segunda-feira, 28 de julho de 2008

Xapanã

A definição de Xapanã é dada por Pierre Verger no livro Òrìṣàs da Editora Corrupio: Xapanã nasceu em Empe, no território Tapa, também chamado, Nupe. Era um guerreiro terrível que, seguido de suas tropas, percorria o céu e os quatro cantos do mundo. Ele massacrava sem piedade aqueles que se opunham à sua passagem. Seus inimigos saíam dos combates mutilados ou morriam de peste."
Xapanã - É segundo alguns pesquisadores semelhante ou igual a Obaluaiyê ou Sakpatá; é o Òrìṣà da varíola, e de todas as doenças de pele, tanto pode provocá-las quanto curar as enfermidades, é cultuado na maioria dos terreiros do Brasil sendo muito respeitado e temido por todos seguidores das Religiões Afro-brasileiras.
Costuma-se dizer que o nome Xapanã é tabu, preferindo-se referir-se a ele como Obaluaiyê ou Omolu, ainda que no Batuque do Rio Grande do Sul este nome seja pronunciado de maneira genérica.
Na Bahia Xapanã seria simplesmente uma das "qualidades" ou manifestações de Obaluaiyê, estreitamente ligado ao fogo e à sexualidade.

Saudação: Abao!

Dia da Semana:
Quarta-feira

Número:
07, 09 e seus múltiplos

Cor:
Vermelho e preto, roxo com preto ou lilas com branco

Guia:
1x1, 7x7 ou 9x9 dependendo da qualidade do Òrìṣà varia a cor.

Oferenda:
Pipoca, feijão cozido ou torrado, amendoim e milho torrado, farinha feita de amendoim com carne seca.

Alguns Oriṣás que pesquisamos:

Xapanã jubeteí ou Jagun Agbagba =
ligação com Oyá (cor preto e vermelho 1 x 1)

Barun Soponna/Sapata/Sakpatá
=
o feiticeiro entre os xapanas é o mais novo (preto e vermelho 9 x 9)

Savalu/Sapekó (ligação com Nana)
=
muito raro, esta divindade praticamente não se vê nos templos (roxo)

Gama ou Arinwarun (wariwaru
) =
título de xapanan (lilás e branco 1 x1)

xapanã Jubeteió ou Arawe/Arapaná
=
ligação com Oyá mais velho(lilás com branco 1 x 1)

Azoani
=
ligação com Yemanjá e Oyá (preto com vermelho 1 x 1)

Ferramentas: Xaxará, vassoura, cachimbo, revolver (todas armas de fogo), favas, moedas e búzios.

Ave:
Galo Carijó preto e branco

Quatro pé:
Cabrito Branco


Sakpata - é a denominação fon do Vodum do panteão da terra. É o grande Ayi-vodun dos Ewe-fon, por isso intitulado Ayinon (o dono da terra). Considerado filho mais velho de Mawu ele é enfim, o Rei do Mundo, originariamente vodun senhor da varíola e, por extensão, de inúmeras enfermidades contagiosas que deformam o corpo. Todo o povo fon o teme enormemente e o cultua fervorosamente e possui uma grande quantidade de representações, cada uma sendo um aspecto de doenças e infecções.

A tradição aponta a origem do culto de Sakpatá na localidade de Kpeyin Vedji, um enclave Yorubá dentro do território mahi a noroeste de Abomei. Desta dupla procedência permanece a curiosidade de que Sakpatá é considerado uma divindade Yorubá ("nagô") pelos fon e gun ("jêje") pelos Yorubás.

Kohossú, cujo nome significa "Rei da Lama" é o pai de todos os Sakpatás;

Nyohwe
Ananú, dona da água parada que mata de repente é a mãe, e são ambos os filhos de Nà Buùku.

Da Zodji,
envia a disenteria e os vômitos, considerado o mais velho de todos. Ele não tem braços ou pernas e é carregado numa padiola, mas tem o poder da invisibilidade e, apesar do defeito físico, comanda todos os Sakpatás.

Da Langan
come a carne das pessoas ainda vivas.

Da Sinji
traz as inchações e tromboses.

