quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Politeismo, a base das religioes espalhadas pelos continentes.

Religião; um tema às vezes tão complexo quanto sua origem. Capaz de expressar a cultura, a estrutura de um povo e relatar a história de vida por meio da fé, levando em consideração a diversidade dos costumes e até mesmo as ramificações de cada religião. Muitas vezes elas se contradizem entre o monoteísmo e abrem poder na trindade, que seriam três personalidades de grande importância no pilar da religião, justamente como o cristianismo, que mesmo sob a bandeira de um Deus maior baseia-se na trindade incorpóreo da fé contrapondo, para alguns, a tese monoteísta.

Indo além, se o cristianismo tem um Deus onipotente, mas é para Jesus que todos recorrem. Jesus Cristo além de mais famoso é considerado mais importante que o próprio Deus dos cristãos. Algumas religiões que o referenciam acreditam que ele tem mais poder que o próprio “Criador” assumindo a frente dos votos e solicitações dos seguidores. Tanto que Jesus é referenciado até mesmo dentro de alguns templos de origem afro-brasileira como a Umbanda, Quimbanda e Espíritas.

Uma grande contradição paira sobre a cultura africana, até mesmo as religiões com influência dos Deuses negros (orisás). Uma religião que acredita num Deus supremo com nome de Olódúmarè - agregando o povo do céu chamado de Irum - baseia-se na criação do universo. Desta forma, Olódúmarè desejou criar a Terra e pediu para um Irum descer e iniciar a criação, seu nome é conhecido por todos como Odùdúwa, assim ele fez a Terra e onde começou a criação é conhecido até hoje por Ilé-Ifé. Deste ponto surge o planeta, os reinos e o homem.

Ilé-Ifé é conhecido por ser o primeiro local a ser tocado pelas demais divindades e foi nesta cidade que se iniciou o culto aos Iruns que mais tarde passariam a ser chamados de Orisás (os que escolhem as cabeças – Ori = cabeça; sá = escolhem).

Com grande quantidade de Orisás cultuados no planeta, a religião africana e as religiões afro-brasileiras se contradizem ao afirmar que são monoteístas, pois para que isso seja feito existe a necessidade de cultuar um Deus único, ou seja, sem as demais divindades chamadas de Orisás.

Para os africanos e seus descendentes religiosos Olódúmarè, o grande Deus, tem a finalidade, apenas, de criar os Iruns . Ele não exerce mais atividade e não é cultuado nos templos. Assim, acreditar num ser Onipotente como o gerador deste poder e não cultuá-lo não quer dizer que os seguidores da cultura afros são monoteístas.

Para o monoteísmo reinar dentro da cultura afro haveria necessidade de uma revolução religiosa e o poder dos Orisás caírem para simples intercessores de Olódúmarè. Cada terreiro deverá descer a comunheira do dono da casa e dos Orisás do Ilê, deixando todos os demais assentamentos sagrados para fora e cultuar apenas Olódúmarè. Como foi feito por Akenathon no antigo Egito, durante a revolução religiosa, onde ele parte para Heliópolis e funda o templo do deus Rá. Abandonando o panteão egípcio e assumindo Rá como o deus supremo.

Observando que cada Orisá possui o poder de criar e mudar o destino do povo da Terra, conforme seus caprichos, nos faz acreditar que a religião afro-brasileira é politeísta mesmo acreditando em um deus central, “Olódúmarè”.

Não há registro de algum templo erigido para Olódúmarè em lugar algum do planeta. Sabe-se apenas que os templos religiosos afro-brasileiros são estruturados e fundamentados para a divindade da cabeça do seu fundador ou de algum antepassado. Até mesmo na África os templos são destinados a alguma divindade, não existem imagens ou sacrifícios para “Olódúmarè” dentro dos templos.

Para as casas de cultura afro-brasileiras, o orisá é uma ramificação do deus maior com poder e manifestações que invocam grandes forças e revelações, como os deuses egípcios, gregos e os demais citados abaixo.

Com a vinda dos negros para o Brasil houve um telefone sem fio quebrando o elo da tradição das aldeias e seus orisás. Contudo, a herança religiosa e a fundamentação de uma nova religião, no culto aos orixás, se formaram no Brasil Imperial. Mais tarde, com a estruturação das nações definiu-se bem a origem do culto dividindo-se em Vodum, Nikissi e Orisás. Tal diferença se faz notável dentro de cada nação, pois alguns se diferenciam em elementos da natureza e antepassados. Para o homem moderno, a religião afro-brasileira busca o resgate do elo perdido com os escravos, aquele que rompeu com a vinda dos negros e com o assassinato cultural das religiões imperialistas ao tentar sufocar a cultura afro-brasileira no Brasil.

O candomblé e as nações dos orisás é politeísta e fundamentam-se num grande Deus, que simplesmente teve vontade de criar o Universo e delegou poder para os Iruns fazerem a sua moda e vontade esta criação. Por isso, as religiões de origem direta com a cultura afro têm sua base no politeísmo.

O mesmo acontece com a Umbanda que possui um Deus central, que também é esquecido pelos terreiros e seus sacerdotes dando lugar a Oxalá, orixás e entidades. Peculiarmente a Umbanda possui Orixás muito semelhantes aos orisás das nações africanas, com um diferencial no culto e na origem deles, pois os sacerdotes da Umbanda cultuam apenas os intermediários dos orixás e não diretamente os orixás africanos.

Um bom exemplo de monoteísmo é o espiritismo baseado no Deus maior, seu intercessor Jesus cristo e as entidades. E tudo que é feito nos seus rituais envolve a indulgencia de Jesus para chegar a Deus supremo. Não cultuam orixás ou divindades, nada além de Jesus. Trabalhando com espíritos que já sabemos que são almas e não divindades.


Aproveitei e estendi o convite para alguns sacerdotes das religiões afro-brasileiras.

Tatetu Nkosi Oluandeji – Nação Angola
“Considero Politeísta, porque apesar de ter um grande "Deus" “NZambi Umpungu" como o criador adoramos as divindades os Mikisi, na África era feito por aldeia, cada aldeia cultuava seu Nkisi, seu Deus próprio apensar de NZambi ser o criador”.
Xenu pangi
Tatetu Nkosi Oluandeji
Campinas SP

Josi Moreira - Umbanda
“Eu acredito que a Umbanda seja politeísta pelo fato que cultuarmos orixás”.
São Paulo – SP

Babalorixá Paulo de Oyá do Ilê Aba Axé Oyá Obakosso.
O Candomblé é uma religião monoteísta, pois acredita num único criador supremo - Olorum!
Os Orixás que são os ancestrais divinizados associados aos aspectos da natureza, são parte do todo maior!
São Paulo - SP

Egbomi Omindowo de Yemanjá do Ilê Aba Axé Oyá Obakosso.
Olorum é o Deus único! O grande criador! Os Orixás - ancestrais divinizados e associados com as forças da natureza- desempenham uma função como se fossem anjos. Por isso o Candomblé é monoteísta.
São Paulo - SP

Observe a semelhança das antigas religiões com as religiões afro-brasileiras;

A religião Egípcia era riquíssima com seus deuses (muitos deles com corpo formado por parte humana e parte animal sagrado) e mitos. A cada deus era atribuído um poder, que atuava sobre a natureza ou mortais.
Realizavam muitas oferendas e festas para agradar aos deuses, que possuíam personalidades e vontades.
Cada qual com sua característica e templo, eram tratados pelos sacerdotes aos quais guardavam seus segredos a sete chaves.

A Mitologia Grega também teve grande influência sobre a cultura mundial, os gregos antigos enxergavam vida em quase tudo que os cercavam, buscando explicações para tudo. Poderemos notar também grande influência dos personagens divinos e figuras mitológicas que mesclam corpo humano e animais. Heróis, deuses, ninfas, titãs e centauros habitavam o mundo material, extensão em suas vidas. A Pitonisa, espécie de sacerdotisa, era convocada a interpretar a vontade dos deuses através dos sinais.

Xintoísmo se baseia na cultura nipônica, nos deuses que criaram o Japão e o seu povo em meados de 1868 até 1946. Os japoneses adoravam o imperador como um descendente direto de Amaterasu-Omikami, a deusa do sol e mais importante divindade da religião.
O imperador Hiroíto renunciou ao caráter divino atribuído à realeza, e a nova Constituição do país passou a defender a liberdade de religião.
Contudo, 90% da população japonesa é xintoístas, e os que pertencem a outra religião, permanecem oferecendo sacrifícios devocionais aos deuses e celebrando suas cerimônias e rituais.
O xintoísmo é representado por um portal de madeira vermelho, chamado de Tori. Todas as estradas para os templos possuem este Tori que é formado por duas colunas de madeira ligadas por duas vigas.

Mitologia Nórdica, os vikings são vistos como agressivos, primitivos, violentos e sedentos de sangue, semeando terror e morte. O Odin (Wotan) o deus maior, também com vários outros deuses primitivos alguns com formas animais.

Astecas e Maias, também possuíam vários deuses com poderes que decidiam a vida e estações do ano, formas animais eram usadas constantemente para representar seus deuses.


Olódúmarè – O deus central da cultura africana – ọlọ = senhor, ọdu – destino, maré – supremo;
NZambi Umpungu - idem a Olódúmarè;
Odùdúwa – quem criou a terra;
Irum – divindades que habitavam o ọ̀run;
ọ̀run – céu;
llé-Ifẹ́ – aldeia sagrada do culto de Ifá, acredita-se que ali deu origem a humanidade;
Ilé - casa
orí – cabeça;
ṣá – escolher;
vodum - baseada nos ancestrais, que tem as suas raízes primárias entre os povos Ewe-Fon;
Nkissi - baseada nos ancestrais kassanje ou bantu;
oriṣá – divindades do panteão africano;
orixá – divindade do panteão umbandista;
Tatetu – cargo de sacerdote na nação Angola;
Umbanda – culto afro-brasileiro aos espíritos e orixás;
Espiritismo – sessões que envolvem desobsessões e contatos com espíritos,baseada no cristianismo;
Candomblé – culto aos oriṣá, vodun e nkissi;
Quimbanda – culto aos espíritos da legião dos exus;
Kimbanda – culto ancestral de origem bantu, que lida com ervas e magia, prática branca;

Pesquisa com prof. Jorge Claudio Ribeiro (Depto) de Teologia Universidade PUC.
TV PUC http://tv.pucsp.br/blog/
www.pucsp.br


Por Erick Wolff8
Edição - Kueynislan Teodósio

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Òòṣàálá

 
Revisado e aumentado em 18/10/2023

Òrìṣàálá ou Obàtálá na África, "O Grande Òrìsà" ou "O Rei do Pano Branco" para os Yorubás, criador do mundo, dos homens, animais e plantas. Foi o primeiro Òrìṣà criado por Olodumare, é considerado o maior de todos os Òrìṣà

É o mais velho dos Òrìsás, o rei de vestes brancas, raiz de todos os outros Òòṣàálá

Representa a massa de ar, as águas frias e imóveis do começo do mundo, controla a formação de novos seres, é o senhor dos vivos e dos mortos, preside o nascimento, a iniciação e a morte.

Obàtálá é quem rege tudo o que é branco sobre a terra em todos os sentidos da palavra; pureza... Obàtálá - Oba (rei) alá (branco) Òòṣàálá - Palavra de origem árabe, mais precisamente de inshalla, com o significado de "se Deus quiser, se Deus o permitir".

Òrìṣà-Nla, Òrìàálá ou (Orixalá e Oxalá em português) é o primeiro Òrìṣà Funfun nascido diretamente de Olórun (DEUS) (tudo desses Òrìṣà é de cor branca).

O Reverendo Samuel Johnson, no livro The History of the Yorubas, Lagos, 1937, escreve: "Òòṣàálá é encarregado do poder criador e é considerado um co-trabalhador de Ọlọ́run. Supõe-se que o homem tenha sido feito por Deus e modelado por Òòṣàálá.

Seus adeptos se distinguem pelo uso de colares de contas brancas e pelas roupas brancas. Não podem beber vinho de palmeira.

Os sacrifícios por eles oferecidos não podem conter sal.
Os albinos, os anões, os estropiados e os corcundas são considerados sagrados por esse Òrìṣà.
Òòṣàálá é o nome comum, conhecido e adorado em diversas cidades e sob diversos nomes: Òrìṣà Oluofin em Iwofin, Òrìṣàko em Oko, Òrìṣàkire em Ikire, Òrìṣàgiyan em Ejigbo, Òrìṣàeguin em Owu, Òrìṣàjaye em Ijaye, Obàtálá em Oba." Òòṣàálá é o Òrìṣà associado à criação do mundo e da espécie humana.

Apresenta-se de duas maneiras: moço – chamado Òrìàjiyán, e velho – chamado Oṣalufan. Os símbolos do primeiro é uma idá (espada), "mão de pilão" e escudo. O do segundo Òrìṣàjiyán é o branco levemente mesclado com azul, a de Oṣalufam é somente branco. O dia consagrado para ambos na africa é a sexta-feira.
No Nàgó é domingo.
Sua saudação é ÈPA BÀBÁ !
Òòṣàálá é considerado e cultuado como o maior e mais respeitado de todos os Òrìṣà do panteão africano. Simboliza a paz é o pai maior nas nações das religiões de tradição africana.
É calmo, sereno, pacificador, é o criador, portanto respeitado por todos os Òrìṣà e todas as nações.
A Òòṣàálá pertence os olhos que vêem tudo.

Alguns Oriṣás que pesquisamos:

Òrìṣà Óbokún = O rei de Ijesá, conhecido entre os Nago como Òṣàlá porem foi um guerreiro, filho de mais novo de Odùdúwá (branco rajado de cinza claro ou cinza muito clarinho).
Òrìṣà Olokun - senhor do oceano para os Yorubás, pai de Yemonjá. (branco com cristal 1x1)
Òrìṣà Dakùn  – o fiador de algodão (branco).
Òrìṣà Jobokún – que traz as águas. (branco)
Òrìṣàálá /Obàtálá - é casado com Yemowo, suas imagens são colocadas uma do lado da outra e cobertas com traços e pontos desenhados com efum, no ilésin, local de adoração, dizem que Yemowo foi a única mulher de Òrìṣàlá - Obàtálá um caso excepcional de monogamia entre Òrìṣà e eboras (branco com cristal 1 x 1)
Òrìṣà de Oromilaia = importantíssimo para o culto Yorubá, pois com ele recebemos nosso àṣe de búzios (branco com preto 1 x 1)

Saudação: Epaô Baba!
Dia da Semana: Domingo
Número: 08 e seus múltiplos
Cor: Branco para todos com exceção de Branco com preto para Òòṣàálá de Oromilaia ou cinza bem claro para Óbokún
Guia: toda branca fora 01 branca, 01 preta, 01 branca para Òòṣàálá de Orumiláia
Oferenda: canjica branca, Igbin, merengue e coco ralado
Ferramentas: jóias em prata, caramujo, sol, cajado, pomba de prata, moedas e búzios, para Òòṣàálá de Oromilaia acrescentamos olhos de prata.
Ave: Galinha branca com exceção de galinha branca mais galinha preta para Òòṣàálá de Oromilaia
Quatro pé: cabrita branca e cabrita branca com pequenas manchas pretas para Òòṣàálá de Oromilaia.


