quarta-feira, 25 de setembro de 2024

ESTUDO DE CASO: O ASSENTAMENTO DO XANGO KAMUKA

Por Erick Wolff
Postado na Revista Olorun, número 99, outubro a novembro, em 22/11/2024.

O objeto de estudo deste trabalho é o assentamento do Xangô Kamuka, no seguimento Kambina (atualmente conhecida por Cabinda) fundada por pai Waldemar.

A forma de abordada ocorre baseada na Netnografia, na plataforma de mídia social Facebook. Analisamos os debates, conceitos, ritos e práticas do indivíduo que pertence ao grupo povos de terreiro, e o resultado no comportamento social afro-religioso.

TÓPICO 1

Durante uma live, o Babalorixá e tamboreiro pai Antonio Carlos de Xangô, afirma que pai Waldemar não sentou para ninguém, um Xangô Kamuka, no entanto, não revela como coletou esta informação.

Para estudo e pesquisa, disponibilizamos o extrato da fala em que pai Antonio menciona o fato no canal Nagô Kóbi, na plataforma Youtube.

Vejamos a seguir:



Transcrição: https://youtu.be/_Mj_GDKTLcM

[....] Na nação de Cabinda, não existe Kamuka sento... Waldemar de Xangô Kamuka faleceu em 16 de setembro de 1935, e ele não sentou Kamuka para ninguém... se ele não sentou não pode ter Kamuka sento... ele tinha cinco filhos... era Tati de Exu Lanã, Romário de Oxalá, Palmira de Oxum, Nascimento de Sapata e Madalena da Oxum... ele não sentou para nenhum, então ninguém tem [...]

TÓPICO 2

Numa publicação na página UMBANDA DE VERDADE (AFRO-INDIGENA), na mídia social Facebook, o autor da página André Luiz afirmou, que uma dita frase seria pronunciada pelo Xangô Kamuka, acessado em 26/09/2024 as 6h:

[...] A frase dita não pelo pai Waldemar e sim pelo pai Kamuká foi: Depois de mim, não pegarei mais cabeça e nem mais serei assentado, permanecerei como protetor da minha nação! [...]

Esta frase abre dúvidas: se pai Waldemar era de Xangô Agodô, em quem o Xangô Kamuka ocupou para deixar esta mensagem?

TÓPICO 3

O batuqueiro Fabio (Argentino), administrador do perfil Ile Ase Igbomina, em 09/09/2020, se denominava Ijexa, um segmento do Batuque do R.S... porém, atualmente se diz Oyó puro, fez uma publicação no Facebook, que menciona Kamuka.

A publicação acessada em 26/09/2024 as 6h, contendo as seguintes informações:

[...] E o que sei é que Kamuká só seria cultuado na cabinda e que nenhuma outra nação deveria ou poderia cultuá-lo, pois esse Orixá é o do fundador dessa nação [...]

Fabio não deixa claro se estaria falando do Xangô Agodo de pai Waldemar ou do assentamento do Kamuka que pai Waldemar possuía.

E continua:

[...] O que sei também é que o assentamento desse Orixá é feito no balé, pois teria ele grande aproximação com eguns. Meu tio-avô carnal, Cláudio de Oxum Docô, falecido babalorixá de Cabinda me disse inclusive que nem devemos pronunciar esse nome (Kamuká) dentro de casa, pois poderia atrair algum tipo de mal, porém sou totalmente cético sobre isto.

Dizem ainda que Kamuká reside no cemitério, mais precisamente no forno (lugar onde se cremam os ossos) e que, por conta disso, se prestaria só ao dano [...]

Observamos que Fabio informa que seus descendentes diziam que Kamuka seria um egun, sugere que egun seria usado para o dano.

Nos trechos a seguir ele completa o pensamento com outros conceitos equivocados.

Vejamos:

[...] pois esse Orixá é o do fundador dessa nação [...] Esses são alguns dos motivos pelos quais não se dá cabeça de filhos para esse Orixá (que a essa altura me pergunto se é Orixá mesmo) [...]
 
[...] Agora refletindo: se Valdemar (ou Gululu) cultuava Kamuká por que este era o Nkisi nsi de sua família, fica explicado o porquê de Kamuká não pegar mais filhos, nem de poder baixar em alguém. Por outro lado, também fica explicado do porquê desse “Orixá” ser cultuado próximo ou junto ao balé, pois na cosmogonia iorubá Kamuká seria um egun[...]

Sem informar como chegou à conclusão, sugere que Kamuka seria um nKissi, e este pertencia à família do Gululu, e, ao mesmo tempo, cria outro conflito quando afirma que Kamuka seria um orixá, sendo que nKissi e orixá são divindades totalmente diferentes.

Entretanto, o ponto mais conflitante é quando sugere que um suporto conceito Ioruba sem ao menos citar fontes: "pois na cosmogonia iorubá Kamuká seria um egun".

TÓPICO 4

Rôh Farias Rosanna criou uma publicação na antiga comunidade "Nação Cabinda do RS", atualmente conhecida por “Nação Kambina do RS, na data 24 de agosto de 2023, acessado em 26/09/2024 as 7h.

Nesta publicação Rôh homenageia pai Waldemar menciona uma frase que teria sido coletada, porém, não informa como nem quando:

"Depois de mim nesta terra, NÃO haverá mais de um, sendo um NÃO me apresentarei duas vezes...

