Reunimos neste post alguns depoimentos importantes e comoventes sobre Ifa no Brasil que nos fazem refletir qual será o futuro do culto de Orunmila enquanto diáspora.
QUASE TODOS NÓS E IFÁ
Babalawo Ifalolu Akano Olusoji Oyekale
Facebook, 21/11/2022
O sonho de quase todos iniciados em Ifá, quando saem do seu Itelodú, fazer magias, ter clientes e achamos que ao fazer a iniciação todo o conhecimento de Ifá vai despertar no seu Orí e tudo será baixado em sua mente, como se fosse um download de informações.
Mas a verdade é bem diferente disso ...
Antes de fazer a iniciação, tudo parece perfeito, o babalawo te não te ensina por que ainda não é um iniciado, depois da iniciação ele não te ensina por que ainda é um omó ifá e ele já não tem mais tempo para você! Você pergunta e ele não te responde, ele fala inglês e você só sabe o trivial, ele fala Yoruba e você não sabe nada.
Antes era um cliente, clientes são bem tratados e depois, agora da família, se quiser aprender alguma coisa tem que pescar aqui e acolá, se pergunta para outro babalawo ele diz: ah, na minha família não se faz assim, se faz assado! E não te ensina.
Saída?
Comprar apostilas e livros, que te ensinam tudo: em yoruba, as pronúncias não são iguais as em português. De nada adiantou seu gasto com livros que ensinam Olugbohun, Osole, Iferan, Akose e outros.
Se não sabe como pronunciar os encantamentos, e as ewe (ervas) então? As mais poderosas não se têm por aqui. Quase tudo vai okete e ogemo, que só tem na Africa.
Bem, no Brasil estamos formando muitos filhos (awo) sem pai (baba). Aqui trocar de familia é como trocar de roupas, pois o pobre do iniciado tenta encontrar um babalawo que o ensine de verdade.
Ifá no Brasil infelizmente se tornou uma caixa forte, onde todos que seguem esta linha querem enriquecer fazendo magias mágicas, pois vende se a imagem de que Ifá resolve tudo e dá riqueza para todos, e esta mais uma vez não é a verdade. Por magias mágicas eu entendo que são magias que são vendidas como milagrosas, com se tudo elas resolvessem! Não se ensina o beabá de nada, Por que?
Na Nigeria, berço do ifaísmo, desde cedo o aprendiz mora na casa do babalawo e assim vai aprendendo aos poucos e ao longo dos anos ele se torna apto a realizar todas as magias do panteão.
Mas e aqui? Como somos, na maioria adultos e a iniciação é feita tardiamente, em relação a iorubalandia, nosso tempo para aprender é pequeno, pois temos outras atividades para realizar.
Pagamos a iniciação na esperança de que aprenderemos com nosso Oluwo, tudo que precisarmos, mas a cultura é diferente, pois como não devolvemos nada mais a nosso baba, temos que pagar por cada formula que precisamos, cada magia para aprender tem um preço e muitas das vezes esse preço seca o suor do neófito.
A coisa mais difícil de se fazer é o ebó rirú, e ele é a arma mais potente dentro do universo de magia de Ifá.
O CULTO DE IFA NO BRASIL CHEIRA A IMUNDÍCIE
Oluwo Adelonan Isola
Facebook, 05/02/2015
O culto de Ifá no Brasil salvo alguns poucos babalawos me cheira a imundície, a corrupção e a perversidade. Nada tem de divino e muito menos de sagrado. Isso porque muitos que se denominam babalawo viram em Ifa uma forma de ganhar dinheiro.
As histórias que chegam aos nossos ouvidos são horripilantes. Ifá não é isso. Eu não precisei ir à África para conhecer Ifá, ele vive dentro de mim. Embora eu irei porque é o berço da nossa tradição.
Isso é um curral? Um pasto? Onde está todo mundo que ninguém fala nada? É cumplicidade, medo? Ou é assim mesmo que funciona?
Protegemos a tradição porque a corrupção anda solta. Um mercado perverso e desumano tem sido feito em nome de Ifá e Orixá no Brasil.
A corrupção está no dna do brasileiro, não está somente na política, comparece também onde devia tão somente reinar a verdade.
É assustador, medonho e de uma patifaria tamanha.
POR QUE A TRADIÇÃO DE CULTO DE IFA “SE PERDEU” NO BRASIL?
Patrícia Ferreira
Facebook, Grupo Orisa University,
05/03/2017
"Há certamente mais de uma resposta à pergunta: Por que a tradição de culto de Ifa “se perdeu” no Brasil?
Sabe-se que grande parte dos escravos importados na Bahia do século XIX foi capturada depois da destruição de Oyo, por volta de 1835.
Vimos que havia um conflito constante entre Oyo e outros reinos iorubanos que se ligavam mitologicamente a Ife.
Como Ife controlava o culto de Ifa, os babalawo jamais ganharam um papel importante em Oyo.
Além dessas considerações históricas, o fato de, diferentemente dos cultos descentralizados dos orisa, o culto de Ifa ser de domínio exclusivo de homens e agir junto a instituições de poder centralizadoras pode dar uma pista do porquê o culto de Ifa não ter conseguido se instalar no contexto da escravidão no Brasil".
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