terça-feira, 14 de abril de 2015

Intolerancia e Racismo

Por Baba Erick Wolff
14/04/15


Ao olharmos o Facebook, podermos ter noção da perseguição contra as religiões de matriz africana, e o racismo está numa luta acirrada contra a nossa fé.

Na verdade os deputados alegam que querem acabar com os despachos em vias públicas, conforme a PL21, na verdade eles estão lutando mesmo para acabar com as tradições, não vejo ninguém querendo acabar com o cortejo na semana santa, que apesar de ser uma vez ao ano, polui da mesma forma, deixando um tapete extenso na via pública, ou será que pensam que não polui e chama insetos?





O que eu vejo é intolerância e racistas promovendo ataques contra a raça negra e a sua fé.

Infelizmente ninguém questiona ou cria problema com as igrejas que usam guitarras ou baterias até tarde, querem sempre parar os tambores e os nossos rituais.

Quando será que irão parar de chicotear a raça negra e a sua fé em nome de Deus?

Todos afro-religiosos contra a lei

quinta-feira, 9 de abril de 2015

Atos criminosos contra a cultura negra no R.S.

Por Erick Wolff
09/04/15

(Errata) 

Templo da ìyá Re
A data de 08/04/2015, em Porto Alegre foi o marcada por algumas perseguições de cunho santo,  dois atos criminosos contra a tradição afro-brasileira, uma das vitimas foi um terreiro de tradição Òrìsàísta, o templo da Ìyálòrìsà Cleuza de Odé, do Bairro Rubem Berta, no Parque dos Maia, o templo foi totalmente queimado, após atearem fogo criminosamente, e neste mesmo dia queimaram uma imagem de Yemanjá em outra localidade, ainda não obtivermos informações sobre a Santa.
Imagem queimada
 
 
 
Nesta mesma data havia uma manifestação contra o projeto de Lei 019/15, que visa proibir o Abate de animais em rituais Afro-brasileiros, percebam que o foco são apenas as religiões de Africanas, num estado ao qual o churrasco é a tradição Gastronômica, chega a parecer irônico, mas na verdade esta lei é uma perseguição religiosa insuflada por religiosos evangélicos, que não aceitam que o culto de Matriz Africana, seja praticado, e querem transformar o Brasil num país regido pela Bíblia, acabando com o estado Laico. 

 
 
Aguardamos as investigações da policia, para acusar os culpados.
 
 
Errata - Informamos anteriormente que foi o templo da Ìyálòrìsà Re Silva, no entanto, ao entrarmos em contato com a Ìyálòrìsà, ela nos informou que foi a sua vizinha, e que foi Ìyá Rê de Oyá quem mobilizou a vizinhança e socorreu a pobre  Ìyálòrìsà e família, e graças a Rê, não houve uma tragédia maior, ela também nos informou que o fogo foi ateado por religiosos evangélicos da vizinhança. 
Fonte - Ìyálòrìsà Re Silva (https://www.facebook.com/rede.oya.7)

sexta-feira, 20 de março de 2015

ALTAIR TOGUN FALA SOBRE A POLÊMICA DO IGBÁ-ORÍ


[…]

Aí é que começa a história do igbá-orí, literalmente, cabaça da cabeça, pois os assentamentos eram feitos em cabaças – igbá, daí o nome ter virado sinônimo de assentamento de Òrìsà, a cabaça do orí. Costuma-se fazer assentamentos com as mais variadas coisas para representar o orí de uma pessoa.

Esta variedade de coisas deve-se, a que o orí seja o que individualiza o ser humano. Como no caso das impressões digitais, ninguém tem orí igual ao de outra pessoa, cada orí é único e exclusivo daquela pessoa. Então, faz-se o assentamento numa cabaça ou tigela, o mais comum entre nós, e esse assentamento é cultuado como igbá-orí, ou seja, a representação física do orí-inú da pessoa.


