sábado, 6 de setembro de 2008

Oxalá ou Obatala



Òrìsànlá ou Obàtálá na África, "O Grande Òrìsà" ou "O Rei do Pano Branco" para os Yorubás, criador do mundo, dos homens, animais e plantas. Foi o primeiro Òrìṣà criado por Olodumare e é considerado o maior de todos os Òrìṣà.

É o mais velho dos Òrìsás, o rei de vestes brancas, raiz de todos os outros Òòsààlà. Ele não é feito, faz-se Ayrà ou Òsun Oparà. É o pai de Osàlúfón, que por sua vez é o pai de Osoguian, tão grande e poderoso é Obàtálá que não se manifesta, sua palavra transforma-se, imediatamente, em realidade.

Representa a massa de ar, as águas frias e imóveis do começo do mundo, controla a formação de novos seres, é o senhor dos vivos e dos mortos, preside o nascimento, a iniciação e a morte. É o responsável pelos defeitos físicos, ele é corcunda porque se recusou a fazer uma oferenda de sal numa cabaça e Èṣù castigou-o pregando a cabaça nas costas, razão pela qual não come sal, comer sal para ele constitui-se num ato de alto canibalismo. Ele deu a palavra ao homem e durante suas festas não se fala durante três semanas tudo é silêncio, pois a palavra é dele.

África
Obàtálá é o filho direto de Olórum o criador do universo. Depois de criado o universo e a terra em específico; depois de milhares de anos resolveu dar vida a terra e enviou seu filho direto " Obàtálá" para esse fim á terra que até então era composta de água. Vindo com o saco da criação Obàtálá trouxe consigo uma galinha d'angola que foi responsável por espalhar a terra sobre as águas, dando desta maneira forma á terra até então composta de água, depois de criado os montes etc... Obàtálá criou os vegetais, animais e por ultimo da própria criação "terra" com ajuda de Nanã moldou o ser humano como barro e com seu sopro deu vida ao ser humano. Por isso se você tem um grande problema de saúde é a este Òrìṣà que se pode recorrer; claro que dependendo do tipo de saúde que seja, podemos recorrer também a outros Òrìṣàs... Obàtálá é quem rege tudo o que é branco sobre a terra em todos os sentidos da palavra; pureza... Obàtálá - Oba (rei) alá (branco)

Òsàlá - Palavra de origem árabe, mais precisamente de inshalla, com o significado de "se Deus quiser, se Deus o permitir".

Òrìṣà-Nla, Òrìṣàla ou (Orixalá e Oṣalá em português) é o primeiro Òrìṣà Funfun nascido diretamente de Olórun (DEUS) (tudo desses Òrìṣàs é de cor branca).

O Reverendo Samuel Johnson, no livro The History of the Yorubas, Lagos, 1937, escreve:

"Òrìṣàlá é encarregado do poder criador e é considerado um co-trabalhador de Olórun. Supõe-se que o homem tenha sido feito por Deus e modelado por Òrìṣàla. Seus adeptos se distinguem pelo uso de colares de contas brancas e pelas roupas brancas. Não podem beber vinho de palmeira. Os sacrifícios por eles oferecidos não podem conter sal. Os albinos, os anões, os estropiados e os corcundas são considerados sagrados por esse Òrìṣà.

Òrìṣàla é o nome comum, conhecido e adorado em diversas cidades e sob diversos nomes: Òrìṣà Oluofin em Iwofin, Òrìṣàko em Oko, Òrìṣàkire em Ikire, Òrìṣàgiyan em Ejigbo, Òrìṣàeguin em Owu, Òrìṣàjaye em Ijaye, Obatala em Oba."

Oṣalá é o Òrìṣà associado à criação do mundo e da espécie humana. Apresenta-se de duas maneiras: moço – chamado Oṣaguian, e velho – chamado Oṣalufan.

Os símbolos do primeiro é uma idá (espada), "mão de pilão" e escudo. O do segundo é uma espécie de cajado em metal, chamado ôpá ṣôrô.

A cor de Oṣaguiam é o branco levemente mesclado com azul, a de Oṣalufam é somente branco. O dia consagrado para ambos é a sexta-feira.

Sua saudação é ÈPA BÀBÁ ! Oṣalá é considerado e cultuado como o maior e mais respeitado de todos os Òrìṣàs do panteão africano.

