quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Movimento Òrìsàista Afrosul.


Por Erick Òòsàálá 
30/01/2013




A cultura Òrìsàista Afrosul, se posiciona e mostra publicamente o seu DNA, através da mídia televisiva e seus adeptos, após o último dia 21 de janeiro de 2013, algo mudou no Brasil,  ou seja, os adeptos pela primeira vez perceberam a necessidade de protestar, e não se calarem, não serão condizentes com a discriminação e a intolerância religiosa.

A voz dos religiosos Afrosul se destacou no programa que segue, e chama atenção para os problemas e dificuldades que assolam a comunidade religiosa Afro-brasileira, este vídeo que verão aborda de uma boa didática e simples os costumes e desejos dos adeptos Afrosul, que refletem os mesmos desejos dos Afro-Brasileiros.



Como puderam observar a grandeza desta produção, os adeptos apresentaram o Amalá de Sàngó, feito com quiabos que é o tradicional Afro-brasileiro, usado pela diáspora candomblecista, deixando de apresentar o tradicional Afrosul, feito com folhas.

Sem esquecer o motivo que nos movimentou no ultimo dia 21, o dia Nacional de Combate a Intolerância religiosa, oficializado pela Lei nº 11.635, em 2007. Iyalorisá do terreiro Axé Abassá de Ogum, em Salvador, Mãe Gilda morreu de enfarte, após ver sua foto publicada no jornal de uma igreja evangélica, acompanhada de texto depreciativo. Semanas antes, o terreiro de Mãe Gilda fora invadido por evangélicos. A Igreja Universal do Reino de Deus, responsável pela publicação da Folha Universal, foi condenada a indenizar a família da Iyalorisá.

Chamo a atenção para a fala do Bàbá Diba, que explica a instalação do Batuque no Sul, observamos que esta nação trabalhou para manter seus rituais, minimizando a influencia do candomblé e seus costumes de sala, sabendo que muitos dos adeptos da cultura Afrosul são caucasianos, os sacerdotes se preocuparam em manter a tradição da ancestralidade negra, conforme os seus fundadores trouxera. Poucas mas importantíssimas adaptações foram feitas, como o jogo de búzios que é diferente do sistema candomblecista e é voltado para o òrìsà, que eu acredito ser uma das maiores riquezas do povo Afrosul.


Vendo este àpejo, elaborado pelos adeptos do Sul, observamos que deram o start naquela região para que o Brasil perceba que o povo do santo está vivo e quer ser notado, e que não irá se calar diante das impunidades e armadilhas da lei e da bancada politica que age contra os afro-religiosos.

Vendo o Teólogo Jayro Pereira, citar os formadores de opinião e sacerdotes,  como bàbá Diba, mãe Vera é preciso acrescentar ao lado o bàbá Hendrix que o acompanha por muitos anos e  luta lado-a-lado dos adeptos, tanto que entra na fala logo a seguir, e se destaca por levar o conceito religioso do Teólogo Jayro Pereira, conceituando assim as similaridades do candomblé e o Batuque.

O que vale muito a pena ver, é o Alagbe Borel, um tamboreiro que manteve o mais próximo possível o dialeto, que aos poucos foi modificando, ao ouvir o Borel cantando é possível entender algumas palavras do Yòrúba arcaico.


E algo muito importante abordado pelo Diba, é o caso do abate, que ainda sofremos ameaça a cada dia, os que perseguem a religião Afro-Brasileira não entendem que o abate é necessário, pois há toda uma ritualista para manusear a carne que iremos ingerir no templo, ou usar em rituais, por isso, temos um corte especial e utilizamos praticamente tudo que os animais nos fornecem.

Bom o resto está aí no vídeo eu acho que devem ver e repensarem no que ele nos propõe.

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Amalá - principal comida oferecida à Sàngó, feita com quiabo e pirão, ou podendo ser feito com folhas (costume Afrosul) 
àpejo - assembléia, encontro, comício.
Alagbe - Tamboreiro

Òrìsàismo - conjunto das religiões ou a religião dos que cultuam os Òrìsà Yorùbá. Somos, então, Òrìsàistas.

