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terça-feira, 20 de agosto de 2024

PAULO DAMATA PERGUNTA SOBRE BEBIDAS PARA O BARA LODE E OGUN AVAGÃ

Nesta postagem do Paulo Damata, postado no grupo Nação Cabinda do RS do Facebook, com intuito de coletar informações sobre o costume de oferecer bebidas aos orixás.
Precisamos esclarecer que a maioria das famílias do Batuque tradicionalmente não oferecem bebidas a orixás.
Vejamos a postagem:



"Bom dia irmãos!!!!!
Alguém sabe ou já ouviu ( no passado Bará Lodê bebia Cachaça) ?
Sei que é estranho para Orixá mas é coisa antiga.
Obrigado"


Coletamos alguns dos comentários durante o debate:

"Erick Wolff

Bom dia, temos registros de sacerdotes que faziam serviços para o avaga com uma garrafa de cachaça, diretamente na encruzilhada.


Rafael Tealdi

[Erick Wolff] Bàbá, era a bebida "cachaça" mesmo ou algum tipo de aguardente, como o Gin, por exemplo, muito usado em África ou Candomblé?


Diego da Rosa

[Erick Wolff] Eu sirvo cachaça e ou gin para lode, cerveja para ogun avagã espumante para oyá! Gin eu esborrifo nos barás (okutas)


Diego da Rosa

Não dou bebida alcoolica para axeres! nem orixá em terra


Babalorixá João Òsún Olobomi

[Erick Wolff] se faz ou se fazia dar mimiã amargo (farinha de mandioca com epô e um pouco de cachaça) no trilho de estrada de ferro para Ogun Avagã....e tudo se abria na vida... claro quêm detém o conhecimento de axé...

E o interessante é que era uma noite antes de se cortar um bode ou até boi para Exu (entidade)....


Erick Wolff

Assim, como temos registros de uma família que era de Ijesa e depois passou para a Kambina, que nos dias dos Batuques, os axero, terminavam o Batuque bebendo:

Ogun - cerveja, há relatos de separarem engradados de cerveja e o axero bebia a madrugada.

Oya - sidra de maça

Osun - sidra de pessego

Yemanja - sidra normal

E os axeros ficavam com a garrafa na mão e uma taça, porem, não vi Bara, Sango, Xapana, Oxala nem Ossanhe bebendo.

Preservaremos os nomes, respeitando o tabu da ocupação e a família, porem, há possibilidade de serem fornecidos, para estudos ou pesquisas acadêmicas.


Bàbá Ifaburè Dirojaye

[Erick Wolff] Lo he visto en mis comienzos Bàbá. Todos los axere tomaban cerveza excepto los de Óòṣànlà


Erick Wolff

Este evento eu vi algumas vezes quando entrei para a religião por volta de 1980


Iago Ramos

Bom dia ... No passado e até nos dias atuais os orixás Bara Ogum ossanha e xapanã existe preceitos que vão cachaça sim, até pq na África e servido pra quase todos os orixás ....

Hoje muitos não se faz mais pois muita coisa se perdeu no tempo, claro que eh em certos rituais. Mas sim lodê assim como avagã tomam cachaça.... Isso falando da minha goa, mas sei que em muitas vão dizer que eh errado.... Mas orixás são natureza....

Antigamente se dava sim, a grande maioria das pessoas iniciadas a esses orixás os serviam cachaça..


Bàbá Ifaburè Dirojaye

Iago Ramos o gin, cachaça, ron, etc, são para ativar o àṣẹ e até o ofo mesmo. É muito legal e em nossa família também se usa.


Iago Ramos

[Bàbá Ifaburè Dirojaye] isso mesmo, mesmo Exu adora ser assoprado com gin e epô...


Paulo Dexango

[Iago Ramos] sim mano e verdade até eco se fãs mais isto é fundamento


Erick Wolff

Sim, concordando com o Iago Ramos, que no Bori, é comum algumas famílias fazerem o axé dos copos, com algumas bebidas, que após o Bori, os que estão no serão, podem beber um gole destes copos.


Elaine Azevedo

Já ouvi falar


Erick Wolff

[Rafael Tealdi] era pinga mesmo, qualquer um, inclusive, o serviço passa a garrafa no corpo da pessoa.


Diego Correa

Alguns lados são servidos cachaça a orixá lode e Avaga.