Eu como UM, só serei UM, NÃO mais pegarei cabeça, NEM MAIS serei assentado, permanecerei como protetor da minha nação" 
 
Entre os comentários, selecionamos os seguintes:

[...] Erick Wolff
Boa noite a todos e linda homenagem ao pai Waldemar. 
Para registros seria de grande importância para memória e cultura do Batuque, sabermos quem coletou, quando e local, está fala:
"Depois de mim nesta terra, NÃO haverá mais de um, sendo um NÃO me apresentarei duas vezes...
Eu como UM, só serei UM, NÃO mais pegarei cabeça, NEM MAIS serei assentado, permanecerei como protetor da minha nação" [...]

[...] Malony Saint Pierre
[Erick Wolff] eu tinha ouvido falar que é uma qualidade de xango que pega cabeças ainda, embora muito raro, é uma afirmação e tanto [...]

[...] Malony Saint Pierre
[Erick Wolff] A respeito de assentamentos, meu pai de santo, filho do pai Henrique D'Oxum, também havia comentado que assentamentos desse orixá vieram a ser moda de uns tempos para cá, pois antigamente (cerca de 40 anos atrás), ao menos aqui na cidade de Pelotas, apenas se fazia seguranças para o Kamuka enterradas no pátio do ilê, e que os assentamentos deste orixá no centro do quarto de santo vieram a se espalhar depois de um pai de santo a qual não vou nomear falar sobre ''dando aval'' e normalizando a prática. [...]

[...] Erick Wolff
Caro irmão [Malony Saint Pierre], a mãe Mariza do Kamuka foi feita pelo pai Henrique da Osun, temos registros de uma mãe de santo que faleceu a pouco tempo que possuía um Kamuka no quarto de orixá, feito pelo pai Henrique…
E ainda há informações de mais pessoas que possuíam Kamuka sento, porém ainda não confirmei. [...]

[...] Malony Saint Pierre
[Erick Wolff] Pois então, eu havia ouvido do meu pai de santo que Kamuka ainda seria um orixá como qualquer outro, com a diferença que haviam criado todo um culto para louvar o ancestral.
A mulher de um tio de santo que há pouco tempo nos deixou, afirmou que ele tinha um filho de santo filho do Kamuka, e que seria uma pessoa muito tranquila e não causava alvoroços , porém essa moça não é uma pessoa a qual eu possa confiar para assinar embaixo desta fala.
Obs: Perguntei a ele sobre a Oxum Gama há um tempo atrás, e ele me disse que era muito cultuada antigamente, que até mesmo todos se abaixavam na roda do batuque na reza dela, porém isso já se perdeu. [...]

[...] Erick Wolff
[Malony Saint Pierre] surgiu uma dúvida, os registros que possuo é que o pai cleon fazia a segurança no salão, enquanto o pai Henrique possuía o Kamuka… saberia informar mais sobre a segurança do salão na família do pai Henrique? [...]

[...] Malony Saint Pierre
Sim, pai henrique tinha uma filha, ou um casal de filhos que viriam a ser filhos de xango kamuka, tinha a segurança deste orixá, porém o local desta já era guardado apenas para os mais próximos pois antigamente essas coisas eram bem fechadas e muito poucos tinham acesso [...]

TÓPICO 5

Nesta publicação da página Batuque Do Rio Grande do Sul, na mídia social Facebook, contendo 125 mil seguidores, publicada em 19/01/2021, acessado em 26/09/2024 as 8h, contém o seguinte:

“QUEM É XANGÔ KAMUCÁ?

este magnifico orixá é exclusivamente cultuado na nação de cabinda! ou seja xangô kamucá, naõ é cultuado por outras nações.

XANGÔ AGODÔ KAMUCÁ BARUÁLOFINA. é o rei da nação religiosa de cabinda, praticada e cultuada no estado do rio grande e do sul.

xangô é o nome do orixá; agodô é a classe deste orixá; kamucá é o nome deste orixá rei que foi assentado para o babalorixá rei, WALDEMAR ANTONIO DOS SANTOS; baruálofina é o sobrenome deste orixá rei da nação de cabinda.

KAMUCÁ NÃO É CLASSE DO ORIXÁ XANGÔ, É UM NOME APENAS.

O fato de xangô kamucá não ser cultuado pelas demais nações religiosas, no estado do rio grande do sul, apenas podendo ser cultuado na cabinda; e também de não poder ser assentado para pessoa alguma na nação religiosa de cabinda, se dá por uma questão de respeito ao grandioso babalorixá waldemar antonio dos santos. falecido em 15 de setembro de 1935. é simples; imaginarmos que algum babalorixá ou yalorixá da nação de cabinda assente o orixá xangô kamucá baruálofina para algum dos seus filhos de religião.este filho ou filha, apartir da primeira gota de sangue (axorô) que caia sobre a sua cabeça (eledá) ou ocutá, estaria de volta á terra o rei da nação religiosa de cabinda. se o xangô kamucá incorporesse no filho ou filha, o babalorixá ou yalorixá teria que se curvar bater cabeça para aquele orixá rei da nação de cabinda.” (os grifos são nossos)

Autor: Pai Zezé de Oxalá
 
Pai Zezé faz várias afirmações, entretanto, sem fornecer as fontes, o que descredibiliza às informações.
 