Fonte - http://aulobarretti.wordpress.com/orisaismo/

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Águas de Oxalá ou Axé de Boteco?

Erick Wolff8
14/01/2013



O fim do poço para o povo do Axé, começa o ano de 2013, e, a nossa fé está sendo estuprada culturalmente e socialmente.

 Estamos lutando pela valorização da nossa cultura e infelizmente o sacerdote não se  dá ao respeito e muito menos respeita a sua ancestralidade, lavando as escadarias do Copan saindo da Boca de uma Bar.

Pelo segundo ano consecutivo teremos algo para nos envergonhar;

Pelo segundo ano consecutivo acontece no Bar da Dona Onça, dia 4 de fevereiro, a partir das 19h, o Águas para Oxalá, quando será lavada a calçada do Edifício Copan com muita água de cheiro, champagne e flores. Durante o evento, a chef Janaina Rueda recebe os atabaques e Thobias da Escola de Samba Vai-Vai; além de Nãnãna da Mangueira que aproveita também a data para fazer o pré-lançamento de seu mais novo CD. Comidinhas típicas fazem parte da festa, como o Acarajé da Yabassé Carmem Virgínia Santos, o Pastel de Bobó da Dona Onça e o Caldinho Sururu do chef Carlos Ribeiro, a R$10 cada.
O bar tem capacidade para 80 lugares. Ele é decorado com painéis de fotos das grandes cidades boêmias do mundo que foram visitadas pela onça, como Londres, Paris e Nova York. Com arquitetura de Oscar Niemeyer, o Dona Onça está em um dos edifícios de maior estrutura de concreto armado do país, de 32 andares. Com projeto elaborado durante o IV Centenário de São Paulo, o Copan tornou-se, por sua magnitude, um dos pontos turísticos da cidade.


Já sou contra o sacerdote lavar as escadarias de igrejas, que a maioria nos repudiam e batem as portas na  cara dos sacerdotes, quanto dirá, o sacerdote sair da boca de um Botequim e lavar as escadarias de um condomínio, que por mais que ele seja um ponto turístico, nossos orixás não estão no banheirão sujo ou beira de um balcão de bebidas.

Chega de esfregarmos a nossa cultura na sarjeta, precisamos tomar o respeito nas mãos e respeitar o nosso axé, chega de vender o axé e entregar nas mãos dos inescrupulosos, que por qualquer valor arrastam o axé nas calçadas da vida.



Saiba mais sobre o evento;
BAR DA DONA ONÇA
Avenida Ipiranga, 200 lojas 27/29 Tel.: (11) 3257-2016
Horário de funcionamento: Segunda a Quarta das 12h às 23h, Quinta a Sábado das 13h à 0h e aos Domingos das 12h às 17h. Cartões de Crédito e Débito: Redecard, Visa e Amex.Capacidade: 80 pessoas. Acesso para deficientes. Ar condicionado.

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Direito de resposta do Bar Dona Onça

A redação do Portal Sosni entrou em contato com o Bar Dona Onça, para saber quais motivos levaram o mesmo à fazer este evento.




- Jair comentou - "Que este evento foi um sucesso no ano passados, que trouxe muitos  clientes e a repercussão comercial para a casa foi excelente" -.

Perguntamos sobre a posição dos sacerdotes da cultura Afro-brasileira, que estavam preocupados com o mau emprego do sagrado num eventos popular que continha bebidas e sem condições religiosa, ele ficou preocupado e solicitou que ligássemos para a assessoria de imprensa.

Entramos em contato com a assessoria do eventos, que nos informou que não tinham ciência da gravidade do problema e que iriam procurar os diretores do Bar Dona Onça, pois eles compreendiam a gravidade do problema e não havia intenção de causar desconforto.

A redação ainda aguarda o retorno da assessoria.

 

Direito de resposta do cidadão religioso
Segundo Dra. Ariele, advogada e membro da Articulação (Politica de Juventude Negra).

