois a eles recorriam e não obtinham a solução desejada, pois a fecundidade pertence ao Òrìṣà em tal insatisfação. O Grande Pai explicou aos Òrìṣàs que sem Ọ̀ṣún nas decisões sobre a terra nada adiantaria, pois ela tinha o segredo da procriação. Sendo assim Todos foram até a Mãe, que aceitou as desculpas, começou a participar das reuniões e o mundo retomou seu rumo normal.

Ọ̀ṣún é concebida por Yemonjá e Òrùnmílá


Um dia Òrùnmílá saiu de seu palácio para dar um passeio acompanhado de todo seu séqüito. Em certo ponto deparou com outro cortejo, do qual a figura principal era uma mulher muito bonita. Òrùnmílá ficou impressionado cm tanta beleza e mandou Èṣù, seu mensageiro, averiguar quer era ela. Èṣù apresentou-se ante a mulher com todas as reverências e falou que seu senhor, Òrùnmílá, gostaria de saber seu nome. Ela disse que era Yemonjá, rainha das águas e esposa de Oṣalá.
Èṣù voltou à presença de Òrùnmílá e relatou tudo o que soubera da identidade da mulher. Òrùnmílá, então, mandou convidá-la ao seu palácio, dizendo que desejava conhecê-la. Yemonjá não atendeu o seu convite de imediato, mas um dia foi visitar Òrùnmílá.
Ninguém sabe ao certo o que se passou no palácio, mas o fato é que Yemonjá ficou grávida depois da visita a Òrùnmílá. Yemonjá deu a luz a uma linda menina. Como Yemonjá já tivera muitos filhos com seu marido, Òrùnmílá enviou Èṣù para comprovar se a criança era mesmo filha dele. Ele devia procurar sinais no corpo. Se a menina apresentasse alguma marca, mancha ou caroço na cabeça seria filha de Òrùnmílá e deveria ser levada para viver com ele.
Assim foi atestado, pelas macas de nascença, que a criança mais nova de Yemonjá era de Òrùnmílá. Foi criada pelo pai, que satisfazia todos os seus caprichos.
Por isso cresceu cheia de vontades e vaidades, o nome dessa filha é Ọ̀ṣún.

Ọ̀ṣún exige a filha do rei em sacrifício

Certa vez, o rei de Oloú, precisava atravessar o rio onde vivia Ọ̀ṣún, o rio naquele dia se encontrava enfurecido e os exércitos do rei não podiam passar pelas traiçoeiras correntezas.
Oloú fez um pacto com Ọ̀ṣún para que baixasse o nível das águas, em troca lhe oferecia uma bela prenda, Ọ̀ṣún entendeu que Oloú estava prometendo Prenda Bela.
Prenda Bela era o nome da mulher de Oloú, filha dileta do rei de Ibadã. Ọ̀ṣún baixou o nível das águas e Oloú passou com seu exército. Oloú jogou no rio a bela prenda: uma grande oferenda com as melhores comidas e bebidas, os mais finos tecidos, jóias luxuosas e raros perfumes, correntes de ouro puro, banhos preciosos.
Tudo foi devolvido para as areias das margens de Ọ̀ṣún, Ọ̀ṣún só queria Prenda Bela, a princesa. Tempos depois, Oloú retornou vitorioso de sua expedição e, ao chegar ao rio, este novamente estava turbulento, o rei ofereceu de novo o mesmo que ofertara antes: uma bela prenda com as melhores comidas e bebidas os mais finos tecidos, jóias luxuosas e raros perfumes, correntes de ouro puro, banhos preciosos.
Ọ̀ṣún recusou o oferecido, tudo foi devolvido à praia, intocado, ela queria Prenda Bela, a esposa de Oloú, que estava grávida, contrariado, mas sem ter outra saída, Oloú lançou ao rio sua indefesa e grávida consorte, ao ser lançada às águas revoltas, Prenda Bela deu à luz uma criança, Ọ̀ṣún devolveu a criança; era somente Prenda Bela que ela queria.
Oloú seguiu seu caminho, retornando muito triste a seu reino, o rei Ibadã logo foi informado do fim trágico da filha, declarou guerra a Oloú, venceu-o e o expulsou para sempre do país.

Ọ̀ṣún Apará tem inveja de Oyá

Vivia Ọ̀ṣún no palácio em Ijimu, passava os dias no seu quarto olhando seus espelhos, eram conchas polidas onde apreciava sua imagem bela.
Um dia saiu Ọ̀ṣún do quarto e deixou à porta aberta, sua irmã Oyá entrou no aposento, extasiou-se com aquele mundo de espelhos, viu-se neles.
As conchas fizeram espantosa revelação a Oyá, ela era linda! A mais bela! A mais bonita de todas as mulheres! Oyá descobriu sua beleza nos espelhos de Ọ̀ṣún, Oyá se encantou, mas também se assustou: era ela mais bonita que Ọ̀ṣún, a Bela.
Tão feliz ficou que contou do seu achado a todo mundo, e Ọ̀ṣún Apará remoeu amarga inveja, já não era a mais bonita das mulheres, vingou-se.
Um dia foi à casa de Egungum e lhe roubou o espelho, o espelho que só mostra a morte, a imagem horrível de tudo o que é feio, pôs o espelho do Espectro no quarto de Oyá e esperou, Oyá entrou no quarto, deu-se conta do objeto, Ọ̀ṣún trancou Oyá pelo lado de fora, Oyá olhou no espelho e se desesperou.
Tentou fugir, impossível, estava presa com sua terrível imagem, correu pelo quarto em desespero, atirou-se no chão, bateu a cabeça nas paredes, não logrou escapar nem do quarto nem da visão tenebrosa da feiúra. Oyá enlouqueceu, Oyá deixou este mundo.
Obàtálá, que a tudo assistia, repreendeu Apará e transformou Oyá em Òrìsà. Decidiu que a imagem de Oyá nunca seria esquecida por Ọ̀ṣún. Obàtálá condenou Apará a se vestir para sempre com as cores usadas por Oyá, levando nas jóias e nas armas de guerreira o mesmo metal empregado pela irmã.

TIKTOK ERICK WOLFF

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