A mesma postagem foi replicada pelo perfil do Ilê Primeiro de Maio, em 19/05/2020, acessado em 26/09/2024 as 9h, apesar de ser anterior a postagem do perfil Batuque Do Rio Grande do Sul. Vejamos:
 
Em 14/11/2023, a página do Kizomba também divulga a mesma postagem:
 
TÓPICO 6

Em 25/11/2020 a página ILÊ Primeiro de Maio, fez uma manifestação referente a um comentário postado sobre o assentamento do Kamuka. A seguir:

"A título de esclarecimento sobre a postagem veiculada no grupo Nação Cabinda do Facebook em que o Sr. Gustavo Jacques Schefer afirma que pai Romário assentou o Xangô Kamuca para o seu então ex pai-de-santo cujo nome não é citado. Afirmo com veemência que em hipótese alguma isso ocorreu, pois Xangô Kamuca rei da nação Cabinda jamais será assentado em sinal de respeito.— sentindo-se p... da vida em ILÊ Primeiro de Maio."
 
 
 
Dos comentários da publicação:

"Luciano Zúllu
Eu ainda fico impressionado com o charlatanismo que existe no nosso meio. É sabido por antigos e por novos, que esse assentamento não existe. Mas hoje em dia nos deparamos com gente falando que tem Kamuca na cabeça. Já sai de um grupo por causa dessa afirmação. Mas enfim, Infelismente nossa Nação esta morrendo aos poucos. Se não houver luta e uma severa fiscalização, o Batuque do RS será apenas motivo de chacota, nada mais.

Mary Faleiro
MENTIROSOS
INVENTORES
NÃO SABEMOS NEM MESMO QUEM É ESSE TAL GUSTAVO.

Vera Mirales
[Mary Faleiro] mais um mentiroso querendo aparecer ...gozado é que não cita ninguém da Goa que está vivo ...
Invenção pura, como gostam de falar de Kamuká

Vera Mirales
Mais um querendo aparecer ..
Mãe [Nara Almeida] desmentir esse pessoal é tão cansativo , saem de qquer canto e se sentem os Bambam. Nojento e mentiroso

Nara Almeida
[Vera Mirales] minha irmã tem que provar oque falam , quando que ano a onde?
Testemunhas quantas??? Fica fácil mentir se esquecem que ainda somos vivos "

TÓPICO 7

Professor Denis de Ode, informa a existência do culto de Kamuka em outros seguimentos do Batuque:
 
 
 
A propósito, Bará Lode também é guardião, mas pega cabeça, então, talvez não seja este o motivo.

TÓPICO 8

O tema foi sobre o Xangô de Pai Waldemar, e uma [suposta] frase que não sabemos quem falou, quem coletou, e quem divulgou.

A frase é atribuída ora ao Xangô Kamuka, ora ao Xangô de Pai Waldemar, gerando um debate na mídia social TikTok, entre os integrantes do Batuque sobre sua legitimidade.

Link na referência, vejamos a seguir o debate: 

@erick_wolff8
“O XANGÔ DE PAI WALDEMAR A suposta frase… referente ao Xangô de pai Waldemar. quem teria dito?”

Seguem alguns comentários que possuem relevância e devem ser registrados. Vejamos a seguir:

paulinho
os iles de kambinda pelo menos o de meu pai tinha um xango do povo no pátio.
como kamuca seria único e ficaria a frente de sua nação pergunta
"Todos os iles tem um xango kamuca sento no pátio?

Erick Wolff8
Por gentileza, onde coletou esta informação, pois se o Kamuka fica no pátio, onde ficaria o Agodo de pai Waldemar segundo a sua fonte?

Erick Wolff8
[@paulinho] para atualização do nosso trabalho, seria importante registrarmos a sua fala, e se possível informar a família, ajudaria muito para as memórias do batuque.

paulinho
Que eu tenha conhecimento:
meu pai mario de oxala jobocon , meu avô pai joao manoel cabral de oxala de orumilaia e meu bisavô pai Henrique de oxum panda possuíam. n

Erick Wolff8
Por gentileza, quantos da sua família possuíam ou possuem o Kamuka sento, e em qual local ele fica?

paulinho
sou filho de pai Mário de oxala jobocum de rio grande rs ( falecido) que era filho de pai João Manoel Cabral de oxala de urumilaia ( falecido) de pelotas que era filho de pai Henrique de oxum (poa)

Adrian Toledo5485
xango agodo sundijina hera kamuca. y esto trasendio por su hija de sangre tras una historia muy triste al perder a su padre

Erick Wolff8
@Adrian Toledo5485 grato pela participação, mesmo assim, segundo sua afirmação, se trata de outra divindade, pois Kamuka é uma divindade, não é um nome do sango agodo. 

Erick Wolff8
Lembrando que pai Waldemar era do xangô agodo, e ficou conhecido por ter um Kamuka no pátio

Informações complementares sobre os filhos de pai Waldemar.
 
