domingo, 27 de dezembro de 2020

ỌYA GBÁLÈ

Ọya Gbálẹ̀, vamos entender um pouco mais sobre Ela?


Antes de adentrar no assunto Ọya, vou expor algumas palavras em iorubá para vocês entenderem.
- Baálé é o líder (homem) de uma casa ou família.
- Baálẹ̀ é o líder (homem) de uma comunidade, de uma aldeia.
- Gbá é o verbo varrer, limpar em iorubá.
- Gbálé significa varrer/limpar a casa (ilé).
- Gbálẹ̀ significa varrer/limpar o chão (ilẹ̀).
- Gbalẹ̀/Gbilẹ̀ significa espalhar, estender ao redor.
- Ìgbálẹ̀ significa vassoura em iorubá.
- Ìgbàlẹ̀ é denominação dada ao local onde ficam e se cultuam os Egúngún (Ancestrais veneráveis).
Prestem a atenção na diferença da escrita, e consequentemente no tom e significado das palavras.
Quando falamos Ọya Gbálẹ̀, estamos falando "Ọya varre o chão", em referência ao vento (um dos atributos e poderes de Ọya) que limpa, que varre o chão e a atmosfera.
Embora Ọya possui ligações fortes com Egúngún (Ancestrais veneráveis), com o Egúngún Ológbojò por exemplo, que chega a sair com Ọya no festival anual de Ọya em Ọ̀yọ́. Esta ligação não chega a ser como é falada e ensinada no Brasil, que Ọya veste branco, que deu a luz a nove Egúngún, que Ọya Gbálẹ̀ mora no cemitério. Gentem, os iorubás tradicionais não possuem cemitérios, eles enterram seus mortos em suas casas ou quintais.
Entre os iorubás não existe esta coisa de nove Ọya, Ọya é uma só.
Pode ser que Ọya seja cultuada e até "assentada" em algum Ìgbàlẹ̀ (local de culto a Egúngún), pode ser, ainda não tive o prazer de adentrar em um Ìgbàlẹ̀ iorubá. Mas isso não faz dela se vestir de branco e ser cultuada de forma diferente.
Ọya é Ọya, uma só.
Onírá é Ọya, uma só.
Então, não caiam nesta loucura que vemos na Internet, de 500 Ọya, uma faz assim, a outra faz assado, como já dizia meu querido e adorado padre Quevedo, ISSO NO ECXISTE!!!




ỌYA Á GBÈ WA ÒÒÒ.
✒️
Hérick Lechinski
📸
Fotos do Festival Anual de Ọya em Ọ̀yọ́, em 2019. Fonte -

INICIAÇÃO DA IYA ESUBIY

 Iniciação de Orisa Esu - Nigeria

A mulher iniciada ganhou o nome de Ìyá *Èṣúbíy* 


📸 @edadudutv 






Fonte - Ig: instagram.com/yemoja_arike

terça-feira, 15 de dezembro de 2020

O CARGO DO CANDOMBLÉ: OGAN OU OGÃ

Ẹ kú ọ̀sán, ènìyà féran láti kọ́ èdè Yorùbá!



Lóní, a yíò kọ́ ìtúmọ̀ náà ọ̀rọ̀ ọ̀gá. Fetísílẹ̀, jọ̀wọ́!

No Candomblé, temos a figura do "Ogan" ou "Ogã". Esta figura tem a sua instituição baseada em uma necessidade social há época em que a religião era perseguida. Os primeiros se quer eram "feitos", apenas apontados, vindo a sentar na cadeira para que socialmente fossem reconhecidos.

Os primeiros "ogãs" eram pessoas com forte influência política e policial, geralmente altos cargos dentro da segurança pública. Bem, esta parte histórica é longa e incito-os à pesquisa.

Mas "ogã", agora falando de idioma Yorùbá, é uma palavra distorcida, uma corruptela de ọ̀gá. Essa significa: chefe, líder, alguém importante. Realmente o eram, vide a forma como os antigos vestiam-se quando havia um festejo ou toque!

Pela semântica da palavra, fechamos o raciocínio simples que até mesmo o zelador ou zeladora são ọ̀gá, são líderes. A sua ìyálórìṣà é uma ọ̀gábìnrin, uma líder; o seu bàbálórìṣà é um ọ̀gákúnrin; uma ìyánífá é uma ọ̀gábìnrin, assim como um bàbáláwo é um ọ̀gákúnrin. Todos esses são líderes dentro de sua comunidade religiosa e possuem seus àwọn ọ̀gá também.

Note como pegaram uma palavra indicando importância, liderança e a atribuiriam àqueles que estavam ali defendo o terreiro de ataques da polícia, vide como era a época!