Yemonjá



Iemanjá, Yemanjá, Yemaya, Iemoja ou Yemonjá, é um Òrìṣà africano, cujo nome deriva da expressão Iorubá "Yèyé omo ejá" ("Mãe cujos filhos são peixes").

Na Mitologia Yoruba, o dono do mar é Olokun que é o pai de Yemonjá, ambas de origem Egbá.

Yemonjá, que é saudada como Odò (rio) ìyá (mãe) pelo povo Egbá, por sua ligação com Olokun, Òrìṣà do mar (masculino (em Benin) ou feminino (em Ifé), muitas vezes é referida como sendo a rainha do mar em outros países. Cultuada no rio Ògùn em Abeokuta

História
Pierre Verger no livro Dieux D'Afrique registrou: "Iemanjá, é o Òrìṣà dos Egbá, uma nação Yorubá estabelecida outrora na região entre Ifé e Ibadan, onde existe ainda o rio Yemonjá. Com as guerras entre nações Yorubás levaram os Egbá a emigrar na direção oeste, para Abeokuta, no início do século XIX. Não lhes foi possível levar o rio, mas, transportaram consigo os objetos sagrados, suportes do àse da divindade, e o rio Ògùn, que atravessa a região, tornou-se, a partir de então, a nova morada de Iemonjá. Este rio Ògùn não deve, entretanto, ser confundido com Ògún, o Òrìṣà do ferro e dos ferreiros."

Saudação: Omim odò!

Dia da Semana:
Sexta - feira

Número:
08 e seus múltiplos

Cor:
azul claro, azul forte ou incolor, dependendo da característica da Mãe
Guia: toda da mesma cor, o tom do azul claro ou se for incolor varia com a característica da Mãe

Oferenda:
canjica branca, canjica branca temperada com cheiro verde e cocada branca

Alguns Oriṣás Yemonja que pesquisamos:

Yemoja Bomí ou Soba = fiandeira de algodão, foi esposa de Orunmilá (azul claro)

Yemoja Bocí
 = voluntariosa e respeitável, mensageira de Olokun (azul claro, podendo acrescentar o cristal 1 x 1)

Iya Masemale/Iamasse = mãe de ṣangò (azul claro leitoso)

Olobomi ou Awoyó/Iemowo
= a mais velha de todas, esposa de Òṣàlá (azul claro, podendo usar azul claro com cristal transparente, 4 azul clara e 1 transparente)

Nanã Burukun - esta divindade é considerada muito velha, e na cultura Nàgó’Kọbi é cultuada entre as Yemonjas, mesmo não sendo uma yemonjá, ela foi agregada em determinado momento da estruturação da cultura, veja algumas Nanã cultuadas:



Obáíyá
= é um Òrisà ligado a água, a lama e aos pântanos.

Ajàosi
= é uma Nàná guerreira e agressiva que veio de Ifé, e confunde-se às vezes com Obá. É uma divindade das águas doces, e que se veste de azul com vermelho.


Yewá é outra divindade aglutinada  entre as Yemonjá.


Yemoja Tuman/Aynu/Iewa = sobre o mar a névoa das águas (azul claro e branco 1 x 1)

Ferramentas: todos os adornos femininos em prata, peixe, leque, caramujos, barco, âncora, leme, conchas, lua, moedas e búzios

Ave:
Galinha branca

Quatro pé:
ovelha


Lendas

Yemonjá joga búzios na ausência de Òrùnmílá
Yemonjá e Òrùnmílá eram casados. Òrùnmílá era um grande adivinho, com seus dotes sabia interpretar os segredos dos búzios. Certa vez Òrùnmílá viajou e demorou para voltar e Yemonjá viu-se sem dinheiro em casa, Então, usando o oráculo do marido ausente, passou a atender uma grande clientela e fez muito dinheiro.
No caminho de volta para casa, Òrùnmílá ficou sabendo que havia em sua aldeia uma mulher de grande sabedoria e poder de cura, que com a perfeição de um babaláwo jogava búzios. Ficou desconfiado, quando voltou, não se apresentou a Yemonjá, preferindo vigiar, escondido, o movimento em sua casa.
Não demorou a constatar que era mesmo a sua mulher a autora daqueles feitos, Òrùnmílá repreendeu duramente Yemonjá, ela disse que fez aquilo para não morrer de fome, mas o marido contrariado a levou perante Olofim-Olodumarè.
Olofim reiterou que Òrùnmílá era e continuaria sendo o único dono do jogo oracular que permite a leitura do destino, Ele era o legítimo conhecedor pleno das histórias que forma a ciência dos dezesseis Odu. Só o sábio Òrùnmílá pode ler a complexidade e as minúcias do destino, mas reconheceu que Yemonjá tinha um pendor para aquela arte, pois em pouco tempo angariara grande freguesia.
Deu a ela então autoridade para interpretar as situações mais simples, que não envolvessem o saber completo dos dezesseis Odu, assim as mulheres ganharam uma atribuição antes totalmente masculina.


Olokun isola-se no fundo do oceano

Olokun vivia na água e vivia na terra, a natureza de Olokun era anfíbia, Olokun tinha vergonha de sua natureza, pois ela não era nem uma coisa nem outra.
Ela se sentia muito atraída por Òrìsà Ocô, mas não queria ter relações com ele, pois temia ser objeto de ridículo. Olokun, então, pediu conselho a Olofim, que lhe assegurou que Òrìsà Ocô era um homem sério e reservado.
Olokun criou coragem e foi viver com o Òrìsà lavrador, mas este descobriu a particularidade que existia na natureza de Olokun e contou a todos. Todos ficaram sabendo da ambígua natureza de Olokun, a vergonha fez com que Olokun se escondesse no fundo do oceano, onde tudo é desconhecido e aonde ninguém nunca pode chegar.
Olokun nunca mais deixou o mar e agora só esse é o seu domínio, outros dizem que Olokun se transformou numa sereia, ou uma serpente marinha que habita os oceanos, mas isso ninguém jamais pôde provar.

Osùn

Ọ̀ṣún, Oshun ou Oschun, na Mitologia Yoruba é um Òrìṣà feminino. O seu nome deriva do rio Ọ̀ṣún, que corre na Yorubalândia, região nigeriana de Ijexá e Ijebu. É tida como um único Òrìṣà que tomaria o nome de acordo com a cidade por onde corre o rio, ou que seriam dezesseis e o nome se relacionaria a uma profundidade desse rio. As mais velhas ou mais antigas são encontradas nos locais mais profundos (Ibu), enquanto as mais jovens e guerreiras respondem pelos locais mais rasos. Ex. Ọ̀ṣún Osogbo, Ọ̀ṣún Opara ou Apara, Yeye Iponda, Yeye Kare, Yeye Ipetu... Em seu livro Notas Sobre o Culto aos Òrìṣàs e Voduns, Pierre Fatumbi Verger escreve que os tesouros de são guardados no palácio do rei Ataojá. O templo situa-se em frente e contém uma série de estátuas esculpidas em madeira, representando diversos Òrìṣàs: "Ọ̀ṣún Osogbo, que tem as orelhas grandes para melhor ouvir os pedidos, e grandes olhos, para tudo ver. Ela carrega uma espada para defender seu povo." Ọ̀ṣún é um Òrìṣà feminino da nação Ijexá adotada e cultuada em todas as religiões afro-brasileiras. É o Òrìṣà das águas doces dos rios e cachoeiras, da riqueza, do amor, da prosperidade e da beleza, em Ọ̀ṣún, os fiéis também buscam auxílio para a solução de problemas no amor, uma vez que ela é a responsável pelas uniões e na vida financeira, tanto que muitas vezes é chamada de Senhora do Ouro que outrora era do Cobre por ser o metal mais valioso da época. Na natureza, o culto à Ọ̀ṣún costuma ser realizado nos rios e nas cachoeiras e, mais raramente, próximo às fontes de águas minerais. Ọ̀ṣún é símbolo da sensibilidade e muitas vezes derrama lágrimas ao incorporar, característica que se transfere a seus filhos identificados por chorões. Candomblé Bantu - a Nkisi Ndandalunda, Senhora da fertilidade, e da Lua, muito confundida com Hongolo e Kisimbi, tem semelhanças com Ọ̀ṣún. Candomblé Ketu - Divindade das águas doces, Ọ̀ṣún é a padroeira da gestação e da fecundidade, recebendo as preces das mulheres que desejam ter filhos e protegendo-as durante a gravidez. Protege, também, as crianças pequenas até que comecem a falar, sendo carinhosamente chamada de Mamãe por seus devotos.


Saudação: Iê iêu!

Dia da Semana:
Sábado

Número:
08 e seus múltiplos

Cor:
Todos os tons de amarelo, a escolha do tom depende da característica da Mãe

Guia:
toda amarela de um mesmo tom, o tom varia com a característica da Mãe

Oferenda:
canjica amarela cozida e quindim, e o famoso omolucum

Alguns Oriṣás que pesquisamos
:
Ọ̀ṣún EPandá Ibedji = muito jovem e vaidosa (cor amarelo ouro claro, podendo usar 4 amarelas e 1 vermelha)

Ọ̀ṣún EPandá
=
outra guerreira é a verdadeira Ọ̀ṣún Ijesa que veio de Ijesa ou de Ipondá (cor amarelo ouro claro, podendo usar 8 amarelas e 1 vermelha)

Ọ̀ṣún Opará
=
mais jovem e guerreira (amarelo ouro claro)

Yeye Odo
=
muito semelhante a docò = é a Ọ̀ṣún das fontes; talvez seja a mesma que íyá mi Odo ou Iya Nodo, confundida com Yemánjá idosa, porem não existe ligação alguma. (cor amarelo ouro escuro, podendo usar 4 amarela e 1 branca)

Yeye Kaiò
=
é um tipo de Ọ̀ṣún mais velha, autoritária é guerreira e agressiva. (cor amarelo ouro, podendo usar 1 amarela e 1 preta)

Ọ̀ṣún Demun ou Jimu
=
intermediaria ligada a magia das folhas e das águas (cor amarelo ouro escuro, podendo usar 4 amarela e 1 verde)

Ọ̀ṣún Olobá
=
jovem idosa (cor amarelo ouro)

Ọ̀ṣún Abalu ou Docô
=
muito velha. (cor amarelo ouro escuro, podendo usar 4 amarela e 1 branca)

Iyá Omi
=
idosa . (cor amarelo ouro escuro)


Ferramentas: todos adornos femininos em ouro, peixe, leque, caramujos, coração, moedas e búzios

Ave:
Galinha amarela

Quatro pé:
cabrita branca ou amarela

Sete folhas mais usadas para Ọ̀ṣún: Efirin, Eré tuntún, Macassá, Teté, Ejá Omodé, Wuê mimolé, Ewê boyí funfun

Lenda

Quando Òòṣàálá estava criando o mundo, escolheu Ọ̀ṣún para ser protetora das crianças. Ela deveria zelar pelos pequeninos desde o momento da concepção, ainda no ventre materno, até que pudessem usar o raciocínio e se expressar em algum idioma. Por isso, Ọ̀ṣún é considerada a deusa da fertilidade e da maternidade.
Por sua beleza, Ọ̀ṣún também é tida como a deusa da vaidade, sendo vista como uma Òrìṣà jovem e bonita, mirando-se em seus espelhos (abebê) e abanando-se com seu leque (abelê). Quando todos os Òrìṣàs chegaram à terra, organizaram reuniões onde as mulheres não eram admitidas. Ọ̀ṣún ficou aborrecida por ser posta de lado e não poder participar de todas as deliberações. Para vingar-se, tornou as mulheres estéreis e impediu que as atividades desenvolvidas pelos deuses chegassem a resultados favoráveis. Desesperados, os Òrìṣàs dirigiram-se a Olórum e explicaram-lhe que as coisas iam mal sobre a terra, apesar das decisões que tomavam em suas assembleias.
Olórum perguntou se Ọ̀ṣún participava das reuniões e os Òrìṣàs responderam que não. Olórum, explicou-lhes então que, sem a presença de Ọ̀ṣún e do seu poder sobre a fecundidade, nenhum de seus empreendimentos poderia dar certo. De volta a terra, os Òrìṣàs convidaram Ọ̀ṣún para participar de seus trabalhos, o que ela acabou por aceitar depois de muito lhe rogarem. Em seguida, as mulheres tornaram-se fecundas e todos os projetos obtiveram felizes resultados. Senhora soberana das águas doces. Todos os rios, lagos, lagoas e cachoeiras pertencem a este Òrìṣà. O casamento, o ventre e a fecundidade e as crianças são de Ọ̀ṣún, assim como, talvez por consequência, a felicidade.

O ouro e o dinheiro em todas as suas espécies também são de Ọ̀ṣún. Pela hierarquia é o primeiro Òrìṣà doce seguida de Iemanjá e Oalá, formando assim o grupo de Òrìṣàs chamado de Cabeças Grande. Em uma lenda conta-se que quando os Òrìṣàs chegaram ao mundo eram feitas reuniões onde as mulheres não poderiam participar, Ọ̀ṣún insatisfeita com a decisão retirou toda a fecundidade do mundo, nada mais crescia e nada mais nascia. Os homens da terra começaram a desacreditar nos Òrìṣàs, pois a eles recorriam e não obtinham a solução desejada, pois a fecundidade pertence ao Òrìṣà em tal insatisfação. O Grande Pai explicou aos Òrìṣàs que sem Ọ̀ṣún nas decisões sobre a terra nada adiantaria, pois ela tinha o segredo da procriação. Sendo assim Todos foram até a Mãe, que aceitou as desculpas, começou a participar das reuniões e o mundo retomou seu rumo normal.