TÓPICO 9
 
Luciano Zullu informa o parentesco de pai Romário com pai Waldemar, vejamos:

“PAI ROMÁRIO DE OXALÁ JOBOCUM ONIFAN
Por Luciano Zúllu
16/07/22
Neto de Pai Valdemar de Xangô Kamuka e filho de Mãe Madalena de Oxum Demúm. Pai Romário, simplesmente o Dadá ou Dindo para os mais próximos foi o fundador da Sociedade Beneficente Religião Africana 1° de Maio hoje sob o comando de sua sobrinha-neta e filha de santo Mãe Nara de Bará Lanã” (o grifo é nosso)

Em 2024 confirma que a feitura de pai Romário, vejamos:

"𝘾𝙖𝙗𝙞𝙣𝙙𝙖 𝘾𝙖𝙢𝙗𝙞𝙣𝙙𝙖 𝙤𝙪 𝙋𝙖𝙞 𝙍𝙤𝙢𝙖𝙧𝙞𝙤 𝙙𝙚 𝙊𝙭𝙖𝙡𝙖?
Por Luciano Zulu
Postado em 16/06/2024
A exatos 34 anos atrás, nos deixava o homem que talvez tenha sido o maior nome da Nação Cabinda após Waldemar do Xango Kamuka.
Jamais iria aqui não lembrar de Mãe Madalena de Oxum, que fez Pai Romário de Oxalá, mas ela infelismente faleceu muito cedo, enquanto Pai Romário passou dos 80 anos de vida.”
 
Luciano em comunicação pessoa pelo WhatsApp, informa:

"Na feitura de pai Romário, pai Waldemar estava presente" (informação pessoal)

TÓPICO 10
 
Nesta postagem informações sobre o apronte do pai Nascimento:

"Quarto de Santo de Pai Nascimento do Sapatá (Cabinda) um dos poucos filhos aprontado por Pai Waldemar de Xangô Kamucá.”

TÓPICO 11

Neste trecho o Elias de Oxalá, filho de pai Enio da Oxum, informa que:

“Waldemar foi operário da construção civil, e era filho de Sàngó Agodô, e ao falecer, ele deixou uma filha de religião pronta. A sacerdotisa Maria Madalena Aurélio de Òsùn foi ela quem aprontou bàbá Romário Òòsàálá e Palmira Torres Òsùn Pandá Olobomí, entre outros.” (Informação pessoal)

TÓPICO 12

Numa publicação que fizemos no antigo grupo Nação Cabinda do RS, atualmente conhecida por Nação Kambina do RS, houve um depoimento que registra a existência de mais Kamuka. Vejamos:

Schefer Gustavo
[Mary Faleiro] criar uma divindade???acho que resta totalmente errada,sou jeje ijexa e cultuamos zina...e somos da bacia da Ondina do xapana...minha mãe de santo tem 52 anos de vasilha e por sinal muito bem reconhecida no estado...
Porém fui 16 anos cabindeiro...conheço muita gente da bacia do pai Romário...pois fui neto dele...
Mas sobre kamuka podemos coletar algumas
informações com alguns filhos vivos do pai
Romário...até por sinal meu ex pai de santo tem ele
sento numa árvore de Oro no pátio de frente para o
portão o kamuka sento pelo pai Romário do oxalá...
 
 




TÓPICO 13

Norton registra o Kamuka sento no igbale de pai Cleon:

[...] Ìgbàlè Pai Cleon: Xangó Kamuka e Mãe Palmira.
Mãe Ester: Pai Manoel (Pai de santo) e Eugenia Ferreira (filha de santo) [...] (Norton, 2006, p. 148).

TÓPICO 14

Numa entrevista para o canal Kizomba, Pai Cleon, explica o seu conceito sobre o Kamuka:

Pai Cleon de Oxalá, min 14h41min.

[...] Kamuka é o nosso Rei, sabe que é o nosso rei né, Xango de Kamuka, é o nosso Rei, Xangó de Kamuka e nosso Waldemar, como ele trouxe a Cabinda para o Rio Grande do Sul, para o Rio Grande, Pelotas, Pelotas a Porto Alegre...

Então ele que é o nosso rei, é um Egun, por respeito a ele que é o nosso rei, que é o nosso maior orixá dentro da Cabinda, a gente tem o respeito muito grande, ele é o dono do balé... Pode ver que dele temos uma segurança para Kamuka, para segurar a casa.[...] (o grifo é nosso)

E completa que não se daria cabeça para Kamuka:

[...] E quem tem Kamuka, é só de Cabinda, existem pessoas que eu sentei Bale para as pessoas, o exu Lode, a pessoa tem que respeitar, canta para Kamuka, tem que cantar para o Legba, quando canta para Kamuka tem que se ajoelhar, e quando canta para Oxum da mãe Palmira, tem que se ajoelhar também... Têm muitas casas, pessoas que sentei balé, que sentei exu Lode que são de outra nação... Mas me pediram, joguei para Oxalá, deixou [...]

TÓPICO 15

Neste trecho, numa entrevista para o canal A Cabana, pai Cleon de Oxalá, informa que:

Pai Cleon, min 28h00min.

[...] Rio Grande do Sul. Que era o pai Waldemar que era de Xangô Kamuka [...].

Pai Cleon, min 28h22min.

[...] Xangô Kamuka não se pode dar para ninguém, e quem é de Cabinda não pode ter Kamuka [...].

TÓPICO 16

Em comunicação pessoal pelo WhatsApp, Carlos de Òòsàálá (2022), tentou o contato com a filha da Marisa do Kamuka, feita pelo Henrique da Òsun, porém, não houve sucesso, pois segundo ele a filha desejava preservar a mãe, pelo motivo da idade avançada e pela perseguição que sua mãe, já havia sofrido.

Carlos completou que dona Marisa, morava em Atlântica Sul, e nos forneceu um número para contato, que confirmamos ser da filha dela, no entanto, ao falarmos com a senhora Lopes, não houve interesse da família em seguir com as pesquisas, desta forma, respeitamos o desejo família.