O tempo passou, criam-se fundamentos e mais fundamentos, ìtàn, regras, dogmas e ritos onde a figura do ọ̀gá passou a ser então cultuada, sem mais a antiga função necessária.

"Ogã" é pai! Cuidado com essa afirmação. Um "ogã" ser chamado de bàbá não é por ser pai, isso indica um desconhecimento da ampla semântica da palavra bàbá. Ela também significa mestre, aquele que possui grande conhecimento em algo.

Por fim, cuidado ao corroborar com lendas doidas que tetam justificar a palavra escrita de forma errada "ogan". "Ogan" não é o senhor do gan (O + gan = senhor do gan)! Cuidado!

Atenção: Tudo a cerca deste cargo é criado aqui no Brasil e de acordo com as necessidades aqui impostas. Nada vem fundamentado em odù ou lendas! As atuais atribuições refletem as necessidades atuais dos terreiros: cantar, cortar, alguns àwọn orò e etc.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

PRECEITOS E TRADIÇÕES: BATUQUE X CANDOMBLÉ.

Por Erick Wolff de Oxalá
Atualizado e revisado em 16/12/2020

Com todo o respeito com a fé e a liberdade de cada um, que a constituição garante. Este artigo tem como finalidade pontuar algumas tradições e costumes da diáspora.



O Batuque do Rio Grande do Sul, é um culto a orixá e segue os seus fundamentos, entre eles;

1 - Não guardamos a sexta feira de Branco e nem precisamos.

2 - Não usamos odu e nem precisamos.

3 - Não raspamos e nem precisamos raspar.

4 - Nossos orixá se portam como na matriz, com olhos abertos, falam e possuem liberdade total para comandar os rituais.

5 - Paramentamos o orixá e chegamos a vestir, mas não temos o candomblé como referencia.

6 - A iniciação de orixá no Batuque e no Candomblé possuem seus rituais e ambas são cultos praticados na diáspora e possuem seus fundamentos reconhecidos.

7 - O iniciado do Batuque do RS, não é um Iyawo.




Referencias: 

Oba não usa e nem precisa de odu - 
Orisa Oba usa apenas oraculo de obi, nao precisa de odu. - YouTube 

Iyawo - ILÊ AXÉ NAGÔ KÓBI: ÌYÁWÓ – A ORIGEM DA PALAVRA E SEU REAL SIGNIFICADO. (iledeobokum.blogspot.com) 





quarta-feira, 9 de dezembro de 2020

NÃO SE DIVIDE 4 PÉS PARA ASSENTAR ORIXÁ

 Mãe Heloisa faleceu aos 94 anos em 2004. 



Mãe Heloísa da Iemanjá, foi a segunda filha do Pai Henrique da Oxum, na época do Ingá. 

Relato de um filho da Mãe Rola do Oxalá (tradição Oyo).* 

Naquela época, era costume não dividir "quatro pés" e não se dava "carona", isto é, não sentava outros orixás com o mesmo quatro pés, nem deitava filhos com o mesmo quatro pés.   
 

Era também costume "encostar" orixá com ave, angola ou marreco, e era costume também usar pato para "encostar" o orixá.  


 

CONSIDERAÇÕES DO BLOG:

Não tem nenhum fundamento e não faz o menor sentido dividir o mesmo "quatro pés" entre Lode e Avagan, ou entre qualquer outro orixá. Se você foi feito assim, acorde! 

Cada orixá precisa ter seu próprio "ejé", da mesma forma que cada pessoa precisa ter seu próprio sangue. Se a feitura de um orixá não for individual, não haverá feitura nenhuma.

Também não tem nenhum fundamento usar o mesmo okuta para sentar mais de um orixá, nem dividir os mesmo quatro pé na feitura de várias pessoas.

  

*A identidade do filho da mãe Rola de Oxalá foi preservada. Caso haja necessidade, poderá ser revelado somente para trabalhos acadêmicos.


Revisado e aumentado em 14/04/2023

O Alagbe Ruan de Oxalá, postou no Facebook que fez obrigação de 4 pés a 28 anos atrás e mantém este costume até atualidade.


Ruan nos informa que:

"Não dividimos 4 pés... Com ninguém pai" (informação pessoal)

E completa:

"Não se divide 4 pés para cabeça com ninguém" (informação pessoal)


Sobre Ruan
Alabê ruan de oxalá, iniciado por Pai Paulinho de Iemanjá, Nação - Ijexa Jeje, em São Gabriel.
Iniciação 14/04/1995

Alabê Ruan

Imagens comprobatórias



Revisado e aumentado em 16/04/2023

Selecionamos algumas das principais respostas de um debate aberto no Facebook, publicado em 14/04/2023.