Ọ̀ṣún é concebida por Yemonjá e Òrùnmílá


Um dia Òrùnmílá saiu de seu palácio para dar um passeio acompanhado de todo seu séqüito. Em certo ponto deparou com outro cortejo, do qual a figura principal era uma mulher muito bonita. Òrùnmílá ficou impressionado cm tanta beleza e mandou Èṣù, seu mensageiro, averiguar quer era ela. Èṣù apresentou-se ante a mulher com todas as reverências e falou que seu senhor, Òrùnmílá, gostaria de saber seu nome. Ela disse que era Yemonjá, rainha das águas e esposa de Oṣalá.
Èṣù voltou à presença de Òrùnmílá e relatou tudo o que soubera da identidade da mulher. Òrùnmílá, então, mandou convidá-la ao seu palácio, dizendo que desejava conhecê-la. Yemonjá não atendeu o seu convite de imediato, mas um dia foi visitar Òrùnmílá.
Ninguém sabe ao certo o que se passou no palácio, mas o fato é que Yemonjá ficou grávida depois da visita a Òrùnmílá. Yemonjá deu a luz a uma linda menina. Como Yemonjá já tivera muitos filhos com seu marido, Òrùnmílá enviou Èṣù para comprovar se a criança era mesmo filha dele. Ele devia procurar sinais no corpo. Se a menina apresentasse alguma marca, mancha ou caroço na cabeça seria filha de Òrùnmílá e deveria ser levada para viver com ele.
Assim foi atestado, pelas macas de nascença, que a criança mais nova de Yemonjá era de Òrùnmílá. Foi criada pelo pai, que satisfazia todos os seus caprichos.
Por isso cresceu cheia de vontades e vaidades, o nome dessa filha é Ọ̀ṣún.

Ọ̀ṣún exige a filha do rei em sacrifício

Certa vez, o rei de Oloú, precisava atravessar o rio onde vivia Ọ̀ṣún, o rio naquele dia se encontrava enfurecido e os exércitos do rei não podiam passar pelas traiçoeiras correntezas.
Oloú fez um pacto com Ọ̀ṣún para que baixasse o nível das águas, em troca lhe oferecia uma bela prenda, Ọ̀ṣún entendeu que Oloú estava prometendo Prenda Bela.
Prenda Bela era o nome da mulher de Oloú, filha dileta do rei de Ibadã. Ọ̀ṣún baixou o nível das águas e Oloú passou com seu exército. Oloú jogou no rio a bela prenda: uma grande oferenda com as melhores comidas e bebidas, os mais finos tecidos, jóias luxuosas e raros perfumes, correntes de ouro puro, banhos preciosos.
Tudo foi devolvido para as areias das margens de Ọ̀ṣún, Ọ̀ṣún só queria Prenda Bela, a princesa. Tempos depois, Oloú retornou vitorioso de sua expedição e, ao chegar ao rio, este novamente estava turbulento, o rei ofereceu de novo o mesmo que ofertara antes: uma bela prenda com as melhores comidas e bebidas os mais finos tecidos, jóias luxuosas e raros perfumes, correntes de ouro puro, banhos preciosos.
Ọ̀ṣún recusou o oferecido, tudo foi devolvido à praia, intocado, ela queria Prenda Bela, a esposa de Oloú, que estava grávida, contrariado, mas sem ter outra saída, Oloú lançou ao rio sua indefesa e grávida consorte, ao ser lançada às águas revoltas, Prenda Bela deu à luz uma criança, Ọ̀ṣún devolveu a criança; era somente Prenda Bela que ela queria.
Oloú seguiu seu caminho, retornando muito triste a seu reino, o rei Ibadã logo foi informado do fim trágico da filha, declarou guerra a Oloú, venceu-o e o expulsou para sempre do país.

Ọ̀ṣún Apará tem inveja de Oyá

Vivia Ọ̀ṣún no palácio em Ijimu, passava os dias no seu quarto olhando seus espelhos, eram conchas polidas onde apreciava sua imagem bela.
Um dia saiu Ọ̀ṣún do quarto e deixou à porta aberta, sua irmã Oyá entrou no aposento, extasiou-se com aquele mundo de espelhos, viu-se neles.
As conchas fizeram espantosa revelação a Oyá, ela era linda! A mais bela! A mais bonita de todas as mulheres! Oyá descobriu sua beleza nos espelhos de Ọ̀ṣún, Oyá se encantou, mas também se assustou: era ela mais bonita que Ọ̀ṣún, a Bela.
Tão feliz ficou que contou do seu achado a todo mundo, e Ọ̀ṣún Apará remoeu amarga inveja, já não era a mais bonita das mulheres, vingou-se.
Um dia foi à casa de Egungum e lhe roubou o espelho, o espelho que só mostra a morte, a imagem horrível de tudo o que é feio, pôs o espelho do Espectro no quarto de Oyá e esperou, Oyá entrou no quarto, deu-se conta do objeto, Ọ̀ṣún trancou Oyá pelo lado de fora, Oyá olhou no espelho e se desesperou.
Tentou fugir, impossível, estava presa com sua terrível imagem, correu pelo quarto em desespero, atirou-se no chão, bateu a cabeça nas paredes, não logrou escapar nem do quarto nem da visão tenebrosa da feiúra. Oyá enlouqueceu, Oyá deixou este mundo.
Obàtálá, que a tudo assistia, repreendeu Apará e transformou Oyá em Òrìsà. Decidiu que a imagem de Oyá nunca seria esquecida por Ọ̀ṣún. Obàtálá condenou Apará a se vestir para sempre com as cores usadas por Oyá, levando nas jóias e nas armas de guerreira o mesmo metal empregado pela irmã.

Xapanã

A definição de Xapanã é dada por Pierre Verger no livro Òrìṣàs da Editora Corrupio: Xapanã nasceu em Empe, no território Tapa, também chamado, Nupe. Era um guerreiro terrível que, seguido de suas tropas, percorria o céu e os quatro cantos do mundo. Ele massacrava sem piedade aqueles que se opunham à sua passagem. Seus inimigos saíam dos combates mutilados ou morriam de peste."
Xapanã - É segundo alguns pesquisadores semelhante ou igual a Obaluaiyê ou Sakpatá; é o Òrìṣà da varíola, e de todas as doenças de pele, tanto pode provocá-las quanto curar as enfermidades, é cultuado na maioria dos terreiros do Brasil sendo muito respeitado e temido por todos seguidores das Religiões Afro-brasileiras.
Costuma-se dizer que o nome Xapanã é tabu, preferindo-se referir-se a ele como Obaluaiyê ou Omolu, ainda que no Batuque do Rio Grande do Sul este nome seja pronunciado de maneira genérica.
Na Bahia Xapanã seria simplesmente uma das "qualidades" ou manifestações de Obaluaiyê, estreitamente ligado ao fogo e à sexualidade.

Saudação: Abao!

Dia da Semana:
Quarta-feira

Número:
07, 09 e seus múltiplos

Cor:
Vermelho e preto, roxo com preto ou lilas com branco

Guia:
1x1, 7x7 ou 9x9 dependendo da qualidade do Òrìṣà varia a cor.

Oferenda:
Pipoca, feijão cozido ou torrado, amendoim e milho torrado, farinha feita de amendoim com carne seca.

Alguns Oriṣás que pesquisamos:

Xapanã jubeteí ou Jagun Agbagba =
ligação com Oyá (cor preto e vermelho 1 x 1)

Barun Soponna/Sapata/Sakpatá
=
o feiticeiro entre os xapanas é o mais novo (preto e vermelho 9 x 9)

Savalu/Sapekó (ligação com Nana)
=
muito raro, esta divindade praticamente não se vê nos templos (roxo)

Gama ou Arinwarun (wariwaru
) =
título de xapanan (lilás e branco 1 x1)

xapanã Jubeteió ou Arawe/Arapaná
=
ligação com Oyá mais velho(lilás com branco 1 x 1)

Azoani
=
ligação com Yemanjá e Oyá (preto com vermelho 1 x 1)

Ferramentas: Xaxará, vassoura, cachimbo, revolver (todas armas de fogo), favas, moedas e búzios.

Ave:
Galo Carijó preto e branco

Quatro pé:
Cabrito Branco


Sakpata - é a denominação fon do Vodum do panteão da terra. É o grande Ayi-vodun dos Ewe-fon, por isso intitulado Ayinon (o dono da terra). Considerado filho mais velho de Mawu ele é enfim, o Rei do Mundo, originariamente vodun senhor da varíola e, por extensão, de inúmeras enfermidades contagiosas que deformam o corpo. Todo o povo fon o teme enormemente e o cultua fervorosamente e possui uma grande quantidade de representações, cada uma sendo um aspecto de doenças e infecções.

A tradição aponta a origem do culto de Sakpatá na localidade de Kpeyin Vedji, um enclave Yorubá dentro do território mahi a noroeste de Abomei. Desta dupla procedência permanece a curiosidade de que Sakpatá é considerado uma divindade Yorubá ("nagô") pelos fon e gun ("jêje") pelos Yorubás.

Kohossú, cujo nome significa "Rei da Lama" é o pai de todos os Sakpatás;

Nyohwe
Ananú, dona da água parada que mata de repente é a mãe, e são ambos os filhos de Nà Buùku.

Da Zodji,
envia a disenteria e os vômitos, considerado o mais velho de todos. Ele não tem braços ou pernas e é carregado numa padiola, mas tem o poder da invisibilidade e, apesar do defeito físico, comanda todos os Sakpatás.

Da Langan
come a carne das pessoas ainda vivas.

Da Sinji
traz as inchações e tromboses.

Aglossuntó
é responsável pelas feridas e chagas que nunca cicatrizam.

Adohwan
castiga perfurando os intestinos.

Avimadjé
é o que leva as almas dos que morreram punidos por Sakpatá.

Bossu-Zohon
é o grande feiticeiro.

Alogbê
possui cinco braços e é ligado aos tohossú

Adan Tanyi
é filho de Da Zodji, e traz a lepra.

Suvinengué
um abutre com cabeça humana e é filho de Da Langan.

Existem várias outras denominações: Agbologbodji, Tonekpó, Gbazu, Ahossú Ganhwa, Kpadadadaligbo (que é fêmea) etc., cujos nomes, atribuições e lugar dentro da "família" variam de região para região.

Outra tradição conta que Sakpatá é uma divindade dupla, tanto macho como fêmea. O macho sendo Da Zodji e a fêmea sua irmã Nyohwe Ananu, gêmeos nascidos do primeiro parto da entidade andrógina Mawu-Lissá.

Sakpatá é cultuado em seus templos sob um aspecto duplo. Possui o aspecto Jeholú ("Rei das Jóias", que seriam as pústulas trazidas pela varíola) que é tratado internamente e não recebe sacrifícios de sangue diretamente, mas é lustrado com uma mistura de sangue e azeite de dendê e envolto por panos. O aspecto Zun-holú ("Rei da Floresta") fica do lado de fora, recebe os sacrifícios de sangue diretamente sobre ele e é coberto por rodilhas de ramos secos da palmeira de ráfia (Raffia vinifera) palha-da-costa, e é um montículo que pode ser mais alto do que um homem. Os sacerdotes e fiéis o tratam como um ente vivo, o reverenciam, abraça, etc. Zun-holú de tamanhos mais modestos podem ser vistos diante dos hunkpame de outros voduns, sobretudo nos de Heviossô.

A iniciação de Sakpatá entre os fon consiste em duas partes. Na primeira e mais longa, os neófitos permanecem no hunkpame vários meses submetendo-se a disciplina rígida de silêncios, jejuns, aprendizagem de cânticos e danças rituais e nesta eles são chamados de agamassi. No final desta fase, as famílias juntam dinheiro para realizar um grande ritual, no qual os neófitos morrem simbolicamente e ficam escondidos por três dias dos olhos de todos, e depois são trazidos para fora enrolados em mortalhas e são publicamente "ressuscitados" pelo Aklunon (ministro do culto). A partir daí eles recebem seus nomes de iniciação e passam a ser chamados de anagonu, por causa da acreditada origem nagô do vodun; ou "Azonsi", que em francês se escreve azonsu.

No antigo Reino do Daomé, o culto de Sakpatá era olhado com suspeita, às vezes banido (e o foi, definitivamente, de Abomei). Uma vodunsi de Sakpatá não pode ser dada como esposa para o rei, e havia sempre a suspeita maior de que seus sacerdotes espalhavam deliberadamente a doença para aumentar seu poder. Mas outra questão importante neste caso é o fato de que Sakpatá abertamente desafia o poder real portando os títulos de Ayinon e Jeholú, que são títulos que o rei também possui.

Itan de Xapanã
Assim chegou Xapanã em território Mahi, no Daomé. A terra dos Mahis abrangia as cidades de Savalu e Dassa Zumê no Benim.

Quando souberam da chegada iminente de Xapanã, os habitantes desta região, apavorados, consultaram um adivinho. E assim ele falou:- "Ah! O Grande Guerreiro chegou de Empê! Aquele que se tornará o senhor do país! Aquele que tornará esta terra rica e próspera chegou! Se o povo não o aceitar, ele o destruirá!

É necessário que supliquem a Xapanã que os poupe. Façam-lhe muitas oferendas; todas as que ele goste: inhame pilado, feijão, farinha de milho, azeite de dendê, picadinho de carne de bode e muita, muita pipoca!
Será necessário também que todos se prosternem diante dele, que o respeitem e o sirvam. Logo que o povo o reconheça como pai, Xapanã não o combaterá, mas protegerá a todos!"

Quando Xapanã chegou, conduziu seus ferozes guerreiros, os habitantes de Savalu e Dassa Zumê no Benim reverenciaram-no, encostando suas testas no chão, e saudaram-no:

"Totô hum! Totô hum! Atotô! Atotô!"

Respeito e Submissão!

Xapanã aceitou os presentes e as homenagens, dizendo: "Está bem! Eu os pouparei! Durante minhas viagens, desde Empê, minha terra natal, sempre encontrei desconfiança e hostilidade. Construam para mim um palácio. É aqui que viverei a partir de agora!"

Xapanã instalou-se assim entre os Mahis. O país prosperou e enriqueceu e o Grande Guerreiro não voltou mais a Empê, no território Tapá, também chamado Nupê.

Xapanã é considerado o deus da varíola e das doenças contagiosas. Ele tem também o poder de curar. As doenças contagiosas são, na realidade, punições aplicadas àqueles que o ofenderam ou conduziram-se mal. Seu verdadeiro nome é perigoso demais pronunciar. Por prudência, é preferível chamá-lo Obaluaiyê, o "Rei, Senhor da Terra" ou Omolu, o "Filho do Senhor".

Quando Xapanã instalou-se entre os Mahis recebeu, em uma nova terra, o nome de Sakpatá. Aí, também, era preferível chamá-lo Ainon, o "Senhor da Terra", ou, então, Jeholú, o "Senhor das pérolas".

O fato de ser chamado Jeholú e Ainon causou mal-entendidos entre Sakpatá e os reis do Daomé, pois eles também usavam estes títulos.

