quinta-feira, 28 de julho de 2016
sexta-feira, 22 de julho de 2016
OS VÁRIOS MITOS IORUBA DA CRIAÇÃO
Luiz L. Marins
luizlmarins.wordpress.com
21/07/2016
Saudações.
Permita-me algumas considerações.
Não existe religião sem gênese, portanto, onde há uma gênese, ali há uma forma de religião.
Considerando que em uma cultura de tradição oral, geralmente, há mais de uma gênese, cada uma servindo a um grupo de seguidores locais, podemos afirmar que nesta cultura há mais de uma religião.
Não é diferente com os iorubas, entre os quais há mais de um mito da gênese, seja através de Oduduwa, de Obatala, de Orunmila e o recente mito de Akamara.
Todos são verdadeiros, cada um servindo a um determinado grupo/segmento/local da tradição oral, e é esta liberdade de culto e pensamento que garante a sobrevivência de culturas ágrafas.Os grupos locais convivem sem conflitos, cada qual com sua forma própria de culto.
Os conflitos surgem quando os mitos saem da tradição oral e passam a fazer parte da cultura gráfica. Neste momento, vários interesses surgem, e cada segmento quer fazer valer no papel a mais alta hierarquia dominante que não existia enquanto oralidade.
Ire o!
luizlmarins.wordpress.com
21/07/2016
Saudações.
Permita-me algumas considerações.
Não existe religião sem gênese, portanto, onde há uma gênese, ali há uma forma de religião.
Considerando que em uma cultura de tradição oral, geralmente, há mais de uma gênese, cada uma servindo a um grupo de seguidores locais, podemos afirmar que nesta cultura há mais de uma religião.
Não é diferente com os iorubas, entre os quais há mais de um mito da gênese, seja através de Oduduwa, de Obatala, de Orunmila e o recente mito de Akamara.
Todos são verdadeiros, cada um servindo a um determinado grupo/segmento/local da tradição oral, e é esta liberdade de culto e pensamento que garante a sobrevivência de culturas ágrafas.Os grupos locais convivem sem conflitos, cada qual com sua forma própria de culto.
Os conflitos surgem quando os mitos saem da tradição oral e passam a fazer parte da cultura gráfica. Neste momento, vários interesses surgem, e cada segmento quer fazer valer no papel a mais alta hierarquia dominante que não existia enquanto oralidade.
Ire o!
sexta-feira, 27 de maio de 2016
IGBÁ ORÍ
Por
Altair T’Ogun
http://www.altair.togun.nom.br/arquivo/cultura09.htm
É a nossa cabeça que devemos reverenciar não aquela tigela com alguns objetos que dizem, ser o Igbá Orí. Digo isso por que acredito assim. E algumas vezes, quando sou questionado por algumas pessoas que por “n” motivos, perguntam o quê fazer com seu “Igbá-Orí”.
Outros, preocupadíssimos porque seus zeladores não querem entregar ou que pior ainda, despacharam seus Igbá-Orí. Então, converso com elas dizendo isso que acredito. Grande parte delas se acalma e acaba concordando comigo. Não que Eu seja o dono da verdade, mas, há lógica em minha teoria. Mas, se não houver, é um bom assunto para ser pensado por todos.
Assim como, não é por ter escolhido um mau Orí que a pessoa tenha que viver na penúria a vida inteira. Ela poderá, através dos ebo reverter esse quadro, se não por completo, mas, em boa parte, pois ela estará resgatando parte da integridade do seu Orí.
Mas, também, não será somente através dos ebo que isso será alcançado. Elas também haverão que se esforçar com muito mais força de vontade ainda para superarem suas barreiras. Podem não alcançar o sucesso total, mas, poderão ter uma vida mais amena com algumas realizações e alegrias.
A iniciação na Religião Yorùbá significa o nascimento do Orí-inú dentro do culto aos Òrìsà. É uma maneira de demonstrar que a partir da iniciação aquela pessoa nasceu para a religião e para o sagrado com a confirmação do seu Orí-inú, que passará a ter representação física no àiyé.