Segundo a Dra. Ariele, o Sagrado não deve ser usado indevidamente, este evento não traduz uma postura racional de seriedade e comprometimento com a religiosidade, criando um desconforto para os sacerdotes sérios que não admitem que seus rituais sejam profanados.

E ainda completa, “As Águas de Oxalá é o evento que mais exige da comunidade religiosa, temos que ficar  dias em preceitos, temos intervenções que nos levam a purificar o corpo e a mente por dias, e o resultado é para cada um é maravilhoso, por isso, não deve ser extraído seu ritual para ser jogado na devassidão.”
E a Dra. Ariele ligou pessoalmente para o bar Dona Onça, para falar em nome dos religiosos e da Articulação, e a resposta do bar foi - Wil me informou que a dona do bar esta em reunião agora com alguns lideres religiosos, responsáveis pelo evento e que o evento não vai se realizar, porque o bar não quer ofender a nossa religião, e por hora é o que ele tem a informar, mas está a disposição para responder melhor amanhã, quando já houver acabado a reunião, e que haverá um evento porem sem qualquer ritual-.
http://www.facebook.com/ariele.campos.31



Babalorixá Fernando Gonçalves de Bara Jelu, pertence à Nação Nagô Afrosul (Batuque).
Diante dos problemas atuais e das condições as quais os sacerdotes sofrem pela intolerância religiosa, o Babalorixá Fernando assinou a favor do ato de Repudio contra a banalização de um sagrado ritual. No seu conceito não podemos nos dispor apenas a defender rituais que pertencem a nossa cultura, que apesar da sua nação não praticar o ritual das "Águas de Oxalá", ele acredita que deva preservar o sagrado contra a comercialização e a decadência dos capitalistas que desejam comercializar todos os eventos expondo nossos segredos e rituais.

Afirma Fernando – “É de ciência de todos que a religiosidade  tem sido atacada de várias formas, por dentro e por fora, e nós temos o dever de defender a nossa cultura, ancestrais e descendentes, por isso, que eu Fernando estou a favor de que não haja o evento.

Eu percebo que muitos adeptos da cultura Afrosul, pouco se importam com as demais nações e seus rituais, mas eu como sacerdote não posso concordar que um ritual de qualquer nação venha a ser exposto desta forma, afinal eu fui feito num axé, com rituais, preceitos e fundamentos, e tenho o dever de respeitar e resguardar meus fundamentos. 

Ao expor a religião desta forma num bar, ou nas ruas, nada mais é do que um crime cultural e religioso, o mesmo ocorre quando um individuo não sabe a diferença entre um Boteco que consome bebidas e um mercado que apenas as vende sem consumo, ou, em fazer uma segurança num estabelecimento e expor a religiosidade ridicularizando o ritual, é um crime que não temos o direito de expor desta forma a nossa ancestralidade.”
http://www.facebook.com/nandoftg

Saiba mais sobre As Águas de Oxalá
As Águas de Oxalá é uma festa anual em homenagem a Oxalá; Na quinta-feira à noite, antes de se iniciarem os preceitos desta cerimónia, das 7 horas da noite até à meia noite, todos os filhos da casa devem fazer um Bori, em muitas casas essa obrigação tem sido substituída por um obi, para poderem carregar as águas.

Depois desse Bori ou obi, recolhem-se, até que são acordados, ou seja,  que nao virara no orixá, antes do nascer do Sol pela Yalorixá ou pelo Babalorixá para iniciarem o preceito das águas.

Os filhos do Axé, trajados de branco, saem em silêncio do terreiro, em procissão, carregando potes e moringas, tendo à frente a Iyalorixá tocando o seu adjá.