Enciumados, os Jeholú de Abomey expulsaram, várias vezes, Jeholú Ainon do Daomé e obrigaram-no a voltar momentaneamente, à terra dos Mahis.

Lenda
Nanã era considerada a deusa mais guerreira do Daomé. Um dia, ela foi conquistar o reino de Oṣalá e se apaixonou por ele. Mas este não queria se envolver com outro Òrìṣà que não fosse sua amada esposa Iemanjá. Por isso, explicou tudo a Nanã, mas ela não se fez de rogada. Sabendo que Oṣalá adora vinho de palma, embriagou-o. Ele ficou tão bêbado que se deixou seduzir por Nanã, que acabou ficando grávida. Mas, por ter transgredido uma lei da natureza, deu à luz um menino horrível; não suportando vê-lo, lançou-o no rio. A criatura foi mordida por caranguejos, ficando toda deformada; por sua terrível aparência, passou a viver longe dos outros Òrìṣàs. De tempos em tempos os Òrìṣàs se reuniam para uma festa. Todos dançavam menos Xapanã, que ficava espreitando da porta, com vergonha de sua feiúra. Ogum percebeu o que acontecia e, com pena, resolveu ajudá-lo, trançando uma roupa de mariwo – uma espécie de fibra de palmeira – que lhe cobriu todo o corpo. Com esse traje ele voltou á festa e despertou a curiosidade de todos, que queriam saber quem era o Òrìṣà misterioso. Oyá, a mais curiosa de todos, aproximou-se; nesse momento, formou-se um turbilhão e o vento levantou a palha, revelando um rapaz muito bonito. Desde então os dois Òrìṣàs vivem juntos e reinam sobre os mortos. Abao! Papai.

Este Òrìṣà conhecido por sua fúria e vingança contra malfeitores e pessoas que tratam as coisas sem o devido respeito e honestidade, é muito respeitado em todas as Nações da África ao Brasil. Pertence a Xapanã todas as doenças materiais e espirituais, principalmente as doenças de pele, como varíola e a lepra, com estas normalmente castiga quem merece. Uma de suas missões no mundo material e espiritual é varrer as coisas que não tem mais utilidade, por este e outros motivos, é um dos Òrìṣàs que responde junto com Ṣàngó e Oyá pelos processos de desencarnação, pelos cemitérios, pela destruição e em defesa dos espíritos maléficos.

Xapanã
ganha o segredo da peste na partilha dos poderes
Olodumarè, um dia decidiu distribuir seus bens.
Disse aos seus filhos que se reunissem e que eles mesmos repartissem entre si as riquezas do mundo. Ògún, Èṣù, Òrìsà Ocô, Ṣàngó, Xapanã e os outros Òrìsà deveriam dividir os poderes e mistérios sobre as coisas na Terra.
Num dia em que Xapanã estava ausente, os demais se reuniram e fizeram a partilha, dividindo todos os poderes entre eles, não deixando nada de valor pra Xapanâ. Um ficou com o trovão, o outro recebeu as matas, outro quis os metais, outro ganhou o mar. Escolheram o ouro, o raio, o arco-íris; levaram a chuva, os campos cultivados, os rios.
Tudo foi distribuído entre eles, cada coisa com seus segredos, cada riqueza com o seu mistério. A única coisa que sobrou sem dono, desprezada, foi à peste. Ao voltar, nada encontrou Xapanã para si, a não ser a peste, que ninguém quisera.
Xapanã guardou a peste para si, mas não se conformou com o golpe dos irmãos. Foi procurar Òrùnmílá, que lhe ensinou a fazer sacrifícios, para que seu enjeitado poder fosse maior que o do outros. Xapanã fez sacrifícios e aguardou.
Um dia, uma doença muito contagiosa começou a espalhar-se pelo mundo. Era a varíola. O povo, desesperado, fazia sacrifícios para todos os Òrìsà, mas nenhum deles podia ajudar. A varíola não poupava ninguém, era uma mortandade. Cidades, vilas e povoados ficavam vazios, já não havia espaço nos cemitérios para tantos mortos. O povo foi consultar Òrùnmílá para saber o que fazer. Ele explicou que a epidemia acontecia porque Xapanã estava revoltado, por ter sido passado para trás pelos irmãos. Òrùnmílá mandou fazer oferendas para Xapanã. Só Xapanã poderia ajudá-los a conter a varíola, pois só ele tinha o poder sobre as pestes, só ele sabia os segredos das doenças.
Tinha sido essa sua única herança. Todos pediram proteção a Xapanã e sacrifícios foram realizados em sua homenagem. A epidemia foi vencida.
Xapanã então era respeitado por todos. Seu poder era infinito, o maior de todos os poderes.

Obaluayê conquista Daomé
Um dia Obaluayê saiu com seus guerreiros, ia em direção à terra dos mahis, no Daomé. Obaluayê era conhecido como um guerreiro sanguinário, atingindo a todos com as pestes, quando estes se opunham a seus desejos.
Os habitantes do lugar, quando souberam de sua chegada, foi em busca de ajuda de um adivinho, ele recomendou que fizessem oferendas, com muita pipoca, inhame pilado, dendê e todas as comidas de que o guerreiro gostasse, pipocas acalmam Obaluayê, disse que seria aconselhável que todos se prostrassem diante dele, assim o fizeram.
"Totô hum! Totô hum! Atotô! Atotô!"
"Respeito! Silêncio!"

Obaluayê, satisfeito com a sujeição daquele povo, os poupou declamou que a partir daquele dia viveria naquele reino, assim o fez e em pouco tempo o país tornou-se próspero e rico.
Obaluayê recebeu nas terras mahis o nome de Sapaktá, mesmo assim era preferível chamá-lo de Ainon, senhor das Terras, ou Jeholu, senhor das pérolas.
Esses diferentes nomes foram adotados por famílias importantes, mas infelizmente provocaram desentendimentos entre elas e os reis do Daomé. Muitas vezes as famílias de Sapatá foram expulsas do reino e, em represália, muitos reis daomeanos morreram de varíola.
Tanta discórdia provocou seu nome, que hoje ninguém sabe mais qual o melhor nome para se chamar Obaluayê

Omulu ganha pérolas de Yemonjá

Omulu foi salvo por Yemonjá quando sua mãe, Nanã Burucu, ao vê-lo doente, coberto de chagas, purulento, abandonou-o numa gruta perto da praia.
Yemonjá recolheu Omulu e o lavou com a água do mar, o sal da água secou sua feridas, Omulu tornou-se um homem vigoroso, mas ainda carregava as cicatrizes, as marcas feias da varíola.
Yemonjá confeccionou para ele uma roupa toda de ráfia, e com ela ele escondia as marcas de suas doenças, ele era um homem poderoso, andava pelas aldeias e por onde passava deixava um rastro ora de cura, ora de saúde, ora de doença, Mas continuava sendo um homem pobre.
Yemonjá não se conformava com a pobreza do filho adotivo, Ela pensou:
"Se eu dei a ele a cura, a saúde, não posso deixar que seja sempre um homem pobre". Ficou imaginando quais riquezas, poderia da a ele.
Yemonjá era a dona da pesca, tinha os peixes, os polvos, os caramujos, as conchas, os corais, tudo aquilo que dava vida ao oceano pertencia a sua mãe, Olokun, e ela dera tudo a Yemonjá.
Yemonjá resolveu então ver suas jóias tinham algumas, mas enfeitava-se mesmo era com algas, ela enfeitava-se com água do mar, vestia-se de espuma, ela adorava-se com o reflexo de Oṣu, a Lua.
Mas Yemonjá tinha uma grande riqueza e essa riqueza eram as pérolas, que as ostras fabricavam para ela. Yemonjá, muito contente com sua lembrança, chamou Omulu e lhe disse:
"De hoje em diante, és tu quem cuida das pérolas do mar. Será assim chamado de Jeholu, o Senhor das Pérolas".
Por isso as pérolas pertencem a Omulu, por baixo de sua roupa de ráfia, enfeitando seu corpo marcado de chagas, Omulu ostenta colares e mais colares de pérola, belíssimo colares.

Osanyin

Revisado e aumentado em 18/setembro


Òsanyìn é a divindade que guarda os segredos das folhas sagradas, ervas medicinais e litúrgicas. Sua importância é primordial. O seu sacerdote é o Babá Olosayìn.

Comanda as folhas medicinais e litúrgicas, muitas vezes é representado com uma única perna. Cada Òrìṣà tem a sua folha, mas só Ossaim detém seus segredos. E sem as folhas e seus segredos não há àse, portanto sem ele nenhuma cerimônia é possível.

Saudação: Eu! Eu!

Dia da Semana: Segunda - feira

Número:
07 e seus múltiplos

Cor:
Verde Claro, ou em alguns casos o branco e amarelo

Guia:
01 conta verde e 01 conta branca ou 01 amarelo e 01verde

Oferenda:
carne de porco, farinha, folhas de deste Òrìṣà, ou pipoca e 02 iapeté (batata inglesa esmagada com azeite-de-dendê, a qual se dá forma de cabaça) um com casca e outro sem.

Alguns Oriṣás que pesquisamos:

Delé = mais novo –  (sua cor branco e verde 1 x 1)

Aroni
= mais velho – Eventual companheiro de Ossaim. Figura anã que como Saci Pererê traz sempre um cachimbo e anda de uma perna só. Compartilha com Ossaim o Axé das folhas. Ele é o responsável por causar o terror em pessoas que entram na floresta sem a devida permissão. Além de anão, possui um olho pequeno e o outro grande (vê com o menor) e tem uma orelha pequena e a outra grande (ouve com a menor). Muitas vezes Aroni é confundido com o próprio Ossaim, que, segundo dizem, também possui uma única perna. (sua cor verde)

Serebuá
= Quem guarda os segredos mágicos das folhas, ele quem recebeu o encanto

Modum
= Velho feiticeiro, quem conhece e fala com as arvores e os antigos moradores encantados das matas mágicas.

Ferramentas: coqueiro, muleta, bisturi, cágado, moedas e búzios, sua ferramenta tem uma haste central com um pássaro na ponta, do meio dessa haste saem sete pontas.

Ave:
Galo arrepiado ou de pescoço pelado ou galo branco

Quatro pé:
Cabrito malhado claro


Ìtàn Òrìṣà (Lendas dos Orixás)

Òsanyìn dá uma folha para cara Òrìà
Òsanyìn, filho de Nanã e irmão de Oumarê, Ewá e Obaluayê, era o senhor da folhas, da ciência e das ervas, o Òrìsà que conhece o segredo da cura e o mistério da vida. Todos os Òrìàs recorriam a Òsanyìn para curar qualquer moléstia, qualquer mal do corpo. Todos dependiam de Òsanyìn na luta contra a doença. Todos iam à casa de Òsanyìn oferecer seus sacrifícios. Em troca Òsanyìn lhes dava preparados mágicos: banhos, chás, infusões, pomadas, abo, beberagens. Curava as dores, as feridas, os sangramentos; as desinteiras, os inchaços e fraturas; curava as pestes, febres, órgãos corrompidos; limpava a pele purulenta e o sangue pisado; livrava o corpo de todos os males.

Um dia Ṣàngó, que era o deus da justiça, julgou que todo os Òrìà deveriam compartilhar o poder de Òsanyìn, conhecendo o segredo das ervas e o dom da cura. Ṣàngó sentenciou que Òsanyìn dividisse suas folhas com os outros Òrìà. Mas Òsanyìn negou-se dividir suas folhas com os outros Òrìàs. Ṣàngó então ordenou que Oyá soltasse o vento e trouxesse ao seu palácio todas as folhas das matas de Òsanyìn par que fossem distribuídas ao Òrìsà. Oyá fez o que Ṣàngó determinara. Gerou um furacão que derrubou as folhas das plantas e as arrastou pelo ar em direção ao palácio de Ṣàngó. Òsanyìn percebeu o que estava acontecendo e gritou: ”Euê uassá!” “As folhas funcionam!”

Òsanyìn ordenou que as folhas voltassem às suas matas e as folhas obedeceram às ordens de Òsanyìn. Quase todas as folhas retornaram para Òsanyìn. As que já estavam em poder de Ṣàngó perderam o Àṣe, perderam o poder de cura.

O Òrìṣa-rei, que era um Òrìsà justo, admitiu a vitória de Òsanyìn. Entendeu que o poder das folhas devia ser exclusivo de Òsanyìn e que assim devia permanecer através dos séculos. Òsanyìn, contudo, deu uma folha a cada Òrìṣà, deu uma ewè pra cada um deles. Cada folha com seus Àṣe e seus ofós, que são as cantigas de encantamento, sem as quais a folhas não funcionam. Òsanyìn distribuiu as folhas aos Òrìṣa para que eles não mais o invejassem. Eles também podiam realizar proezas com as ervas, mas os segredos mais profundos ele guardou para si.

Òsanyìn não conta seus segredos para ninguém, Òsanyìn nem mesmo fala. Fala por ele seu criado Aroni. Os Òrìṣà ficaram gratos a Òsanyìn e sempre o reverenciam quando usam as folhas.
(Mitologia dos Orixás p. 154)

Òsanyìn é mutilado por Òrùnmílá
Òsanyìn vivia numa guerra não declarada contra Òrùnmílá, procurando sempre enganá-lo, preparando armadilhas, para transtorno do velho.

Um dia Òrùnmílá foi consultar Ṣàngó para descobrir quem seria aquele inimigo oculto que o atormentava, Ṣàngó aconselhou-o a fazer oferendas, devia oferecer doze mechas de algodão em chamas e doze pedras de raio, edum ará, se isso fosse feito, seria desvendado o segredo.

Ao iniciar o ritual, Òrùnmílá invocou o poder do fogo, no mesmo momento, Òsanyìn andava pela mata procurando novamente algo para enfeitiçar Òrùnmílá, Òsanyìn foi surpreendido por um raio, que lhe mutilou o braço e a perna e o cegou de um olho.

Òrùnmílá seguiu para o local onde se via o fogo e ouviu gemidos do aleijado, ao tentar ajudar a vítima, encontrou Òsanyìn, descobrindo por fim quem era seu misterioso inimigo.
(Mitologia dos Orixás p. 160)

Òsanyìn recusa-se a cortar as ervas miraculosas.
Òsanyìn era o nome de um escravo que foi vendido a Òrùnmílá. Um dia ele foi à floresta a lá conheceu Aroni, que sabia tudo sobre as plantas. Aroni, o gnomo de uma perna só, ficou amigo de Òsanyìn e ensinou-lhe todo o segredo das ervas. Um dia, Òrùnmílá, desejoso de fazer uma grande plantação, ordenou a Òsanyìn que roçasse o mato de suas terras. Diante de uma planta que curava dores, Òsanyìn exclamava: "Esta não pode ser cortada, é as erva as dores". Diante de uma planta que curava hemorragias, dizia: "Esta estanca o sangue, não deve ser cortada". Em frente de uma planta que curava a febre, dizia: "Esta também não, porque refresca o corpo". E assim por diante.