Simboliza a paz é o pai maior nas nações das religiões de tradição africana. É calmo, sereno, pacificador, é o criador, portanto respeitado por todos os Òrìṣàs e todas as nações. A Oṣalá pertence os olhos que vêem tudo.


Saudação: Epaô Baba!

Dia da Semana:
Domingo

Número:
08 e seus múltiplos

Cor:
Branco para todos com exceção de Branco com preto para Oṣalá de Orumiláia ou cinza bem claro para Obokun
Guia: toda branca fora 01 branca, 01 preta, 01 branca para Oṣalá de Orumiláia

Oferenda: canjica branca e merengue e coco ralado

Qualidade:

Òrìṣà Obokun = O rei de Ijesá, conhecido entre os Nago como Òṣàlá porem foi um guerreiro, filho de mais novo de Oduduwá (branco rajado de cinza claro ou cinza muito clarinho).
Òrìṣà Olokun - senhor do oceano para os Yorubás, pai de Yemonjá. (branco com cristal 1x1)
Òrìṣà Dakùn ou Olofon – O fiador de algodão (branco).
Òrìṣà Jobocum – que traz as águas. (branco)
Orinṣáálá /Obàtálá - é casado com Yemowo, suas imagens são colocadas uma do lado da outra e cobertas com traços e pontos desenhados com efum, no ilésin, local de adoração, dizem que Yemowo foi a única mulher de Òrìṣàlá - Obàtálá um caso excepcional de monogamia entre Òrìṣàs e eboras (branco com cristal 1 x 1)
Òrìṣà de Orumiláia = importantíssimo para o culto Yorubá, pois com ele recebemos nosso àṣe de búzios (branco com preto 1 x 1)
Òrìṣà Oduduwá = O Òrìṣà funfun mais antigo, responsável pela criação do universo. (branco)


Ferramentas: jóias em prata, caramujo, sol, cajado, pomba de prata, moedas e búzios, para Oṣalá de Orumiláia acrescentamos olhos de prata Ave: Galinha branca com exceção de galinha branca mais galinha preta para Oṣalá de Orumiláia

Quatro pé:
cabrita branca e cabrita branca com pequenas manchas pretas para Oṣalá de Orumiláia.


Oduduwa, foneticamente escrito como Odùduwà, e às vezes contraído como Odudua, Oòdua, geralmente é mantido entre os Yorubas por ser o ancestral dos reis Yorubas coroados.

Brasil
É um Òrìṣà, Odùduà - Oduduwa - Odùduwà , foi um rei que teria vindo do leste, no momento das correntes migratórias causadas por uma invasão berbere no Egito.

Segundo Pierre Verger, esse fato provocou deslocamentos de populações inteiras, expulsando-se progressivamente umas às outras, em direção ao oeste, para terminar em Borgu, também chamada região dos Baribas.

O rei Oduduwa ou Oduwa, era o pai de Oranian o fundador de Òyó.




Lendas

Oṣalá é preso injustamente


Oṣalá Jobocum era um rei muito idoso que andava com dificuldade, apoiado em seu cajado (opaṣorô).

Um dia, sentindo saudades do filho Ṣàngó, resolveu visitá-lo. Mas, um babalaô recomendou que não viajasse, no entanto Oṣalá estava determinado e foi aconselhado a levar três roupas brancas e limo da costa e fazer tudo o que lhe pedissem.

Sua viagem teve início e no meio do caminho, encontrou Eṣú Elepô, dono do azeite-de-dendê, sentado à beira do caminho, com um pote ao lado, este solicitou a ajuda do ancião para colocar o pote no ombro. E Oṣalá assim o fez, lembrando-se das palavras do babalaô, mas, Eṣú derramou o dendê sobre Oṣalá. O Òrìṣà manteve a calma, limpou-se no rio e vestiu outra roupa para prosseguir a viagem.

Mais adiante encontrou Eṣú Onidu, dono do carvão, e Eṣú Aladi, dono do óleo do caroço do dendê. Por duas vezes mais foi vítima dos brincalhões, mas limpou-se e trocou de roupa e prossegui viagem até o reino de Ṣàngó.