Aglossuntó
é responsável pelas feridas e chagas que nunca cicatrizam.

Adohwan
castiga perfurando os intestinos.

Avimadjé
é o que leva as almas dos que morreram punidos por Sakpatá.

Bossu-Zohon
é o grande feiticeiro.

Alogbê
possui cinco braços e é ligado aos tohossú

Adan Tanyi
é filho de Da Zodji, e traz a lepra.

Suvinengué
um abutre com cabeça humana e é filho de Da Langan.

Existem várias outras denominações: Agbologbodji, Tonekpó, Gbazu, Ahossú Ganhwa, Kpadadadaligbo (que é fêmea) etc., cujos nomes, atribuições e lugar dentro da "família" variam de região para região.

Outra tradição conta que Sakpatá é uma divindade dupla, tanto macho como fêmea. O macho sendo Da Zodji e a fêmea sua irmã Nyohwe Ananu, gêmeos nascidos do primeiro parto da entidade andrógina Mawu-Lissá.

Sakpatá é cultuado em seus templos sob um aspecto duplo. Possui o aspecto Jeholú ("Rei das Jóias", que seriam as pústulas trazidas pela varíola) que é tratado internamente e não recebe sacrifícios de sangue diretamente, mas é lustrado com uma mistura de sangue e azeite de dendê e envolto por panos. O aspecto Zun-holú ("Rei da Floresta") fica do lado de fora, recebe os sacrifícios de sangue diretamente sobre ele e é coberto por rodilhas de ramos secos da palmeira de ráfia (Raffia vinifera) palha-da-costa, e é um montículo que pode ser mais alto do que um homem. Os sacerdotes e fiéis o tratam como um ente vivo, o reverenciam, abraça, etc. Zun-holú de tamanhos mais modestos podem ser vistos diante dos hunkpame de outros voduns, sobretudo nos de Heviossô.

A iniciação de Sakpatá entre os fon consiste em duas partes. Na primeira e mais longa, os neófitos permanecem no hunkpame vários meses submetendo-se a disciplina rígida de silêncios, jejuns, aprendizagem de cânticos e danças rituais e nesta eles são chamados de agamassi. No final desta fase, as famílias juntam dinheiro para realizar um grande ritual, no qual os neófitos morrem simbolicamente e ficam escondidos por três dias dos olhos de todos, e depois são trazidos para fora enrolados em mortalhas e são publicamente "ressuscitados" pelo Aklunon (ministro do culto). A partir daí eles recebem seus nomes de iniciação e passam a ser chamados de anagonu, por causa da acreditada origem nagô do vodun; ou "Azonsi", que em francês se escreve azonsu.

No antigo Reino do Daomé, o culto de Sakpatá era olhado com suspeita, às vezes banido (e o foi, definitivamente, de Abomei). Uma vodunsi de Sakpatá não pode ser dada como esposa para o rei, e havia sempre a suspeita maior de que seus sacerdotes espalhavam deliberadamente a doença para aumentar seu poder. Mas outra questão importante neste caso é o fato de que Sakpatá abertamente desafia o poder real portando os títulos de Ayinon e Jeholú, que são títulos que o rei também possui.

Itan de Xapanã
Assim chegou Xapanã em território Mahi, no Daomé. A terra dos Mahis abrangia as cidades de Savalu e Dassa Zumê no Benim.

Quando souberam da chegada iminente de Xapanã, os habitantes desta região, apavorados, consultaram um adivinho. E assim ele falou:- "Ah! O Grande Guerreiro chegou de Empê! Aquele que se tornará o senhor do país! Aquele que tornará esta terra rica e próspera chegou! Se o povo não o aceitar, ele o destruirá!

É necessário que supliquem a Xapanã que os poupe. Façam-lhe muitas oferendas; todas as que ele goste: inhame pilado, feijão, farinha de milho, azeite de dendê, picadinho de carne de bode e muita, muita pipoca!
Será necessário também que todos se prosternem diante dele, que o respeitem e o sirvam. Logo que o povo o reconheça como pai, Xapanã não o combaterá, mas protegerá a todos!"