Òrùnmílá, que era um babaláwo muito procurado por doentes, interessou-se então pelo poder curativo das plantas e ordenou que Òsanyìn ficasse junto dele nos momentos de consulta, que o ajudasse a curar os enfermos com o uso das ervas miraculosas. E assim Òsanyìn ajudava Òrùnmílá a receitar a acabou sendo conhecido como o grande médico que é.
(Mitologia dos Orixás p. 152)

Bibliografia consultada 
PRANDI, Reginaldo, Mitologia dos Orixás, Companhia das Letras, 2008
VERARDI, Jorge, Axés do Rio Grande do Sul, Editora Palloti Ltda. 1990

Obá

Obá era uma mulher corajosa e guerreira, não tinha medo de nada.

Não era bonita nem fazia questão de ser formosa; seu único prazer era lutar e guerrear. Vencia todos os inimigos; nem mesmo o mais arteiro dos deuses, Èṣù, conseguia dobrá-la.

Todas as máquinas, carros e navios estão relacionados com Obá, pois a Ela pertencem a roda e o leme.

Saudação: Eṣó

Dia da Semana: Quarta-feira

Número:
07 e seus múltiplos

Cor:
Rosa

Guia:
toda rosa

Oferenda:
Feijão miúdo com canjica amarela e feijão miudo refogado com tempero verde

Alguns Oriṣás que pesquisamos:

Obá Gideo

Obá Rewá



Ferramentas:
navalha, timão, roda, moedas e búzios
Ave: Galinha cinza
Quatro pé: Cabrita mocha

Obá é possuída por Ògún

Obá escolheu a guerra como prazer nesta vida, enfrentava qualquer situação e assim procedeu com quase todos os Òrìsà. Um dia, Obá desfiou para a luta Ògún, o valente guerreiro, o ardiloso Ògún, sabendo dos feitos de Obá, consultou os babaláwo, eles aconselharam Ògún a fazer oferendas de espigas de milho e quiabos, tudo pilado, formando uma massa viscosa e escorregadia.
Ògún preparou tudo como foi recomendado e depositou o Ẹbọ num canto do lugar onde lutariam. Chegada a hora, Obá, em tom desafiador, começou a dominar a luta, Ògún levou-a ao local onde estava a oferenda, Obá pisou no Ẹbọ, escorregou e caiu, Ògún aproveitou-se da queda de Obá, num lance rápido tirou-lhe os panos e a possuiu ali mesmo, tornando-se, assim, seu primeiro homem.
Mais tarde Ṣàngó roubou Obá de Ògún.

Ọ̀ṣún engana Obá
Obá era uma das mulheres de Ṣàngó, mas ela não era nem aventureira como Oyá, nem dengosa como Ọ̀ṣún; por isso, se sentia desprezada pelo marido. Percebendo que Ṣàngó gostava da comida feita por Ọ̀ṣún, pediu-lhe que a ensinasse a cozinhar. Para enganá-la, Ọ̀ṣún cobriu a cabeça com um pano, fez uma sopa de cogumelos e disse que era o prato preferido de Ṣàngó, uma sopa com suas orelhas. Obá fez uma sopa em que colocou uma de suas orelhas. Quando Ṣàngó chegou, ela o serviu toda contente, mas quando ele viu a orelha, ficou enojado e brigou com ela. Nisso, Ọ̀ṣún tirou o pano da cabeça, mostrando as orelhas perfeitas, e começou a rir. Furiosa, Obá se atirou sobre ela e as duas brigaram até que Ṣàngó explodiu de raiva, fazendo as duas fugirem e se transformarem em rios. É por isso que, ao dançar, Obá cobre uma orelha com o escudo.

sexta-feira, 25 de julho de 2008

domingo, 29 de junho de 2008

Odé e Otin


Odé

Pierre Verger, em seu livro Òrìṣà, diz que o culto de Ọ̀ṣọ́si foi praticamente extinto na região de Ketu, na Iorubalândia, uma vez que a maioria de seus sacerdotes foram escravizados, tendo sido enviados à força para o Novo Mundo ou mortos.

Aqueles que permaneceram em Ketu deixaram de cultuá-lo por não se lembrarem mais como realizar os ritos apropriados ou por passarem a cultuar outras divindades.

Durante a diáspora negra, muitos escravos que cultuavam Ọ̀ṣọ́si não sobreviveram aos rigores do tráfico negreiro e do cativeiro, mas, ainda assim, o culto foi preservado no Brasil e em Cuba pelos sacerdotes sobreviventes e Ọ̀ṣọ́si se transformou, no Brasil, num dos Òrìṣà mais populares, tanto no candomblé, onde se tornou o rei da nação Ketu, quanto na umbanda, onde é patrono da linha dos caboclos, uma das mais ativas da religião.

Seu habitat é a floresta, sendo simbolizado pela cor verde, na umbanda e recebendo a cor azul clara no candomblé de ketu, verde escuro para alguns angolanos e azul escuro com branco para o povo nagô. Sendo assim, roupas, guias e contas costumam ser confeccionadas nessas cores, incluindo, entre as guias e contas, no caso de Ọ̀ṣọ́si e, também, seus caboclos, elementos que recordem a floresta, tais como penas e sementes (Umbanda).

Seus instrumentos de culto são o ofá (arco e flecha), lanças, facas e demais objetos de caça. É um caçador tão habilidoso que costuma ser homenageado com o epíteto "o caçador de uma flecha só", pois atinge o seu alvo no primeiro e único disparo tamanha a precisão. Conta à lenda que um pássaro maligno ameaçava a aldeia e Ọ̀ṣọ́si era caçador, como outros. Ele só tinha uma flecha para matar o pássaro e não podia errar. Todos os outros já haviam errado o alvo. Ele não errou, e salvou a aldeia. Daí o epíteto "o caçador de uma flecha só".

Odé e Otim
No Nagô, estes dois Orixás são cultuados juntos. São os protetores das matas e dos animais silvestres e selvagens. Os filhos de Otim são quase inexistentes, pois na Mitologia, Otim não teve filhos na terra, dando assim as cabeças dos filhos para Odé. Com o passar dos tempos já se nota a existência de filhos de Otim, caso raro e absurdo para muitos Pais-de-Santo. Não se sacrifica para um sem dar para o outro, os animais são os mesmos, mudando apenas o sexo.
Otim, usa capanga e lança. Sempre representada com o jarro de água na cabeça, pois alem de ser guerreira também cuida das plantações.

Saudação: Okebambo

Dia da Semana: Sexta-feira, pois é o dia da Iemanjá, que é mãe de Odé

Número:
07 e seus múltiplos

Cor:
Azul marinho e branco para Odé e Azul marinho e rosa para Otim

Guia:
01 conta azul, 01 conta branca, 01 conta azul para Odé
01 conta rosa, 01 conta azul, 01 conta rosa para Otim

Oferenda:
Odé - Costela de Porco e feijão miúdo, Otim - Chuleta de Porco e feijão miúdo

Sete folhas mais usadas para
Òṣòssi: Ewê odé, Akoko, Odé akoxu, Etítáré, Iteté, Igbá ajá, Bujê

Alguns Oriṣás que pesquisamos:
Odé wawa = Vem da origem dos Òriṣás caçadores. (azulão com branco)

Odé Walè
= É velho e usa contas azuis escuro. É considerado como rei na África, pois, seu culto é ligado, diretamente, a pantera. É muito severo, austero, solteirão e não gosta das mulheres, pois, as acha chatas, falam demais, são vaidosas e fracas. (azulão com branco)

Odé Oseewe ou Ygbo
= É o senhor da floresta, ligado as folhas e a òṣónyín, com quem vive nas matas. (azulão com branco)

Odé Inlé
= o filho querido de oṣala e yemanjá, o caçador de elefantes. (azulão com branco)

Ode tókúeran
= O caçador é quem mata a caça, diz-se da atuação do caçador. (azulão com branco)

Alguns Oriṣás Otim cultuados entre os templo do segmento Nàgó’Kọbi:

Otim Malé = esposa de Odé (lilás com azul claro)

Otim Bolá
= outra esposa de Odé (lilás com azul claro)


Ferramentas: Arco e flecha, funda, bodoque, moedas e búzios

Ave:
aves malhadas varias cores

Quatro pé
: Casal de porco

Ode o m'óta! (Odé voce rende os inimigos)
Otìn bò rò Ode (Otin vem ajduar odé)

Lenda de Odé;
A cada ano, após a colheita, o rei de Ijexá saudava a abundância de alimentos com uma festa, oferecendo à população inhame, milho e coco.
O rei comemorava com sua família e seus súditos; só as feiticeiras não eram convidadas. Furiosas com a desconsideração enviaram à festa um pássaro gigante que pousou no teto do palácio, encobrindo-o e impedindo que a cerimônia fosse realizada. O rei mandou chamar os melhores caçadores da cidade. O primeiro tinha vinte flechas. Ele lançou todas elas, mas nenhuma acertou o grande pássaro. Então o rei aborreceu-se, mas mandou-o embora. Um segundo caçador se apresentou este com quarenta flechas; o fato repetiu-se novamente e o rei mandou prende-lo. Bem próximo dali vivia Òṣòssi, um jovem que costumava caçar à noite, antes do sol nascer; ele usava apenas uma flecha vermelha.
O rei mandou chamá-lo para dar fim ao pássaro. Sabendo da punição imposta aos outros caçadores, a mão de Ọ̀ṣọ́si, temendo pela vida do filho, consultou um babalaô e os obis mostraram que, se fosse feita uma oferenda para as feiticeiras, ele teria sucesso. A oferenda consistia em sacrificar uma galinha. Nesse exato momento, Ọ̀ṣọ́si deveria atirar sua única flecha. E assim o fez, acertando o pássaro bem no peito. O rei, agradecido pelo feito, deu ao caçador metade de sua riqueza e a cidade de Keto, “terra dos panos vermelhos”, onde Ọ̀ṣọ́si governou até a sua morte, tornando-se depois um Òrìṣà.

Ọ̀ṣọ́si
mata o pássaro das feiticeiras

Todos os anos, para comemorar a colheita dos inhames, o rei de Ifé oferecia aos súditos uma grande festa. Naquele ano, a cerimônia transcorria normalmente, quando um pássaro de grandes asas pousou no telhado do palácio. O pássaro era monstruoso e aterrador. O povo, assustado, perguntava sobre sua origem.
A ave fora enviada pelas feiticeiras, a Ìyàmì-Òṣòróngà, nossas mães feiticeiras ofendidas por não terem sido convidadas. O pássaro ameaçava o desenrolar das comemorações, o povo corria atemorizado. E o rei chamou os melhores caçadores do reino para abater a ave grande.
De Ido, veio Òṣòtógum com suas vinte flechas.
De More, veio Oṣotogi com suas quarenta flechas.
De Ilarê, veio O Òṣòtógum otadotá com suas cinqüenta flechas.
Prometeram ao rei acabar com o perverso bicho, ou perderiam suas próprias vidas. Nada conseguiram, entretanto, as três odes. Gastaram suas flechas e fracassaram. Foram presos por ordem do rei.
Finalmente, de Irem, veio Oṣotocanṣoṣò, o caçador de uma só flecha. Se fracassasse, seria executado junto com os que o antecederam. Temendo a vida do filho, a mãe do caçador foi ao babaláwo e ele recomendou à mãe desesperada fazer um Ẹbọ que agradasse as feiticeiras. A mãe de Oṣotocanṣoṣò sacrificou então uma galinha. Nesse momento, Oṣotocanṣoṣò tomou o seu ofá, seu arco, apontou atentamente e disparou sua única flecha. E matou a terrível ave perniciosa. O sacrifício havia sido aceito. As Ìyàmì-Òṣòróngà estavam apaziguadas. O caçador recebeu honrarias e metade das riquezas do reino. Os caçadores presos foram libertados e todos festejaram.
Todos cantaram em louvor a Oṣotocanṣoṣò. O caçador ficou muito popular. Cantavam em sua honra, chamando-o de Òṣòssi, que na língua do lugar que dizer “O guardião é Popular”. Desde então Ọ̀ṣọ́si é o seu nome.

Odé desrespeita proibição ritual e morre
Naquele dia a caça era proibida, ninguém podia trabalhar, era dia de ir à casa de Ifá levar as oferendas, mas Odé queria caçar, como fazia todo dia.
Odé não se importou com o interdito, Odé não foi consultar o adivinho, Odé tranqüilamente foi caçar, seguiu o caminho da floresta.
Ọ̀ṣún, sua esposa, cansada de ver o marido quebrar os sagrados tabus, abandonou a casa e o esposo. Caminhando pela mata, Odé escutou um canto que dizia: "Eu não sou passarinho para ser morta por ti..." Era o canto de uma serpente, era Ọ̀ṣumare.
Odé não se importou com o canto e atravessou a cobra com a lança, partindo-a em vários pedaços, tomou o caminho de sua casa e, no percurso, continuou escutando o mesmo canto: "Eu não sou passarinho para ser morta por ti..."
Ao chegar a casa, Odé foi para a cozinha, preparou uma iguaria com o fruto de sua caça e comeu a saborosa comida imediatamente. Pela manhã Ọ̀ṣún retornou a casa para ver como estava o caçador, para seu espanto, encontrou morto o seu Odé.
Odé estava morto, o corpo caído no chão, ao lado de Odé, Ọ̀ṣún viu um rastro de serpente, desesperada, Ọ̀ṣún foi procurar Orumiláia, e ofereceu muitos sacrifícios.
Orumiláia ouviu o pleito da dolorosa Ọ̀ṣún, deixou Odé viver de novo, deu a Odé o cargo de protetor dos caçadores, e Odé foi transformado em Òrìṣà.

Ọ̀ṣọ́si ganha de Orumiláia a cidade de Keto

Um certo dia, Orumiláia precisava de um pássaro raro para fazer um feitiço de Ọ̀ṣún. Ògún e Òṣòssi saíram em busca da ave pela mata adentro nada encontrando por dias seguidos.
Uma manhã, porém, restando-lhes apenas um dia para o feitiço,Ọ̀ṣọ́si deparou com a ave e percebeu que só lhe restava uma única flecha. Mirou com precisão e a atingiu.
Quando voltou para a aldeia, Orumiláia estava encantado e agradecido com o feito do filho, sua determinação e coragem. Ofereceu-lhe a cidade de Keto para governar até sua morte, fazendo dele o Òrìṣà da caça e das flechas.

