terça-feira, 20 de abril de 2021

O CANDOMBLÉ DIZ NÃO AO SINCRETISMO EM 1983

Artigo publicado por Babá Caio de Odé 

Em 19/04/2021



No ano de 1983, Iyalorixás assumiram a crença (Candomblé) como uma religião independente da católica.

“Daqui para frente, os filhos de gente de Santo não vão mais aprender sua tradição dos Orixás em sincretismo com a religião católica. As iyas e babalorixás da Bahia não querem, também, permitir mais que sua religião seja tratada como folclore, seita, animismo ou religião primitiva, ‘como sempre vem ocorrendo neste pais, nesta cidade’. Querem também dar um basta à utilização de seus trajes, e rituais, em concursos oficiais ou de propaganda turística” - Jornal da Bahia Salvador, 12 de agosto de 1983
“Mãe Stella participou ativamente da recente Conferência Mundial da Tradição dos Orixás. Ela não tem dúvida de que esta atitude deverá ter ressonância entre a população. Sobre o que a Igreja Católica vai dizer? Ela responde: ‘O Pai de Santo que tiver coerência com seus princípios não vai mais sincretizar, mas vai passar para seus filhos os nossos conhecimentos. Quanto ao que pode dizer a Igreja, o culto, o pensamento é livre’.” - Jornal da Bahia Salvador, 12 de agosto de 1983
“Precisamos ser respeitados como religião e não como faz a imprensa, por exemplo, daqui de Salvador, que inclui nossas casas de culto nas colunas de folclore. - Já passamos do tempo de ter que esconder nossa religião. Nossos antepassados, para não serem massacrados foram levados ao sincretismo. É isto que queremos parar de fazer.”
Mãe Stella de Oxossi - Jornal da Bahia Salvador, 12 de agosto de 1983
Ao público e ao povo do Candomblé
“...As Iyas e Babalorixás da Bahia, coerentes com as posições assumidas na II Conferência Mundial da Tradição dos Orixá e Cultura, realizada durante o período de 17 a 23 de Julho de 1983, nesta cidade, tornam público que depois disso ficou claro ser nossa crença uma religião e não uma seita sincretizada...
...Não podemos pensar, nem deixar que nos pensem como folclore, seita animismo, religião primitiva como sempre vem ocorrendo neste pais, nesta cidade, seja por parte de opositores, detratores: muros pichados, artigos escritos - “Candomblé é coisa do Diabo”, “Práticas africanas primitivas ou sincréticas”, seja pelos trajes rituais utilizados em concursos oficiais e símbolos litúrgicos consumidos na confecção de propaganda turística e ainda nossas casas de culto, nossos templos, incluídos, indicados, na coluna do folclore dos jornais baianos...
... deixamos pública nossa posição à respeito do fato de nossa religião não ser uma seita, uma prática animista primitiva consequentemente rejeitamos o sincretismo como fruto da nossa religião desde que ele foi criado pela escravidão à qual foram submetidos nossos antepassados. Falamos também do grande massacre, do consumo que tem sofrido nossa religião [...] Os do sensacionalismo por parte da imprensa, onde apenas os aspectos do sincretismo e suas implicações turísticas (lavagem do Bonfim, etc) eram notados, por outro lado apareceram a submissão, a ignorância, o medo e ainda a “atitude de escravo” por parte de alguns adeptos até mesmo Iyalorixás, representantes de associações “afro”, buscando serem aceitas por autoridades políticas e religiosas. Candomblé não é uma questão de opinião [...] Vemos que todas as incoerências surgidas entre as pessoas do Candomblé que querem ir à lavagem do Bonfim carregando suas quartinhas, que querem continuar adorando Oyá e Sta. Bárbara, como dois aspectos da mesma moeda, são resíduos, marcas da escravidão econômica, cultural e social que nosso povo ainda sofre. Desde a escravidão que preto é sinônimo de pobre, ignorante, sem direito a nada a não ser saber que não tem direito; é um grande brinquedo dentro da cultura que o estigmatiza, sua religião também vira brincadeira. Sejamos livres, lutemos contra o que nos abate e nos desconsidera, contra o que só nos aceita se nós estivermos com a roupa que nos deram para usar. Durante a escravidão o sincretismo foi necessário para a nossa sobrevivência, agora em suas decorrências e manifestações públicas: gente de santo, Iyalorixás, realizando lavagem nas igrejas, saindo das camarinhas para as missas etc, nos descaracteriza como religião, dando margem ao uso da mesma como coisa exótica, folclore, turismo. Que nossos netos possam se orgulhar de pertencer à religião de seus antepassados, que ser preto, negro, lhes traga de volta a África e não a escravidão. Esperamos que todo o povo do Candomblé, que as pequenas casas, as grandes casas, as médias, as personagens antigas e já folclóricas, as consideradas Iyalorixás, ditas dignas representantes do que se propõem, antes de qualquer coisa considerem sobre o que estão falando, o que estão fazendo, independente do resultado que esperam com isto obter [...]. Antes o pouco que temos do que o muito emprestado. Deixamos também claro que nosso pensamento religioso não pode ser expressado através da Federação dos Cultos Afros ou outras entidades congêneres, nem por políticos, Ogãs, Obás ou quaisquer outras pessoas que não os signatários desta. Todo este nosso esforço é por querer devolver ao culto dos Orixás, à religião africana a dignidade perdida durante a escravidão e processos decorrentes da mesma: alienação cultural, social e econômica que deram margem ao folclore, ao consumo e profanação da nossa religião.
Assinaram:
- Menininha do Gantois - Iyalorixá do Axé Ilé Iya Omin Iyamassé
- Stella de Oxossi - Iyalorixá do Ilé Axé Opô Afonjá
- Tete de Yansã - Iyalorixá do Ilé Nasso Oke
- Olga de Alaketo - Iyaloriá do Ilé Maroia Lage
- Nicinha do Bogum - Iyalorixá do Zogodô Bogum Malê Ki-Rundo”
Fonte: Jornal da Bahia Salvador, 12 de agosto de 1983