Neste debate foram apresentadas as diversas formas que algumas famílias praticam, vejamos a seguir:

Concordo axé não se divide...uma pessoa não é igual a outra, uma precisa de saúde outra caminho, cada uma com sua prioridade vc não pode tirar de uma para dar para outra...e vice versa...na minha casa hoje é assim, mas não crítico quem faz cada um sabe de si...

Na Foto minha avó Heloisa Carbone de Iemanja e Alexandre de Oxala, conhecido como Xandao. Este bebeu agua diretamente da fonte da Vó.
Vo Helo, tinha muitas histórias... E um axé espetacular.

Ubiraci, É verdade.
Meus respeitos
Abraço

Outra dúvida. Não se divide 4 pés somente na FEITURA do orixá, ou também não se divide nas próximas obrigações periódicas?
Melhor perguntando. Se VOU FAZER UM ORIXA não posso dividir, mas se meu orixa já é sento, quando dou obrigações, posso dividir ou não?

Na minha bacia, o bara é individual, os outros pode se dividir

Bom Pai Erick Wolff como disse não minha colocação que isso depende muito de Nação ou Tradição e até me arrisco a dizer FAMILIA. Pois vamos pensar um pouco uma casa média onde 10 filhos PRONTOS vão cortar para seus respectivos Orumalés em nosso tradicional BATUQUE de Bará a Oxalá são 12 Orixás, ou seja, 10 filhos oferecendo um 4 pés para cada Orixá só nessa analogia já estamos falando de 120 quadrupedes e fora as aves que pode ser de 4 a 8 para cada Orixá então já estamos falando de 480 a 960 aves. Por maior habilidade e destreza do Pai ou Mãe de santo ele começa o SERÃO às 20h e vai terminar meio dia. E como deve de ser o tamanho desse Pejí para caber arriar 120 Orixás mais 120 cabeças. E isso que 10 filhos irem fazer OBRIGAÇÃO não é um número tão expressivo já vi serão de 15 e já ouvi serão de 25 filhos. APENAS FIQUEI PENSANDO.

Roger de Xangô essa é a explicação que dou, à quem vem para minha casa e faz essa pergunta, é tão lógico que não deveriam sequer fazer a pergunta, eu pergunto " vai pro cháo sozinho (a) e vai bancar toda a festa?)

Já imaginou cortar mais de dois carneiros 
 
A tradição à que pertenço aceita a carona do quatro pés. Em nosso caso cabeça não compartilha jamais e o corpo, no momento de consagrar o okutá por vez primeira, também não. Quando o okutá do adjuntor já se encontra assentado pode compartilhar más primeiro é preciso jogar os búzios. Passagens e Bará compartilham desde o primeiro assentamento.
Erick Wolff a bacia de minha Iyá vem de Valdecir de Oxum filho de Luiz do Bará Lanã.


Respeitosamente, gostaria de deixar uma pergunta pertinente sobre o assunto:
Fulano e Beltrano fizeram obrigação juntos, o Bara deles "comeram juntos" , passados alguns anos, Beltrano veio a falecer, se despacha também os orixás do fulano?
Visto que ambos comeram juntos no mesmo dia, na mesma obrigação, na mesma bacia...
Poderiam informar como é feito?

 

Lya Tarosh
Chico Neto em algumas bacias talvez se desliga com aves
Mas eu não faço assim
Não divido nada para Bara

Interessante sua explanação. Mas depende da Nação ou Tradição. Cabeça sim NÃO se divide com ninguém, MAS demais Orixás pode se dividir SIM. Ex. Os Barás ñ sendo cabeça, ou seja, sendo 3⁰ orixá (pernas) ou 4⁰ orixá (passagens) SIM se pode dividir o mesmo 4 pés as AVES não.

Cleusa Terezinha Salles
Isso tudo depende da bacia...pq cabeça com cabeça sim...mas entre outros orixás amuito já se faz...minha avó de santo que quando morreu sei orixá oxalá obocum ..tinha 73 ...e ela 86 ..feita em rio Grande pelo começo do Batuque aqui no rio grandeq do sul ..Erondina Marques de Oliveira...da Rua Chico Pedro na zona sul..já fazia...
Por dois motivos...
1 muito sangue para derrubar em cima de um.so orixá..
Segundo ...muita pobreza nos primórdios dos tempos...
E muito peso ...pq mesmo imolado o 4 pes ...e morte..
Se hoje e difícil... imagina no antigo que eram pessoas muito pobres...
Outra coisa...
Não se aprontava ninguém...
Como hoje...que a pessoa tem assentar todos os orixás...
E muita exploração...
4 pes não se divide as cabeças . E se divide os outros e separasse com as aves...
Das nações de Mattos africana no Brasil...
As do Rio grande do Sul e que derrama mais sangue... nenhuma outra age assim...e a vaidade se sobrepõe...
E mudanças de fundamentos atualmente...
E muito horrível ver o que está acontecendo...
As pessoas explorando as outras...com fundamentos inventados pra explorar mais...dando Axes pra as pessoas sem ter o tempo devido..e sem elas nem saber usar...