Erick Wolff

[Diego da Rosa] o irmão serve bebida para orixá, um fundamento da antiga família ou atual?


Diego da Rosa

[Erick Wolff] da família do pai Cláudio, onde eu comecei pai Erick e me encontro novamente, raiz da Keta


Angelo Marcos E Silva

Boa tarde Irmão.

Sim, meu primeiro babá, já falecido, servia 1 martelinho de cachaça e deixava na frente do lodê.

Mas isso somente quando se arriava 4 pé pra ele.

Onde somente homens participavam da obrigação.

Servia 1 martelinho que se derrubava umas gotas no chão da casinha e passava de mão em mão esse martelinho até último terminá-lo.

Então servia outro que ficava na frente da obrigação do lodê.


Francisco Machado

Sim se costuma colocar atrás do acertamento dentro da casa de lode e avaga , um copo com cachaça para lode e avaga, que é trocado toda segunda-feira no cruzeiro de lode .


Elisabeth Rodrigues

Eu não tenho conhecimento disso


Glaci Maria Bogiel

Si desdo meu pai de santo ivo do Ogum (em memória) no corte de 4 pés sim 1 cálice de cachaça depois que terminava só os homens cada um toma 1 gole é a garrafa é guardada novamente na casinha é do lado da nação nunca vi servir outra bebidas alcoólicas a Santo nem um é conheci muitos pais antigos não não faziam isto pelo lado de nação.


Lucas Freitas

[Glaci Maria Bogiel]

Exatamente Mãe Glaci, Cachaça ou Gin ou até mesmo Whisky pro Exú Lodê juntamente do Ògún Avagã. Após o término do serão de 4 pés dele, os homens (somente homens) tomam um gole do copo da bebida deles.

Se tem Dirã, serve champanhe a ela, e no final a mesma coisa, porém as mulheres já podem fazer parte e após a imolação dos bichos tomam um gole do cálice dela.


Ederson Faleiro Babalorixa

Sim já soube de fundamento antigo do oyo que ficava um.copo com cachaça. Para lode sim. Pois na África orixa. De rua servia cachaca em alguns rituais. Sim.


Glaci Maria Bogiel

Mas na UMBANDA sim cachaça para Exu champanhe para as giras cervejas OGUM vinho tinto no para Oxóssi malzibier para Xango

Frisante para IEMANJÁ é vinho SABIA para OXALÁ aliás nunca mais vi este vinho

Mas só na UMBANDA e não no terreiro só nos ritual de mata é cachoeira


Paulo Damata

[Glaci Maria Bogiel] pelo que sei não existe mais o vinho sabiá.


Glaci Maria Bogiel

[Paulo Damata] acredito a minha primeira mãe de Santo usava muito


Claudio Tì Ossãim Santos

Eu 1 vez por mês sirvo "oti alagbara" ao meu Lodê, e responde muito bem.

Até mesmo uns dos ebós que faço na mata ao meu orixá sirvo também oti, e a resposta é rápida.

Mas já salientando: Eu faço, não quer dizer que todos tem que fazer.

E graças estou bem 🙏🏽🍃🗝


Paulo Roberto Lopes Martins

Eu tive um filho que servia ele no cruzeiro, e tem lados que ainda usam a caipira no dia do corte.


Erick Wolff

Querido amigo Babalorixá João Òsún Olobomi, interessante a sua informação de alimentar Ogun com comida de Exu, antes de um ritual de entidades da umbanda ou quimbanda."


Link https://www.facebook.com/groups/1444295859135612/ 

Imagens comprobatórias:







segunda-feira, 9 de outubro de 2023

BARÁ LODE E AS MULHERES NO BATUQUE

Este artigo registra o debate publicado na comunidade Nação Cabinda do RS, em 04/10/2023.

Coletamos esta postagem com intuito de registrar novas informações para futuros trabalhos e registros das memórias e cultura do Batuque do RS.




Os seguem comentários do debate:

Meg Elizabete G Mocelin Comin

Bom,eu muitas vezes limpei ,fiz frentes e ecós para lodê,era informada que a única mulher que poderia fazer,eram as filhas de Yemanjá... inclusive,depenar aves e fazer suas inhelas . ..Pois então,sempre fui muitíssima abençoada por o poderoso Orixá Bará Lodê e nunca precisei tirar saia e vestir calças .. E,quando um vinha ao mundo eu,batia cabeça pra ele e era muito acarinhada e abraçada pelo mesmo...ent,fica aí minha dúvida, sobre todas essas restrições.