Erinlé é acusado de roubar cabras e ovelhas

Em Ijebu viveu um caçador chamado Erinlé, ele era generoso e imbatível na caça, por isso era admirado pela maioria da população, mas havia alguns moradores que invejavam Erinlé e que conspirava para arruinar o caçador, famoso pela caça de elefantes e de outros animais.
Decidiram roubar cabras e ovelhas do rei e culpar Erinlé, o rei intimou quem soubesse algo sobre o roubo a dizê-lo, os conspiradores foram até o rei fazer a acusação, disseram que Erinlé roubava cabras e ovelhas, escondia as peles em casa e dizia que as carnes eram de animais selvagens.
O rei quis ouvir a defesa de Erinlé, houve testemunhos a favor dele, diante do impasse, o rei ponderou que Erinlé parecia ser de fato um grande caçador, mas teria que provar sua inocência. Erinlé disse: "Minha caça falará por mim". "Minha caça será minha testemunha".
Erinlé foi até sua casa e trouxe coisas para o rei, Erinlé trouxe as peles dos animais selvagens que havia caçado presas de elefantes e de javalis, peles de gamos, veados e antílopes.
Então o rei reconheceu a inocência de Erinlé e ordenou que ninguém mais tocasse no assunto, Erinlé foi para casa, inocentado, porém triste. Erinlé nunca se conformou com a acusação que sofrera, Erinlé pensava e não entendia a razão de tentarem desgraçá-lo, não quis mais caçar nem comer com os seus.
Em momentos de desespero fustigava o próprio corpo com a sua chibata de cavaleiro, seu Bilala. Imaginava que seria acusado novamente caso acontecesse outro roubo de animais.
Erinlé perdera completamente a vontade de caçar, então entrou na água de um rio próximo e partiu de Ijebu, onde nunca mais foi visto, E se tornou o Òrìṣà do rio.
Erinlé agora é o rio, o rio Erinlé é Erinlé, o Òrìṣà caçador que já não caça.

Erinlé
é chamado Ibualama

Havia um caçador chamado Erinlé, o grande caçador de elefantes. Um dia uma mulher passava perto de um rio e ali perto, junto ao bosque, avistou o caçador. Ele pediu a ela que lhe desse água para beber, a mulher entrou no rio até a altura dos joelhos e, quando se inclinou para apanhar água, ouviu de Erinlé a ordem de que entrasse mais fundo. Mais fundo no rio entrou a mulher, mas percebendo que o rio ia afogá-la, saiu imediatamente da água, com medo de ser morta.
Ela ouviu então a voz do caçador, que era o próprio rio, reclamando que ela não trazia oferenda alguma, ela queria recolher sua água, mas nada lhe dava em troca.
Ninguém pode entrar no rio profundo sem trazer presentes, tempos depois, quando Erinlé foi cultuado como Òrìṣà, seus seguidores o chamaram de Ibualama, que quer dizer "Água Profunda".

Ọ̀ṣọ́si aprende com Ògún a arte da caça.
Ọ̀ṣọ́si é irmão de Ògún. Ògún tem pelo irmão um afeto especial. Num dia em que voltava da batalha, Ògún encontrou o irmão temeroso e sem reação, cercado de inimigos que já tinham destruído quase toda a aldeia e que estavam prestes a atingir sua família e tomar suas terras. Ògún vinha cansado de outra guerra, mas ficou irado e sedento de vingança. Procurou dentro de si mais forças para continuar lutando e partiu na direção dos inimigos. Com sua espada de ferro pelejou até o amanhecer.
Quando por fim venceu os invasores, sentou-se com o irmão e o tranqüilizou com sua proteção. Sempre que houvesse necessidade ele iria até seu encontro para auxiliá-lo. Ògún então ensinou Ọ̀ṣọ́si a caçar, a abrir caminhos pela floresta e matas cerradas. Ọ̀ṣọ́si aprendeu com o irmão a nobre arte da caça, sem a qual a vida é muito mais difícil. Igun ensinou Ọ̀ṣọ́si a defender-se por si próprio e ensinou Ọ̀ṣọ́si a cuidar da sua gente. Agora Ògún podia voltar tranquilo para a guerra. Ògún fez de Ọ̀ṣọ́si o provedor.

Ọ̀ṣọ́si é o irmão de Ògún.
Ògún é o grande guerreiro.
Ọ̀ṣọ́si é o grande caçador.

Ọ̀ṣọ́si mata a mãe com uma flechada.
Olodumarè chamou Orumiláia e o incumbiu de trazer-lhe uma codorna. Orumiláia explicou-lhe as dificuldades de se caçar codorna e rogou-lhe que lhe desse outra missão. Contrariado, Olodumarè foi reticente na resposta e Orumiláia partiu mundo afora a fim de saciar a vontade do seu Senhor. Orumiláia embrenhou-se em todos os cantos da Terra. Passou por muitas dificuldades, andou por povos distantes. Muitas vezes foi motivo de deboche e negativas acerca do que pretendia conseguir. Já desistindo do intento e resignado a receber de Olodumarè o castigo que por certo merecia, Orumiláia se pôs no caminho de volta. Estava cansado e decepcionado consigo mesmo.
Entrou por um atalho e ouviu o som de cânticos. A cada passo, Orumiláia sentia suas forças se renovando. Sentia que algo de novo ocorreria. Chegou a um povoado onde os tambores tocavam louvores a Ṣàngó, Yemonjá, Ọ̀ṣún e Obàtálá. No meio da roda, bailava uma linda rainha. Era Ọ̀ṣún, que acompanhava com sua dança toda aquela celebração. Bailando a seu lado estava um jovem corpulento e viril. Era Ọ̀ṣọ́si, o grande caçador.
Orumiláia apresentou-se e disse da sua vontade de falar com aquele caçador. Todos se curvaram perante sua autoridade e trataram de trazer Ọ̀ṣọ́si à sua presença. O velho adivinho dirigiu-se a Ọ̀ṣọ́si e disse que Olodumarè o havia encarregado de conseguir uma codorna. Seria esta, agora, a missão de Ọ̀ṣọ́si. Ọ̀ṣọ́si ficou lisonjeado com a honrosa tarefa e prometeu trazer a caça na manhã seguinte. Assim ficou combinado.
Na manhã seguinte, Orumiláia se dirigiu à casa de Ọ̀ṣọ́si. Para sua surpresa, o caçador apareceu na porta irado e assustado, dizendo que lhe haviam roubado a caça. Ọ̀ṣọ́si, desorientado, perguntou à sua mãe sobre a codorna, e ela respondeu com ares de desprezo, dizendo que não estava interessada naquilo. Orumiláia exigiu que Ọ̀ṣọ́si lhe trouxesse outra codorna, senão não receberia o Àṣe de Olodumarè. Ọ̀ṣọ́si caçou outra codorna, guardando-a no embornal. Procurou Orumiláia e ambos dirigiram-se ao palácio de Olodumarè no Ọ̀run. Entregaram a codorna ao Senhor do Mundo. De soslaio Olodumarè olhou para Ọ̀ṣọ́si e, estendendo seu braço direito, fez dele o rei dos caçadores. Agradecido a Olodumare a agarrado a seu arco, Ọ̀ṣọ́si disparou uma flecha ao azar e disse que aquela deveria ser cravada no oração de quem havia roubado a primeira codorna. Ọ̀ṣọ́si desceu à Terra. Ao chegar a casa encontrou a mãe morta com uma flecha cravada no peito. Desesperado, pôs-se a gritar e por um bom tempo ficou de joelhos inconformado com seu ato. Negou dali em diante, o título que recebera de Olodumarè.


Ọ̀ṣọ́si desobedece a Obàtálá e não consegue mais caçar.
Havia uma grande fome e faltava comida na Terra. Então Obàtálá enviou Ọ̀ṣọ́si para que ele aí caçasse e provesse o sustento de todos os que estavam sem comida. Ọ̀ṣọ́si caçou tanto, mas tanto, que ficou obsessivo: ele queria matar e destruir tudo o que encontrasse. Obàtálá pediu-lhe que parasse de caçar, mas Ọ̀ṣọ́si desobedeceu. Ọ̀ṣọ́si continuou caçando. Um dia encontrou uma ave branca, um pombo. Sem se importar que os animais brancos sejam de Obàtálá, Ọ̀ṣọ́si matou o pombo. Obàtálá voltou a pedir que ele não caçasse mais, porém Ọ̀ṣọ́si continuou caçando. Uma noite Ọ̀ṣọ́si encontrou um veado e atirou nele muitas flechas. Mas as flechas não lhe causavam nenhum dano. Ọ̀ṣọ́si aproximou-se mais e flechou a cabeça do animal. Nesse momento, o veado se iluminou. Era Obàtálá disfarçado, ali, todo flechado por Ọ̀ṣọ́si. Ọ̀ṣọ́si não conseguiu caçar nunca mais. Profundo foi seu desgosto.

Lenda de Otim
"Otim esconde que nasceu com 4 seios"

Oquê
, rei da cidade de Otã, tinha uma filha. Ela nascera com 4 seios e era chamada de Otim. O rei Oquê adorava sua filha e não permitia que ninguém soubesse de sua deformação. Este era o segredo de Oquê, este era o segredo de Otim. Quando Otim cresceu, o rei aconselha-a a nunca se casar, pois um marido, por mais que há amasse um dia se aborreceria com ela e revelaria ao mundo seu vergonhoso segredo. Otim ficou muito triste, mas acatou o conselho do pai. Por muitos anos, Otim viveu em Igbajô, uma cidade vizinha, onde trabalhava no mercado. Um dia, um caçador chegou ao mercado, e ficou tão impressionado com a beleza de Otim, que insistiu em casar-se com ela. Otim recusou seu pedido por diversas vezes, mas, diante da insistência do caçador, concordou, impondo uma condição: o caçador nunca deveria mencionar seus quatro seios a ninguém. O caçador concordou, e impôs também sua condição: Otim jamais deveria por mel de abelhas na comida dele, porque isso era seu tabu, seu ewó.
Por muitos anos, Otim viveu feliz com o marido. Mas como era a esposa favorita, as outras esposas sentiram-se muito enciumadas. Um dia, reuniram-se e tramaram contra Otim. Era o dia de Otim cozinhar para o marido; ela preparava um prato de milho amarelo cozido, enfeitado com fatias de coco, o predileto do caçador. Quando Otim deixou a cozinha por alguns instantes, as outras sorrateiramente puseram mel na comida. Quando o caçador chegou a casa e sentou-se para comer, percebeu imediatamente o sabor do ingrediente proibido. Furioso, bateu em Otim e lhe disse as coisas mais cruéis, revelando seu segredo: "Tu, com teus quatro seios, sua filha de uma vaca, como ousaste a quebrar meu tabu?"A novidade espalhou-se pela cidade como fogo. Otim, a mulher de quatro seios, era ridicularizada por todos. Otim, fugiu de casa e deixou a cidade do marido

Voltou para sua cidade, Otã, e refugiou-se no palácio do pai. O velho rei a confortou, mas ele sabia que a noticia chegaria também a sua cidade. Em desespero, Otim fugiu para a floresta. Ao correr, tropeçou e caiu. Nesse momento, Otim transformou-se num rio, e o rio correu para o mar. Seu pai, que a seguia, viu que havia perdido a filha. Lá ia o rio fugindo para o mar. Querendo impedir o Rio de continuar sua fuga, desesperado, atirou-se ao chão, e, ali onde caiu, transformou-se em uma montanha, impedindo o caminho do rio Otim para o mar. Mas Otim contornou a montanha e seguiu seu curso. Oquê, a montanha, e Otim, o rio, são cultuados até hoje em Otã. Odé, o caçador, nunca se esqueceu de sua mulher.

Fonte: "mitologia dos Orixás" - Reginaldo Prandi

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Sàngó

Ṣàngó ou Xango, é Òrìṣà, de origem Yorubá. Seu mito conta que foi Rei da cidade de Òyó.

Pierre Verger dá como resultado de suas pesquisas que: Shango ou Ṣàngó, como todos os outros imolè (Òrìṣà e ebora), pode ser descrito sob dois aspectos: histórico e divino.

Como personagem histórico, Ṣàngó teria sido o terceiro Aláàfìn Òyó, "Rei de Oyo", filho de Oranian e Torosi, a filha de Elempê, rei dos tapás, aquele que havia firmado uma aliança com Oranian.

Ṣàngó, no seu aspecto divino, permanece filho de Oranian, divinizado porém, tendo Yemanjá como mãe e três divindades como esposas: Oyá, Òsun e Obá.

Sango Òrìṣà dos raios, trovões, grandes cargas elétricas e do fogo. É viril e atrevido, violento e justiceiro; castiga os mentirosos, os ladrões e os malfeitores. Por esse motivo, a morte pelo raio é considerada infamante. Da mesma forma, uma casa atingida por um raio é uma casa marcada pela cólera de Ṣàngó.

A característica do Òrìṣà do trovão é dada para a divindade Ayrà na cidade de Savé na região Mahi, região situada no Benin, antigo Dahomé, para Oramfé na cidade de Ifé na região Ijexá e para Xangô na cidade de Òyó na região Yorubá, regiões situadas na Nigéria.

Sangò era o rei de Òyó, terra de seu pai; já sua mãe era da cidade de Empê, no território de Tapa. Por isso, ele não era considerado filho legítimo da cidade. A cada comentário maldoso, Ṣàngó cuspia fogo e soltava faíscas pelo nariz. Andava pelas ruas da cidade com seu osé, um machado com duas lâminas, que o tornava cada vez mais forte e astuto. Onde houvesse roubo, o rei era chamado e, com seu olhar certeiro, encontrava o ladrão onde quer que estivesse. Para continuar reinando, Ṣàngó defendia com bravura sua cidade; chegou até destronar o próprio irmão, Dada, de uma cidade vizinha para ampliar seu reino. Com o prestígio conquistado; Ṣàngó ergueu um palácio com cem colunas de bronze no alto da cidade de Kossô, para viver com suas três esposas: Oyá, amiga e guerreira; Òsun, coquete e faceira; e Obá, amorosa e prestativa. Para prosseguir com suas conquistas, Ṣàngó pediu ao babalaô de Òyó uma fórmula para aumentar seus poderes; este entregou-lhe uma caixinha de bronze, recomendando que só fosse aberta em caso de extrema necessidade de defesa. Ṣàngó contou a Oyá o ocorrido e ambos, não se contendo, abriram a caixa antes do tempo. Imediatamente começou a relampejar e trovejar; raios destruíram o palácio e a cidade, matando toda a população. Não suportando tanta tristeza, Ṣàngó afundou terra adentro, tornando-se um Òrìṣà.