Quando Xapanã chegou, conduziu seus ferozes guerreiros, os habitantes de Savalu e Dassa Zumê no Benim reverenciaram-no, encostando suas testas no chão, e saudaram-no:

"Totô hum! Totô hum! Atotô! Atotô!"

Respeito e Submissão!

Xapanã aceitou os presentes e as homenagens, dizendo: "Está bem! Eu os pouparei! Durante minhas viagens, desde Empê, minha terra natal, sempre encontrei desconfiança e hostilidade. Construam para mim um palácio. É aqui que viverei a partir de agora!"

Xapanã instalou-se assim entre os Mahis. O país prosperou e enriqueceu e o Grande Guerreiro não voltou mais a Empê, no território Tapá, também chamado Nupê.

Xapanã é considerado o deus da varíola e das doenças contagiosas. Ele tem também o poder de curar. As doenças contagiosas são, na realidade, punições aplicadas àqueles que o ofenderam ou conduziram-se mal. Seu verdadeiro nome é perigoso demais pronunciar. Por prudência, é preferível chamá-lo Obaluaiyê, o "Rei, Senhor da Terra" ou Omolu, o "Filho do Senhor".

Quando Xapanã instalou-se entre os Mahis recebeu, em uma nova terra, o nome de Sakpatá. Aí, também, era preferível chamá-lo Ainon, o "Senhor da Terra", ou, então, Jeholú, o "Senhor das pérolas".

O fato de ser chamado Jeholú e Ainon causou mal-entendidos entre Sakpatá e os reis do Daomé, pois eles também usavam estes títulos.

Enciumados, os Jeholú de Abomey expulsaram, várias vezes, Jeholú Ainon do Daomé e obrigaram-no a voltar momentaneamente, à terra dos Mahis.

Lenda
Nanã era considerada a deusa mais guerreira do Daomé. Um dia, ela foi conquistar o reino de Oṣalá e se apaixonou por ele. Mas este não queria se envolver com outro Òrìṣà que não fosse sua amada esposa Iemanjá. Por isso, explicou tudo a Nanã, mas ela não se fez de rogada. Sabendo que Oṣalá adora vinho de palma, embriagou-o. Ele ficou tão bêbado que se deixou seduzir por Nanã, que acabou ficando grávida. Mas, por ter transgredido uma lei da natureza, deu à luz um menino horrível; não suportando vê-lo, lançou-o no rio. A criatura foi mordida por caranguejos, ficando toda deformada; por sua terrível aparência, passou a viver longe dos outros Òrìṣàs. De tempos em tempos os Òrìṣàs se reuniam para uma festa. Todos dançavam menos Xapanã, que ficava espreitando da porta, com vergonha de sua feiúra. Ogum percebeu o que acontecia e, com pena, resolveu ajudá-lo, trançando uma roupa de mariwo – uma espécie de fibra de palmeira – que lhe cobriu todo o corpo. Com esse traje ele voltou á festa e despertou a curiosidade de todos, que queriam saber quem era o Òrìṣà misterioso. Oyá, a mais curiosa de todos, aproximou-se; nesse momento, formou-se um turbilhão e o vento levantou a palha, revelando um rapaz muito bonito. Desde então os dois Òrìṣàs vivem juntos e reinam sobre os mortos. Abao! Papai.

Este Òrìṣà conhecido por sua fúria e vingança contra malfeitores e pessoas que tratam as coisas sem o devido respeito e honestidade, é muito respeitado em todas as Nações da África ao Brasil. Pertence a Xapanã todas as doenças materiais e espirituais, principalmente as doenças de pele, como varíola e a lepra, com estas normalmente castiga quem merece. Uma de suas missões no mundo material e espiritual é varrer as coisas que não tem mais utilidade, por este e outros motivos, é um dos Òrìṣàs que responde junto com Ṣàngó e Oyá pelos processos de desencarnação, pelos cemitérios, pela destruição e em defesa dos espíritos maléficos.