Em resposta a assessoria de imprensa do Bar Dona Onça comunicou 

O Bar Dona Onça, informa através da sua assessoria, que o evento foi cancelado, e, sem data para remarcar, pois não houve intenção de ofender uma religião ou comunidade.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

O carnaval e a cultura afro-brasileira

Por Erick Wolff8
07/01/2013





Até quando o sacerdote afro-brasileiro irá tolerar que usem o sagrado durante o carnaval, o abuso e o excesso durante a data agride a nossa cultura e ao mesmo tempo expõe o que temos de sagrado.
Afoxé Iyá Ominibu abriu noite desta sexta-feira no Sambódromo do Anhembi,
Zona Norte de São Paulo (Foto: Cláudia Silveira/G1)


O carnaval nunca trouxe nada de positivo para a nossa cultura, que na verdade mistura muita gente pelada e bagunça, além de vinculam bebida e farra com o nosso culto.
Representação de Deuses Pagãos Africanos
na Comissão de Frente da Mangueira (Marquês da Sapucaí (RJ), 2012)


Há anos sofremos intolerância e nada muda, ninguém faz nada a favor da comunidade, além do abuso da população que passa dias bebendo e fazendo sexo vinculando nossas divindades e sagrado, sem que haja algum retorno para a comunidade que se queixa de crimes contra a raça e religião...


Enquanto o povo vai às ruas para se divertir, os terreiros são derrubados, os paramentos são quebrados e destruídos e o sagrados é estuprado nas passarelas do samba e nas ruas brasileiras...


Enquanto o sacerdote admite que usem o seu axé, o país o ignora como individuo e não reconhece a sua vocação e dedicação.

Se querem mesmo admitir que o seu sagrado seja usado desta forma, então cobrem dos que usam algo que realmente possa ser útil para a nossa comunidade, ou que ao menos ao usar o nosso  sagrado que revertam para  a comunidade religiosa parte do ganho, para que possamos usar em projetos e ou um museu de verdade que se dedique a nossa comunidade e exponha a nossa cultura.



domingo, 30 de dezembro de 2012

Feliz 2013

Por Bàbá Erick Òòsàálá
30/12/2012


O Ilê Axé Nagô Kobí, anuncia a abertura do ano com a presença e axé de todos os Orixás, sabemos que um ano não é regido por apenas uma divindade, e precisamos de todo o irunmole (divindades cultuadas por uma nação), para que possamos ter um ano prospero, feliz e com muita saúde. 

Pertencemos a cultura Òrìsàista, seguindo a tradição Yorùbá e suas divindades, por isso, é costume da nossa família anunciar quem irá abrir o ano que estás prestes a nascer.

Contudo é importante dizer que, não devemos criar expectativas e muito menos falsas previsões, pois uma nação não depende de um único ser ou divindade para reger, seria um erro abrir um oráculo para prever qualquer momento da história deste ano, basando-se num jogo vinculando o destino de uma nação, sem levar  em consideração a existência do destino de cada indivíduo, família, e,  ou descendência.

O poder de um sacerdote jamais poderá ser subestimado, pois nas mão dele pode haver o destino de um presidente, ou governador, parte destes sacerdote ter capacidade e sabedoria de lidar com as energias e divindades para chegar ao centro do problema e poder trazer luz e força para aquele indivíduo que está diante dele, isso somente os bons sacerdotes podem exercer com poder total do axé do orixá.


Como jamais o governo deveria ter ignorado a fé e o sacerdócio dos Bàbá e Iyá da nossa cultura, pois são grandes avatares que trouxeram na raça o culto e a tradição e é graças a eles que hoje lutamos pela nossa cultura e tradição.

E que Jakuta e Timboá traga à todos prosperidade, saúde, fartura e muito axé, esta é a previsão para o ano coletivo de 2013.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Nago kobi

O Nagô Kobí, Nàgó'kọ́bi, Nàgó Kọ́bì,' que refere-se a uma das raízes (Kànbínà) da Nação Nàgó Afrosul, conhecida por Batuque, que nada mais é que um oríkì (homenagem) a esta Nação.


O Nagô Kobí
Os Nàgó são todos os povos que falam a língua Yorùbá e cultuam suas divindades, ou seja, o Ketu é Nàgó, mas o Nàgó não é Ketu, o Batuque Afrosul pode e deve ser chamado Nàgó, porem o Nàgó não é o Batuque Afrosul, para facilitar criou-se um termo para o Batuque Afrosul de chamá-lo de Nàgó Afrosul, caracterizando desta forma o culto Batuque Afrosul que nos demais estados brasileiros possui problemas de identificar o nome ao culto, pois para alguns estados Batuque refere-se a musica ou dança, veja em Batuque (desambiguação).