domingo, 18 de abril de 2021

EQUIVOCO ENTRE A INTERJEIÇÃO OXALÁ COM A DIVINDADE IORUBA OXALÁ

 Erick Wolff de Oxalá

18/04/2021



Este artigo tem a finalidade de desfazer o equivoco entre a interjeição e a divindade ioruba Oxalá, e a possível origem do nome Árabe. 

Vejamos o que seria uma interjeição:

Significado de Interjeição

substantivo feminino

Palavra que serve para exprimir de modo enérgico e conciso um sentimento violento, uma emoção, uma ordem, como ah!, ai!, psiu! [dicionário online]

A interjeição oxalá:

Significado de oxalá

interjeição

Exprime o desejo muito forte de que certa coisa aconteça; tomara!, queira Deus!: oxalá tudo saia como planejamos.

Etimologia (origem da palavra oxalá). Do árabe in xā llāẖ, "se Deus quiser" [dicionário online]

Sinônimos da interjeição oxalá:

Sinônimos de oxalá

oxalá é sinônimo de: tomaraassim sejasalve  [dicionário online]


O substantivo masculino Oxalá

substantivo masculino

[Religião] No panteão iorubá, divindade superior entre os orixás; obatalá.

Etimologia (origem da palavra oxalá). Do iorubá orixaala, de Orixa-n-la, "orixá supremo". [dicionário online]

 

Considerações finais 

A interjeição é um desejo forte de algo que aconteça, como exemplo da expressão oxalá na sua origem árabe, não tem nada a ver com a divindade iorubá Oxalá. Em hipótese alguma o nome da divindade Oxalá tem alguma ligação com os Árabes. Sendo um equivoco tentar vincular a interjeição com a divindade, tanto por este orixá não ter origem árabe.


Referencias virtuais:

Dicionário online

sexta-feira, 2 de abril de 2021

REPORTAGEM DE A TARDE MENCIONOU RITO DO CANDOMBLÉ POUCO CONHECIDO: O OLOROGUM

Por Cleidiana Ramos

Postado em 02/042021


O Olorogun ou Lorogun é um rito do candomblé que não é muito citado mesmo em estudos clássicos sobre essa religião. Assim é uma preciosidade a reportagem publicada por A TARDE na edição de 28 de fevereiro de 1974 que faz referência a ele.    