Erick Wolff

[Meg Elizabete G Mocelin Comin] interessante informação, anotamos para futuros trabalhos.

Saberia informar, por gentileza, por que na sua família somente mulheres de yemanja mexem com lode?

E se há mulheres feitas para lode?


Meg Elizabete G Mocelin Comin

[Erick Wolff] 1-conforme ensinada, Yemanjá é a Mãe e sendo assim,as filhas(prontas)podiam ter essa responsabilidade,caso fosse assim,revelado no jogo de búzios.

2-TODAS as mulheres tinham o assentamento do Lodê!

3-SIM...haviam (não sei se ainda vivem)filhas prontas para Orixá Lodê.

Era cortado o 4, pés na porta de entrada do salão e, não no peji.

Tinha uma irmã (Jane)de Lodê pronta com irunmale sento e cujo orixá chegava no mundo,lindo demais!Ela faleceu em 2011,bem jovem.

Naçao Oyó.


Erick Wolff

[Meg Elizabete G Mocelin Comin] imensamente grato pela gentileza de responder pela sua família, porém, não querendo me aprofundar nos fundamentos, apenas na tradição e cultura, por favor, ficaram mais umas pequenas duvidas, seguem:

1 - a irmã informou que “a feitura das mulheres para Lode, era feito na porta da entrada do salão”, neste caso, ficando distante do Para (quarto de orixás) elas ficam de frente para o Lode ou de costas para ele.

2 - Se todas as mulheres tinham o assentamento do Lode sento, então as mulheres de Yemanja tinham qual função?

G Mocelin Comin

Supercolaborador

1-de frente para o Lodê sentada na porta do salão .

2-Todas as funções,como qualquer outra!e quando digo todas,é TODAS MESMO Desde a limpeza do salão e arrumação do peji em dias(e não dias)de obrigação, em conjunto com todas as outras!Todas eram iguais aos olhos dos Orixás...nenhuma melhor que a outra!


Considerações

Na família da Meg Elizabete G Mocelin Comin, a mulher que será iniciada para o Lode, recebe obrigação na porta do templo, neste caso ela fica de frente de para o pátio onde ficam os assentamentos do Bará Lode. 

Há famílias do Batuque, que na feitura de mulheres para o Bará Lode, o ritual é feito na porta do salão, no entanto, se posicionam frente para o quarto de orixá e de costas para o pátio onde fica o assentamento do Bará Lode.

Na família da Meg Elizabete G Mocelin Comin, as filhas de Yemanjá ficam encarregadas de cuidar e tratar do bara Lode, no entanto, Meg também informa que não são somente as mulheres de Yemanjá que lidam com este orixá.


Imagens comprobatórias 







Link onde ocorreu o debate:
https://www.facebook.com/groups/1444295859135612/posts/3608106509421192/

quinta-feira, 28 de setembro de 2023

COMO UM EXU DA QUIMBANDA VIROU UM BARÁ DE NAÇÃO: O ESTUDO DE CASO DO EXU DE MÃE NELI.

Neste vídeo estudamos o caso do Exu de mãe Neli, uma descendente e testemunha do caso relatam o ocorrido.


Estudo do caso: 


Veja o vídeo completo:



Eneida de Oxalá, filha da mãe Neli de Oia Tóla.

Neste vídeo mãe Eneida explica que o pai João do Bara Byi, através do jogo viu que o Exu Tiriri (entidade da Quimbanda) da mãe Neli, evoluiu para orixá Lode, e determinou que ele seria cultuado na Quimbanda e no Batuque.
https://www.facebook.com/100064076743537/videos/1778289522569469

Fonte Pai Rudmar


https://www.facebook.com/rudmarmartins

terça-feira, 26 de setembro de 2023

SOLICITAÇÃO DE IYA STELLA "AFONJÁ", POSTERIORMENTE PUBLICADO NO LIVRO FARAIMARA COMO COMEMORAÇAO DOS 60 ANOS DESTE ÍCONE DE NOSSA RELIGIÃO.