Ao chegar aos domínios do filho, avistou um cavalo perdido que outrora foi dado como presente a Ṣàngó e o amarrou para levar de volta ao seu dono. Os soldados do palácio o julgaram um ladrão. E o espaçaram até quebrar os ossos e o colocaram no calabouço.

Usando seus poderes, Oṣalá fez com que não chovesse mais desse dia em diante, as colheitas foram prejudicadas e as mulheres ficaram estéreis. Preocupado com isso, Ṣàngó consultou seu babalaô e este afirmou que os problemas se relacionavam a uma injustiça cometida sete anos antes, pois um dos presos foi acusado de roubo indevidamente.

O Òrìṣà dirigiu-se á prisão e reconheceu o pai. Envergonhado, ordenou que trouxessem água para limpa-lo e, a partir desse dia, exigiu que todos no reino se vestissem de branco em sinal de respeito ao pai. Pai de todos os Òrìṣà e mortais, Oṣalá é o maior e mais respeitado Òrìṣà nas Nações africanas, a paz e a harmonia espiritual são as características deste que é o Criador e Administrador do Universo.

Quando moço, se manifesta em seu Cavalo-de-Santo dançando como os outros Òrìṣà, quando se apresenta em suas passagens velhas, chega se arrastando caminhando com dificuldade, muitas vezes fica parado no lugar esperando o auxílio de algum Òrìṣà moço.

Pertence a Oṣalá de Orumiláia a visão espiritual, como consequência o jogo de Búzios


Oaguiã manda libertar o amigo preso injustamente



O filho de Oṣalá tornou-se um guerreiro forte e decidiu um dia conquistar um reino para si. Partiu em companhia de seu amigo Auoledjê, conquistou Ejigbô, tornando-se seu rei, o Elejigbô.


O rei tinha uma grande paixão, comer inhame pilado, e comia com gula, tanto que o chamavam Oaguiã, que quer dizer " Oṣalá Comedor de Inhame Pilado".


Um dia Auoledjê, que era grande babalaô, precisou partir de Ejigbô, antes disso, aconselhou Oaguiã que fizesse oferendas, que tornariam o reino próspero.


Assim, como previa Auoledjê, Ejigbô tornou-se uma grande cidade, rica e bem guardada pelos bravos soldados de Oaguiã. O rei Elejigbô vivia em fausto entre seus súditos, por quem era chamado de "Kabiyesi", que é o mesmo que Sua Majestade.


Na intimidade os amigos o chamavam de "Comedor de Inhame Pilado", mas em público isso era uma heresia. Anos mais tarde, Auoledjê retornou a Ejigbô. Ao adentrar a cidade, procurou logo por Oaguiã, "Onde está o Comedor de Inhame Pilado?", perguntaram, os soldados, que não o conheciam, ficaram furiosos com tamanha insolência. Isso era jeito de se referir ao rei?


Prenderam e maltrataram o desconhecido amigo de Kabiyesi, Auoledjê ressentiu-se da humilhação, com seus poderes mágicos, vingou-se. Durante sete anos todas as catástrofes conhecidas, e não faltando a seca, assolaram o reino de Oaguiã.


Oaguiã, desesperado, procurou os adivinhos, e pelo oráculo eles viram a prisão de Auoledjê, um amigo de rei estava preso injustamente. Oaguiã correu para prisão para libertar o velho amigo. Oaguiã libertou-o, mas ainda ressentido, escondeu-se na mata.


Elejigbô buscou o velho amigo, suplicando seu perdão, Auoledjê cedeu com uma condição: que nuca aquele povo se esquecesse dessa injustiça, Todos os anos o povo deveria flagelar-se, em memória do funesto acontecido.


Assim, todos os anos, o rei deveria mandar pessoas à floresta cortar varetas. Os súditos, divididos em dois grupos, tomariam as varas, simulariam golpes uns nos outros, sem parar, até que as varetas se quebrassem, para que nunca se esquecessem daquela injustiça praticada contra o amigo de Oaguiã.


Assim foi feito e o reino de Oaguiã voltou à tranqüilidade e Oaguiã foi o maior dos reis de Ejigbô. Quando ele foi para o Òrum, transformado em oriá, seu culto não se esqueceu do velho amigo babalaô, coma as varetas de Oaguiã, com atoris, seus adeptos renovam sempre a memória da injustiça, para que ela não volte a acontecer.