Essa celebração marca, em alguns terreiros, um tempo de pausa encerrando um ciclo e o começo de outro. Essa celebração coincide com o tempo especial para os católicos que é a Quaresma. Em algumas comunidades o novo tempo é marcado pelo Sábado de Aleluia, que acontece amanhã.


Para alguns terreiros, o Olorogun também chamado de Lorogun, inclui a encenação de uma batalha. Em  História de um terreiro nagô,  Descoredes Maximiliano dos Santos, Mestre Didi, descreveu esse rito no Ilê Axé Opô Afonjá.



Fonte - 
Reportagem de A TARDE mencionou rito do candomblé pouco conhecido: o Olorogum (uol.com.br)

quarta-feira, 31 de março de 2021

O COVID DENTRO DOS TEMPLOS RELIGIOSOS.

Por Erick Wolff de Oxalá

Postado em 31/03/2021


Estamos num momento tão delicado, que chega a dar aquela angústia toda vez que vamos olhar as nossas mídias sociais, pois a cada hora nos deparamos com condolências para algum amigo ou afro-religioso que partiu. A lista já é imensa e continua a crescer, além dos que estão doentes, por isso todo dia, quando vamos falar com os nossos orixás pedimos saúde ou proteção para alguém.

Não sabemos quando isso acabará, mas o que mais nos preocupa são os tambores que continuam a tocar e as festas não sem horário para terminar ainda fazem a programação diária. A conscientização dos religiosos e a responsabilidade para com a sua comunidade deve ser exercida, pois, basta um único contaminado para que contamine toda a casa, e se espalhe para os familiares destes. 

Sabemos que na semana Santa, muitos templos possuem uma programação sincrética e possuem rituais aos quais os fieis esperam o axé, no entanto, diante do perigo que corremos, pedimos de todo o coração que suspendam as suas atividade e evitem aglomeração, pois se não fizermos a nossa parte, não adianta culparmos alguma autoridade pelas mortes dos nossos próximos. 

O templo Ilê Axé Nagô Kóbi prezando pelo bem-estar de todos, suspendemos as seções e toques, desde o começo da pandemia, e estamos atendendo moderadamente os filhos e cliente. Que os trabalhos ou jogo de búzios, estão bem espaçados, e que atualmente durante a bandeira preta, marcamos apenas um jogo por dia, e que todo mundo ao chegar no Ilê passa por protocolos de higiene e proteção, conforme fomos orientados por profissionais da saúde. 


Programação da Família Kóbi, na semana Santa.
Segue a semana como as demais do ano, não temos programação especial, nem diferente. Não seguimos a tradição nem o calendário católico.

domingo, 28 de março de 2021

terça-feira, 23 de março de 2021

10 CURIOSIDADE SOBRE OYA NA ÁFRICA - YORUBA



1-Onira é referente a Oya ter vivido na cidade de Ira- Kwara - até hoje o rei local tem o nome de sua coroa chamada de Onira. “ a dona/o de Ira”.

2- Suku - tranças que puxam o cabelo para traz formando um coque é o estilo de cabelo de Oya e seus devotos em Oyo

3- Antílope, Búfalo e carneiro, são os animais que Oya tem tabu em Oyo


4- Oya também é um Orisa ligada a água e o rio Niger ( antes de chamado de Oya) é seu rio


5- Isapa é uma comida dada a Oya em Oyo é feita com uma espécie de hibiscos branco


6- Em Oyo a cor de Oya para seus devotos e ileke é o marrom, em outras regiões é possível ver o vermelho.


7- Ìkòkò Iná - è um ritual de Oya - a panela de fogo, que durante o festival de Sango, a Oya possuída pela Elegun, tem que levar até um dos templos de Sango.


8 - Em área Yoruba é comum ouvir que Oya foi a esposa favorita de Sango


9 - Alguns versos do odu erindilogun de oyo diz que oya não teve filhos e por isso ela adotou 9 crianças


10 - O erindilogun e o obi são os oráculos usados por devotos e sacerdotes de Oya em área Yoruba.

TIKTOK ERICK WOLFF

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