Postagem extraída do blog do baba Gilberto de Esu, publicado em 30/05/2018


Resumo



Ao defendermos a tese de que Esu, dentro do complexo tradicional yorubá, assume a posição de primordialidade, baseamo-nos em situações probatórias, partes essenciais do culto e da teologia, mostrando sua singularidade.

Singular porque se mostra no princípio como pedra. E a pedra se forma da condensação da terra , elemento mais reverenciado da criação e que, de uma ou outra forma, participa ativamente da composição de tudo o que existe. Isso pode ser lembrado em diversos mitos da criação , como o de Esu Yangi, primeiro a ser criado, em forma de pedra primordial.

A partir daí, podemos dizer que sem a pedra (Ota) não existe a possibilidade de culto aos Orisa. Por isso temos a obrigatoriedade de assentar o Orisa em pedra (ou de algum material resultante dela).

Ogun , por intermédio do fogo, é assentado no ferro que era pedra e se transmutou.

Singular porque , segundo a tradição, Ajalá molda os homens em barro , onde Obatala insere o Bara, que é o Esu do movimento. Também no Ikomojade (cerimônia pela qual se dá o nome à criança recém-nascida), o pai da criança coloca o pé da mesma na terra, apresentando-a ao mundo.

Ao final da vida, Iku nos reduz à essência, viramos, no fim, a terra de que nos originamos.

Outro aspecto importante são os nomes as funções de Esu, mostrando sua importância dentro do complexo, sua atribuições e as formas como deve ser cultuado: Esu Yangi: o primordial na criação; Esu Okoto (representado pelo caracol agulha) que representa o desenvolvimento. Existem, ainda, os epítetos (formas elogiosas e respeitosas de tratamento), que nunca podem ser confundidos com os nomes de Esu. Tiriri, Alaketu, Akesan, são alguns deles.

Por fim, Esu não pode ser entendido de forma maniqueísta, como a civilização cristã e européia tende a fazer, pois, segundo a teologia yorubá, Esu se comporta como o executor da vontade divina, como o fiscalizador dos atos dos Orisa. Nada parecido com o demônio cristão, referência européia para Esu.


ESU A PEDRA PRIMORDIAL DA TEOLOGIA YORUBA
ESU OTA ORISA
Esu a pedra fundamental do Orisa
ESU OFI OKUTA DIPO IO
Esu transforma o sal em pedra

1. “O PRINCIPIO ERA A PEDRA”

Em todos os momentos da vida dos afro-descendentes que cultuam Orisa, a terra é o elemento mais importante a ser reverenciado e, em conseqüência disso , a pedra, o fruto da condensação da terra, a desagregação particulada e formadora do microcosmo Yoruba.

Essa singularidade pode ser vista na gênese Yoruba, amplamente documentada, por diversos autores.

Olodunmarê após um tempo imemorial de inércia resolve criar o mundo, e sua primeira criação é a pedra primordial chamada por ELE de Esu Yangi e , posteriormente, de Esu Obasin, cultuado até os dias de hoje em Ile Ifé.

Pode-se dizer que sem pedra “Ota” não há Orisa.
KOSI OKUTA
KOSI ORISA
“Sem pedra
Sem Orisa”

KOSI ESU
KOSI ORISA
“Sem Esu
Sem Orisa”

Todo Orisa tem que, obrigatoriamente, ser assentado em uma pedra ou em algum material que dela tenha vindo; exemplo: o ferro em que se assenta Ogun é a transmutação da pedra, transformada em ferro por intermédio do fogo. Dessa forma pode-se dizer que Ogun é assentado na pedra.

Outro aspecto interessante é que o corpo humano é composto de vários elementos, e entre eles um dos mais importantes é o barro modelado por Ajala, onde, posteriormente, é inserido por Obatala o Bara, o ESU do movimento.

Outro aspecto de grande importância relacionado à terra é o Ikomojade (imposição de nome ou batismo). Nele o pai pega a criança e coloca o pé dela sobre a terra fofa, especialmente preparada para o momento, recitando o seguinte verso de Ifa:
Yoruba
Ilé

1. A o gbe omo, ao fi ese omo naa te ile,
2. A o wa wure bayi pe,
3. Ile ree o,
4. Ile ogere,
5. Ile ni a nte ki a to te omi,
6. A ki nbinu ile ki a maa te,
7. Bi o ba nrin nile ki omo araye ma binu re,
8. A ki nbale sowo ki a padanu,
9. Gbogbo ohun ti o ba dawole lori,
10.Ile aye yi,
11.ko ni padanu.
Português
Terra