Xapanã
ganha o segredo da peste na partilha dos poderes
Olodumarè, um dia decidiu distribuir seus bens.
Disse aos seus filhos que se reunissem e que eles mesmos repartissem entre si as riquezas do mundo. Ògún, Èṣù, Òrìsà Ocô, Ṣàngó, Xapanã e os outros Òrìsà deveriam dividir os poderes e mistérios sobre as coisas na Terra.
Num dia em que Xapanã estava ausente, os demais se reuniram e fizeram a partilha, dividindo todos os poderes entre eles, não deixando nada de valor pra Xapanâ. Um ficou com o trovão, o outro recebeu as matas, outro quis os metais, outro ganhou o mar. Escolheram o ouro, o raio, o arco-íris; levaram a chuva, os campos cultivados, os rios.
Tudo foi distribuído entre eles, cada coisa com seus segredos, cada riqueza com o seu mistério. A única coisa que sobrou sem dono, desprezada, foi à peste. Ao voltar, nada encontrou Xapanã para si, a não ser a peste, que ninguém quisera.
Xapanã guardou a peste para si, mas não se conformou com o golpe dos irmãos. Foi procurar Òrùnmílá, que lhe ensinou a fazer sacrifícios, para que seu enjeitado poder fosse maior que o do outros. Xapanã fez sacrifícios e aguardou.
Um dia, uma doença muito contagiosa começou a espalhar-se pelo mundo. Era a varíola. O povo, desesperado, fazia sacrifícios para todos os Òrìsà, mas nenhum deles podia ajudar. A varíola não poupava ninguém, era uma mortandade. Cidades, vilas e povoados ficavam vazios, já não havia espaço nos cemitérios para tantos mortos. O povo foi consultar Òrùnmílá para saber o que fazer. Ele explicou que a epidemia acontecia porque Xapanã estava revoltado, por ter sido passado para trás pelos irmãos. Òrùnmílá mandou fazer oferendas para Xapanã. Só Xapanã poderia ajudá-los a conter a varíola, pois só ele tinha o poder sobre as pestes, só ele sabia os segredos das doenças.
Tinha sido essa sua única herança. Todos pediram proteção a Xapanã e sacrifícios foram realizados em sua homenagem. A epidemia foi vencida.
Xapanã então era respeitado por todos. Seu poder era infinito, o maior de todos os poderes.

Obaluayê conquista Daomé
Um dia Obaluayê saiu com seus guerreiros, ia em direção à terra dos mahis, no Daomé. Obaluayê era conhecido como um guerreiro sanguinário, atingindo a todos com as pestes, quando estes se opunham a seus desejos.
Os habitantes do lugar, quando souberam de sua chegada, foi em busca de ajuda de um adivinho, ele recomendou que fizessem oferendas, com muita pipoca, inhame pilado, dendê e todas as comidas de que o guerreiro gostasse, pipocas acalmam Obaluayê, disse que seria aconselhável que todos se prostrassem diante dele, assim o fizeram.
"Totô hum! Totô hum! Atotô! Atotô!"
"Respeito! Silêncio!"

Obaluayê, satisfeito com a sujeição daquele povo, os poupou declamou que a partir daquele dia viveria naquele reino, assim o fez e em pouco tempo o país tornou-se próspero e rico.
Obaluayê recebeu nas terras mahis o nome de Sapaktá, mesmo assim era preferível chamá-lo de Ainon, senhor das Terras, ou Jeholu, senhor das pérolas.
Esses diferentes nomes foram adotados por famílias importantes, mas infelizmente provocaram desentendimentos entre elas e os reis do Daomé. Muitas vezes as famílias de Sapatá foram expulsas do reino e, em represália, muitos reis daomeanos morreram de varíola.
Tanta discórdia provocou seu nome, que hoje ninguém sabe mais qual o melhor nome para se chamar Obaluayê