Ṣàngó foi o quarto rei lendário de Òyó (Nigéria, África), tornado Òrìṣà de caráter violento e vingativo, cuja manifestação são os raios e os trovões. Filho de Oranian, teve várias esposas sendo as mais conhecidas: Oyá, Òsun e Obá. Ṣàngó é viril e justiceiro; castiga os mentirosos, os ladrões e os malfeitores.

Enquanto Òṣòssi é considerado o Rei da nação de ketu, Ṣàngó é considerado o rei de todo o povo yorubá. Òrìṣà do raio e do trovão, dono do fogo, foi um grande rei que unificou todo um povo. Foi ele quem criou o culto de Egungun, sendo ele um dos Òrìṣàs que exerce poder sobre os mortos. Ṣàngó é a roupa da morte, por este motivo não deve faltar nos Egbòs de Iku e Egun, o vermelho que lhe pertence. Ao se manifestar nos Candomblés, não deve faltar em sua vestimenta uma espécie de saieta, com cores variadas e fortes, que representam as vestes dos Eguns.


Ṣàngó

O Òrìṣà do fogo e do trovão, Senhor da Justiça, considerado um Òrìṣà vaidoso, que gosta de festas e comemorações. Sua sensualidade atrai as mulheres de modo geral, na Mitologia dos Òrìṣàs, Ṣàngó é casado com três mulheres: Oyá, Obá e Òsun.


Saudação: Kawó kabiyèsílé (Venham ver o Rei descer sobre a terra!)

Dia da Semana:
Terça-feira

Número:
06 e seus múltiplos

Cor:
Vermelho x Branco

Ilẹkẹ̀: 01 conta vermelha, 01 conta branca, 01 conta vermelha, 3x3 ou 6x6

Oferenda:
Amalá (Carne de carneiro com mostarda refogada, sobre pirão de farinha e água, colocados em gamela de madeira, decorado com uma maça e seis bananas)

Alguns Oriṣás que pesquisamos:

Dadá = Ajacá foi coroado terceiro Alafim de Oyó, recebendo o apelido de Dadá (branco com vermelho 1 vermelha x 3 branca)

Àfonjá = Àfonjá, o Bale (governante) da cidade de Ìlorin. Àfonjá era também Are-Ona-Kaka-n-fo, quer dizer líder do exército provincial do império. Àfonjá descendia, por parte de mãe, de uma das famílias reais de Òyó. ṣangò Afonjá é aquele que está sempre em disputa com Ògún. (branco com vermelho 6 vermelha x 6 branca)

Agodo
= dos mais antigos e mais velho (branco com vermelho 3 x 3)

Sogbò
= um Vodoun cultuado entre os povos nagô (branco com vermelho 6 vermelha x 6 branca)

Aganju
- ele representa tudo que é explosivo, que não tem controle, ele é a personificação dos vulcões. (branco com vermelho 1 x 1)

Baru
= ṣangò chega ao apogeu do império, cria o culto de Egungun, grande expansão, é o senhor absoluto dos raios e do fogo em todas as suas formas. Ele acaba por destruir a capital do Reino com os raios numa crise de cólera, e depois arrependido, se suicida, adentrando na terra da mesma forma que Ògún, daí o nome Obà Irù "Rei sepultado". (branco com vermelho 1 vermelha x 6 branca)

Jacutá
- É o senhor do edun-ará, a pedra de raio. (branco e vermelho 3 x 3)

Airá
– Para a maioria dos terreiros, esta divindade é um ṣangò cultuado diferente dos demais, pois sempre usando muito branco, alem de ser dividido em mais qualidades que também são relacionadas ao branco e a comida muito parecida com a de Oṣalá. (guia 6 branco e 3 vermelho)

Aganju
igbeje = muito jovem (branco, vermelho, amarelo e marrom)


Ferramentas: Balança, machado de duas lâminas, livro, pilão, gamela, búzios e moedas, brinquedos para Xangô Agandjú Ibedji

Ave:
Galo Branco

Quatro pé:
Carneiro branco

Sua ferramenta é o Oṣè
: machado de dois gumes. É tido como um Òrìṣà poderoso das religiões afro-brasileiras.

O - Agodó màá iyo, agodó màá iyo àtéwó ya Àgànjú màá yo àtéwó ya òdodo màá iyo
R - Agodó màá iyo, agodó màá iyo àtéwó ya Àgànjú màá yo àtéwó ya òdodo màá iyo

Lendas

Ṣàngó incendeia sua aldeia acidentalmente

Ṣàngó governava com rigor a cidade de Òyó e redondezas.
Era chamado de Jacutá, o Atirador de Pedra.
Ṣàngó era muito prestigiado em seu reino e em reinos vizinhos, mas desejava algo mais para instilar medo nos corações dos homens.
Para isso convocou os maiores feiticeiros de Oyó e lhes pediu que inventassem novas fórmulas para aumentar seu poder.
Ṣàngó não ficou satisfeito com o trabalho dos feiticeiros e pediu ajuda a Èṣù.
Èṣù aceitou a tarefa, pediu uma oferenda como sacrifício e ordenou que dentro de sete dias Oyá fosse buscar o preparado.

Quando chegou o dia combinado, lá foi Oyá à casa de Èṣù.
Lá chegando, ela saudou Èṣù e disse que a oferenda estava a caminho.
O preparado estava embrulhado numa folha. Oyá pegou o pacote e partiu.
No caminho, Oyá parou para descansar. Não contendo a crescente curiosidade, desembrulhou o pacote para ver o que tinha dentro. Não havia nada além de um pó vermelho e ela pôs um pouquinho na boca para experimentar. Não era bom nem ruim; tinha um gosto diferente. Oyá fechou novamente o pacote e prosseguiu. Chegou a Oyó e deu o remédio a Ṣàngó, que perguntou: “Que instruções Èṣù te deu? Como o remédio deve ser usado?” Quando ela começou a falar, saiu fogo de sua boca.
Ṣàngó entendeu que Oyá tinha provado o remédio.
Ficou irado e tentou bater em Oyá, mas ela fugiu de casa, com Ṣàngó a persegui-la.
Oyá foi para um lugar onde carneiros pastavam.
Escondeu-se entre os carneiros, pensando que Ṣàngó não a encontraria.

Mas a ira de Ṣàngó era grande. Ele arremessava suas pedras de raio em todas as direções. Arremessou-as entre os carneiros, matando-os. Oyá ficou escondida embaixo dos corpos dos carneiros mortos e assim Ṣàngó não pôde encontrá-la.
Ṣàngó voltou pra casa. Muitas pessoas de Oyó estavam reunidas lá e clamavam pedindo que Ṣàngó perdoasse Oyá. A raiva dele abrandou-se. Mandou seus empregados procurar Oyá e trazê-la para casa. Mas ele ainda não sabia como usar o preparado.
Quando anoiteceu, ele pegou o pacote de Èṣù e foi a um lugar bem alto, de onde podia ver toda a cidade. Colocou um pouco de pó vermelho na língua e, quando expirou o ar dos pulmões, uma enorme labareda jorrou de sua boca, depois outra e mais outra, sem parar.

As chamas se estenderam por sobre toda a cidade, lambendo a casa dos súditos e também as dependências do palácio real.
Um grande incêndio tomou conta de Oyó. Tudo foi consumido pelo fogo até as cinzas.
Oyó foi destruída e teve que ser reconstruída.
Depois que a cidade ressurgiu das cinzas, Ṣàngó continuou a governá-la.
Em tempos de guerra, ou quando as coisas o desagradam, Ṣàngó arremessa as pedras de raio.
E o fogo da boca de Ṣàngó queima seus desafetos.
Os carneiros que morreram protegendo Oyá das pedras de raio de Ṣàngó não foram esquecidos.
Os devotos de Oyá não comem mais carne de carneiro.

Ṣàngó
ganha o colar vermelho e branco
Ṣàngó foi um filho rebelde, saía pelo mundo fazendo o que queria.
Seu pai Obàtálá era informado de seus atos, recebendo muitas queixas pelas artes do filho.
Obàtálá justificava os atos de Ṣàngó, alegando que ele não havia sido criado perto dele.
Mas esperava o dia em que Ṣàngó a ele se submeteria.
Uma ocasião, Ṣàngó estava na casa de uma de suas mulheres.
Havia deixado o cavalo amarrado à porta da casa.
Obàtálá e Oduduwá passaram por lá e levaram o cavalo.
Ṣàngó percebeu o roubo e saiu em busca do animal.
Foi informado de que dois velhos que por ali passavam haviam levado o cavalo.
Ṣàngó saiu em seu encalço e na perseguição encontrou Obàtálá.
Quis enfrentar Obàtálá, que não se intimidou diante do rapaz, exigindo respeito e submissão.
Obàtálá ordenou: ”Kunlé! Foribalé!”.
“Ajoelhe-se! Prostra no chão aos meus pés!”
E Ṣàngó, desarmado, atirou-se ao solo.
Ṣàngó estava dominado por Obàtálá.
Ṣàngó já tinha consigo seu colar de contas vermelhas e então Obàtálá desfez o colar de Ṣàngó e alternou as contas encarnadas de Ṣàngó com as contas brancas de seu próprio colar.
Obàtálá entregou a Ṣàngó o novo colar vermelho e branco.;
Agora todos saberiam que aquele era seu filho.
Ṣàngó cai no fogo e brinca com as brasas
Dadá foi quem criou Ṣàngó.Dadá tinha pena de Ṣàngó porque seu pai, Obàtálá, tinha ordenado que o matassem.
Dadá fazia tudo o que Ṣàngó queria. Ela cuidava o tempo todo de Ṣàngó, dava-lhe todas as atenções e o advertia para que não brincasse com fogo, não brigasse com os outros, nem montasse cavalo, porque poderia acabar se machucando.
Mas Ṣàngó, muito teimoso, fazia o que queria.
Lutava e ganhava sempre, andava a cavalo e jamais caia.

Certa vez, Ṣàngó estava brincando na cozinha e caiu dentro do fogão.
Dada ficou muito assustado, mas Ṣàngó queria continuar brincando com as brasas, porque ele gostava de ver como elas brilhavam.
E elas não lhe causavam, nenhum dano.
Ṣàngó era um menino muito malcriado e, adulto, só fazia o que queria.
Ṣàngó não escutava conselho de ninguém.
Culpa de Dadá, que mimou demais.

Ṣàngó dá a obaluaye os cães de Ògún
Ṣàngó era um homem muito popular.
Um dia, na praça, um leproso de nome Obaluaiyê o procurou.
“Por que não falas comigo?”, perguntou o pestilento.
Ṣàngó respondeu-lhe que seu pai Obàtálá lhe havia dito que naquela terra ele tinha um irmão de sangue e um irmão adotivo.
E era só com eles que deveria conversar.
Disse-lhe Obaluaiyê ser ele o seu irmão por doação e que o outro homem ali presente era seu irmão inteiro.
Esse outro era Ògún, que andava sempre acompanhado de muitos cães.
Ṣàngó disse a Obaluaiyê que aquela terra não lhe pertencia, que seguisse para terras distantes, onde encontraria melhor sorte.
Obaluaiyê retrucou da dificuldade em seguir caminho naquelas condições de doença em que se encontrava.
Ṣàngó tomou então dois cães de Ògún e os deu a Obaluaiyê, para que lhe servissem de guias e guardiões.
Mas Ògún não gostou de perder os cães e atacou Ṣàngó.
Iniciou-se um conflito de grande proporções entre os dois.
Desde então, Ṣàngó e Ògún, apesar de irmãos, tornaram-se eternos e irreconciliáveis antagonistas.
Desde então chamam Ògúnde, Ògúnjá, que na língua da terra quer dizer Ògún dos cães.

Ṣàngó
incendeia sua aldeia acidentalmente
Ṣàngó governava com rigor a cidade de Òyó e redondezas.
Era chamado de Jacutá, o Atirador de Pedra.
Ṣàngó era muito prestigiado em seu reino e em reinos vizinhos, mas desejava algo mais para instilar medo nos corações dos homens.
Para isso convocou os maiores feiticeiros de Òyó e lhes pediu que inventassem novas fórmulas para aumentar seu poder.
Ṣàngó não ficou satisfeito com o trabalho dos feiticeiros e pediu ajuda a Èṣù.
Èṣù aceitou a tarefa, pediu uma oferenda como sacrifício e ordenou que dentro de sete dias Oyá fosse buscar o preparado.
Quando chegou o dia combinado, lá foi Oyá à casa de Èṣù.
Lá chegando, ela saudou Èṣù e disse que a oferenda estava a caminho.
O preparado estava embrulhado numa folha. Oyá pegou o pacote e partiu.

No caminho, Oyá parou para descansar. Não contendo a crescente curiosidade, desembrulhou o pacote para ver o que tinha dentro. Não havia nada além de um pó vermelho e ela pôs um pouquinho na boca para experimentar. Não era bom nem ruim; tinha um gosto diferente. Oyá fechou novamente o pacote e prosseguiu. Chegou a Òyó e deu o remédio a Ṣàngó, que perguntou: “Que instruções Èṣù te deu? Como o remédio deve ser usado?” Quando ela começou a falar, saiu fogo de sua boca.
Ṣàngó entendeu que Oyá tinha provado o remédio.
Ficou irado e tentou bater em Oyá, mas ela fugiu de casa, com Ṣàngó a persegui-la.
Oyá foi para um lugar onde carneiros pastavam.
Escondeu-se entre os carneiros, pensando que Ṣàngó não a encontraria.
Mas a ira de Ṣàngó era grande. Ele arremessava suas pedras de raio em todas as direções. Arremessou-as entre os carneiros, matando-os. Oyá ficou escondida embaixo dos corpos dos carneiros mortos e assim Ṣàngó não pôde encontrá-la.
Ṣàngó voltou pra casa. Muitas pessoas de Òyó estavam reunidas lá e clamavam pedindo que Ṣàngó perdoasse Oyá. A raiva dele abrandou-se. Mandou seus empregados procurar Oyá e trazê-la para casa. Mas ele ainda não sabia como usar o preparado.