Tudo bem, este comportamento é usual e corrente. Mas, sem querer ser o único certo, longe de mim isso, eu não concordo com esse tipo de igbá-orí, porque eu penso que a melhor representação do nosso orí-inú é o nosso orí físico, ou seja, a nossa própria cabeça. A nossa cabeça física é a materialização da nossa cabeça interior, acho eu. Qual o melhor objeto para representar o nosso orí-inú, que não a nossa própria cabeça? É dentro dela que se instala a outra do òrun, por isso, chamado orí-inú (cabeça interior).

Mas interior onde? Da cabeça física que também, acho, tem o formato do igbá (cabaça).
Quando fazemos um borí, nós estamos cultuando esta cabeça interior. E onde nós fazemos os preceitos? Diretamente em nossa cabeça, pois é ali que mora o nosso ori-inú e o nosso Òrìsà. Então, é à nossa cabeça que devemos reverenciar, não aquela tigela com alguns objetos que dizem, ser o igbá-orí. Digo isso por que acredito assim.

E algumas vezes, quando sou questionado por algumas pessoas que por “n” motivos, perguntam o quê fazer com seu igbá-orí. Outros, preocupadíssimos porque seus zeladores não querem entregar ou que pior ainda, despacharam seus igbá-orí.

Então, converso com elas dizendo isso que acredito. Grande parte delas se acalma e acaba concordando comigo. Não que eu seja o dono da verdade, mas, há lógica em minha teoria.


Entretanto, se não houver, é um bom assunto para ser pensado por todos. Igbá-orí não deveria existir, pois não há lugar melhor para cultuar orí-inú que sobre orí-òde, porém ficou convencionado o uso dele.


Quanto ao igbá-orí, a representação material do Ori, a bandeja onde guardamos o double, este contém alguns itens de conhecimento restritos àqueles que tem o seu ori "assentado", posso, porém assegurar que entre estes itens jamais encontrarás um òkúta (ota). Igbá-orí, segundo a tradição [iorubá] de Òrìsà, não leva òkúta. (o grifo é nosso).


Leia a matéria completa na Revista Olorun N. 24, Março de 2015, com o título:

“ A reafricanização filosófica de Altair Togun”

quinta-feira, 19 de março de 2015

Carta dos Afrodescendentes aos que foram escravizados no Brasil.


Por Bàbálòrìsà Erick Òòsàálá
19/03/2015

 
O Brasil nunca esteve tão frágil, quanto a nossa atual situação, quando os nossos antepassados aportaram aqui, não trouxeram nada além do seu sangue, cultura, religião, tradição e fé, porem desde o momento que seus pés tocaram o chão os Deuses abençoaram esta terra santa.
 

Estes Deuses negros que acompanharam os povos que vieram da terra do sol e das aldeias dos tambores que contam histórias e lendas de bravos homens e mulheres, homens dignos foram escravizados e maltratados sem pena ou dó... Deixaram uma herança, um legado para nós brasileiros, muito além do sangue derramado nos troncos das fazendas brasileiras.


Lentamente a cultura dos negros foi sendo assimilada e incorporada na gastronomia, danças, no gingado da capoeira e nas lendas populares do país. Durante séculos o homem tentou colonizar os africanos que chegaram. Os homens brancos tentaram impor sua cultura, tentando os ensinar a serem brancos, se portarem como eles achavam que seria conveniente, sem respeitar a sua identidade, impondo até mesmo a sua fé.


O sofrimento e a falta de respeito com a identidade negra, o subjugando até hoje, quando vemos o homem colonizador tentando pregar o seu deus pessoal, negando a identidade negra, com seus anjos, santos e santas católicas, nos perseguindo nas ruas, lares e colégios, destruindo nossos terreiros e locais santos, queimando a nossa história e esfolando a memória dos negros e afro-descentes, levantando cruzes em nossas portas, tentando esconder o legado que os escravos nos deixaram.