Existem outros detalhes que preservaremos, que poderão ser fornecidos para estudos científicos, caso sejam necessários.

Considerações finais

Até os anos 2000, os integrantes da família do pai Cleon, não pronunciavam o nome de Kamuka na casa, pois, pensavam que faria algum mau.

O pai Waldemar foi feito para Agodô, ele possuía um Kamuka na frente da casa, que foi que lhe deu a fama de "pai Waldemar do Kamuka".

Há famílias que dizem que Kamuka seria um Egun, no entanto, nenhum Egun comanda uma religião de Orixá.

E a referida mensagem que teriam colhido não possui informações de como nem quando foi dita, nem há comprovação de que se tratava do Xangô Agodô do pai Waldemar, ou do Xangô Kamuka, nem na cabeça de quem Kamuka teria se manifestado, para fazer o anunciado.

Há registros de famílias que possuem o Kamuka sento, há registros até de manifestação do Kamuka, há registros de famílias que possuem a segurança feita no salão para o Kamuka.

Inversamente, há famílias que não necessitam do Kamuka sento, nem da segurança, e a casa funciona perfeitamente.

Assim, a nação Kambina é dividido entre as famílias que precisam do Kamuka sento para seus rituais, e as famílias que não precisam ter Kamuka sento.

Não se trata do certo/errado ... não há uma família melhor que outra por causa disso. Talvez, por ter Waldemar morrido muito cedo, algumas famílias adotaram o assentamento do Kamuka, e outras não.

Observamos que é o jogo do orixá que determinará se o Kamuka precisa ou não ser sento.

Sobre o Gululu, ser de origem Banto é uma especulação, pois, nem há registros que confirmem a identidade do mesmo... sobre pai Waldemar ser de origem Banto, não há nenhum registro que possa direcionar os estudos para este caminho.

REFERÊNCIAS

Tópico 1
Fonte: https://youtu.be/r7wMoQXAQbM

Tópico 2
Fonte: https://iledeobokum.blogspot.com/2023/10/umbanda-de-verdade-afro-indigena-quem-e.html

Tópico 3
Fonte: https://iledeobokum.blogspot.com/2020/09/kamuka-kanbina-e-o-conceito-de-nacao.html

Tópico 4
Fonte: https://iledeobokum.blogspot.com/2023/08/dia-do-orixa-rei-da-nacao-kabinda-por.html

Tópico 5
Fonte (Batuque Do Rio Grande do Sul):
https://www.facebook.com/photo/?fbid=2882597165298582&set=a.1967307540160887
 

quinta-feira, 19 de setembro de 2024

ESTUDO DE UM CASO: O XANGÔ DE PAI WALDEMAR

Esta postagem foi publicada no canal Erick Wolff, do TikTok, em 18/09/2024.

O tema foi sobre o Xangô de Pai Waldemar, e uma [suposta] frase que não sabemos quem falou, quem coletou, e quem divulgou. 

A frase é atribuída ora ao Xangô Kamuka, ora ao Xangô de Pai Waldemar, gerando um debate entre os integrantes do Batuque sobre sua legitimidade. 

Vejamos a seguir:

    



@erick_wolff8 O XANGÔ DE PAI WALDEMAR A suposta frase… referente ao Xangô de pai Waldemar. quem teria dito? #batuque #afrobrasileira #antropologiadigital #kamuka #xango ♬ som original - Erick Wolff8


Seguem alguns comentários que possuem relevância e devem ser registrados. Vejamos a seguir:


paulinho

os iles de kambinda pelo menos o de meu pai tinha um xango do povo no pátio.

como kamuca seria único e ficaria a frente de sua nação

pergunta

"Todos os iles tem um xango kamuca sento no pátio?


Erick Wolff8

Por gentileza, onde coletou esta informação, pois se o Kamuka fica no pátio, onde ficaria o Agodo de pai Waldemar segundo a sua fonte?


Erick Wolff8

[@paulinho] para atualização do nosso trabalho, seria importante registrarmos a sua fala, e se possível informar a família, ajudaria muito para as memórias do batuque.


paulinho

Que eu tenha conhecimento :

meu pai mario de oxala jobocon , meu avô pai joao manoel cabral de oxala de orumilaia e meu bisavô pai Henrique de oxum panda possuíam. n


Erick Wolff8 

Por gentileza, quantos da sua família possuíam ou possuem o Kamuka sento, e em qual local ele fica?


paulinho

sou filho de pai Mário de oxala jobocum de rio grande rs ( falecido) que era filho de pai João Manoel Cabral de oxala de urumilaia ( falecido) de pelotas que era filho de pai Henrique de oxum (poa)


Adrian Toledo5485

xango agodo sundijina hera kamuca. y esto trasendio por su hija de sangre tras una historia muy triste al perder a su padre


Erick Wolff8 

@Adrian Toledo5485 grato pela participação, mesmo assim, segundo sua afirmação, se trata de outra divindade, pois Kamuka é uma divindade, não é um nome do sango agodo.