Aí, é que começa a história do Igbá Orí (literalmente, cabaça da cabeça, pois os assentamentos eram feitos em cabaças – igbá, daí o nome ter virado sinônimo de assentamento de Òrìsà) a Cabaça do Orí.
Costuma-se fazer assentamentos com as mais variadas coisas para representar o Orí de uma pessoa. Esta variedade de coisas deve-se a que o Orí seja o que individualiza o ser humano. Como no caso das impressões digitais, ninguém tem Orí igual ao de outra pessoa, cada Orí é único e exclusivo daquela pessoa.
Então, faz-se o assentamento numa cabaça ou tigela, o mais comum entre nós, e esse assentamento é cultuado como Igbá – Orí, ou seja, a representação física do Orí-inú da pessoa. Tudo bem, este comportamento é usual e corrente. Mas, sem querer ser o único certo, longe de mim isso, eu não concordo com esse tipo de Igbá Orí. Porque eu penso que a melhor representação do nosso Orí-inú é o nosso Orí físico, ou seja, a nossa própria cabeça.
A nossa cabeça física é a materialização da nossa cabeça interior, acho eu. Qual o melhor objeto para representar o nosso Orí-inú, que não a nossa própria cabeça? É dentro dela que se instala a outra do òrun, por isso, chamado Orí-inú (cabeça interior), mas interior onde? Da cabeça física que também acho, tem o formato do igbá (cabaça).
Quando fazemos um eborí nós estamos cultuando esta cabeça interior. E onde nós fazemos os preceitos? Diretamente em nossa cabeça, pois é ali que mora o nosso Orí inú, e o nosso orí.
Igbá Ori, segundo a Tradição de Òrìsà, não leva òkúta e não deveria existir, pois não há lugar melhor para cultuar Orí Inú que sobre Orí Ode, porém ficou convencionado o uso dele. Quanto ao Igbá-Orí, quer dizer a bandeja onde guardamos o double, a representação material do Orí, este contém alguns itens de conhecimento restritos àqueles que tem o seu ori “assentado”. Posso, porém assegurar que dentre estes itens jamais encontrarás um òkúta (Ota).
Àse para todos!
Altair t’Ògún
Nota de Luiz L. Marins
A página de Altair Togun não está mais no ar devido seu passamento, mas pela importância que teve este sacerdote no contexto das religiões afro-brasileiras, julgamos oportuno salvar esta página sobre o tema que, com certeza, é o mais polêmico, de todos os temas polêmicos levantados por Altair. Mais sobre Altair Togun pode ser encontrado em:
A Reafricanização Filosófica de Altair Togun, in: www.luizlmarins.com.br/ artigos.
Altair Togun, in: “Ori, o blog que faz sua cabeça”, http://blog.ori.net.br/?p=683
Altair T’Ogun
http://www.altair.togun.nom.br/arquivo/cultura09.htm
É a nossa cabeça que devemos reverenciar não aquela tigela com alguns objetos que dizem, ser o Igbá Orí. Digo isso por que acredito assim. E algumas vezes, quando sou questionado por algumas pessoas que por “n” motivos, perguntam o quê fazer com seu “Igbá-Orí”.
Outros, preocupadíssimos porque seus zeladores não querem entregar ou que pior ainda, despacharam seus Igbá-Orí. Então, converso com elas dizendo isso que acredito. Grande parte delas se acalma e acaba concordando comigo. Não que Eu seja o dono da verdade, mas, há lógica em minha teoria. Mas, se não houver, é um bom assunto para ser pensado por todos.
Assim como, não é por ter escolhido um mau Orí que a pessoa tenha que viver na penúria a vida inteira. Ela poderá, através dos ebo reverter esse quadro, se não por completo, mas, em boa parte, pois ela estará resgatando parte da integridade do seu Orí.
