Por APIB - Articulação dos Povos Indígenas do Brasil
Postado em 1 de agosto de 2021, acessado em 12/11/2021 às 22:16
Com a queda do primeiro umbu maduro, os Pankararu iniciam seu ritual, em virtude de como acontecerá sua safra anual.
Por APIB - Articulação dos Povos Indígenas do Brasil
Postado em 1 de agosto de 2021, acessado em 12/11/2021 às 22:16
Com a queda do primeiro umbu maduro, os Pankararu iniciam seu ritual, em virtude de como acontecerá sua safra anual.
Erick Wolff de Oxalá
Sacerdote de orixá desde 1989, na tradição do Batuque do Rio Grande do Sul.
Porto Alegre, 23/09/2021
Este ensaio tem por finalidade pontuar os conceitos e finalidades que envolvem os templos afro religiosos da religião Batuque do Rio Grande do Sul.
Resumo
Os terreiros Batuqueiros afro-brasileiros possuem um papel importante para a sociedade brasileira e para a própria diáspora do Batuque, dos países vizinhos aos quais esta religião se instalou.
PONTUANDO AS DIFICULDADES
A busca do conhecimento e fundamentos
Entre as dificuldades, se destaca a cultura, que aqueles indivíduos que não tiveram oportunidade de ter acesso ao que o Batuque pode oferecer através das suas famílias religiosas, acabam por procurar em outras religiões este conhecimento, dando origem a pratica da dupla pertença, em sua maioria dando início a novas religiões misturando um pouco de cada religião, ou tudo.
Esta mistura acaba descaracterizando o Batuque perdendo sua identidade, e ao usar elementos do Candomblé como adjas, fios de contas que não são tradicionais do Batuque, roupas, panos de cintura e etc..., como cita Alexandre Custódio em "O costume do Belo", estes indivíduos ficam entre dois mundos e não praticam corretamente nem um nem outro culto, apenas usando indumentárias de outras religiões sem o devido fundamento; mas questionam quando os fios de contas do Batuque e suas indumentárias acabam sendo usadas por outras religiões como Quimbanda ou Umbanda os adeptos do Batuque sempre contestam e não aceitam.
Idioma e cantigas
Em destaque a perda do idioma, que conforme relata o Onilu (tamboreiro) Antônio Carlos neste fragmento de uma entrevista:
[...] A língua que nós falamos, é uma língua afro-brasileira.... entendeu?... por que um exemplo que eu vou dar... (cantando)... antigamente era diferente.... (cantando)... então as pessoas de hoje teria uma dificuldade para desenvolver na língua... entendeu?.... então o qui que aconteceu nesse.... facilitaram mais... entendeu?... não tão afro puro [...]
Notamos pelo relato que em determinada época, os mais velhos que sabiam o idioma foram morrendo, ficando os mais novos com dificuldade, e foram “melhorando”, quer dizer, não sabiam, e o "melhorar" nada mais foi que destruir as orin (cantigas), criando o suposto "ioruba arcaico" de hoje, que muitas palavras são misturas de gírias do nosso idioma com algumas palavras ioruba, que geralmente não fazem sentido.
Os maiores problemas se encontram nas orin, que não formam uma frase completa ou com sentido, com isso as supostas traduções não possuem validade alguma. Pois cada Onilu canta na melodia, mas usa palavras diferentes para cada cantiga das cerimonias do Batuque, ou seja, não é a mesma cantiga nem que tente copiar.
Vale ressaltar que recentemente alguns onilu introduziram orin do candomblé no Batuque, não se sabe o porque. Da mesma forma quando o mestre Borel viajou para o nordeste para dar aula de tambor, tocando e ensinando as cantigas do Batuque aos candomblecistas, que possivelmente cantam as cantigas do Batuque nos terreiros de Candomblé, sendo assim, atualmente adeptos do Candomblé ao ouvir as nossas orin pensam que são de origem Candomblecista.
Registros do Mestre Borel ensinado toques de tambor e cantigas
O onilu do Batuque Borel de Xangô participou de várias edições do Alaiande Xire, encontro nacional de ogãs, onilus e tamboreiros organizado por Roberval Marinho e Cleo Martins, ambos filhos do Ile Axé Opô Afonja.