Os pais pegam a criança e colocam o pé dela sobre a terra, iniciando a recitação. Eles chamam o nome da criança e falam:
1. (Nome da criança) Aqui está a terra,
2. A terra que está espalhada pelo universo,
3. É nela que se pisa primeiramente,
4. Antes de se pisar na água.
5. Ninguém que tenha ódio da terra,
6. Priva-se de pisar nela.
7. Quando você anda sobre a terra,
8. Os seres humanos não terão ódio de ti.
9. Todos que fazem negócios com a terra lucram com ela,
10. Tudo que você se propor a fazer na sua vida,
11. Não será em vão, você lucrara na vida.

Portanto, é muito claro que Esu foi criado por OLODUNMARÊ, da matéria primordial e divina da qual, posteriormente, ELE fez todos os Orisa. A mesma matéria que daria forma à toda existência divina, assim como toda a humanidade que, um dia, Ikú “a Morte” devolverá à esta lama primordial.

Assim, Yangi é o primeiro ser criado da existência e passa a ser o símbolo primal dos elementos criados.

Yangi é conhecido como “Esu Agba” , o Ancestral primordial, e seus assentamentos mais antigos e tradicionais eram simples pedras de laterita vermelha, colocadas no chão, onde eram feitas suas oferendas e sacrifícios.

Em alguns lugares, como a Orita Meta ou a Encruzilhada de Três caminhos, a laterita vermelha está cercada por 7, 14 ou 21 pedaços de ferro enferrujados.

Na cidade de Ile Ife, pode-se ver o assentamento de Esu Yangi como o descrito acima.

Para se chegar a casa de OBATALA, entra-se em uma rua que vai exatamente até a entrada, e acerca de 10 metros antes da entrada, a rua principal abre-se em duas outras ruas laterais, formando um (Y), no meio do vértice do (Y) está a casa de OBATALA, e na ponta do vértice o assentamento de Yangi, um montículo de cimento armado com uma laterita fincada no alto.

Yangi é por excelência o símbolo da existência diferenciada e, em conseqüência disso, o elemento dinâmico que leva à propulsão, à mobilização, à transformação e ao crescimento.

Ele é o principio dinâmico de tudo que existe e do que virá existir.

2. OS MÚLTIPLOS NOMES E FUNÇÕES DE ESU

Um mito relata como, em função de seu poder, Esu se descontrola, e começa a devorar toda a preexistência, sendo então obrigado por Orunmila, após uma longa perseguição, a vomitar tudo de volta.

Tendo sido cortado em milhares de pedaços, transforma-se no + 1, ou em 1 multiplicado pelo infinito. Neste caso, ele é Esu Okoto, o Caracol agulha, cuja estrutura óssea espiralada parte de um ponto único, abrindo-se para o infinito, e nos dá a idéia do crescimento, da evolução e da multiplicação, tendo-se tornado o símbolo da restituição e da recomposição, tornando-se Oba Baba.

Esu, o Rei e o Pai de todos os Esu, gerados por seus pedaços.

Durante muitos anos conviveu-se com uma pretensa superioridade cultural, racial, religiosa na África e na região dos Yoruba que provocou guerras étnicas, fato que repercute ainda nos dias de hoje. A suposta ação evangelizadora desarticulou sofisticadas estruturas religiosas, imprimindo aspectos negativos e demoníacos à imagem de Esu que, ainda hoje, habitam o universo religioso e pratico dos mais renomados Baba/Iya.

A perda dos valores primais africanos foi causada, sobretudo, pela escravidão, e posteriormente pela miscigenação com as seitas espiritas cristãs, permitindo assim que os mais sérios seguidores do Orisa ressaltem os aspectos negativos dos demônios, referindo-se a Esu como:

Exu Lucifer, Exu Tranca Rua das Almas, Exu sete poeiras do inferno, Exu Rei das sete encruzilhadas, ou mudam seu sexo, Exu Pomba Gira ou Exu Maria Padilha.

Os nomes e atributos deste importante Orisa do panteão Yoruba não permitem interpretações errôneas como as perpetuadas pela inércia e ignorância de pseudos experts em cultura Yoruba.