Mas, também, não será somente através dos ebo que isso será alcançado. Elas também haverão que se esforçar com muito mais força de vontade ainda para superarem suas barreiras. Podem não alcançar o sucesso total, mas, poderão ter uma vida mais amena com algumas realizações e alegrias.
A iniciação na Religião Yorùbá significa o nascimento do Orí-inú dentro do culto aos Òrìsà. É uma maneira de demonstrar que a partir da iniciação aquela pessoa nasceu para a religião e para o sagrado com a confirmação do seu Orí-inú, que passará a ter representação física no àiyé.
Aí, é que começa a história do Igbá Orí (literalmente, cabaça da cabeça, pois os assentamentos eram feitos em cabaças – igbá, daí o nome ter virado sinônimo de assentamento de Òrìsà) a Cabaça do Orí.
Costuma-se fazer assentamentos com as mais variadas coisas para representar o Orí de uma pessoa. Esta variedade de coisas deve-se a que o Orí seja o que individualiza o ser humano. Como no caso das impressões digitais, ninguém tem Orí igual ao de outra pessoa, cada Orí é único e exclusivo daquela pessoa.
Então, faz-se o assentamento numa cabaça ou tigela, o mais comum entre nós, e esse assentamento é cultuado como Igbá – Orí, ou seja, a representação física do Orí-inú da pessoa. Tudo bem, este comportamento é usual e corrente. Mas, sem querer ser o único certo, longe de mim isso, eu não concordo com esse tipo de Igbá Orí. Porque eu penso que a melhor representação do nosso Orí-inú é o nosso Orí físico, ou seja, a nossa própria cabeça.
A nossa cabeça física é a materialização da nossa cabeça interior, acho eu. Qual o melhor objeto para representar o nosso Orí-inú, que não a nossa própria cabeça? É dentro dela que se instala a outra do òrun, por isso, chamado Orí-inú (cabeça interior), mas interior onde? Da cabeça física que também acho, tem o formato do igbá (cabaça).
Quando fazemos um eborí nós estamos cultuando esta cabeça interior. E onde nós fazemos os preceitos? Diretamente em nossa cabeça, pois é ali que mora o nosso Orí inú, e o nosso orí.
Igbá Ori, segundo a Tradição de Òrìsà, não leva òkúta e não deveria existir, pois não há lugar melhor para cultuar Orí Inú que sobre Orí Ode, porém ficou convencionado o uso dele. Quanto ao Igbá-Orí, quer dizer a bandeja onde guardamos o double, a representação material do Orí, este contém alguns itens de conhecimento restritos àqueles que tem o seu ori “assentado”. Posso, porém assegurar que dentre estes itens jamais encontrarás um òkúta (Ota).
Àse para todos!
Altair t’Ògún
Nota de Luiz L. Marins
A página de Altair Togun não está mais no ar devido seu passamento, mas pela importância que teve este sacerdote no contexto das religiões afro-brasileiras, julgamos oportuno salvar esta página sobre o tema que, com certeza, é o mais polêmico, de todos os temas polêmicos levantados por Altair. Mais sobre Altair Togun pode ser encontrado em:
A Reafricanização Filosófica de Altair Togun, in: www.luizlmarins.com.br/ artigos.
Altair Togun, in: “Ori, o blog que faz sua cabeça”, http://blog.ori.net.br/?p=683
DIÁSPORA E CULTURA TRADICIONAL
Luiz L. Marins
Maio 2016
Toda diáspora tem origem numa cultura tradicional que só
existe em seu local de origem. Fora dele, tudo é diáspora, que pode ser
colonial, ou contemporânea.
A diáspora recria e ressignifica a cultura tradicional de
acordo com as origens e a realidade do local onde surge, e seja qual for, deve
procurar manter-se alinhada com a matriz, tanto quanto possível, mantendo,
porém, sua identidade diaspórica.
A diáspora colonial com o tempo sofra modificações litúrgicas
e conceituais, muitas vezes contrárias à matriz, e por isto, deve, tem o
direito de, tem obrigação de, tomando a matriz como referência.