(https://pt.wikipedia.org/wiki/Alaiand%C3%AA_Xir%C3%AA)
Conforme Luiz L. Marins, ou viu de Aulo barreti, que nestas ocasiões ele teve a oportunidade de apresentar as cantigas do Batuque para os ogãs do candomblé, inclusive dentro do próprio Opô Afonja.
Figura 2
Figura 3
Figura 4
Observação, na figura 2, o onilu mestre Borel é referenciado como representante do Candomblé, na verdade em momento algum nas imagens 2, 3 e 4, citam que ele pertencia ao Batuque.
Cantigas para folhas
Com a dificuldade do idioma, encontramos alguns equívocos, como cantar para Odé (caçador) uma cantiga que soa a palavra "Mi n' eró, mi n' ero Odé" que se transformou em Omiero de Odé, sendo que nas transcrições do livro Axés dos Orixás do Rio Grande do Sul, se cantava assim:
[...]
- mineró mineró Odé mineró Odé o
[...] (pág. 47)
A questão de ressignificar, é preciso esclarecer que não é a mais cantiga original, neste caso não seria problema, mas ao mudar a orin para Omiero, para ser usada no ritual de Omi ero (água calmante) para macerar ervas para banhos ou rituais para lavar a cabeça e iniciações, transforma o ritual exclusivo para Odé para todos do terreiro.
O mesmo ocorre ao cantar para Ossanhe, onde todo o ritual pertenceria a este orixá, independente dele ser uma divindade que manipula as ervas.
Entendemos que ao colher ervas devam ter cantigas exclusivas para isso, a menos que a erva seja para ritual exclusivo de determinada divindade, neste caso canta-se para a divindade que será feito o ritual. Assim também ocorre com a maceração de ervas onde necessita de uma cantiga exclusiva para macerar, ou, no caso de ser um banho ou água de axé para determinada divindade, canta-se para ela.
O Tabu da ocupação
A manifestação das divindade pelo nossos registros sempre foi mantida em segredo pelos adeptos, evitando assim comentar para as pessoas que estão com seus orixás manifestas, ou, até mesmo fotografar.
Entendemos que o Tabu da ocupação ajudou a preservar as semelhanças do comportamento das divindades com a sua origem nas terras Ioruba, pois, conforme poderemos ver neste artigo, os orixás do Batuque dançam e se porta muito semelhante a Oya no festival de oyo, Nigéria:
https://iledeobokum.blogspot.com/2021/06/orixa-oya-na-religiao-tradicional-ioruba.html
E ao mesmo tempo que o tabu da ocupação preserva os ritos e os orixás, para que não caiam nas mídias sociais e sejam alvo de pessoas maliciosas e mau intencionadas.
Pelo que relatam os antigos, o Tabu da ocupação teve início lá no inicio onde mulheres e homens da corte ao frequentar os toques acabaram entrando em transe e a divindade manifestando, para que estas pessoas pudessem voltar e não abandonarem por motivos particulares ou medo, não contavam e assim ficou até os dias de hoje. Outra versão do Tabu da ocupação é para evitar que os filhos abandonem a religião pelas provas e testes de fogo, dendê ou mel fervendo que são feitos secretamente ou abertamente em dias de toques ou festas.
Axé de fala
O axé de fala do Batuque é uma ritualística que o orixá passa por vontade própria, quando convidado pelo orixá da casa ou pelo Babalorixá/ Iyalorixá para que seja apresentado para a comunidade e a partir deste momento possa falar com qualquer pessoa quando necessário, ou tire orin nos toques ou em rituais.
No Candomblé, na saída o orixá, irá falar o nome dele e dar o seu "hun be" (uma espécie de berro ou lamento) que ao chegar ou durante o transe emitem. O orixá do Candomblé não tem permissão de fala e não o faz como os orixás do Batuque ou na tradição Ioruba, na Nigéria.
Comidas dos orixás
As comidas de orixás do Batuque possuem identidade culinária e padrão, muitas delas se assemelham as que são feitas em terras iorubas como:
O Akassa (Eko):
https://iledeobokum.blogspot.com/2020/05/omiidun-eko-ogi.html
O Amalá de Xangô de Oyo, Nigéria que é muito semelhante:
https://iledeobokum.blogspot.com/2020/12/amala-de-xango-em-oyo.html
Entre outras comidas e bebidas que poderemos encontrar nos costumes da tradição ioruba que facilmente acharemos semelhança com os feitos no Batuque tradicional.