Quando anoiteceu, ele pegou o pacote de Èṣù e foi a um lugar bem alto, de onde podia ver toda a cidade. Colocou um pouco de pó vermelho na língua e, quando expirou o ar dos pulmões, uma enorme labareda jorrou de sua boca, depois outra e mais outra, sem parar.
As chamas se estenderam por sobre toda a cidade, lambendo a casa dos súditos e também as dependências do palácio real.
Um grande incêndio tomou conta de Òyó. Tudo foi consumido pelo fogo até as cinzas.
Òyó foi destruída e teve que ser reconstruída.
Depois que a cidade ressurgiu das cinzas, Ṣàngó continuou a governá-la.
Em tempos de guerra, ou quando as coisas o desagradam,
Ṣàngó arremessa as pedras de raio.
E o fogo da boca de Ṣàngó queima seus desafetos.
Os carneiros que morreram protegendo Oyá das pedras de raio de Ṣàngó não foram esquecidos.
Os devotos de Oyá não comem mais carne de carneiro.

Ṣàngó
é condenado por Oṣalá comer como os escravos
Airá, aquele que se veste de branco, foi um dia às terras do velho Oṣalá para levá-lo à festa que faziam em sua cidade. Oṣalá era velho e lento, Por isso Airá o levava nas costas. Quando se aproximavam do destino, vira a grande pedreira de Ṣàngó, bem perto de seu grande palácio. Ṣàngó levou Oalufã ao cume, para dali mostrar ao velho amigo todo o seu império e poderio. E foi lá de cima que Ṣàngó avistou uma belíssima mulher mexendo sua panela. Era Oyá! Era o amalá do rei que ela preparava!
Ṣàngó não resistiu à tamanha tentação. Oyá e amalá! Era demais para a sua gulodice, depois de tanto tempo pela estrada. Ṣàngó perdeu a cabeça e disparou caminho abaixo, largando Oṣalufã em meio às pedras, rolando na poeira, caindo pelas valas. Oṣalufã se enfureceu com tamanho desrespeito e mandou muitos castigos, que atingiram diretamente o povo de Ṣàngó.
Ṣàngó, muito arrependido, mandou todo o povo trazer água fresca e panos limpos. Ordenou que banhassem e vestissem Oṣalá. Oṣalufã aceitou todas as desculpas e apreciou o banquete de caracóis e inhames, que por dias o povo lhe ofereceu. Mas Oṣalá impôs um castigo eterno a Ṣàngó. Ele que tanto gosta de fartar-se de boa comida.
Nunca mais pode Ṣàngó comer em prato de louça ou porcelana. Nunca mais pode Ṣàngó comer em alguidar de cerâmica. Ṣàngó só pode comer em gamela de pau, como comem os bichos da casa e o gado e como comem os escravos.

Uma História de ṢÀNGÓ e o QUIABO
Existe uma qualidade de Ṣàngó, chamada Baru, que não pode comer quiabo. Ele era muito brigão. Só vivia em atrito com os outros. Ele é que era o valente. Quem resolvia tudo era ele. Ṣàngó Baru era muito destemido, mas, quando ele comia quiabo, que ele gostava muito, lhe dava muita sonolência. Dormia o tempo todo! E pôr isso perdeu muitas contendas, pois quando ele acordava, já tudo tinha acabado.
Então, resolveu consultar um oluô, que lhe disse:
- Se é assim, deixa de comer quiabo.
- Eu deixar de comer o que eu mais gosto? – respondeu Ṣàngó Baru.
- Então, fique por sua conta. Não me incomode mais! Será que a gula vai vencê-lo? - perguntou o oluô. Ṣàngó baru foi para casa e pensou:
- Eu não vou me deixar vencer pela boca. Vou voltar lá e perguntar a ele o que faço, pois o quiabo é meu prato predileto.

E saiu no caminho da casa do oluô, que já sabia que ele voltaria. Lá chegando, disse:
- Aqui estou. Diz-me o que eu vou comer no lugar do quiabo.
- Aqui neste mocó tem o que você tem que comer. São estas folhas. Você temperando como quiabo, mata sua fome – lhe mostrou o oluô.
- Folha?! – perguntou Ṣàngó Baru.
- Sim – respondeu o oluô – Tem duas qualidades, uma se chama Òyó e a outra, sanã. São tão boas e gostosas quanto o quiabo.
Ṣàngó Baru foi para casa e preparou o refogado, e fez um angu de farinha e comeu. Gostou tanto, e se sentiu tão bem e tão fortalecido, e não teve mais aquele sono profundo. Aliás, ele se sentiu bem mais jovem e com mais força. E não ficou com a sonolência que o quiabo lhe dava. Aí ele disse:
- A partir de hoje, eu não como mais quiabo.
Daí a sua quizila com o mesmo. "Todo caso é um caso. "Esse caso me foi contado pelas minhas mais velhas; assim, agora quem quiser dar quiabo a Baru, que dê!



Ṣàngó é ressuscitado do mundo dos mortos por Oyá


Ṣàngó, quando viveu aqui na Terra, era um grande Oba (rei), muito temido e respeitado. Gostava de exibir sua bela figura, pois era um homem muito vaidoso. Conquistou, ao longo de sua vida, muitas esposas, que disputavam um lugar em seu coração.

Além disso, adorava mostrar seus poderes de feiticeiro, sempre experimentando sua força.

Em certa ocasião, Ṣàngó estava no alto de uma montanha, testando seus poderes. Em altos brados, evocava os raios, desafiando essas forças poderosas. Sua voz era o próprio trovão, provocando um barulho ensurdecedor. Ninguém conseguia entender o que Ṣàngó pretendia com essa atitude, ficando ali por muito tempo, impaciente por não obter resposta. De repente, o céu se iluminou e os raios começaram a aparecer. As pessoas ficaram impressionadas com a beleza daquele fenômeno, mas, ao mesmo tempo, estavam apavoradas, pois nunca tinham visto nada parecido.

Ṣàngó, orgulhoso de seu extremo poder, ficou extasiado com o acontecimento. Não parava de proferir palavras de ordem, querendo que o espetáculo continuasse. Era realmente algo impressionante!

Foi, então, que, do alto de sua vaidade, viu a situação fugir ao seu controle. Tentou voltar atrás, implorando aos céus que os raios, que cortavam a Terra como poderosas lanças, desaparecessem. Mas era impossível - a natureza havia sido desafiada, desencadeando forças incontroláveis!

Ṣàngó correu para sua aldeia, assustado com a destruição que provocara.

Quando chegou perto do palácio, viu o erro que cometera. A destruição era total e, para piorar a situação, todos os seus descendentes haviam morrido. Ao ver que o rei estava muito perturbado, seu próprio povo tentou consolá-lo com a promessa de reconstruir a cidade, fazendo tudo voltar ao que era antes. Ṣàngó, sem dar ouvidos a ninguém, foi embora da cidade.

Ele não suportou tanta dor e injustiça, retirando-se para um lugar afastado, para acabar com sua vida. O rei enforcou-se numa gameleira.

Oyá, quando soube da morte de seu marido, chorou copiosamente, formando o rio Niger. Ela, que tinha conhecimento do reino dos Eguns, foi até lá para trazer seu companheiro da morte, que veio envolto em panos brancos e com o rosto coberto por uma máscara de madeira, pois não podia ser reconhecido por Ikú, o Senhor da Morte. Ṣàngó ressurge dos mortos, tornando-se um ser encantado. E foi assim que surgiu uma nova forma, ou qualidade, desse orixá, a qual chamamos Airá. Essa variação da essência de Ṣàngó adoptou, além do vermelho, a cor branca.
Ṣàngó promete carregar Oṣalá nas costas para sempre
Quando Ṣàngó pediu Ọ̀ṣún em casamento, ela disse que aceitaria com a condição de que ele levasse o pai dela, Oṣalá, nas costas para que ele, já muito velho, pudesse assistir ao casamento. Ṣàngó, muito esperto, prometeu que depois do casamento carregaria o pai dela no pescoço pelo resto da vida; e os dois se casaram.

Então, Ṣàngó arranjou uma porção de contas vermelhas e outra de contas brancas, e fez um colar com as duas misturadas. Colocando-o no pescoço, foi dizer a Ọ̀ṣún: "- Veja, eu já cumpri minha promessa. As contas vermelhas são minhas e as brancas, de seu pai; agora eu o carrego no pescoço para sempre."


Ṣàngó acaba com o seu reino e se transforma em Òrìsà junto com as suas mulheres
Ṣàngó vivia em seu reino com suas 3 mulheres ( Oyá, Ọ̀ṣún e Obá ), muitos servos, exércitos, gado e riquezas. Certo dia, ele subiu num morro próximo, junto com Oyá; ele queria testar um feitiço que inventara para lançar raios muito fortes.
Quando recitou a fórmula, ouviu-se uma série de estrondos e muitos raios riscaram o céu.
Quando tudo se acalmou, Ṣàngó olhou em direção à cidade e viu que seu palácio fora atingido.
Ele e Oyá correram para lá e viram que não havia sobrado nada nem ninguém. Desesperado, Ṣàngó bateu com os pés no chão e afundou pela terra; Oyá o imitou. Ọ̀ṣún e Obá viraram rios e os 4 se tornaram Òrìsà.


Rei Kosso

Entre os clientes de Ògún, o guerreiro estava Ṣàngó, que gostava de ser elegante a ponto de entrançar os seus cabelos como os de uma mulher.
Havia feito buracos nos lóbulos de suas orelhas, onde usava sempre argolas, usava colares de contas, usava braceletes, que elegância!!!
Este homem era igualmente poderoso pelos seus talismãs. Era guerreiro de profissão. Não fazia prisioneiros em suas batalhas, matava a todos os seus inimigos.
Por essa razão Ṣàngó é saudado:
Rei de Kosso, com um grito de independência.
Outras saudações que seus fiéis lhe dirigem têm certa graça que mostram sua forte personalidade.
Ele ri quando vai a casa de Ọ̀ṣún ele está bastante tempo em casa de Oyá ele usa um grande pano vermelho
oh¬ o elefante caminha com dignidade meu senhor que cozinha com a respiração como nada escapa de seu nariz meu senhor que mata seis pessoas com uma pedra de raio se és mentiroso tens medo do fogo de Ṣàngó.
É o irmão mais jovem, não somente de Dada-Ajaka, como também de Obaluaiyê. Entretanto ao que parece, não são vínculos de parentesco que permitem explicar a ligação entre o deus do raio e o das doenças contagiosas, mas sim prováveis origens comuns em Tapa. Obaluaiyê seria mais antigo que Ṣàngó e por deferência ao mais velho em certas cidades como Sakete e Ifanhim são feitas sempre oferendas a Obaluaiyê na véspera da comemoração das cerimônias de Ṣàngó.

Ṣàngó é o rei do trovão

Ṣàngó
, queria ser muito poderoso e respeitado e para isto consultou Ifá. Na consulta surgiu Okanran Meji, que determinou um sacrifício, que iria garantir ao Òrìsà, tudo que desejava.
Feito o Ẹbọ, Todas as vezes que Shangô abria a boca para falar, sua voz saia possante como um trovão e inúmeras labaredas acompanhavam suas palavras.
Diante do poder de seu marido Oyá resolveu consultar o Oráculo com a finalidade de se tornar tão poderoso quanto ele. Na consulta surgiu Okanran Meji, que lhe determinou o mesmo Ẹbọ.
Quando Ṣàngó descobriu que sua mulher havia adquirido um poder igual ao seu, ficou furioso e começou a maldizer Ifá por haver proporcionado tamanho poder a uma simples mulher.
Humilhada, Oyá recorreu a Olórun para que desse um paradeiro ao impasse. Olórun determinou então que a partir daquele dia, a vós de Ṣàngó soaria como o trovão e que provocaria incêndios onde ele bem estendesse, mas para que isto pudesse acontecer, seria necessário que Oyá, falasse primeiro, para que o fogo de suas palavras (os raios) provocasse o surgimento do som das palavras de Ṣàngó (o trovão), assim como o fogo que elas produzem sobre a terra (os incêndios provocados pelos raios que se projetam sobre a terra).
E por este motivo até hoje, não se pode ouvir o ribombar do trovão sem que antes, um raio ilumine o céu.



Cronologia:
Okambi – 1º alafim de oyó – 1700 a 1600 A.C.
Oranian – 2º alafim de oyó – 1600 a 1500 A.C.
Ajaká – 3º alafim de oyó – 1500 a 1450 A.C.
angò – 4º alafim de oyó – 1450 a 1403 A.C.
Ajaká – 5º alafim de oyó – 1403 a 1370 A.C.

ṣangò
Para o culto afro distingue entre qualidades a existência da variedade das divindades existentes, para que angò seja cultuado é denominado que primeiro quem ele é, para definir sua forma de culto. Ficando claramente distinto entre este Òrìsá, para cada divindade é preparada uma comida e depende da sua qualidade o seu ritual de feitura.

Veja exemplos das qualidades desta divindade.
Agodò - É aquele que ao lançar raios e fogo sobre seu próprio reino o destrói sem querer. O rei começou a jogar do alto do seu palácio cabacinhas mágicas contendo fórmulas que ao tocar o chão ou arvores explodia e lançava fogo para todo lado. Assustados, seus súditos ficaram desnorteados e sem ação enquanto o fogo se alastrava e incendiava o palácio e o reino de Agodò.

Jacutá - É o senhor do edun-ará, a pedra de raio.

Agandju - Ele representa tudo que é explosivo, que não tem controle, ele é a personificação dos Vulcões.

Afonjá – Este angò é muito conhecido pela eterna briga com ogum. Os dois disputam o amor de uma de suas esposas, lutam pelo amor da mãe e passam a eternidade lutando.

Airá – Para a maioria dos terreiros, esta divindade é um angò cultuado diferente dos demais, pois sempre usando muito branco, alem de ser dividido em mais qualidades que também são relacionadas ao branco e a comida muito parecida com a de Oṣalá.

Baru = Xangô chega ao apogeu do império, cria o culto de Egungun, grande expansão, é o senhor absoluto dos raios e do fogo em todas as suas formas. Ele acaba por destruir a capital do Reino com os raios numa crise de cólera, e depois arrependido, se suicida, adentrando na terra da mesma forma que Ogun, daí o nome Obà Irù "Rei sepultado".
Para o povo Nago e para o Batuque do rS ele é conheicido por Kamuká
Kamuká ou angò de Baruolofina que provavelmente é uma corruptela do Baru alafim.




Lenda do Baru

BARU
era muito destemido, mas quando comia quiabo, que ele gostava muito, dormia o tempo todo e ,por isto, perdeu muitas contendas, pois quando acordava seus adversários já tinham voltado da guerra. Ele ficava indignado.

Então resolveu consultar um OLUÓ que lhe disse: Se é assim, deixe de comer quiabo
BARU perguntou: me diz o que comerei no lugar do quiabo... Só folhas... Só folhas? perguntou BARU
Sim, respondeu o OLUÓ, tem duas qualidades, uma se chama orò e a outra xaná, são boas e gostosas como o quiabo.
E BARU falou: - A partir de hoje, eu não comerei mais quiabo.

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