domingo, 14 de outubro de 2018

PEDRA DE RAIO, OU FULGURITO

FULGURITOS, OS FILHOS DO TROVÃO

Pércio de Moraes Branco

A regra segundo a qual os minerais se formam através de processo de longa duração e são, por isso, bens não renováveis, tem uma notável exceção nos fulguritos.

Dá-se o nome de fulgurito (popularmente pedra-de-corisco ou pedra-de-raio) o material formado pela fusão de minerais ou rochas pela ação de um raio. Ao atingir o chão, a altíssima temperatura da descarga elétrica funde o material que encontra e pode, nesse processo, formar uma nova substancia mineral. É um processo natural e inorgânico, que produz uma substancia sólida, homogênea e de composição química definida. Não tem, é verdade, estrutura cristalina, mas assemelha-se à obsidiana e aos tectitos, justificando-se portanto seu estudo junto com os demais minerais.

Quando o raio cai sobre a areia e esta é - como a imensa maioria das areias - formada de quartzo, surge um mineral chamado lechatelierita. É uma substância fácil de identificar porque ocorre na forma de tubos alongados, com poucos centímetros de diâmetro e algumas dezenas de centímetros de comprimento, de cor clara, rugosos e foscos por fora, mas lisos e brilhantes internamente. Alguns fulguritos chegam a atingir 20 m de comprimento e diâmetro de 6,2 cm, mas o usual é se encontrar peça menores mesmo porque ela se quebra facilmente. A espessura da parede costuma ter 1 a 5 mm.

No Rio Grande do Sul, há um local particularmente rico em fulguritos desse tipo. Fica em São José do Norte, no litoral sul do Estado. Ali, a queda de raios nas dunas é tão frequente que facilmente se encontram pedaços de lechatelierita com 10 cm de comprimento em média O Geól. Lauro Calliari, professor da FURG (Fundação Universidade de Rio Grande), diz que, dependendo da direção do vento, fica mais fácil ainda a coleta de amostras.

Mas, cabe perguntar, por que caem tantos raios ali. O Prof. Lauro explica que sob os cômoros de areia há grande concentração de minerais de ferro e manganês, na forma de grãos de areia, o que atrai as descargas.

Apesar da freqüência do fenômeno, os moradores não se acostumaram e vivem temerosos com a possibilidade de serem atingidos por descargas elétricas nas tempestades.

Uma equipe do Museu de Geologia esteve pronta para visitar o local no ano passado, mas precisou desistir à última hora em razão de outros compromissos, Iremos lá, porém, na primeira oportunidade que surgir. Se não chover, é claro.
 
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Fonte: CPRM - Serciço Geológico do Brasil,
 


 
 

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