Oaguiã inventa o pilão


Oalá, rei de Ejigbô, vivia em guerra, ele tinha muitos nomes, uns o chamavam de Elemoxó, outros de Ajagunã, ou ainda Aquinjolê, filho de Oguiriniã. Gostava de guerrear e de comer, gostava muito de uma mesa farta, comia caracóis, canjica, pombos brancos, mas gostava mais de inhame amassado, jamais se sentava para comer se faltasse inhame.


Seus jantares se estavam sempre atrasados, pois era muito demorado preparar o inhame, Elejigbô, o rei de Ejibô, estava assim sempre faminto, sempre castigando as cozinheiras, sempre chegando tarde para fazer a guerra.


Oalá então consultou os babalaôs, fez oferendas a Exu e trouxe para humanidade uma nova invenção. O rei de Ejigbô inventou o pilão e com o pilão ficou mais fácil preparar o inhame e Elejigbô pôde se fartar e fazer todas as suas guerras.


Tão famoso ficou o rei por seu apetite pelo inhame que todos agora o chamam de "Oriá Comedor de Inhame Pilado", o mesmo que Oaguiã na língua do lugar.


Oalá cria a galinha d'angola e espanta a Morte



Há muito tempo, a Morte instalou-se numa cidade e dali não quis mais ir embora. A mortandade que ela provocava era sem tamanho e todas as pessoas do lugar estavam apavoradas, a cada instante tombava mais um morto.


Para a Morte não fazia diferença alguma se o defunto fosse homem ou mulher, se o falecido fosse velho, adulto ou criança. A população, desesperada e impotente, recorreu a Oalá, rogando-lhe que ajudasse o povo daquela infeliz cidade.


Oalá, então, mandou que fizessem oferendas, que ofertassem uma galinha preta e o pó de giz efum, fizeram tudo como ordenava Oalá. Com o efum pintaram as pontas das penas da galinha preta e em seguida a soltaram no mercado.


Quando a Morte viu aquele estranho bicho, assustou-se e imediatamente foi-se embora, deixando em paz o povo daquela cidade. Foi assim que Oalá fez surgir a galinha d'angola. Desde então, as iaôs, sacerdotisas dos Òrìsás, são pintadas como ela para que todos se lembrem da sabedoria de Oalá e da sua compaixão


Orialá ganha o mel de Odé


Orialá vivia com Odé debaixo do pé de algodão, Odé ia para a caça e levava sempre Oalá,, eles eram grandes companheiros, mas Odé reclamava sempre de Orialá, que era muito lento e andava devagar, estava muito velho o orixá do pano branco, e Orialá reclamava de Odé (Òṣòssi), que era muito rápido e sempre andava bem depressa, era muito jovem o caçador, então os dois resolveram se separar, mas Odé estava muito triste, porque fora criado por Orialá, e Orialá estava muito triste, porque fora ele quem criara Odé.


Odé disse então a Orialá que todo o mel que ele colhesse seria sempre dado a Orialá e que ele mesmo nunca mais provaria uma gota, reservando tudo o que coletasse ao velho orixá, e que Orialá sempre dele se lembrasse, quando comesse seu arroz com mel do caçador.


Nunca mais Odé comeu do mel, nunca mais Orialá de Odé se esqueceu.

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Obokun Rei de Ilesa (Ijexá)

Ilesa é uma cidade localizada em oeste de Nigéria; é também o nome de um estado histórico (também conhecido como Ijesa) centrou ao redor dessa cidade. O estado foi determinado por um monarca suportando o título de adimula de Obokun de Owa de Ijesaland. O estado de Ilesa consistiu em Ilesa e um número de cercada de menores cidades.
O Ijesa, um termo também denotando as pessoas do estado de Ilesa, são parte do Estado presente de Osun de Nigéria. Alguns povoados populares do Ijesa são Ibokun, Erin Ijesa, Ipetu Jesa, Ijebu Jesa, Aee Oke, Ipole, Ifewara, Iwara, Erinmo, Iwaraja, Idominasi, Ilase, Igangan, Imo e muitos outros.
O Ijesa são muito bom em comércio e cortou um nicho para si como o arquiteto de negócio de "Osomalo" que é um método popular de comércio que permite que fregueses paguem installmentally de mercadoria.
O Ilesa é para casa ao Ilesa Liceo famoso e prestigioso, uma escola fundado por Egbe Atunluse Ilesa e manter de alma a muitos nigerianos incluindo uma Justiça Principal anterior da Federação, Alfa Belgore, um Governador anterior de Lagos Estado, Alhaji Lateef Jakande e o Chanceler anterior de Vício da Universidade de Lagos, Prof Oye Ibidapo Obe.
Os governadores (título Owa Obokun)

