segunda-feira, 23 de novembro de 2020

CRÍTICA ÀS PSEUDO-TRADUÇÕES DE IORUBÁ

Por IldásioTavares



[...] o conceito de oríkì pode estender-se desde um cântico de louvor ao Orixá (também narrativo, invocatório, presentificador), até um simples nome, um orukó, em que por um processo de aglutinação comum às línguas polissintéticas, o caráter básico de saudação curricular do oríkì pode estar tão fundido a ponto de ficar irreconhecível e eliminar a distinção um do outro. 

Cabe mesmo indagar se, reduzido o oríkì a seu mínimo, que seria o epíteto, na essência da filosofia onomástica iorubá, não estaria embutida a intenção laudatória [...] um nome como um mini currículo, um epíteto, uma louvação [...]

[...] aproximar-se dos oríkì mais longos, é um risco, uma temeridade, uma cilada, que não obstante, não inibem os vorazes e incautos tradutores que sem mesmo uma comezinha iniciação linguística invadem uma língua polissintética para transporta-la à mais exígua polissemia das línguas analíticas, sem sequer imaginar que entre estas existem um desfiladeiro de línguas sintéticas [...]

[...] Ninguém pode ser tradutor para o português sem saber latim. Contudo, vivemos o tempo das mistificações arquitetadas no computador com ignorância e falta de pudor [...]

[...] Pessoa que não sabem o iorubá e pouco dominam a língua portuguesa, vivem traduzindo de uma para outra língua afoitamente, e vivem publicando desavergonhadamente seus monstrengos pseudoliterários em que nem se aproximam do sentido literal [...]

TAVARES, Ildásio - "Oriki Oye Oruko" in: "Faraimará, o caçador traz alegria: Mãe Stella, 60 anos de iniciação", Pallas Ed. e Dist, RJ, 2000, pg. 213

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Pesquisa, transcrição e adaptação: Luiz L. Marins

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