Etimologia
A palavra "Kobí" se originou da palavra "Akọ́bi", um termo Yorùbá, subs primogênito. "Aremo", ex.: "Akobi je nã Aremo ti Ile"- o primogênito é o primeiro da casa.



Nàgó'kọ́bi - refere-se ao primeiro Aláàfìn Òyó a ser cultuado na cultura Afrosul, conhecido por Baru, ou Kamuka, uma divindade Yorùbá a qual deu origem ao segmento chamado Kànbínà.



Nàgó Kọ́bì - refere-se a construção no palácio do rei ou do chefe; cidadela. É uma pequena construção, ou seja, uma pequena casa que fica do lado de fora do templo, que guarda os fundamentos do Ṣàngó Baru, conhecido por Kamuka na cultura Afrosul.


História
O Nagô Kobí — Por muitos anos foi considerada uma raiz Banto, um pequeno erro cultural criado pela palavra Kànbínà, que por muitos anos foi considerada Canbinda, de origem Banto, esta assimilação foi feita por Norton Correia e Paulo Tadeu, que desconsideraram as divindades cultuadas, língua, rituais e conceitos Yorùbá, criando desta forma um grande problema cultural e religioso para os adeptos que sem perceber, estavam negando as suas origens.



Kànbínà — Waldemar Antônio dos Santos de Xangô Kamuka, considerado o ancestral mais antigo cultuado na raiz, no entanto, não é possível afirmar que realmente ele tenha sido feito para Kanuka.

Ler mais sobre


Divindades
Kànbínà cultua divindades Yorùbá como; Bara, Ògún, Oyá, Ṣàngó, Odé, Otim, Obá, Xapanã, Ọ̀ṣún, Yemonjá, Òòṣàálá.



Podendo ainda haver mais algumas divindades como Legba e Zina, de origem Djedje, cultuada entre os Yorùbá, assumindo o culto e seus rituais.



Xapanã - Apesar de ser um ancestral vodun (djedje), ele já veio incorporado no culto Yorùbá segundo JOHSON, Samuel. The History of de Yoruba, Routledge & Kegan paul Ltda, London, 1973 [1921].



Completando divindades como Yewá e Nanã são aglutinadas entre Yemonjá, Oduduwa aglutinado entre Òòṣàálá e Orumiláia que é cultuado mas não é sento na cabeça do povo na África algumas famílias chegam a iniciar filhos para ele, mas no templo Ilê Axé Nagô Kobí, não iniciamos ninguém para esta divindades, apenas o cultuamos como Ojúbo (assentamento coletivo do templo)


Curiosidades
A 'Kànbínà ou seja o Nagô Kobí é a única raiz da cultura Afrosul que possui rituais que ao deparar com um Lailẹ̀mí (morto), ou seja, falecimento de um dos integrantes da comunidade religiosa, durante rituais religiosos, não chega tem que encerrar os rituais e despachar, seguindo rituais próprios o Nagô Kobí dá segmento a cerimonia fúnebre sem ter que interromper os rituais que antecedem.



O que liga ainda mais ao ritual de Egungun encontrado em território Yorùbá, onde os Banto em momento algum cultuam, na verdade as divindades Banto se retiram do recinto quando há presença de um Egungun, diferente da maioria das divindades Yorùbá que presenciam e não precisam serem retiradas.



Tanto que o grande Aláàfìn Òyó é entronado seguindo rituais aos ancestrais (Egungun). (fonte Erick Wolff - A Entronação do Aláààfin e sua conservação: a nação Kambina no Batuque Nàgó do R.S.
Em todas as religiões de matriz africana, Ṣàngó come amalá feito com quiabo, apenas na cultura Afrosul que é servido um amalá para Ṣàngó com folhas deaoro ou mostarda.
Waldemar foi iniciado Kun Lulu, africano escravo vindo do porto de Cabinda, que não quer dizer que ele seja Banto, pois os Bantos não cultuam Ṣàngó. (fonte Bàbàláwo Ifágbaíyin Agboolà, Sango Kámu ká)
O Batuque afrosul já era tratado como Nàgó anterior aos anos 80, conforme afirma esta página com um disco gravado em 1978, Este e o Nago do Rio Grande do Sul com "Abelardo Pereira e coro"-Vol.1-Lp-ARTES DISCOS-1978, sendo assim o Batuque Afrosul, já era considerado Nàgó muito anotes do aculturamento africano que teve inicio ao final dos anos 90. Por isso, que é muito comum o Batuque ser tratado como Nàgó afrosul, baseado na língua Yorùbáe sua cultura.