Bilagbayo
Ori Abejoye
Bilajagodo "Arijelesin"
Bilatutu "Otutu bi Osin"
Bilasa "Asa abodofunfun"
Akesan c.1800 Bilajara 1... - 1807
Ogbagba 1807 - 1813
Obara "Bilajila" 1813 - 1828
Odundun 1828 - 1833
Gbegbaaje 1833 - 1839
Ariyasunle (1st time) -Regent 1839
Ofokutu 1839 - 1853
Ariyasunle (2nd time) -Regent 1853
Ponlose 1853 - 1867
Alobe 1867 - 1869 4 Jun 1870
Agunlejika I 1869 - 1871
Vacant 4 Jun 1870
Oweweniye (1st time) 1871 - 1873 Vacant 1873
Oweweniye (2nd time) 1873 - 1875 Sep 1892
Adimula Agunloye-bi-Oyinbo "Bepolonun" 1875
Lowolodu Mar 1893 - Nov 1894 Vacant Nov 1894 - Apr 1896
Ajimoko I Apr 1896 - Sep 1901
Ataiyero 1901 - 1920
Aromolaran 1920 - 1942
Ajimoko "Haastrup" -Regent 1942 - 10 Sep 1942
Ajimoko II "Fidipote" 10 Sep 1942 - 18 Oct 1956
J. E. Awodiya -Regent 18 Oct 1956 - 1957
Biladu III "Fiwajoye" 1957 - Jul 1963 .... -Regent Jul 1963 - 1966
Agunlejika II 1966 - 1981
Oba Gabriel Adekunle Aromolaran II 1982? -


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CABINDAS

Os CABINDAS, designação hoje dada aos habitantes do País de Cabinda (abrangendo todos os clãs irmãos - Bauoio, Bakongo, Basundi, Balinge, Bavili, Baiombe, Bakoki ... ) mas que, de começo, por proveniência Clánica era confinada aos do antigo Reino de Ngoyo e mais propriamente aos da região da actual cidade de Cabinda e arredores mais chegados, sendo povos que fazem parte da grande família banta, por suas qualidades, usos e costumes sobressaem entre os outros.

O Cabinda é, certamente, de todos os povos africanos, o que se aponta com mais freqüência como exemplo de índice de, maior desenvolvimento e progresso em toda a gama de valores humanos.

Casas arejadas e asseadas, mesmo as de colmo e papiros, alinhadas ao longo das estradas por entre filas de palmeiras c coqueiros que emprestam, nos dias de grande calma, a sua sombra aos habitantes; gente palradora e comunicativa entre a qual havia sempre alguém - e hoje quase todos e todas - a poder dar-nos informações pedidas num português já muito sofrível e ajuda pronta em qualquer necessidade.

A língua dos Cabindas -o Kiuoio (ou Iuoio) e Kikongo

As principais «divindades» eram:
Kuiti-Kuiti
Mboze
Lusunzi
Nkanga
Mvemba
Lunga
Bunzí ou Mbungi
Nkunda Mbaki Nranda
Makunku

1 - KUITI-KUITI (Nzambi-Mpungu, uivanga naveka = O Nzambi-Mpungu, o que se fez a si mesmo)
Apresenta-se como filho de um deus que nasceu velho na terra, em Mboma Yala Linsongo.
Teve como irmãos a Nkunda Mbaki Nranda e Mboze.
A mulher era a sua própria irmã, Mboze, de quem teve dois filhos: Né-Mbinda Né-Mboma e Nkanga.
Numa das ausências de Kuiti-Kuiti, Mboze teve relações com o seu próprio filho Nkanga. Concebeu. Kuiti-Kuiti tendo conhecimento da traição e vileza da mulher, conhecimento através de um sonho, regressou a casa e pegou-se com seu filho Nkanga. Isto aconteceu em dia de nevoeiro cerrado (= Mbungi).
Nkunda Mbaki Nranda reprova o proceder de Kuiti-Kuiti, seu irmão, por ter morto Mboze e Nkanga. Então, Kuiti-Kuiti faz ressuscitar os dois ao mesmo tempo.
À criança nascida deste crime de incesto foi dado o nome de BUNZI que, na interpretação de Fernandes, queria dizer: «Assistente de dois deuses em luta.»