Consultas e oráculo
O jogo de Búzios do Batuque originalmente usa 8 búzios, e Solomon informa que Ekiti, sacerdotes de Oxalá jogam com 8 búzios.
Tradução online:
"Solomon Omojie-mgbejume Jeff Gonzalez verdade. Você se lembra de dez kolanut lançando quando egbe estava sendo feito ib ilaro?Em algumas áreas em Ekiti, sacerdotes Oxalá usam 8 búzios também."
O jogo tradicional do Batuque é baseado no orixá, através do jogo de búzios é feita a consulta, em momento algum usa-se ou necessita de odu (registros de signos de ifá ou orixá); sabemos que nem todos orixás na tradição Ioruba usam ou necessitam de odu. Veja o caso do povo de Obá:
Raspagem da cabeça
Nem todos os orixás necessitam raspar, entre eles Oxóssi e Ogum não raspam na tradição Ioruba, desta forma, o Batuque não precisa e nem raspa.
Baba Zarcel informa (apud Marins, 2017) que nem todos necessitam raspar, e completa que tem pessoas que não devem raspar, veja a seguir entre trecho:
[...]
A raspagem do cabelo não é um ritual obrigatório. É dos vários rituais que podem ou não acontecer durante uma iniciação. Inclusive, existem pessoas que não podem raspar a cabeça, como alguns filhos iniciados para Xangô, não todos. Mulheres que tem determinado odu Ifá, como por exemplo, Oxé Meji, que proíbe ter cabelo curto assim igual ao meu, e orienta a pessoa ter cabelo grande. Então, não se raspa. [...]
O ato de raspar é necessário para que seja colocado o idosu, um preparado que contem vários componentes sagrado para feitura do orixá, neste caso, somente os iniciados para aquele orixá participam e o sacerdote deverá ser do mesmo orixá ao qual o iniciado.
No entanto, nem todas as divindades tem o idoxú em suas feituras, caso de Ogun, por exemplo (Paula Gomes, Oyo Alaafin).
No Brasil, o Candomblé, na sua ritualística possui a tradição de raspar, no entanto o idosu do candomblé é um idosu casa da casa de axé, e não do orixá, pois, diferente da tradição ioruba, várias pessoas de outros orixás manipulam o novo idosu que está sendo iniciado, não possuindo nenhuma ligação com a divindade do noviço que está sendo iniciado, exceto o axé da casa a qual o iniciado esta sendo feito.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Batuque possui conhecimento e cultura, passado por sacerdote responsáveis que pertencem a casas tradicionais do Batuque.
O idioma e as cantigas necessitam de maior atenção e carinho para que os batuqueiros possam resgatar o que perderam.
Muitas cantigas do Batuque foram ensinadas pelo mestre Borel e por outros mestres batuqueiros, para o Brasil, desta forma é normal que outras religiões possam estar cantando algumas orin do batuque no candomblé, assim como também houveram tamboreiros que introduziram cantigas do Candomblé no Batuque.
Cantigas para folhas e rituais necessitam atenção, ou corremos o risco de estar fazendo rituais para outros orixás em nossas iniciações.
O Tabu da ocupação e o axé de fala são fundamentos do Batuque, da mesma forma que não há necessidade de raspar, sendo que nem todos orixás raspam e nem levam idosu.
O jogo de búzios do Batuque não usam e nem precisa de odu, e pode orientar em todos os momentos e problemas dos seres humanos.
Bibliografia
VERARDI, Jorge, Axés dos Orixás no Rio Grande do Sul, Impresso no Brasil, edição 1990.
Referencias
BARRETTI Fº, Aulo - Pagina pessoal no wordpress.
https://aulobarretti.wordpress.com/
MARINS. Luiz L. - Pagina pessoal no wordpress
https://luizlmarins.wordpress.com
MARINS. Luiz L., OGAN, EKEDI E O ATO DE RASPAR: BABA ZARCEL FALA SOBRE OS COSTUMES DA RELIGIÃO TRADICIONAL IORUBA, REVISTA OLORUN, n. 56, 2017.