Nota
Bàbá Erick Òòṣàálá Diretor do templo Ilê Axé Nagô Kobí é uma entidade Espiritualista, Òrìṣàteísta, Apolítica sem fins comerciais. O Templo Ilê Axé Nagô Kobí situa-se na zona sul da grande São Paulo, pertence à cultura Afro-brasileira, Axé Nagô Kobí, sob comando do dirigente espiritual Bàbá Erick de Òòṣàálá, que pertence à família do Ilé Xapanã - Bàbá Agnaldo de Xapanã (Porto Seguro), filho de Julia de Xapanã (falecida), iniciada por Neuza de Yemojá (falecida).



Saiba mais sobre o Bàbá Erick Òòṣàálá Em 1979 frequentou a Umbanda no Templo Aldeia de Oxosse, em 1980 Templo Guaracy. Iniciado em Janeiro de 1982 na Nação Angola, ficou praticamente até o final de 1982, quando migrou para o Nagô Kobí, culto à Òrìṣà, recebendo seu Oyè abrindo em 05 de Julho de 1989 o Templo Ilê Axé Nagô Kobí.

domingo, 2 de setembro de 2012

A ORIGEM DOS JEJES - REGINALDO PRANDI

A ORIGEM DOS JEJES
Reginaldo Prandi


A Nação Jeje 

A nação jeje-mahin, do estado da Bahia, e a jeje-mina, do Maranhão, derivaram suas tradições e língua ritual do ewê-fon, ou jejes, como já eram chamados pelos nagôs, e suas divindades centrais são os voduns. As tradições rituais jejes foram muito importantes na formação dos candomblés com predominância iorubá.
















A Palavra Jeje 

A palavra JEJE vem do yorubá adjeje que significa estrangeiro, forasteiro. Portanto, não existe e nunca existiu nenhuma nação Jeje, em termos políticos. O que é chamado de nação Jeje é o candomblé formado pelos povos fons vindo da região de Dahomé e pelos povos mahins. Jeje era o nome dado de forma perjurativa pelos yorubás para as pessoas que habitavam o leste, porque os mahins eram uma tribo do lado leste e Saluvá ou Savalu eram povos do lado sul. O termo Saluvá ou Savalu, na verdade, vem de "Savê" que era o lugar onde se cultuava Nanã. Nanã, uma das origens das quais seria Bariba, uma antiga dinastia originária de um filho de Oduduá, que é o fundador de Savê (tendo neste caso a ver com os povos fons). O Abomei ficava no oeste, enquanto Axantis era a tribo do norte. Todas essas tribos eram de povos Jeje.


A Palavra Dahomé 

A palavra DAHOMÉ, tem dois significados: Um está relacionado com um certo Rei Ramilé que se transformava em serpente e morreu na terra de Dan. Daí ficou "Dan Imé" ou "Dahomé", ou seja, aquele que morreu na Terra da Serpente. Segundo as pesquisas, o trono desse rei era sustentado por serpentes de cobre cujas cabeças formavam os pés que iam até a terra. Esse seria um dos significados encontrados: Dan = "serpente sagrada" e Homé = "a terra de Dan", ou seja, Dahomé = "a terra da serpente sagrada". Acredita-se ainda que o culto à Dan é oriundo do antigo Egito. Ali começou o verdadeiro culto à serpente, onde os Faraós usavam seus anéis e coroas com figuras de cobra.