Passados tempos, Né-Mbinda Né-Mboma, o outro filho de Kuiti-Kuiti, pede ao pai uma mulher para casar.
Kuiti-Kuiti mata os dois gémeos aIbinos, abandona na Europa os filhos destes e regressa sozinho às terras de Ngoio, indo habitar Mboma.
Sua mulher Mboze vai visitá-lo e, mostrando-lhe as duas filhitas que levava, diz-lhe: «aí tens duas filhas que tive de teu filha Né-Mbinda Né-Mboma.»

2 - MBOZE
É irmã e mulher de Kuiti-Kuiti, como se deixou dito.
Depois da ressurreição de Kuiti-Kuiti, Mboze reformou a sua vida.
Mulher de grande beleza, umas vezes era encontrado muito bem vestida, outras fingindo de pobre miserável, esfarrapada e imundal

3 - LUSUNZI
Filha de Né-Mbinda Né-Mboma e de Mboze.
Teve por marido seu irmão Nkanga.
Seus irmãos: Bunzi (irmão e sobrinho), Mvemba (irmã e sobrinha) e Madia-Mamboze (irmã e prima)!

4 - NKANGA
Filho de Kuiti-Kuiti e de Mboze é marido de sua própria irmã Lusunzi,
Presidia a todas as grandes cerimónias.
Governava, espiritualmente, as terras de Kingangaka, Ngoio, Kankatu e outras.

5 - MVEMBA
Filha de Né-Mbinda Né-Mboma e de Mboze e irmã de Lusunzi e de Bunzi.
Era invocada nas grandes calamidades.

6 - LUNGA
Também filha de Né-Mbinda Né-Mboma e de Mboze e irmã de Lusunzi.
É «deusa» de muita representação nos casos que dizem respeito à salvação do «seu» mundo. Habitava nas pequenas florestas das margens do rio que tem o seu nome, na Muanda (Rep. do Zaire), junto à foz.

7 - BUNZI ou, melhor, MBUNGI
Filha de Nikanga e de Mboze.
Foi por causa deste nascimento incestuoso que Kuiti-Kuiti, marido de Mboze, matou esta e seu filho Nkanga.
No momento em que os dois homens lutavam, Mboze, antes de morrer, ouviu dentro de si uma voz que lhe dizia: «Telamena bobo, kaza minu nzoleze umona monso mivioka avava» - Espera que eu quero ver tudo o que se passa aqui». E nesse mesmo instante nasceu MBUNGI e este nome recebeu porque nessa altura, dizem, havia muito nevoeiro (Nevoeiro = Mbungi).
MBUNGI (ou BUNZI) é invocado, principalmente, nas terras de Mputu Kinzazi e Matamba.

8 - MPANGI
Filha adoptiva de Lusunzi.
O seu habitat era numa pedra que se encontrava na encosta do morro do antigo Porto Rico. A essa pedra lhe chamavam: Limanha liMpangi = Pedra de Mpangi. Era o Nkisi-Nsi da terra, o espírito protector.
E por causa desta «destruição», afirmam os naturais de Cabinda, tanto Mpangi como Lusunzi deixaram as terras de Ngoio. Lusunzi foi para S. Tome e Mpangi para a antiga capital do Reino do Loango, Buáli. Mas não deixaram, contudo, de ter influência sobre as gentes de Cabinda.

9 - NKUNDA MBAKI NRANDA
Irmão de Kuiti-Kuiti e marido de Nsansa-Kunda.
Era o «deus» da chuva. Tinha cauda. Quando invocado para fazer cair chuva, apontava a cauda para o céu. Mas quando julgasse bem, como castigo, apontar a cauda para baixo era mais do que o bastante para não chover!