Erick Wolff8 

Lembrando que pai Waldemar era do xangô agodo, e ficou conhecido por ter um Kamuka no pátio


Link da postagem: https://www.tiktok.com/@erick_wolff8/video/7415818325818641670?lang=pt-BR

Imagens comprobatórias:



terça-feira, 17 de setembro de 2024

ESTUDO DE CASO: A SUPOSTA FRASE DO ASSENTAMENTO DO XANGÔ KAMUKA

Esta postagem foi coletada da comunidade Nação Kambina do RS, contendo 27.2 mil integrantes, na plataforma Facebook, postada em 02/09/2024, e coletada em 17/09/2024, às 18h32m.


O intuito desta postagem foi coletar informações sobre uma suposta frase que teria sido anunciada por um orixá, no entanto, não ficando claro se se tratava do pai Waldemar ou de outro sacerdote, porém, até o momento via sendo vinculada a ele.


Vejamos a seguir:



"Boa tarde a todos, estes dias, passou por uma das pastagens uma questão importantíssima a qual pode compor a História e Cultura da Nação deixada por pai Waldemar.

Por isso, sem julgamentos, quem puder contribuir, terá grande valor para os nossos estudos e pesquisas.

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"Saudações a todos ... respeitosamente ... tenho uma dúvida e gostaria de perguntar:

Estas palavras ...

/// "..." Depois de mim nesta terra, não haverá mais de um, sendo um não me apresentarei duas vezes... Eu como um, só serei um, não mais pegarei cabeça, nem mais serei assentado, permanecerei como protetor da minha nação"..." ///

Como estas palavras foram ditas?

a) o pai Waldemar se ocupou com Sango Kamuka?

b) Sango Kamuka teria aparecido ao pai Waldemar (ou outra pessoa) e disse estas palavras?

c) Quem transmitiu estas palavras? Como elas chegaram até os dias de hoje?

É apenas uma dúvida, não estou questionando nada.

Por favor, se puderem responder, fico muito agradecido pelo esclarecimento.""


Ficando disponível durante a postagem, houve poucas participações, vejamos a seguir:


"Jussara Esteves Hermes

Acredito com todo respeito que é lenda mas é minha opinião


Andressa Paz

Poderia ter sido dito através do jogo de Búzios?

Pois antigamente se tinha o axé por merecimento e tempo, é raro mas ainda existe Babás e Yás que escutam o que o Orixá sopra nos ouvidos e enxergam o Búzio ..

Também gostaria de saber… 🙏⚖️


Santos Simone

Respeitosamente, discordo.

Penso que não foi bem assim.

A palavra pode ser interpretada de acordo com o ouvido de quem passou adiante a despedida deste Orixá dentro daquele yle, daquele filho que em breve deixaria este plano.

Certas coisas foram corrompidas de acordo com o interesse particular de alguns babalorixas e yalorixas, questão que ainda é bem atual.


Jackson Filho  · 

Desde que passou essa postagem também fiquei me perguntando. Mas como disse na outra, isso foi passada de pai pra filho e vem de geração em geração.

Por isso digo cada um acredita naquilo que quer e muita coisa na nação gaúcha ou Candomblé é questionável.

Ótima Terça-feira a todos.


Erick Wolff

[Jackson Filho, Santos Simone, Jussara Esteves Hermes, Andressa Paz, Jardel Rodrigues] e amigos desta comunidade.

Todas as pontuações foram importantes para as pesquisas, e serão analisadas, no entanto, "uma tradição oral não é uma folha seca ao vento, necessita das devidas fontes"... Além disso, necessitamos considerar se todas as famílias descendentes do pai Waldemar corroboram com fala:

/// "..." Depois de mim nesta terra, não haverá mais de um, sendo um não me apresentarei duas vezes... Eu como um, só serei um, não mais pegarei cabeça, nem mais serei assentado, permanecerei como protetor da minha nação"..." ///


Erick Wolff

Nesta comunidade, a qual é formada pelos Kambina, descendentes religiosos do pai Waldemar, onde preservam os costumes e tradições deste segmento religioso, onde:

Há famílias que possuem a segurança do Kamuka no meio do salão;

Há famílias que possuem o Kamuka sento, sendo cultuado como orixá no pátio ou no quarto de orixá;

Há famílias que não possuem o Kamuka sento e nem a segurança dele no meio do salão.

Em todos estes exemplos existe a preservação dos costumes e tradições familiar, e o fundamento de uma família não deprecia a outra por tê-lo ou não sento, pois todos a seu modo praticam o respeito e o culto ao Kamuka.

Porém, a frase em questão, que até alguns anos, era considerada verídica, hoje por falta de referências, falta de fontes e possuir conflitos conceituais, começa a levantar dúvidas da sua veracidade… e nestes dias que aguardamos nenhuma manifestação em defesa foi trazida, aguardaremos mais alguns dias caso alguém tenha alguma informação que possa acrescentar.

/// "..." Depois de mim nesta terra, não haverá mais de um, sendo um não me apresentarei duas vezes... Eu como um, só serei um, não mais pegarei cabeça, nem mais serei assentado, permanecerei como protetor da minha nação"..." ///


Erick Wolff

*REFLEXÕES*

Abrimos uma postagem em 02/09/2024, no grupo Kambina do RS, com 27,2 mil membros, entretanto, até hoje 15/09/2024, ninguém se pronunciou em defesa do tema.