Encontramos também Cleópatra com a figura da cobra confeccionada em platina, prata, ouro e muitos outros adornos femininos. Então, posso dizer que este culto veio. descendo do Egito até Dahomé.





















Idioma do Povo 

Os povos Jejes se enumeravam em muitas tribos e idiomas, como: Axantis, Gans, Agonis, Popós, Crus, etc. Portanto, teríamos dezenas de idiomas para uma tribo só, ou seja, todas eram Jeje, o que foge evidentemente às leis da lingüística - muitas tribos falando diversos idiomas, dialetos e cultuando os mesmos Voduns. As diferenças vinham, por exemplo, dos Minas - Gans ou Agonis, Popós que falavam a língua das Tobosses, que a meu ver, existe uma grande confusão com essa língua. 

Jejes no Brasil 

Os primeiros negros Jeje chegados ao Brasil entraram por São Luís do Maranhão e de São Luís desceram para Salvador, Bahia e de lá para Cachoeira de São Félix. Também ali, há uma grande concentração de povos Jeje. Além de São Luís (Maranhão), Salvador e Cachoeira de São Félix (Bahia), o Amazonas e bem mais tarde o Rio de Janeiro, foram lugares aonde encontram-se evidências desta cultura

A origem da Nação 

Muitos Voduns Jeje são originários de Ajudá. Porém, o culto desses voduns só cresceram no antigo Dahomé. Muitos desses Voduns não se fundiram com os orixás nagos e desapareceram totalmente. O culto da serpente Dãng-bi é um exemplo, pois ele nasceu em Ajudá, foi para o Dahomé, atravessou o Atlântico e foi até as Antilhas. 

Quanto a classificação dos Voduns Jeje, por exemplo, no Jeje Mahin tem-se a classificação do povo da terra, ou os voduns Caviunos, que seriam os voduns Azanssu, Nanã e Becém. Temos, também, o vodun chamado Ayzain que vem da nata da terra. Este é um vodun que nasce em cima da terra. É o vodun protetor da Azan, onde Azan quer dizer "esteira", em Jeje. Achamos em outro dialeto Jeje, o dialeto Gans-Crus, também o termo Zenin ou Azeni ou Zani e ainda o Zoklé. Ainda sobre os voduns da terra encontramos Loko. Ele apesar de estar ligado também aos astros e a família de Heviosso, também está na família Caviuno, porque Loko é árvore sagrada; é a gameleira branca, que é uma árvore muito importante na nação Jeje. Seus filhos são chamados de Lokoses. Ague, Azaká é também um vodun Caviuno. A família Heviosso é encabeçada por Badë, Acorumbé, também filho de Sogbô, chamado de Runhó. Mawu-Lissá seria o orixá Oxalá dos yorubás. Sogbô também tem particularidade com o Orixá em Yorubá, Xangô, e ainda com o filho mais velho do Deus do trovão que seria Averekete, que é filho de Ague e irmão de Anaite. Anaite seria uma outra família que viria da família de Aziri, pois são as Aziris ou Tobosses que viriam a ser as Yabás dos Yorubás, achamos assim Aziritobosse. Estou falando do Jeje de um modo geral, não especificamente do Mahin, mas das famílias que englobam o Mahin e também outras famílias Jeje. 

Como relatei, Jeje era um apelido dado pelos yorubás. Na verdade, esta família, ou seja, nós que pertencemos a esta nação deveríamos ser classificados de povo Ewe, que seria o mais certo. Ewe-Fon seria a nossa verdadeira denominação. Nós seríamos povos Ewe ou povos Fons. Então, se fôssemos pensar em alguma possibilidade de mudança, nós iríamos nos chamar, ao invés de nação Jeje, de nação Ewe-Fon. Somente assim estaríamos fazendo jus ao que é encontrado em solo africano. Jeje é então um apelido, mas assim ficamos para todas as nossas gerações classificados como povo Jeje, em respeito aos nossos antepassados. 

(Texto de Reginaldo Prandi)

Publicado primeiramente em:

NOSSAS RAIZES - 17/03/2012


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Editorial do Blog Ilê Axé Nagô Kóbi

Fonte do texto atualizada em 17/02/2023

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