Minha humilde opinião
Aprendi assim
Fazer Santo é como construir uma casa , então é aos poucos e não aprontar vários filhos tudo de uma vez só
Porquê fazer Santo não é como uma produção em uma fábrica e sim a feitura de Orixás para a vida toda de um ser humano individual.
Mas porquê não dividir ? Tem fundamento nisto ? Sim !!
Porquê cada ser humano tem sua própria ancestralidade familiar e não só a ancestralidade religiosa
Independente de avós , bisavós , tataravós terem sido de religião ou não , mas é o sangue que corre em nossas veias e só estamos vivos por causa que um dia eles viveram e nisto trazemos muitos aspectos particulares.
Cada ser humano é único , e o nosso próprio Ori é intransferível.
Cada Orixá tem seus segredos anelados com a linha de vida e caminho de cada individuo.
Bará é individual de cada um , é o primeiro a ser despachado no Axexe , então ele não deve estar arraigado em feitura ao Bara de outra pessoa.
Orixás principais da mesma forma , cabeça e corpo.
Dependendo , DEPENDENDO ( !!! ) Até pode se dividir um quatro pés de outro Orixá da nossa África com um Orixá que seja da África de outro irmão
Exemplo : Uma pessoa é de Ogum , Oxum , Bara
O outro irmão é de Xangô , Oxum , Bara
Os 4 pés de Bara e Oxum poderão ser divididos com os do meu irmão ? Não ! Porquê são os Orixás principais de cada um.
Mas ambos vão assentar também Odé , e pode ser dividido o 4 pés do Odé para as Áfricas de ambos ? Sim ! Posso até repartir o 4 pés , no máximo para 2 filhos , mas separo nas aves e pombos , e ambos os filhos terão o prazo máximo de três anos para renovar o 4 pé de Odé cada um em individual.
E um 4 pés para Ogum pode ser repartido , caso um seja Onira e outro Adiola ? Não ! Os dois são Ogum mas tem aspectos ou dizemos caminhos diferentes.
Até nas rezas , adjuntos , há diferenças.
Não estou julgando ninguém , estou dizendo como aprendi e faço na minha casa. E para nós é regra não acostumar a dividir 4 pés entre Orixás de irmãos , que no caso me atento aqui há não revelar o porquê.
Agradeço sempre ao meu Bàbálòrìsà Joãozinho do Ijexá ( inmemorian ) 
Imagens comprobatórias










Revisado e aumentado em 17/04/2023, ainda na mesma postagem, alguns comentários poderão contribuir para o crescimento do trabalho. 

Pido permiso aquí para los más antiguos y para los más nuevos también.
Hace muchos años atrás cuando di el primer cuatro pies para mi mae, el mismo fue compartido con otro hermano del mismo Orixa ( llamado comúnmente de “carona”).
Se dan algunas desavenencias y decido jugar com una sacerdotisa aqui en Uruguay, y el juego fue claro, que mi mãe no permitiria comer de carona e que debía buscar uma casa lejos de aquí.
Años después, cuando voy a hacer mi próxima obligación, mi mãe confirma nuevamente por medio del juego de búzios pedir un cuatro pies individual, determina también la cantidad de aves e hasta como deseaba comer… quede impressionada com o resultado e con la forma que o orixá se comunica con nosotros y nos ajuda, orientandonos en rituales e iniciaciones.
Desde entonces, he dado para ella apenas lo que ella pide por medio del juego de búzios.

 

 Bàbá Ifaburè Dirojaye 

Roger de Xangô Este tema sucede porque no se toma conciencia del ritual que se lleva a cabo. Que dedicación puede dar un sacerdote a cada asentamiento en el proceso ritual, si tiene 120 en un mismo ciclo litúrgico? Tal vez deberíamos replantear ese tema...

Chico Neto
Conheci babás e iya que encostavam orixás da passagem com aves nobres para não ter que dividir eje do cabrito e com o tempo iam dando 4 pés, será preciso mesmo colocar todos os orixás numa bacia e misturar qualidades de orixá com o mesmo eje?

Imagens comprobatórias  






TIKTOK ERICK WOLFF

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