Nesta postagem, solicitamos informações de como frase a seguir teria sido coletada, por quem ou como, tem levantado a curiosidade de muitos:

"Depois de mim nesta terra, não haverá mais de um, sendo um não me apresentarei duas vezes... Eu como um, só serei um, não mais pegarei cabeça, nem mais serei assentado, permanecerei como protetor da minha nação"

Segundo informam, pai Waldemar era de Xangô Agodo, e possuía um Kamuka no pátio, lhe dando a fama de pai Waldemar do Kamuka.

Segundo informam, que Xangô Kamuka seria um orixá guardião, por isso não pegaria cabeças.

Sendo assim, a frase tema da postagem estaria se referindo ao Xangô Agodo de pai Waldemar, ou, ao Xangô Kamuka que ele possuía sento no pátio?

No caso, ao qual estaria se referindo ao Xangô Agodo de pai Waldemar, não teria motivos para associações com o Xangô Kamuka.

Caso se referisse ao Xangô Kamuka, em quem ele estaria manifesto, pois segundo informam pai Waldemar era de Xangô Agodo e não do Xangô Kamuka.".


Link https://www.facebook.com/photo/?fbid=10235143855123024&set=gm.3841161942782313&idorvanity=1444295859135612 

Imagens comprobatórios




RITO DE INICIAÇÃO DENTRO DA NAÇÃO DE KETU

Coletamos esta postagem do grupo Aşę Omí Odò, no Facebook, com 20,8 mil integrantes, focando para o público candomblecista e simpatizantes, postado em 15/09/2024, acessado em 17/09/2024 às 10h44m.

O tema do debate é Idoxu e iniciações.


"Ìyá Denise Queiroz Ifarẹ́mi

Administrador · 15 de setembro às 18:14 ·

Quando eu tenho o desprazer de ler ou ouvir um individuo escrever ou falar que “Iaô é feito com galinha de angola”, fico imaginando se realmente essa pessoa sabe iniciar alguém dentro do Culto Afro Brasileiro denominado de Candomblé.
Será que essa pessoa em questão tem pelo menos a noção que o Rito de Iniciação dentro da Nação de Ketu é um conjunto de cerimônias litúrgicas, onde a galinha de angola faz parte apenas de uma dessas cerimônias?
De nada adianta ter a Ẹtu e não ter o Òs̩ú; assim como de nada adianta ter ambos e não ter Ewé, e assim sucessivamente. Poderia enumerar várias etapas da iniciação, mas não estou aqui para ensinar candomblé a seu ninguém, e sim causar polêmicas, e acima de tudo colocar as pessoas para refletir e pensar, se assim o desejar.
Doa a quem doer, mas agora eu entendo o porquê de tantas iniciações dentro do Candomblé de Ketu, estarem totalmente comprometida.
Bàbá Guido Olo Ajagúnà"

Em debate segue:


"Juan Pablo

Olá irmã, uma boa noite, sua benção.

Entendo perfeitamente sua opinião, mas a persona que cita isso, não está querendo dizer que não é só com animais de quatro pés que se faz um feitura? Ou até mesmo não ser necessário o uso deles ?


Ìyá Denise Queiroz Ifarẹ́mi

Juan Pablo nao entendi o texto dessa forma. Ele diz que não é com uma dangola somente que se faz uma iniciação.


Luiz L. Marins

Colaborando com o tema, temos duas imagens dos livros de José Beniste que ajudam esclarecer:


Ìyá Denise Queiroz Ifarẹ́mi

[Luiz L. Marins] olha só meu querido irmão, conheci Beniste pessoalmente e tive e tenho muito respeito por ele, mas não devemos impor apenas uma fonte de estudo e pesquisa, já que td aqui foi misturado desde os navios negreiros e com o continente africano enorme e complexo como é, nao nos deixa uma visão única de absolutamente NADA. Essa página é destinada à pessoas simpatizantes da Religião, leigos e com o único inteteresse de informar, encantar e também impedir que pessoas sem caráter e desonestas invadam a vida deles e os desanimem com o Sagrado. Espero que tenha sido entendida. Agradeço imensamente à sua colaboração, porem o Professor Beniste é do Afonja, sendo assim sua liturgia é do Àṣẹ dele de Origem. Meus respeito e sua benção.


Luiz L. Marins

Aqui Beniste informa que o idosu no Brasil substituiu outras formas iniciáticas da matriz Ioruba (orun-aiye, p. 325)


Ìyá Denise Queiroz Ifarẹ́mi

Luiz L. Marins vc deveria fazer uma pagina irmão.


Luiz L. Marins

Aqui Beniste esclarece que o idosu no Brasil é um ipin do axé coletivo DA CASA de axé. (Aguas de Oxala, p. 177)


Erick Wolff

Respeitando a prática e fé de cada um, segue uma contribuição:

IDOXU NO BRASIL É DO ORIXÁ, OU DA CASA?

Este ensaio faz algumas reflexões sobre o Idoxu, a necessidade de fazer ou não, a quem o Idoxu pertence, e quem pode fazer.

O Idoxu é um preparado que contém segredos do orixá ao qual está sendo feita a iniciação.

O Idoxu tradicional na matriz, deve ser feito por sacerdotes deste mesmo orixá que haverá a iniciação, ou seja, indivíduos de outros orixás não colocam a mão nem participam na confecção do Idoxu de um orixá que não sejam iniciados.