Entretanto, este realinhamento não é algo simples. Realinhar
não significa “ser” a matriz, e reintroduzir o que não veio, ou que se perdeu, não
significa abandonar o que temos. Mas isto não é um processo simples, devido à resistência
dos líderes da diáspora colonial, que não aceitam rever seus ensinamentos
aculturados.
Por outro lado, a diáspora contemporânea possui um melhor
alinhamento com a matriz. Ela não sofre a resistência dos mais velhos, algo
comum na diáspora colonial, é geralmente aceita e contribui para indiretamente
para o realinhamento da diáspora colonial. Porém, esta diáspora contemporânea também
sofre resistências, não pelo conteúdo atualizado que traz, mas pelo
comportamento inquisitivo dos seus sacerdotes.
Salvo exceções, via de regra, sacerdotes da diáspora contemporânea
desprezam e discriminam a diáspora colonial, ainda que dela tenha vindo, usando
da depreciação e do desprezo, por quererem ser os únicos a portarem o
conhecimento da matriz, criticando as diásporas coloniais que buscam o
realinhamento.
O comportamento de resistência dos líderes da diáspora colonial,
somada ao comportamento inquisitivo dos líderes da diáspora contemporânea, levam
as duas diásporas a uma situação de conflito interna e externamente.
O terceiro fator que dificulta o realinhamento das ambas as diásporas
é a transformação e a ressignificação da própria matriz, que não é homogênea,
possuindo várias sub matrizes.
Assim, o realinhamento da diáspora colonial necessita vir
acompanhado do bom senso, conhecimento e sabedoria. Ele precisa ser feito, deve
ser feito, tem o direito e a obrigação de fazer, mas, sem querer “ser” a matriz,
sem que haja a perca da identidade.
Por outro lado, a manutenção da identidade diaspórica não se
sustenta se for desalinhada com “as origens”, exceto pelo absolutismo e
totalitarismo de seus líderes endurecidos.
Em ambos os casos, o realinhamento só será possível com a
transformação da mente, e a boa vontade de ambos os lados.
quinta-feira, 26 de maio de 2016
Tudo que você precisa saber sobre cyberbullying
Especialista em
direito digital fala sobre o que motiva este ato criminal e suas punições
legais
Quando nos sentimos intimidados e hostilizados por uma
pessoa através da internet sofremos cyberbullying. O termo em inglês é formado
da junção da palavra “cyber”, que significa comunicação virtual através de
mídias digitais e “bullying” que é o ato de intimidar ou humilhar uma pessoa.
Este tipo de violência pode ser praticado por colega de escola, de trabalho ou
pessoa desconhecida.
De acordo com o advogado do escritório Posocco &
Associados Advogados e Consultores Fabricio Sicchierolli Posocco o
cyberbullying é o mesmo que assédio moral. A seguir, o especialista em direito
digital fala mais sobre o assunto.
1) Porque muitas pessoas
humilham outras na internet?
Posocco: A bem da verdade não existe uma
explicação específica por qual motivo pessoas se dispõem a humilhar outras
através da rede mundial de computadores. Todavia, pesquisas recentes feitas
pela universidade americana de Stanford, apontam que parte dessa manifestação
se refere exatamente pela necessidade de padrões sociais de conduta impostos
pela sociedade. Explico: a sociedade impõe alguns padrões e passa a ditar o que
“pode” e o que “não pode” ser ou fazer; em outras palavras, para ocupar um
lugar de destaque nessa sociedade, você deve se adequar ao padrão de
peso, altura, cor de olhos ou tipo de cabelo que estão na moda. Respeitar
individualidades para muitos é algo impossível. Outra parte dessa manifestação
ocorre porque muitas pessoas acham que fazer bullying é engraçado. Há também os
solitários que não encontram uma forma de se expressar, e acabam se
manifestando através do cyberbullying. Ou os que deixam a inveja se transformar
em protesto brusco e obscuro. Enfim, os motivos são vários, mas eles não são
justificáveis.