10 - MAKUNKU
Filho adoptivo de Lusunzi.
Era o «deus» das preocupações. Era grande o seu poder sobre o movimento do sol. Trabalho que começasse, tinha que ser terminado antes do sol posto. Mas se se enganava e o trabalho levava mais tempo do que contara? Era simples. Mandava recuar o sol para que lho desse tempo de terminar a tarefa!
(Até parece o dito milagre de Josué, na Bíblia - Cf. Livro de Josué, X12,15!)

11 - DIVINDADES DE SEGUNDA ORDEM
São todos filhos adoptivos de Lusunzi, «deusa» dos bons costumes e a restauradora da moral natural nas terras de Ngoio.
Vela-Ke-Lusunzi, andrajoso e pobretão, vagueava pela praia e pelo Kizu.
Mbaki-Lukola-LiMpangi; Mundala-Mpangi; Lukika-LiMpangi. Estes habitavam junto ao riacho Lukola.
Kinkinda e Kilili - na Muanda.
Kimpukulo e Kinsunda - por várias regiões.

Esta mitologia Cabinda, não destrói nem exclui o sistema Religioso comum a todos os clãs Bakongo.

Se pode haver, v. g. entre os de Ngoio, uma ou outra particularidade, fruto da rica Tradição dos Cabindas - como a de A. J. Fernandes - o sistema religioso que vamos apresentar é o de todos: Bauoio, Basundi, Balinge, Baluango, Bavili, Bakongo propriamente dito, etc., etc., (dos nove clãs descendentes de Vua li Mabene).

NZAMBI - A maior divindade
Todos os clãs Bakongo conhecem Deus sob o vocábulo NZAMBI ou NZAMBI MPUNGU.

NZAMBI é bom. Chamam-lhe Tata, Tat itu: Pai, Pai Nosso; Tata Nzambi = Deus Pai.

É do Nkisi-Nsi que o chefe recebe o poder. É do Nkisi-Nsi que, nos Bauoio - Cabindas - toda a comunidade, por cerimónias públicas, procurava conquistar graças e favores. É em nome do Nkisi-Nsi que os Zindunga, chamados também mulheres do Nkisi-Nsi (Bakama Bakisi-Nsi) ou «soldados», fazem o policiamento das terras de Cabinda e velam pela guarda dos bons costumes e leis de Lusunzi, que não são mais do que as leis do Nkisi-Nsi.
É ainda pelo Nkisi-Nsi que, praticamente, em todos os clãs do num País de Cabinda, fazem entrar as jovens, chegadas à idade núbil, no NZO KUMBI («Casa da Tinta») para, depois, tomarem estado, casando-se ou, mesmo, entregando-se a uma vida fácil.

Em atenção ao Nkisi-Nsi, abstêm-se as pessoas de certos actos fora do casamento ou observam certos costumes nas relações conjugais...
Ao Nkisi-Nsi ficam ligados todos os que nascem de uma forma tida por «anormal», a saber:

A) Os ZINDUNDU (sg. NDUNDU) = Albinos.
Porque os aIbinos, de um e outro sexo, são incapazes de geração (dizem) atiram-nos para o número dos monstros.
Outrora, era costume apresentarem os «Zindundu» ao Rei. Eram, depois, ensinados na prática da magia e passavam a servir de magos ao Rei, que seguiam e acompanhavam sempre.
Ninguém ousaria ofendê-los com qualquer afronta. Eram respeitados por todos. Se iam ao mercado podiam tomar o que quisessem e ninguém lhes iria à mão.

B) BASIMBA, os gémeos. Tidos também por filhos, do Nkisi-Nsi. Havia para com eles as atitudes respeitosas que tinham para com os aIbinos

C) Os NSUNDA (pl. BASUNDA), os que nascem pondo, primeiro, as pernas fora do ventre materno.

D) Os KILOMBO - Os que revelam, em sonho, a sua origem estrangeira.

E) Os mortos com VIMBU. Vimbu, doença que faz inchar. Vem do verbo Kuvimba -Inchar, engrossar.

F) As que morrem grávidas e todo aquele ou aquela a quem não cortaram os cabelos ou as unhas...