Lei em:

https://iledeobokum.blogspot.com/2021/06/idoxu-no-brasil-e-do-orixa-ou-da-casa.html"

Link fonte - https://www.facebook.com/photo?fbid=7931289876992722&set=gm.1679727192790846&idorvanity=505152733581637 

Imagem comprobatória:






sexta-feira, 13 de setembro de 2024

ITEFA, OU INICIAÇÃO COMPLETA NO CULTO DE IFÁ

Babalawo Ifalolu Akano Olusoji Oyekale

Publicado no Facebook

Em 12/09/2024
 
 
 

 


Existem dois tipos principais de iniciação: 

Iniciação Odu

Iniciação Elegan. 

Ambas pertencem ao processo de consagração dentro do sacerdócio de Ifá, mas diferem em seus propósitos, requisitos e funções. A seguir, explico as principais diferenças entre elas.


Iniciação Odu.

A Iniciação Odu está diretamente relacionada com a conexão profunda do iniciado aos 16 principais Odu Meji e seu próprio Odu pessoal, o qual guiará sua vida e missão espiritual. A palavra "Odu" refere-se aos códigos de Ifá, que são os fundamentos dos ensinamentos e do sistema de divinação de Ifá. Na iniciação Odu, o foco é na revelação do Odu que regerá a vida do iniciado, juntamente com as orientações e preceitos que vêm com ele.

Durante a Iniciação Odu, o iniciado entra em contato direto com os mistérios de Ifá, sendo ensinado sobre os códigos de sabedoria e os caminhos de atuação dos Odu em sua vida e na comunidade. Essa iniciação geralmente é destinada àqueles que seguirão um caminho sacerdotal e praticarão Ifá de maneira formal, realizando consultas, rituais e aconselhamentos espirituais.

Características principais da Iniciação Odu:

- Revela e consagra o Odu pessoal do iniciado.
- Foco em um nível profundo de conhecimento dos Odu e na prática espiritual.
- Destinada àqueles que seguirão como Babalawos ou Iyalawos.
- Envolve a prática completa da divinação com o Opele ou Ikin e a realização de rituais comunitários.


Iniciação Elegan

A Iniciação Elegan é uma forma de consagração mais focada em proteger e guiar espiritualmente o indivíduo, mas sem o compromisso direto com a prática sacerdotal completa de Ifá. A palavra "Elegan" é um termo que se refere a pessoas iniciadas em Ifá que não necessariamente exercerão funções sacerdotais, como o Babalawo, mas que recebem as bênçãos e a proteção de Ifá para alcançar equilíbrio e harmonia espiritual.

Essa iniciação é mais apropriada para aqueles que buscam uma conexão mais íntima com Ifá, mas que não se veem comprometidos com o sacerdócio e suas responsabilidades. Em outras palavras, a Iniciação Elegan permite que o indivíduo tenha acesso à orientação e proteção de Ifá, sem a necessidade de se envolver nas complexidades da prática de divinação e no atendimento à comunidade como um sacerdote.

Características principais da Iniciação Elegan:

- Envolve a consagração e proteção pessoal com Ifá, mas sem o compromisso sacerdotal.

- Foco em buscar equilíbrio espiritual e orientação para a vida, mas sem a necessidade de praticar divinação.

- Não é necessário dominar o sistema completo de Ifá ou aprender a fazer consultas e rituais comunitários.

- Ideal para pessoas que querem a proteção e sabedoria de Ifá sem se tornarem Babalawos ou Iyalawos.

Diferenças Fundamentais

1. Propósito: A Iniciação Odu é voltada para aqueles que desejam seguir um caminho sacerdotal e praticar Ifá de maneira plena, enquanto a Iniciação Elegan é mais focada na proteção e guia espiritual sem o compromisso sacerdotal.

2. Conhecimento e Responsabilidades: Na Iniciação Odu, o iniciado aprende os mistérios dos Odu, tem o seu Odu revelado e assume a responsabilidade de servir à comunidade através da prática de Ifá. Na Iniciação Elegan, o foco é mais pessoal, sem a necessidade de aprendizado profundo ou responsabilidades sacerdotais.

3. Prática de Ifá: Aqueles iniciados na Iniciação Odu podem realizar consultas, divinação e rituais comunitários, enquanto os iniciados na Iniciação Elegan não têm essa responsabilidade.

4. Compromisso: A Iniciação Odu implica um compromisso de vida com o sacerdócio de Ifá, enquanto a Iniciação Elegan é mais voltada para a proteção e equilíbrio espiritual do indivíduo.

Em resumo, tanto a Iniciação Odu quanto a Iniciação Elegan são caminhos de consagração dentro da tradição de Ifá, mas diferem significativamente em seus objetivos e compromissos. A Iniciação Odu prepara o indivíduo para o sacerdócio pleno, enquanto a Iniciação Elegan oferece proteção e orientação espiritual sem as responsabilidades sacerdotais.


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Nota do transcritor: 

O babalaô Elegan também é chamado metaforicamente de " awo atémakí ", significando: " bate palmas, não louva ", segundo diz o babalaô Awodele Ifayemi

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Transcrição e adaptação: Luiz L. Marins

Prova documental:


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Nota Legal:

LEI Nº 9.610, DE 19 DE FEVEREIRO DE 1998.

Capítulo IV: Das Limitações aos Direitos Autorais: 

Art. 46. Não constitui ofensa aos direitos autorais: 

I - a reprodução: 

a) na imprensa diária ou periódica, de notícia ou de artigo informativo, publicado em diários ou periódicos, com menção ao nome do autor, se assinado, e da publicação de onde foram transcritos; 

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