Claudio Zieger
07/02/2007
Fon-gbe ou fon é o nome da língua falada pelo povo da
etnia fon. Gbe significa "linguagem".
O Benim tem umas cinquenta línguas tradicionais onde o Fon é a
predominante no sudoeste do pais não sendo usada nas outras partes, como nas
fronteiras do Togo e da Nigéria. No Benim, o francês é a língua oficial, sem a
qual não seria possível a comunicação entre os diversos grupos.
Num pais pequeno como esse onde há tanta diversidade étnica, o idioma muda praticamente a cada a cada 50 km, conforme se muda de vilarejo. Não há língua tradicional escrita no Benim, a que existe atualmente foi trazida pelos europeus.
Num pais pequeno como esse onde há tanta diversidade étnica, o idioma muda praticamente a cada a cada 50 km, conforme se muda de vilarejo. Não há língua tradicional escrita no Benim, a que existe atualmente foi trazida pelos europeus.
Os franceses que colonizaram o pais, estabeleceram suas escolas e o sistema educacional vigente até os dias de hoje. Como consequência, a maior parte das escolas ensina apenas a língua francesa ao invés das línguas locais, resultando no esquecimento das línguas tradicionais, faladas pelos diferentes grupos como língua mãe.
O fon e as demais línguas foram transcritas
utilizando o alfabeto romano, primeiramente pelos europeus e posteriormente
pelos estudiosos beninenses. Devido ao sistema educacional ser em francês,
poucos sabem ler o fon mas todas pessoas dessa etnia sabem falar.
A ORIGEM DA PALAVRA JEJE
Essa palavra vem da expressão ioruba
"Adjeje" que significa estrangeiro, forasteiro. Portanto, não existe
e nunca existiu nenhuma nação Jeje em termos políticos.
O que se chama nação Jeje é o termo usado pelo povo
do Candomblé para designar a influência fon trazida pelos escravos que vieram
do Daomé. Jeje era uma palavra pejorativa que os iorubás usavam para designar
as pessoas que vinham do Leste. Os Manis do Oeste e os Savalús ou Saluvás do
sul não tinham esse apelido.
O termo Saluvá ou Savalu, vem de "Savé", local onde se cultuava a divindade Nanã, mãe dos Baribás, uma antiga dinastia originada de um filho de Odudua, que é o fundador de Savé. Esse fato demonstra a relação existente entre os fon e os iorubas.
ORIGEM DA PALAVRA DAOMÉ
A palavra Dahomey tem dois significados: Um está
relacionado com um certo Rei Ramilé que se transformava em serpente e morreu na
terra de Dan. Daí vem o termo "Dan Imé" ou "Dahomey",
aquele que morreu na Terra da Serpente.
De acordo com as pesquisas históricas, o trono desse rei era sustentado por duas serpentes feitas de cobre, cujas cabeças formavam os pés do trono. Esse seria um dos significados, Dan a serpente sagrada e Homé, a terra de Dan, portanto Daomé é a terra da serpente sagrada. Segundo as crenças esse culto a serpente veio do antigo Egito.
DIALETOS FALADOS
Os povos Jejes-Fon eram constituidos por várias
tribos e linguas, como os Ashantis, Gans, Agonis, Popós, Crus, etc.
Portanto, haveriam dezenas de idiomas para uma só tribo, o que esbarra evidentemente nas regras da linguística, pois muitas tribos falando diversos idiomas, dialetos e cultuando os mesmos Voduns.
Diferenças como essas que vieram por exemplo dos
Minas- Gans ou Agonis, Popós que falavam a lingua dos Tabosses, criando-se uma
grande confusão.
A INFLUÊNCIA DAS PALABRAS JEJE NA CULTURA AFRO-BRASILEIRA
A cultura Jeje vinda do antigo Dahomey, que antes da
invasão colonial, abrangia o Togo e fazia fronteira com Ghana é, sem dúvida,
uma das maiores contribuções culturais deixada pelos negros fon no Brasil.
Esses povos Adjejes, como eram chamados pelos
iorubas, estabeleceram suas raizes e seus fundamentos nos seguintes lugares:
Cachoeira de Sao Feliz, na Bahia, Recife, e São Luiz do Maranhao.
Durante um longo periodo essa cultura sofreu
influências da iorubá, e essa mixtura passou a ser conhecida como Jeje-nagô.
Essa mixtura veio principalmente dos iorubas com as tribos jejes, dentre as
quais destacaram-se as tribos Gan, Fanti, Ashanti, Mina e Mahin (Marrin). Essa
última, os Manis ou Mahin, tiveram maiores influencias sobre as demais.
Esses negros falavam o dialeto ewe (existente atualmente no Togo) e que acabou por ter grande influência sobre as culturas iorubá e bantu, no Brasil, faladas pelo povo de santo. Como exemplo disso aqui estão alguns termos usados no candomblé para designar um barco de yawos (pessoas que se iniciam junto): Dofono, Dofonitin, Fomo, Fomutin, Gamu, Gamutin e Vimu, Vimutin.
Outras palavras Jeje foram incorporadas não somente na cultura afro-brasileira como também em nosso cotidiano, como por exemplo:
Acassá – faca; cujo original ewe escrevia-se com K em lugar de C.
Outra palabra foi "tijolo" que em ewe é
Tijoló.
Eis algumas palavras do dialeto Ewe
Esin = agua
Atinçá = árvore
Agrusa = porco
Kpo = pote
Zo ou izó = fogo
Avun = cria
Nivu = bezerro
Bakuxé = prato de barro
Yan = fio de contas
Vodún-se = filho do vodun ou iniciados da nação Jeje
Yawo = filho do vodun ou iniciados da nação Keto
Muzenza = filho do vodun ou iniciados da nação Angola
Tó = banho
Zandro = cerimonia Jeje
Sidagã = auxiliar de Dagã na ceremonia para Legba (Exu)
Serrín = ritual fúnebre Jeje
Sarapocã = cerimonia feita sete dias entes da festa pública de apresentação do iniciado ao chefe.
Sabaji = quarto sagrado onde estão os assentamientos(fetiches) dos Voduns
Runjebe = colar de contas usado após sete anos de iniciação
Rumbono = primero filho iniciado numa casa Jeje
Rumdeme = quarto onde estão os Voduns
Roncó = quarto sagrado de iniciação
Bejersú = cerimonia de matança de animais
07/10/2007 Publicada por Claudio Zeiger
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