segunda-feira, 22 de abril de 2013

O Tabu da Ocupação

Por Erick Òòsàálá
22/04/2013


O dia em que o Tabu da Ocupação no Òrìsàismo Afro-sul cair, esta religião poderá perder o seu maior fundamento, correndo o risco de deixar de existir sufocada pelo Candomblé e pela Umbanda.



O Tabu da Ocupação no Batuque mantém em sigilo os atos secretos da preparação de uma divindade, dá o direito do sacerdote receber o seu cargo independente da ocupação e sanciona a integridade do iniciado, diante dos fatos do indivíduo não saber que há possessão de uma divindade.

E no caso de quem sabe que se ocupa, será que aceitará passar pelos atos do Axé de fala e testes que são feitos com a divindade?

Independentemente da Ocupação do indivíduo é possível rodar ou não em alguma entidade, pois muitos que rodam não se ocupam.

Sem o Tabu da Ocupacão haverá restrinções para o iniciado receber seu apronte e abrir uma casa, que será determinado pelo indivíduo ter que ser iniciado com a presença da sua divindade, ou seja, ele deverá estar Ocupado (possuído) pela sua divindade, desta forma terá que ser criado o toque de bolar (toque que promove a possessão da divindade) e todos os indivíduos irão se Ocupar no salão, para aqueles que não se ocupam poderão receber apronte? Como ficariam os cargos no Batuque?

As divindades poderão chegar mais que uma vez no mesmo dia? 

Sabendo que se Ocupam, todas as vezes que o sacerdote ou mais velho se ocupar os filhos e netos deverão se ocupar também, ou a hierarquia e respeito à divindade mais velha não será posto em prática?

Deveremos pensar e refletir sobre este assunto, que poderá determinar a diferença entre Batuque, Candomblé e Umbanda... 


Saiba mais sobre o Tabu da Ocupação no Òrìsàismo Afro-sul

Os individuos iniciados no Batuque não sabem que passam pela possessão da sua divindades, que é chamado de Ocupação, sendo que;

Aqueles que se Ocupam não podem mistificar, pois não sabem que se ocupam, como irão fingir algo que não sabem.

O indivíduo quando está ocupado passa por provas e testes que somente são praticados para divindades.

Se o indivíduo não sabe que se ocupa não possui vaidade, não expõe sua divindade na internet e não põe  em duvidas o seu axé e Òrìsà.

Desde a fundação do Batuque, o Tabu da ocupação é respeitado, o que difere da maioria das culturas de matriz africana o tabu da ocupação mantém a ordem e a hierarquia deste povo, pois muitos sacerdotes são iniciados e não se ocupam, desta forma é possível abrir uma casa sem que haja possessão  do Òrìsà dono da casa. 

www.olorun.com.br

domingo, 10 de fevereiro de 2013

Maracatu dos Urucungos Puítas E Quijengues e ato de Protesto à PM de Campinas

Por Alessandro Oluandeji


Domingo de alegria no Maracatu de 25 anos dos Urucungos Puítas E Quijengues, festa que emanou a tradição Banto e respeito aos ancestrais emanando uma linda energia aos tambores regidos por Alceu José Estevam que fez em suas falas um ato de repúdio ao racismo Institucional, lembrando-se da PM promoveu quando soltou um ofício que seus soldados deveriam abordar negros e pardos no bairro nobre de Campinas – SP


Aquecendo os tambores, impossível não demonstrar meus respeitos a Rainha Ana, a doce e meiga Sinhá que interpretou a dama da Boneca e a Viviane Silva uma linda grávida que mostrou seu amor pelo trabalho com muita leveza e delicadeza, mas elas eram apenas parte de uma família que juntos fizeram com danças e tambores um tributo a nossa ancestralidade.


São vários os nomes a citar, e um trabalho maravilhoso a ser ressaltado, pois como disse Mestre Topete da Escola de Capoeira Angola Resistência:
“Tudo o que fazemos é com amor e alegria e somos a própria resistência dos movimentos pela preservação da identidade negra”
Tenho que citar os parceiros que vieram prestigiar e participar, como Fazenda Roseira, Capoeira Ibeca, Jongo Dito Ribeiro, Ponto de Cultura Ibaô, Grupo de Teatro Savuru, Mandato do Vereador Pedro Tourinho (PT), Militantes do (PT), Militantes do (PSOL), Diretor de Cultura Gabriel Repassi (PCdoB) e um grande número de pessoas do Movimento Negro.