Omulu ganha pérolas de Yemonjá

Omulu foi salvo por Yemonjá quando sua mãe, Nanã Burucu, ao vê-lo doente, coberto de chagas, purulento, abandonou-o numa gruta perto da praia.
Yemonjá recolheu Omulu e o lavou com a água do mar, o sal da água secou sua feridas, Omulu tornou-se um homem vigoroso, mas ainda carregava as cicatrizes, as marcas feias da varíola.
Yemonjá confeccionou para ele uma roupa toda de ráfia, e com ela ele escondia as marcas de suas doenças, ele era um homem poderoso, andava pelas aldeias e por onde passava deixava um rastro ora de cura, ora de saúde, ora de doença, Mas continuava sendo um homem pobre.
Yemonjá não se conformava com a pobreza do filho adotivo, Ela pensou:
"Se eu dei a ele a cura, a saúde, não posso deixar que seja sempre um homem pobre". Ficou imaginando quais riquezas, poderia da a ele.
Yemonjá era a dona da pesca, tinha os peixes, os polvos, os caramujos, as conchas, os corais, tudo aquilo que dava vida ao oceano pertencia a sua mãe, Olokun, e ela dera tudo a Yemonjá.
Yemonjá resolveu então ver suas jóias tinham algumas, mas enfeitava-se mesmo era com algas, ela enfeitava-se com água do mar, vestia-se de espuma, ela adorava-se com o reflexo de Oṣu, a Lua.
Mas Yemonjá tinha uma grande riqueza e essa riqueza eram as pérolas, que as ostras fabricavam para ela. Yemonjá, muito contente com sua lembrança, chamou Omulu e lhe disse:
"De hoje em diante, és tu quem cuida das pérolas do mar. Será assim chamado de Jeholu, o Senhor das Pérolas".
Por isso as pérolas pertencem a Omulu, por baixo de sua roupa de ráfia, enfeitando seu corpo marcado de chagas, Omulu ostenta colares e mais colares de pérola, belíssimo colares.

Osanyin

Revisado e aumentado em 18/setembro


Òsanyìn é a divindade que guarda os segredos das folhas sagradas, ervas medicinais e litúrgicas. Sua importância é primordial. O seu sacerdote é o Babá Olosayìn.

Comanda as folhas medicinais e litúrgicas, muitas vezes é representado com uma única perna. Cada Òrìṣà tem a sua folha, mas só Ossaim detém seus segredos. E sem as folhas e seus segredos não há àse, portanto sem ele nenhuma cerimônia é possível.

Saudação: Eu! Eu!

Dia da Semana: Segunda - feira

Número:
07 e seus múltiplos

Cor:
Verde Claro, ou em alguns casos o branco e amarelo

Guia:
01 conta verde e 01 conta branca ou 01 amarelo e 01verde

Oferenda:
carne de porco, farinha, folhas de deste Òrìṣà, ou pipoca e 02 iapeté (batata inglesa esmagada com azeite-de-dendê, a qual se dá forma de cabaça) um com casca e outro sem.

Alguns Oriṣás que pesquisamos:

Delé = mais novo –  (sua cor branco e verde 1 x 1)

Aroni
= mais velho – Eventual companheiro de Ossaim. Figura anã que como Saci Pererê traz sempre um cachimbo e anda de uma perna só. Compartilha com Ossaim o Axé das folhas. Ele é o responsável por causar o terror em pessoas que entram na floresta sem a devida permissão. Além de anão, possui um olho pequeno e o outro grande (vê com o menor) e tem uma orelha pequena e a outra grande (ouve com a menor). Muitas vezes Aroni é confundido com o próprio Ossaim, que, segundo dizem, também possui uma única perna. (sua cor verde)

Serebuá
= Quem guarda os segredos mágicos das folhas, ele quem recebeu o encanto

Modum
= Velho feiticeiro, quem conhece e fala com as arvores e os antigos moradores encantados das matas mágicas.

Ferramentas: coqueiro, muleta, bisturi, cágado, moedas e búzios, sua ferramenta tem uma haste central com um pássaro na ponta, do meio dessa haste saem sete pontas.