Jura-se e amaldiçoa-se, ainda hoje, pelo Nkisi-Nsi.
É que o Nkisi-Nsi, por bom e generoso que seja, também pode encolerizar-se e vingar-se.
Há quem tenha visto nesta espécie de culto uma como que idolatria.
«Je n'oserais pas me prononcer en faveur de cette thèse», afirma o P. Bittremieux.

Assim, o nome de Nzambi dado a uma estatueta, ou o facto de recorrer «directa e unicamente aos bons serviços dos espíritos», estes «agindo por sua vontade e como se fosse por seu próprio poder», dispondo da vida e da morte, da saúde e da doença, - da chuva e da seca, como se fosse DEUS, parece-me, continua Bittremieux, susceptível de uma outra interpretação bem diferente de uma idolatria formal, ou mesmo material.

VUÁ-LUSANGA
Na aldeia do Kakata. Este Nkisi-Nsi «vivia» numa árvore de nome Nunga-Nsende que se encontrava num pequeno bosque, mesmo junto à casa do soba Estanislau Kimpolo.

Havia um outro Nkisi-Nsi de nome KIUNGU-MPATI.

Este tinha o seu habitat em duas mateveiras, tão juntinhas, diziam, «que até pareciam homem e mulher.»

KIVUMA
Era o Nkisi-Nsi do Lusiese. Seu habitat: numa pedra que se encontrava no bosque vizinho. E, convencidos, afirmam tratar-se «de um pedaço de uma estreia, caída em dia de trovoada.»

TULA-KITUNZI
Encontrava-se num embondeiro junto à lagoa deste nome. Era lagoa, em tempos, muito abundante de peixe.
O embondeiro estava pintado a vermelho, branco e amarelo.

NKULU
Um pequeno riacho de nome NKULU MUANA NTELA=Nkulu, filho de Ntela.
Antigamente, dizem, na lagoa que ali perto existia, as canoas não se aquentavam. Canoa que lá se colocasse aparecia no dia seguinte rachada em duas!

MBUKU
Nkisi-Nsi da aldeia do Kinguinguili. Residia numa mafumeira que se encontrava no meio de um pequeno bosque. Estava ela pintada, até à altura de um homem, a vermelho e branco.
As mulheres estavam proibidas de se aproximarem. Eram os homens quem limpava o recinto.

NHOKO-NDOMBE
O Nkisi-Nsi do Banda-Sanvi
Tinha assento numa árvore de nome MBULU (dizem que semelhante à da fruta-pão) no meio de um pequeno bosque.

No dia da limpeza e «benção» cantavam:
Kunhema bantu, kunhema nsí ko - Nsi a bantu.
Gabar-se de ter gente, não se gabar da terra - A terra tem gente.

KIKALA-NGUNGO
Encontrava-se num pequeno bosque o numa árvore NSANHA que lá existia.
Porque se chama Kikala-Ngungo?
Uma mulher, certo dia, foi ao seu campo colher ngungo, uma espécie de Uando (Guando) - Cajanus flavus. Apanhou muito ngungo.
Ao passar junto ao tal bosque onde se encontrava o Nkisi-Nsi ouviu alguém a perguntar-lhe se tinha feito boa recolha.

NGULUNGU-MBUSI
Na aldeia do UANGULO.
Este Nkisi-Nsi encontrava-se no meio do povo, debaixo de um pequeno coberto «muanza».
O que fazia parte do «feitiço» estava encerrado dentro de dois grandes cestos, de dois Ntende-Ngoio.
Ntende = Cesto.
Ngoio = de Ngoio, por ser feito em Cabinda.
Dentro dos cestos havia: ossos de ngulungu, de pacaça e de porco do mato, giz, cal e paus MpalaBanda e de Kindombe.
Os paus tinham que ser tortos, bifurcados ou curvos, e limpos da casca.
Quando faltava a caça ou o pescado nos rios e, sobretudo, nas lagoas, passando bastante tempo sem se conseguir caça e pesca, o dono da terra (Nfumu-Nsi) mandava capinar o local para atrair a bênção do Nkisi-Nsi.
As mulheres, nessa altura, ao mesmo tempo que capinavam, cantavam:

É ... i... à, Ngulungu-Mbusi
Aié... bálale...
Ngulungu-Mbusi
Aié... bálálé...

P. JOAQUIM MARTINS, C. S. SP.
(Historiador Laureado de Cabinda)



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