WOLFF. Erick, CONSIDERAÇÕES SOBRE REALINHAMENTO DOS RITOS AFRO-BRASILEIROS, NA TRADIÇÃO BATUQUE DO RS, acessado em 22/09/2021 as 18:44
https://iledeobokum.blogspot.com/2020/07/consideracoes-sobre-realinhamento-dos.html?m=1
CUSTÓDIO. Alexandre, O COSTUME DO BELO, OS NOVOS ELEMENTOS INTRODUZIDOS NO BATUQUE, REVIST, revista OLORUN, n. 57, janeiro de 2018.
https://luizlmarins.files.wordpress.com/2019/06/o-costume-do-belo-os-novos-elementos-adicionados-ao-batuque.pdf
[...]
Festival mundial de Xango (Sàngó). Um dos principais festivais de Oyo, um pedaço de nossa origem e nossas sementes, o termo semente pois nossa raiz está aqui embora a semente veio de Africa
.Praticantes de ifá a Koso, onde fica o santuário de Xango, o festival será realizado até 24 de agosto. Curiosidade O Alafin não participa das festivais pois não pode ver Sangò duas vezes o festival duram até dia 24 de Agosto.Fonte Adejare OsaletiTextoAlagbê e babalorisàLeandro dos Santos [...]
Fonte - https://www.facebook.com/watch/?ref=saved&v=183209887334751
O òrìsà Èsù é sem sombra de dúvidas o òrìsà mais conhecido no Candomblé. Repleto de lendas a seu respeito, algumas criadas por quem nem queria vê-lo da melhor forma, este deus nigeriano traz consigo muitas contradições, famas ruins e outras boas. Mas será que Èsù é um òrìsà bem compreendido?
Há muitos escritos a seu respeito e essa postagem de longe tenta ser um compêndio sobre este lindo Òrìsà. Então por favor críticos que acham minhas postagens supérfluas, essa é uma postagem básica trazendo alguns esclarecimentos e não uma pesquisa acadêmica de teologia nigeriana.
No meio de todas essas lendas, Èsù ganha algumas famas que não lhe pertencem e algumas até mesmo ocorrem por simples erros na tradução de idioma Yorùbá, um mal que ainda está grudado em muitos candomblecistas. Esta carga que este òrìsà possui, por exemplo, como sendo um òrìsà ruim, que maltrata e pune, costuma se deturpada e até mesmo usada deliberadamente por quem vê vantagem nisso!
5 Mentiras Sobre Èsù
1 – Èsù representa o Diabo, pois Òsálá representa Jesus!
O sincretismo, algo que muitos religiosos hoje estão lutando contra, acabou criando essa imagem de que cada Òrìsà tem um correspondente aos santos católicos. Cada santo foi sendo associado a um òrìsà, mas quando chegaram em Èsù…
Por causa das lendas populares e outras até que realmente existem no corpo de poemas de Ifá; por causa de seu temperamento e peripécias, esse Òrìsà acabou sendo associado ao Diabo. Piorando a situação, nas giras de Exú (note como mudei a escrita), o nome do òrìsà passou a ser associado ao chamado povo de rua e suas cantigas sempre exaltando o diabo, satanás e demais demônios cristãos.
O próprio candomblecista costuma colocar a cargo de èsù tudo que costuma ser de ruim, como as queimações e aterrorizar alguém. Isso é desconhecer o quanto este òrìsà possui de bondade e humanidade.
As insígnias usadas aqui no Brasil também o colocam com certa relação com o Diabo, por mais que o tridente não seja exatamente um símbolo do mal e sim de poder!
Verdade: Èsù não é Diabo. Diabo, Satanás e outros demônios são pertencente a outra cultura. Na cultura nigeriana e no Candomblé não há a figura de um Òrìsà do mal, pois na verdade os òrìsà ajudam os humanos em terra. (Simplificando)
2 – Èsù Inimigo dos Òrìsà
Um trecho de um antigo Oríkì diz que Èsù Oota Òrìsà. No afã de traduzir a palavra, muitos logo acharam: “Èsù inimigo dos òrìsà” e logo, também, associaram inúmeras lendas para ratificar tal frase.