Ave:
Galo arrepiado ou de pescoço pelado ou galo branco

Quatro pé:
Cabrito malhado claro


Ìtàn Òrìṣà (Lendas dos Orixás)

Òsanyìn dá uma folha para cara Òrìà
Òsanyìn, filho de Nanã e irmão de Oumarê, Ewá e Obaluayê, era o senhor da folhas, da ciência e das ervas, o Òrìsà que conhece o segredo da cura e o mistério da vida. Todos os Òrìàs recorriam a Òsanyìn para curar qualquer moléstia, qualquer mal do corpo. Todos dependiam de Òsanyìn na luta contra a doença. Todos iam à casa de Òsanyìn oferecer seus sacrifícios. Em troca Òsanyìn lhes dava preparados mágicos: banhos, chás, infusões, pomadas, abo, beberagens. Curava as dores, as feridas, os sangramentos; as desinteiras, os inchaços e fraturas; curava as pestes, febres, órgãos corrompidos; limpava a pele purulenta e o sangue pisado; livrava o corpo de todos os males.

Um dia Ṣàngó, que era o deus da justiça, julgou que todo os Òrìà deveriam compartilhar o poder de Òsanyìn, conhecendo o segredo das ervas e o dom da cura. Ṣàngó sentenciou que Òsanyìn dividisse suas folhas com os outros Òrìà. Mas Òsanyìn negou-se dividir suas folhas com os outros Òrìàs. Ṣàngó então ordenou que Oyá soltasse o vento e trouxesse ao seu palácio todas as folhas das matas de Òsanyìn par que fossem distribuídas ao Òrìsà. Oyá fez o que Ṣàngó determinara. Gerou um furacão que derrubou as folhas das plantas e as arrastou pelo ar em direção ao palácio de Ṣàngó. Òsanyìn percebeu o que estava acontecendo e gritou: ”Euê uassá!” “As folhas funcionam!”

Òsanyìn ordenou que as folhas voltassem às suas matas e as folhas obedeceram às ordens de Òsanyìn. Quase todas as folhas retornaram para Òsanyìn. As que já estavam em poder de Ṣàngó perderam o Àṣe, perderam o poder de cura.

O Òrìṣa-rei, que era um Òrìsà justo, admitiu a vitória de Òsanyìn. Entendeu que o poder das folhas devia ser exclusivo de Òsanyìn e que assim devia permanecer através dos séculos. Òsanyìn, contudo, deu uma folha a cada Òrìṣà, deu uma ewè pra cada um deles. Cada folha com seus Àṣe e seus ofós, que são as cantigas de encantamento, sem as quais a folhas não funcionam. Òsanyìn distribuiu as folhas aos Òrìṣa para que eles não mais o invejassem. Eles também podiam realizar proezas com as ervas, mas os segredos mais profundos ele guardou para si.

Òsanyìn não conta seus segredos para ninguém, Òsanyìn nem mesmo fala. Fala por ele seu criado Aroni. Os Òrìṣà ficaram gratos a Òsanyìn e sempre o reverenciam quando usam as folhas.
(Mitologia dos Orixás p. 154)

Òsanyìn é mutilado por Òrùnmílá
Òsanyìn vivia numa guerra não declarada contra Òrùnmílá, procurando sempre enganá-lo, preparando armadilhas, para transtorno do velho.

Um dia Òrùnmílá foi consultar Ṣàngó para descobrir quem seria aquele inimigo oculto que o atormentava, Ṣàngó aconselhou-o a fazer oferendas, devia oferecer doze mechas de algodão em chamas e doze pedras de raio, edum ará, se isso fosse feito, seria desvendado o segredo.

Ao iniciar o ritual, Òrùnmílá invocou o poder do fogo, no mesmo momento, Òsanyìn andava pela mata procurando novamente algo para enfeitiçar Òrùnmílá, Òsanyìn foi surpreendido por um raio, que lhe mutilou o braço e a perna e o cegou de um olho.

Òrùnmílá seguiu para o local onde se via o fogo e ouviu gemidos do aleijado, ao tentar ajudar a vítima, encontrou Òsanyìn, descobrindo por fim quem era seu misterioso inimigo.
(Mitologia dos Orixás p. 160)

Òsanyìn recusa-se a cortar as ervas miraculosas.
Òsanyìn era o nome de um escravo que foi vendido a Òrùnmílá. Um dia ele foi à floresta a lá conheceu Aroni, que sabia tudo sobre as plantas. Aroni, o gnomo de uma perna só, ficou amigo de Òsanyìn e ensinou-lhe todo o segredo das ervas. Um dia, Òrùnmílá, desejoso de fazer uma grande plantação, ordenou a Òsanyìn que roçasse o mato de suas terras. Diante de uma planta que curava dores, Òsanyìn exclamava: "Esta não pode ser cortada, é as erva as dores". Diante de uma planta que curava hemorragias, dizia: "Esta estanca o sangue, não deve ser cortada". Em frente de uma planta que curava a febre, dizia: "Esta também não, porque refresca o corpo". E assim por diante.