2) Quando a pessoa
descobre que é vitima o que ela deve fazer para se preservar e punir o
agressor?
Posocco: Em princípio a vítima deve procurar uma
delegacia e fazer um boletim de ocorrência. Se a vítima for mulher, dependendo
da situação de violência existente, poderá se utilizar ainda das regras da Lei
Maria da Penha. Na esfera cível, a vítima deve também, se possível, além de
imprimir o material ofensivo do site, procurar um Cartório de Notas e solicitar
a elaboração de uma Ata Notarial, que é um documento público feito pelo
Tabelião. Esse documento é importante, porque na hipótese dos conteúdos
ofensivos serem deletados pelos agressores virtuais, a vítima terá a
comprovação pública de que essas situações de agressão realmente existiram.
Além disso, a vítima pode procurar um advogado para que medidas jurídicas sejam
tomadas.
3) O que a nossa
legislação diz sobre o cyberbullying?
Posocco: Na prática, não existe nenhuma
tipificação específica na lei acerca do cyberbullying. Todavia, a legislação
pátria já dispõe de alguns canais inibitórios para tanto.
- A Constituição Federal assegura a todos o
direito à proteção dos direitos fundamentais dentre eles a dignidade da pessoa
humana, da liberdade de expressão, garantindo inclusive o texto constitucional
em seu artigo 5º, incisos V e X, a inviolabilidade da intimidade, da vida
privada, da honra e da imagem das pessoas, assegurando o direito de indenização
pelo dano material ou moral decorrente de sua violação. Inconteste, portanto
que, pretendeu a Constituição Federal salvaguardar que todos os indivíduos
fossem livres para se expressarem desde que sua expressão não atinja outros
bens jurídicos. Portanto os autores de práticas como o bullying e o
cyberbullying não estão agindo em consonância com os princípios estatuídos pela
Constituição Federal, sendo passíveis de punição na esfera civil e penal.
- Na esfera cível praticamente as questões
relacionadas ao cyberbullying são descritas como dano moral. O histórico de
casos julgados nos tribunais dos Estados de São Paulo, Minas Gerais e Paraná,
mostram que indenizações por lesões a honra das vítimas na internet gira em
torno de R$ 8 mil a R$ 50 mil.
- No campo penal, o Código Penal Brasileiro prevê a
apuração dos crimes contra a honra nos artigos 138 a 145, sendo que todas as
tipificações penais podem alcançar satisfatoriamente os crimes cometidos com o
uso de tecnologias eletrônicas, seja por e-mail, mensagem de celular, site de
relacionamento, blog, e todos os artifícios possíveis de hostilizar o outro com
o maior número de receptores da mensagem. Assim, os delitos de injúria, calúnia
e difamação encontram seu resguardo na legislação para buscar a punição desses
infratores.
4) Em vários casos, o
cyberbullying é cometido por menores de idade. Como a justiça deve intervir?
Posocco: Na hipótese de se buscar uma
indenização cível, a responsabilidade recairá sobre os pais do infrator. Na
hipótese penal, o agressor poderá ser enquadrado nas diretrizes do ECA
(Estatuto da Criança e do Adolescente).
5) É correto
responsabilizar a escola por omissão ou negligência em casos de cyberbullying?
Posocco: Em tese a primeira responsabilidade
acaba sendo a dos pais do infrator pelos atos do respectivo filho, de acordo
com as regras do Código Civil. Todavia, as escolas podem vir a ser
corresponsabilizadas civilmente, na medida em que tendo ciência da ocorrência
de bullying ou de cyberbullying com algum dos seus alunos se omita ou deixe de
tomar posições em relação a tais fatos, principalmente se as ofensas continuam
a ser realizadas em âmbito escolar. O melhor que as escolas têm a fazer é “não
esconder o problema de baixo do tapete”, mas ao contrário, devem tomar uma
posição, se possível com orientação de um profissional de direito que detenha
conhecimento de tais fatos. Campanhas educativas nas escolas também são
extremamente importantes para estes casos.