Ledo engano meu caros. Apesar de èsù aprontar muito, a tradução foi longe no significado. Vejamos:
Ota = pedra sagrada dos Òrìsà
Òtá = Inimigo, adversário, antagonista
Olópàá = policia.
Bom, aqui sei que irá começar um murmúrio, um certo “chororo” por parte de alguns. Compreendo e respeito. Não estou sendo aqui o dono da verdade, apenas alguém que busca e pesquisa e compartilha.
Há uma corrente que diz que a palavra foi corrompida (não moralmente gente, com o passar dos anos ela mudou) e a tradução correta seria Èsù olópàá Òrìsà – èsù polícia dos òrìsà, no sentido de ser aquele que vigia os atos, está sempre acompanhando tudo que acontece.
Não é a toa que todos temos o nosso èsù e que ele acompanha tudo que é feito em um barracão, de feitura a obrigações. Que cada òrìsà possui seu èsù correspondente e assim por diante. Temos èsù como aquele que nunca dorme e está sempre vigiando, policiando as coisas…. e tentando também, procurando ver se a pessoa incorrerá em erro.
Outra vertente refuta èsù como sendo inimigo dos Òrìsà, não haveria cabimento em tal afirmação e que ao certo o termo seria pedra sagrada. Afirmação se baseia que èsù nasce de uma rocha, a laterita.
Verdade: aqui há vertente e vertentes, mas não vejo èsù como inimigo de òrìsà… sendo ele mesmo um!
3 – Errado iniciar alguém a Èsù. Não se raspa pessoas de Èsù!
Ainda hoje essa uma questão que gera debates e até mesmo brigas. Há inclusive zeladores e zeladoras que se quer vestem uma pessoa, visitante mesmo, que vire neste lindo òrìsà.
Há muito que se diz não se possível a iniciação a este òrìsà. Uns dizem que por èsù carregar uma navalha sobre o seu orí isso impossibilita a raspagem (Ok, confesso que é um argumento fraco). Outros dizem que não há folhas para a iniciação a teste òrìsà (E será que todos os outros são iniciados com suas verdadeiras folhas?) e por fim, há os que dizem ser impossível “doutrinar essa energia”. Essa última posição diz que a iniciação a este òrìsà, feita da maneira incorreta, pode derrubar um zelador e levar à ruína um terreiro.
Não estou querendo aqui esgotar os argumentos que costumam defender por ai, apenas mostrar como alguns pensam.
Acontece que é patente que muitos zeladores e zeladoras não sabem proceder ao ato iniciatórios desse òrìsà e isso, somado ao ego, acaba fazendo com que seja mais fácil dizer que não é correto ou que não se inicia ninguém a este poderoso òrìsà. Mesmo havendo nomes vultuosos iniciados a ele.
Bom, há muitos iniciados a este òrìsà, felizes e sorridentes e prósperos e etc. Como todos os outros òrìsà, este também possui suas peculiaridades que quem não sabe e tendo em suas mãos um futuro filho dele, deve buscar com os mais velhos. Conhecimento este que impede de raspar PombaGira com direito a gargalha e tudo… sim, isso acontece!
Há em terras africanas a figura do Olupona, sumo sacerdote deste Òrìsà e lá há iniciações a Èsù. Há uma entrevista com um deles – Leia Clicando Aqui!
No Brasil tivemos a figura de um grande zelador: Djalma de Èsù Laalu!
Outro costume corriqueiro e que confesso não concordar é o famoso: dar a cabeça para Ògún e alimentar Èsù (Não entrarei no mérito da questão!).
Verdade: Sim, é possível iniciar uma pessoa a Èsù, basta buscar o conhecimento necessário para tal. E há diversas pessoas iniciadas e felizes.
4 – Iniciados a Èsù ou quem a ele deveria ser iniciado são mentirosos, briguentos, preguiçosos e um monte de coisa ruim!
Uma coisa que não concordo e nunca concordei dentro do Candomblé são os famosos arquétipos de filhos de òrìsà. Não acredito que toda a bagagem cultural e intelectual de uma pessoa seja resumida em 12 tipos de arquétipos, ou um pouco mais, e quando se fala de Èsù… assim como alguns falam dos filhos de Oyá, parece que a coisa é bem feia.
