Por Luiz L. Marins
Publicado no Wordpress em maio de 2016
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Com o crescente interesse
pelo culto de Ìyámi Òsòròngà convém lembrar que a literatura afro-brasileira
apresenta informações importantes sobre a ligação delas, com Èsù.
Pierre Verger (1965)
registra um ese (verso) do odù ogbè ògúndá, signo divinatório do
oráculo de Ifá, o qual revela que Èsù
não só conhece o segredo das Ìyámi,
como também ensina o ebo correto à Òrúnmìlà,
para, por intermédio dele, apaziguá-las.
OGBÈ ÒGÚNDÁ
[...]
62. Nijó ti nwon mu omi meje ti nwon kókó mu,
63. Nijó ti nwon bèrè si mu ú, isejú
Èsù ni nijó
náà.
64. Nijo nwon nse
ipadé, ìsejú Èsù ni. [1]
[...]
62. Le jour qu’elles ont bu ces sept eaux, em premier,
63. Le jour où ells ont commencé à boire, c’était en presence
d’Èsù
64. Le jour où elles ont fait l’assimblée, c’était en présence
d’Èsù [2]
[...]
62. No dia que elas beberam das
sete águas,
63. No dia que elas começaram a
beber, foi na presença de Èsù
64. No dia que elas fizeram a
reunião, foi na presença de Èsù. [3]
[...]
Também Juana Elbein (1976) no livro Os Nàgó e a Morte faz algumas considerações conceituais sobre Èsù,
onde demonstra que Èsù é o òrìsà que recebeu um àse especial de Olódùmarè para resolver todas as
situações, inclusive no trato com as Ìyámi:
“Em virtude da maneira como Èsù
foi criado por Olódùmarè, ele deve
resolver tudo o que possa aparecer e isso faz parte de seu trabalho e de suas
obrigações [...] Olódùmarè fez Èsù
como se fosse um medicamento de poder sobrenatural. ”
“Olórun delegou este poder a Èsù
ao entregar-lhe o àdó-iràn, uma
cabaça de longo pescoço apontando para o alto que Èsù carrega em sua mão. Èsù
só precisa apontar seu àdó para
transmitir a força inesgotável que tem. ”
“Èsù é o princípio reparador do
sistema nàgó. [...] por isso, os
quatrocentos irúnmalè deram um pedaço de suas próprias bocas à Èsù, quando ele foi
representa-los aos pés de Olórun. Èsù uniu estes pedações em sua própria boca
e, desde então, fala por todos eles. [...] apenas por seu intermédio é possível
adorar as Ìyámi. ” [4]
[1]
VERGER, Pierre. “Grandeur et Décadence du Culte de Ìyámi Òsòròngà”, in, Journal de la Societe des Africaniste,
1965, T. 35, p. 180
[2]
______________. “Grandeur et Décadence du Culte de Ìyámi Òsòròngà”, in, Journal de la Societe des Africaniste,
1965, T. 35, p. 181
[3]
______________. Grandeza e decadência do
culto de Ìyámi Òsòròngà. Ed. Corrupio,
Artigos Tomo I. São Paulo, 1992, pg. 50.
[4]
DOS SANTOS, Juana Elbein. Os Nàgó e a Morte. Ed. Vozes. Petrópolis, R. J.,
1976, pgs. 131; 134; 163
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