6) O doutor já atendeu
clientes jovens que foram humilhados na rede?
Posocco: Sim, infelizmente já atendi, junto ao
escritório, vários casos de cyberbulling, inclusive em situações graves que
demandam até hoje tratamento psicológico. Vou citar um deles:
- C.R.L – 14 anos – C. era uma menina de classe
média alta que estudava em colégio particular na cidade de São Paulo.
Adolescente muito bonita tinha cabelos negros cacheados, usava óculos e
aparelho nos dentes, e, por praticar esportes, tinha um corpo diferenciado em
relação às demais meninas de sua idade e da sua classe. Aluna exemplar tirava
boas notas e era elogiada pelos professores. Contudo C. era uma garota tímida e
não era considerada “popular” em sua vida escolar. Seus colegas de turma a
consideravam uma “extraterrestre”, pois além de não conversar muito, a questão
do aparelho e do cabelo cacheado era motivo de chacota na sala. Como que por
ironia do destino, C. passou a gostar de L., um menino de 16 anos, muito bonito
e popular da classe, sendo que ambos acabaram fazendo uma fotografia juntos e
postado no Facebook da turma da escola, com a legenda “amigos para sempre”. Foi
o que bastou para algumas meninas da sala, enciumadas com a foto, passarem a
fazer “montagens” com essa fotografia, colocando a “cabeça” de C. junto ao
corpo do personagem principal do filme “ET”, bem como em dinossauros do filme
“Jurassic Park”, disseminando várias imagens da adolescente para as contas de
Facebook dos amigos. Não contente com isso, o rosto de C. ainda foi parar em
“fotonovelas sexuais” com animais, e em propagandas de venda de campas em
cemitérios. A velocidade com que se “viralisaram” essas fotos e foram
compartilhadas, fizeram com que C. desenvolvesse problemas de depressão, bem
como abandonasse os esportes e trocasse de escola. C. também mudou seu visual,
cortando os cabelos bem curtos e retirando o aparelho. Tudo para que não mais a
relacionassem com as fotografias. Os agressores foram identificados como sendo
M. e A. através do IP de seu computador, um casal de irmãos de classe média
alta, e que aparentemente praticavam esse bullying contra C., porque A. gostava
do mesmo garoto que C. O processo movido foi criminal/ECA (para apuração de ato
infracional pelas condutas), além de um processo civil de reparação de danos
materiais e morais contra os pais dos adolescentes. No âmbito do ECA, foi
aplicada advertência aos menores. No limite civil, foi aplicado uma indenização
de R$ 50.000,00.
7) Como é possível
prevenir que o cyberbullying ocorra?
Posocco: É preciso tomar muito cuidado com
aquilo que se publica na internet. As pessoas possuem uma necessidade de
exibicionismo constante (padrão da sociedade moderna), e esquecem, algumas
vezes, que aquilo que gostariam de publicar, sem o mínimo de bom senso, pode
ser a base para uma ofensa. Outra questão relevante que deve ser observada é o
monitoramento da utilização da rede mundial de computadores por crianças e
adolescentes que ainda não possuem a responsabilidade e o conhecimento adequado
para utilizá-las. Acredito também na importância da conversa entre os pais e
seus filhos sobre os cuidados e cautelas.
Depois de sofrer cyberbullying, a vítima vai se sentir
humilhada, necessitando de força e apoio moral. Conte aos seus amigos e
parentes, converse, fale, e desabafe sobre o que está acontecendo. O principal
é se sentir superior a tudo isso e não deixar essas maldades influenciarem na
sua vida e nos seus sonhos. Cabeça erguida sempre, porque essa é apenas uma
tempestade que vai passar. Procure também o auxilio de um advogado para que
possa lhe dar as orientações necessárias para enfrentar essa batalha.
Imagem Pressfoto/Freepik
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