O cortejo com mais de 200 pessoas percorreu algumas ruas do Bairro do Bonfim e em determinado momento passamos na porta do batalhão em que o Capitão Ubiratan chocou o país com o Ofício de que Negros e Pardos devem ser abordados de forma explícita e bizarra, mas ao passar pela PM foi feito um minuto de silêncio e passarmos pelos policiais com olhares de reprovação, voltando a tocar e dar seguimento ao cortejo com eles as nossas costas num ato de protesto que identificou que o silêncio grita pelo fim do Racismo Institucional e deixa o recado que a população Negra e os cidadãos de bem de Campinas não irão tolerar a descriminalização centenária.
Depois do ato, parece que os Deuses milenares nos abençoaram com a chuva quase que imediatamente, nos proporcionando ainda mais energia, rogamos que Nzambi abençoe a todos e que faça deste mundo um lugar melhor para se viver.
Quando o Cortejo voltou à sede dos Urucungos Puítas E Quijengues, tivemos quitutes e a Capoeira de Angola do Mestre Topete, que é mais linda do que havia mencionado meu amigo Leo Lopes que é um militante da cultura afro brasileira.
Eu Oluandeji me orgulhei do movimento cultural e político ali envolvidos nessa linda festa, obrigado Urucungos Puítas E Quijengues pela linda tarde e pelo espetáculo que presenciei.
Para Repercussão, nós somos todos suspeitos!
Fonte - http://religioesafroentrevistas.wordpress.com/2013/02/10/maracatu-dos-urucungos-puitas-e-quijengues-e-ato-de-protesto-a-pm-de-campinas/

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

O sagrado e o profano.



Erick Òòṣàálá
03/02/2013

A população afro-brasileira, insatisfeita com os abusos e crimes religiosos que diariamente acontecem, forçando-nos a convivem com a impunidade, infelizmente não há leis que protejam nossos rituais e ou possam coibir os crimes que são cometidos contra nossa sociedade religiosa.

Porem o mais desagradável é testemunhar o abuso por parte dos adeptos da própria religião.


Sabemos que nem todos os adeptos passaram pelos mesmos rituais e conceitos religiosos, por isso, chega a criar um problema para julgar o que é sagrado e o que não é, da mesma forma que percebemos que muitas vezes não conseguem nem sequer saber o que é uma divulgação e o que não passa de exploração da cultura Afro-brasileira.

Uma iniciação requer um ambiente saudável e seguro, há inúmeras preparações que vão desde colher ervas até mesmo preparar comidas e banhos de purificação. Por séculos a nossa cultura luta contra o sistema que tenta nos sufocar e destruir um povo e seus deuses.

Rezas, cantigas, orikis, itan, banhos, oferendas, ebós, entre tantos outros rituais que praticamos nos templos não deveriam sair dos templos, preservando assim a tradição e o sagrado. Somente os iniciados que passaram pelo ritual sabem do poder de repetir uma tradição secular que nos conecta com nossas divindades... Ficamos dias reclusos para alcançar o ápice do sagrado e poder nos carregar de  energias e benção das divindades.... Por isso, cada ritual é sagrado e  deve ser preservado.

Há adeptos que não praticam a maioria dos rituais e por isso acham que é menos importante que os demais, e aceitam que sejam praticados em boates, condomínios e ambientes que não são adequados para eles... O que não quer dizer que o abuso contra a nossa cultura seja aceito por todos os sacerdotes e adeptos que foram devidamente iniciados para as divindades.

Sabemos que por inocência e ou por ignorância certos rituais são ridicularizados, como o ritual de lavagem de uma escada e ou a lavagem da cabeça de um individuo, rituais sagrados que se repetem ano-a-ano nos mais antigos terreiros, o que para quem pratica tais rituais é uma ofensa velos jogados em locais que não são adequados para o ritual.

A Globo no último final de semana, fez uma festa temática vinculada a cultura Afro-brasileira, que não houve representações muito menos rituais, a diferença entre usar um tema e abusar da fé é tão grande, que em determinados momentos fico realmente assustado de ver que a maioria não consegue perceber o que é um símbolo e um ritual... Claro que para isso, o individuo deveria ter acesso a cultura e a rituais que não chegaria a ter por vídeos e mídias virtuais.... Pois não basta ficar estudando na net e ou escolas, é preciso mais que isso... É preciso que seja devidamente iniciado, pelas mãos de sacerdotes reconhecidos e sérios...

E sabemos que ninguém pode dar nada que jamais recebeu de alguém... Por isso a iniciação é muito importante....


TIKTOK ERICK WOLFF