“Filhos de èsù atraem confusão”, ” filhos de èsù arrumam briga por qualquer coisa” e ainda pioram, “filhos de èsù costumam ter morte feia!”
Pensamentos como estes mostram que a pessoa tem um parco conhecimento de mitologia Yorùbá e ainda por cima, baseiam seus conhecimentos religiosos em informações sem fundamentos e baseados muitas vezes em revistas sobre Candomblé, alguns sites também propagam este tipo de conteúdo.
Uma série de fatores forma a personalidade de uma pessoa, não seria esta baseada em ser iniciado a um òrìsà ou a outro. Claro que a presença de determinadas energias atraem situações, por isso mesmo não podemos pensar que tudo se baseia nos òrìsà, quando há por exemplo: odù e seus caminhos!
Verdade: Não acredite em esterótipos ou arquétipos de Òrìsà, há muitas outras energias na vida de uma pessoa que podem influenciar. Traços de personalidades são adquiridos em vivência, genética e educação!!
5 – Quem é de Èsù e o próprio Èsù não possui ewò, quizila.
Eis uma coisa comum de se ouvir nas rodas de candomblé as pessoas debatendo. Dizem que èsù é a boca que tudo come, logo não teria ewò com nenhum elemento. Ewò ou quizila, é uma proibição de ter algo, tocar em algo ou consumir algo. Basicamente é uma proibição, um tabu.
Outro pensamento é que os filhos desse òrìsà, subtendendo que já pacificamos este assunto de iniciação, também não teriam nenhum tipo de problemas com ewò de nenhum tipo.
O primeiro erro nestas afirmações se encontra em pouca pesquisa, desconhecimento dos òrìsà. Este òrìsà realmente aceita diversos tipos de oferendas, mas cuidado, pois o adin, óleo do caroço de dendê, é seu verdadeiro inferno. Inclusive há magias que atiçam èsù como este óleo e depois apaziguam com mel ou azeite de dendê (Não entrarei no mérito, mas conhecedores de magia de Ifá sabem do que se trata).
O adin é muito conhecido, mas há quem diga que assobio, limão e até chuva são quizilas deste òrìsà. O principal mesmo é o adin! Ele é um óleo originário do caroço do dendê, não confundir com o azeite de dendê.
Quanto aos filhos? Bem, um mero e também comum erro de confundir iniciado com o òrìsà. As quizilas, aversões, interditos são pessoais e tem a ver com a energia que você porta.
Nenhuma pessoa é como outra, cada qual tem seu odù, cada qual tem seu caminho e suas lições a serem aprendidas. As quizilas são energias incompatíveis com a energias da pessoa em si; são energias que acabam minando as energias boas da pessoa e sujando sua espiritualidade, atrasando o que de bom poderia vir!
Verdade: Èsù possui seu ewó, que é o adin e outras casas associam outros elementos. Os iniciados têm suas quizilas pessoais e também devem respeitar a principal do òrìsà.
Conclusão:
espero que você meu caro leitor tenha chegado até esta conclusão, pois sei que é um assunto espinhoso e que mexe com diversas áreas da vida religiosa de quem lê. Primeiro devemos saber que neste texto não se encerra tudo e nem foi exposto tudo sobre o assunto. Caso ache uma postagem supérflua, sinto não ter atendido o intento de lhe informar coisas novas. Mas caso tenha gostado agradeço!
A principal conclusão é que devemos pesquisar bastante quando o assunto é candomblé. Não aceite nada como pronto, cuidado com o que leva a diante, com o que tem como verdade absoluta. Lembre como as bruxas foram queimadas na Inquisição Espanhola, Inglesa e Francesa.
Minhas postagem nunca são o fim, mas a forma de levantar debate. Muita coisa aqui se quer falei pois sei escandalizaria os leitores mais… ortodoxo. Mas caso queira expressar sua opinião, com respeito é claro, use o espaço abaixo.
Mo dúpé àti o dábò!!
Fonte https://educayoruba.com/5-mentiras-sobre-orisa-esu-algumas-ate-candomblecistas-acreditam/?fbclid=IwAR3q9oAAhWDAd2yKHqpi91GN3_o3qcKN0MhwWVMxDTwBerXC4pfLpGNpXoY