O mundo foi testemunha do holocausto Judeu, e da degradação do homem negro, sendo vendido pelos seus próprios conterrâneos e se tornando lixo humano nas mãos de seres humanos desprovidos de sentimentos e humanidade, degradaram a sua dignidade e a sua alma, tentaram destruir o que possuem de mais puro, mas em momento algum o homem negro se rendeu a personificação do mal, não retornando a maldade a qual foram expostos.


E o que o homem contemporâneo nada fez para indenizar o homem negro escravizado em terras Brasileiras. Acredito que alguém, em algum momento pensou que o sangue derramado nas ruas, lavouras e senzalas jamais secou de verdade, que as vozes, choros e lamentos nunca pararam de ecoar por entre as ruinas das construções que abrigaram os terrores e atrocidades cometidas contra os descendentes africanos inocentes.


Parem e imaginem o sofrimento, pensem no negro e na sua cor, na chibata tocando a pele e cortando como se fosse uma faca afiada cortando o couro, sintam a dor e as lagrimas escorrendo, na angústia sufocada de cada alma que deixou nos deixou a sua riqueza, as custas do sofrimento, que dedicou a sua vida ao escravagista impiedoso e tirano...
 

Escutem as nossas cantigas que cantam alegrias e tristeza, sintam os nossos tambores marcando o compasso do coração em vários ritmos, eles jamais pode parar, por que estes tambores nos dão vida, estas cantigas acalmam as nossas almas.


Ouças os passos na roda, ouçam as letras do que cantamos, elas contam as lendas e histórias dos nossos antepassados e trazem alegria para esta terra, não nos amordacem, não nos calem, pois cantamos cantigas e lamentos de homens e mulheres que foram brutalmente massacrados, ou rezamos cantando para grandes homens e morreram por nós, e os lembramos nas cantigas, não no calem ou esqueceremos dos nossos antepassados e quem somos.


Não tentem apagar a chama do nosso coração, pois elas mantem a chama da fé, das nossas divindades e deuses, saibam que o Olódùmarè sempre foi um deus misericordioso, jamais amaldiçoou aqueles que escravizaram seu povo, jamais mandou pestes ou maldiçoes para aqueles que os roubaram de suas terras, que mataram seus filhos e parentes.


Olódùmarè é, e sempre será um bom Deus, abençoando a todos que existem no mundo, cedendo alimentos aos seres humanos e nos ensinando a compartilhar o pouco que temos com a comunidade, independente de credo ou fé, ele nos ensina a compartilhar o pouco que temos e dividir com as pessoas a nossa volta, isso se chama Ipèjé.

O ritual sagrado do Ipèjé, aproveita-se tudo, separando e aproveitando tudo que a natureza nos oferece, como grãos cozidos, verduras, legumes, doces, carne, tudo deve ser preparado, sacralizado e compartilhada para a comunidade.


Não exigimos nada além de podermos dar continuidade aos nossos rituais, de poder manter a tradição daqueles que foram abduzidos da sua terra e escravizados em terras distantes, morrendo sem nunca ver a sua terra novamente. Muito de nós morreram e foram indenizados, não nos tirem a única coisa que nos orgulhamos, não nos colonizem com deuses, deixe-nos cultuar as nossas divindades e honrar nossos antepassados em paz.


Não queremos nada além da liberdade de cultuar os nossos deuses, tocar nossos tambores, cantar nossas orações, lembrando os feitos dos nossos antepassados em cantigas.


Nos deixem viver a nossa vida simples e cotidiana, nos deixem sonhar com a terra dos nossos antepassados enquanto cantamos como são lindas as terras que eles viveram, como foram homens bravos e misericordiosos.


Não nos acorrentem, não nos matem, não nos escravizem novamente.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

QUEM PODE FALAR DE TEOLOGIA?


Não políticos falam de política.

 

Não médicos falam de medicina.