Nomes Atributos
ESU YANGI o primeiro da criação, a laterita vermelha
ESU AGBA Aquele que é o ancestral
ESU IGBA KETA O dono da cabaça, o igba odu
ESU OKOTO O dono da evolução, o caracol
ESU OBASIN O pai de todos os Esu
ESU ODARA O Esu da felicidade
ESU OJISE EBO O Esu que leva as mensagens ao orisa

ESU ELERU O Esu que leva o carrego dos iniciados
ESU ENUGBARIJO O Esu que trás a prosperidade
ESU ELEGBARA O Esu que detém o poder da transmutação
ESU BARA O Esu dono do movimento do corpo humano
ESU OLONAN O dono de todos os caminhos
ESU OLOBÉ O dono da faca ritual
ESU ELEBÓ O Esu que recebe as oferendas
ESU ODUSO O Esu que vigia os oráculos
ESU ELEPO O Esu do azeite de dendê
ESU INA O Esu do fogo ( saudado no ipade )

Poderia-se fazer uma lista imensa dos nomes de Esu ancestrais cultuados no Brasil e África, mas esse exercício é desnecessário no momento.

O mais importante é destacar as funções desses Esu ancestrais nos rituais:
- Esu Yangi:
É o princípio de tudo, a própria memória de Olodunmarê, seu criador.

- Esu Agba ou Esu Agbo:
É o nome que mostra sua ancianidade; ele é o mais velho e, por conseqüência, o pai que é retratado no mito em que Orunmila o persegue através dos nove Orun.


- Esu igba keta
É o terceiro aspecto mais importante de Esu que está ligado ao número três, a terceira cabaça onde ele é representado pela figura de barro junto aos elementos da criação.

- Esu ikorita meta:
É ligado ao encontro dos caminhos ou a encruzilhada; o encontro de três ruas ( Y ).

- Esu Okoto:
É o representado pelo caracol agulha, mostra a evolução de tudo que existe sobre a terra, e está ligado ao Orisa Aje Saluga, o antigo Orisa da riqueza dos Yoruba.

- Esu Obasin:
É por este nome é conhecido e cultuado em Ile Ifé.

- Esu Odara:
É o que, se satisfeito através do sacrificio, traz a felicidade ao sacrificante.

- Esu Ojisé ébó:
É ele que observa todos os sacrifícios rituais e recomenda sua aceitação, levando as súplicas a Olodunmarê.

- Esu Eleru:
É o que leva os carregos dos iniciados (Erupin)

- Esu Enugbarijo:
É o que devolve a todos o sacrificio em forma de benefícios.

- Esu Elegbara:
É o todo poderoso que transforma o mal em bem, cujo poder reside na transformação das coisas.

- Esu Bara:
É um dos mais importantes aspectos de Esu, pois ele é o Esu do movimento do corpo humano, infundido no corpo pré-hunamo, ainda no Orun por Obatala, sendo ”assentado” no momento da iniciação, junto com o Ori e o Orisa individual.

- Esu Lonã:
É o senhor de todos os caminhos do mundo.

- Esu Olobé:
É dono do obé (faca), tem que reverenciado ao começar todos os sacrifícios, onde a faca é necessária.

- Esu Élébó:
É o carregador de todos os Ébo.

- Esu Odusô ou Olodu:
É ele que tem seu rosto retratado no Opon Ifa, e vigia o Babalawo para que este não minta; é o que vigia os oráculos ( Opélé-Ikin-Erindilogun )

- Esu Elepo:
É ele que recebe o sacrificio do azeite de dendê.

- Esu Inã:
É um dos aspectos mais importantes deste Esu primordial, é presidir o Ipade, sendo o dono do fogo.

É a Esu Inã que os Babalorisa/Iyalorisa se dirigem no começo do Ipade, uma das mais importantes cerimônias do ritual afro-descendente religioso:

E Inã mojuba
Inã Inã Mojuba Aiye
Inã mojuba
Inã Inã Mojuba Aiye...etc.

Outra forma de se dirigir a Esu, e que causa certa confusão, é quando seus acólitos a ele se dirige por seus EPITETOS que , por serem mais comuns, transformaram-se erroneamente em nomes: Exemplo;

Esu Tiriri
Esu Akesan
Esu Lode
Esu Barabo
Esu Alaketu
Esu Ijelu
Esu Bara lajiki
Esu Marabo...etc.