Òrùnmílá, que era um babaláwo muito procurado por doentes, interessou-se então pelo poder curativo das plantas e ordenou que Òsanyìn ficasse junto dele nos momentos de consulta, que o ajudasse a curar os enfermos com o uso das ervas miraculosas. E assim Òsanyìn ajudava Òrùnmílá a receitar a acabou sendo conhecido como o grande médico que é.
(Mitologia dos Orixás p. 152)

Bibliografia consultada 
PRANDI, Reginaldo, Mitologia dos Orixás, Companhia das Letras, 2008
VERARDI, Jorge, Axés do Rio Grande do Sul, Editora Palloti Ltda. 1990

Obá

Obá era uma mulher corajosa e guerreira, não tinha medo de nada.

Não era bonita nem fazia questão de ser formosa; seu único prazer era lutar e guerrear. Vencia todos os inimigos; nem mesmo o mais arteiro dos deuses, Èṣù, conseguia dobrá-la.

Todas as máquinas, carros e navios estão relacionados com Obá, pois a Ela pertencem a roda e o leme.

Saudação: Eṣó

Dia da Semana: Quarta-feira

Número:
07 e seus múltiplos

Cor:
Rosa

Guia:
toda rosa

Oferenda:
Feijão miúdo com canjica amarela e feijão miudo refogado com tempero verde

Alguns Oriṣás que pesquisamos:

Obá Gideo

Obá Rewá



Ferramentas:
navalha, timão, roda, moedas e búzios
Ave: Galinha cinza
Quatro pé: Cabrita mocha

Obá é possuída por Ògún

Obá escolheu a guerra como prazer nesta vida, enfrentava qualquer situação e assim procedeu com quase todos os Òrìsà. Um dia, Obá desfiou para a luta Ògún, o valente guerreiro, o ardiloso Ògún, sabendo dos feitos de Obá, consultou os babaláwo, eles aconselharam Ògún a fazer oferendas de espigas de milho e quiabos, tudo pilado, formando uma massa viscosa e escorregadia.
Ògún preparou tudo como foi recomendado e depositou o Ẹbọ num canto do lugar onde lutariam. Chegada a hora, Obá, em tom desafiador, começou a dominar a luta, Ògún levou-a ao local onde estava a oferenda, Obá pisou no Ẹbọ, escorregou e caiu, Ògún aproveitou-se da queda de Obá, num lance rápido tirou-lhe os panos e a possuiu ali mesmo, tornando-se, assim, seu primeiro homem.
Mais tarde Ṣàngó roubou Obá de Ògún.

Ọ̀ṣún engana Obá
Obá era uma das mulheres de Ṣàngó, mas ela não era nem aventureira como Oyá, nem dengosa como Ọ̀ṣún; por isso, se sentia desprezada pelo marido. Percebendo que Ṣàngó gostava da comida feita por Ọ̀ṣún, pediu-lhe que a ensinasse a cozinhar. Para enganá-la, Ọ̀ṣún cobriu a cabeça com um pano, fez uma sopa de cogumelos e disse que era o prato preferido de Ṣàngó, uma sopa com suas orelhas. Obá fez uma sopa em que colocou uma de suas orelhas. Quando Ṣàngó chegou, ela o serviu toda contente, mas quando ele viu a orelha, ficou enojado e brigou com ela. Nisso, Ọ̀ṣún tirou o pano da cabeça, mostrando as orelhas perfeitas, e começou a rir. Furiosa, Obá se atirou sobre ela e as duas brigaram até que Ṣàngó explodiu de raiva, fazendo as duas fugirem e se transformarem em rios. É por isso que, ao dançar, Obá cobre uma orelha com o escudo.

TIKTOK ERICK WOLFF