 

Não herbalistas falam de ervas.

 

Não astrônomos falam de astronomia.

 

Não matemáticos falam de matemática.

 

Não gastrônomos falam de gastronomia.

 

Não psicólogos falam de psicologia.

 

Não religiosos falam de religião.

 

Não católicos falam de catolicismo.

 

 

Assim … não teólogos podem falar de teologia sim, afinal, esta doutrina não é uma ditadura, mas

 

uma convergência da fé comum.

 

 

[Luiz L. Marins]

 

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Os Bàbáláwo e o culto a orixá de Marcos Arino

Extraímos duas respostas de uma conversa entre o Luiz L. Marins e o Marcos Arino, do artigo publicado por Marcos, que é de suma importância para a comunidade afro-religiosa.  Segue o texto;


Luiz L. Marins


"Àse a todos!

Muito bom texto Marcos, como sempre, de uma lucidez impressionante!

Sobre a interação do Ifa com as religiões afro-brasileiras, não sou contra, acho que vem para somar, se for feito corretamente, como falou em seu texto. Cada um na sua!

Entretanto, se os ifaístas de última hora quiserem fazer valer o pseudo conceito absolutista, totalitarista e ditador que "o orixa nasce do odu" ou, "odu é quem dá nascimento a orixa" ou, "não existe orixá sem odu", ficará difícil tal interação, pois se tratará apenas de uma aproximação para subjugar, controlar e dominar.

Já tive discussões enormes por causa disso, pois a palavra "nascer", neste contexto, além de equivocada, está muito mal empregada. O único objetivo deste pseudo conceito é subjugar as religiões afro-brasileiras, algo que não podemos admitir de forma alguma.

Um exemplo disso é o Batuque (RS) onde não existe odu-ifa, não tem, nunca teve, e nunca terá, pois tem oráculo próprio baseado nos Orixás, e não nos odu. Os Orixás no Batuque existem vivos e fortes, sem que nunca fosse preciso tirar um odu, seja de Ifá ou de búzios.

Naturalmente que isto não impediria a interação de Ifá com o Batuque, mas desde que não tentem subjuga-lo com pseudo-conceitos criados apenas para satisfazer a ânsia do poder de alguns sacerdotes.

Espero que não tomem estas palavras como afronta, mas apenas como uma realidade própria de um segmento das religiões afro-brasileiras!

Ire o!"

Marcos Arino
"Luiz,

Fui de Candomblé e sou de Ifá. Estudei Ifá por longos anos, muitos mesmo. Os cubanos vendem seu conhecimento por dinheiro e os africanos também.

Essa palhaçada que eles falam que orixá nasce em Odu querendo se colocar acima ou conhecedores é apenas farofa. Os cubanos e a maior parte dos brasileiros abduzidos nem sabe o que é orixá (claro que tem brasileiro em Ifá que sabe das coisas). Cubano definir Orixá? Dificil, primeiro ele tem que aprender.

Temos culto de orixá ha dezenas de anos. Orixá aqui sempre nasceu sem isso. No dia que eles entenderem como nasce e se faz um orixá eles mudam essa frase.

Eles e os nigerianos também vomitam essa coisa de Itá, de Odu de iniciação. Falam isso porque não sabem o que temos. Eles tem apenas isso e mais nada em um processo iniciático elementar e primário.

Eles não sabem nada de individualização, de ori, de esu do orixá, de juntó, de qualidade de orixá, de enredo de orixá. Eles não tem idéia de como individualizamos a iniciação e de como cada Iyawo nasce único. Não temos o Itá mas temos uma alternativa muito superior.

A integração com Ifá não passará por subjugar o que sabemos e fazemos e muito menos por mudarmos o Ifá deles. Passa por ecumenismo."

Fonte - http://blog.orunmila-ifa.com.br/2015/02/os-babalawo-e-o-culto-de-orixa-o-que.html

TIKTOK ERICK WOLFF