DA PEDRA A PEDRA

A ação repressiva dos cristãos europeus e, posteriormente, latino-americanos sobre os africanos, escravos e seus descendentes forjou o sincretismo entre os Orisa e os Santos Católicos.

Consequentemente, Esu e o diabo cristão na sua forma mais primitiva, teologicamente, assim sendo, a idéia de um Esu reelaborado pelos cristãos e, essencialmente maléfico e tenebroso, é inconcebível na Teologia e na cosmovisão Yoruba, que não tem um ``inferno´´ declarado, e os homens não são punidos a post mortem.

Muito embora, existam lendas e mitos populares onde Esu é retratado como manhoso, trapaceiro ou encrenqueiro.

Se Esu for reverenciado com o Ebo designado nada disso será verdadeiro e a sua suposta imagem de malignidade, decorrente dessas lendas, cairá por terra.

Na verdade, Esu é o Executor Divino, punindo aqueles que descumprem o sacrificio prescrito, recompensando aqueles que o fazem.

Ele nada faz por conta própria. Está sempre servindo de elemento de ligação entre OLORUN e Orunmila ou então servindo aos Orisa.

Segundo a Teologia Yoruba, nenhum ser divino pode punir um Ara aiye “ser da terra”, diretamente, sem a consulta a Olodunmarê.

Diversos Itan Ifa nos dão conta que Esu também é encarregado por OLORUN para vigiar os Orisa no Aiye.

Isso só pode ser feito porque ele é imparcial no seu papel de Executor Divino, é por isso que todos os devotos de todos os Orisa sacrificam para Esu, por recomendação de Ifa, nos tempos de dificuldades, buscando dessa forma sua intermediação com Olodunmarê.

E, para que os Babalawo não se excedam ou mintam na prescrição dos ébó, o próprio Esu na qualidade de Odusó sempre estará presente no jogo, cuidando para que o Iwa “caráter” do consulente e do Babalawo não sejam maculados.

Esu reporta-se diretamente a OLORUN e mantém um inter-relacionamento com os Orisa e com os Egungun “ancestrais”.

Ele não é vingativo e nada executa por sua própria conta, apenas cumpre fielmente as ordens de OLORUN, conforme os ditames do Iwa contido no Ori individual, destino escolhido por cada Ori no Ipori Orun ``Lugar em que o ser humano é preparado´´.

E necessário, o mais depressa possível, esquecer, “desumbandizar” e “deskardekizar” as religiões de matriz africanas, pois não se pode viver com o paradigma de bem e mal, inexistente nessas religiões.

Em síntese, transmutar, teologicamente, a pedra primordial em pedra angular sobre a qual se sustenta a cosmografia tradicional Yoruba.

Oga Gilberto de Esu
Ésú Akérèkóro
Nome civil: Gilberto A Ferreira
Nome religioso: Oga Gilberto de ESU
Olosun do Ile Iya Mi Osun Muiywa
Oluwo do Ile Asiwaju Lati Osun Muiwa
Asogba ni Ile Yeye Ofá Biomin
Balogun ni Ile Egungun
Presidente do Conselho de ética do International Congress of Orisa tradition and Culture.
Pesquisador da Tradição Yoruba.
Articulista e consultor de assuntos afro-brasileiro para diversos órgãos nacionais e internacionais, com artigos publicados no Brasil e exterior.
Presidente fundador do Afosé Ile Omo Dadá (SP).
Idealizador de diversos movimentos e jornais do segmento afro-brasileiro em São Paulo.
Consultor de assuntos Afro-Brasileiros para a Fundação Palmares.

Fonte -  
https://babagilbertodeesu.blogspot.com/2010/05/resumo-ao-defendermos-tese-de-que-esu.html

sexta-feira, 28 de julho de 2023

COMO PAI EXU TIRIRI LANÃ DA QUIMBANDA VEIO A SER ÈSÙ BARÁ LODE DO BATUQUE !

Eneida de Oxalá, filha da mãe Neli de Oia Tóla.

Neste vídeo mãe Eneida explica que o pai João do Bara Byi, através do jogo viu que o Exu Tiriri (entidade da Quimbanda) da mãe Neli, havia "evoluído" para Èsù Lode do Batuque, e determinou que ele seria cultuado na Quimbanda e no Batuque.




Fonte: https://www.facebook.com/watch/?v=1778289522569469

TIKTOK ERICK WOLFF