segunda-feira, 7 de fevereiro de 2022

O BATUQUE PRESERVOU MUITO MAIS DA MATRIZ DO QUE PENSAVÁMOS XXVII

Por Erick Wolff de Oxalá
Postado em 07/02/2022

O TRAFICANTE DE ESCRAVOS QUE DEU ORIGEM A TRADIÇÃO DO SENHOR DO BONFIM

É muito importante saber o que cultuamos, para sabermos quem somos.

Sabemos que o Batuque do RS, nunca participou deste evento, no entanto, vale a pena sabermos do que se trata.

Por décadas, os terreiros de Candomblé e Umbanda vem louvando o Senhor do Bonfim, este evento público afro religioso criado por um escravagista que os descendentes destes escravos, se reuniam e com a cabeça baixa (naturalmente uma posição de submissão) para ver onde esfregavam para lavar e jogar água perfumada nas escadarias da igreja, sem saber a origem deste evento, suplicavam as divindades que os protegiam e louvavam o senhor do Bonfim, ícone religiosos da religião do opressor. 

 


TEODÓSIO RODRIGUES DE FARIA

Por Cândido Domingues
Postado em: data ignorada, à saber, acessado em 07/02/2022 às 09:59

Centro de Humanidades/Nova de Lisboa

Programa de Pós-Graduação em História/UFBA

Universidade do Estado da Bahia - Campus IV

Ex-voto representando a tempestade sofrida pelo Capitão Teodósio Rodrigues de Faria (detalhe do teto da Basílica do Senhor do Bonfim). Foto: Cândido Domingues.

Teodósio Rodrigues de Faria nasceu em Portugal e tornou-se capitão de navio mercante. Após viajar pelos mares do Império luso estabeleceu-se em Salvador, onde morreria em janeiro de 1757. Seu corpo está sepultado na igreja do Senhor do Bonfim, na Colina Sagrada, atualmente denominada Praça Teodósio Rodrigues de Faria. No mesmo local uma rua também recebe o seu nome.

Lápide do Capitão Teodósio Rodrigues de Faria. Foto: Cândido Domingues.

Infelizmente nada conhecemos sobre sua vida até 1735 quando seu navio foi requisitado para trazer uma carga de sal para o Brasil. É desse momento que já conhecemos sua devoção ao Senhor Bom Jesus do Bomfim. Era comum no Portugal católico batizar as embarcações com os nomes dos santos da devoção dos donos e capitães. A nau do capitão Teodósio chamava-se Nossa Senhora da Penha de França e Senhor do Bonfim.


Após muitos anos de porto em porto, na década de 1740, Teodósio Rodrigues resolveu estabelecer-se em Salvador onde dedicou-se ao comércio. Assim como tantos outros comerciantes abriu uma casa de negócio na freguesia de Nossa Senhora da Conceição da Praia, em frente à Alfândega. Já estabelecido, e vendo o ir e vir dos navios negreiros, o devoto do Senhor do Bonfim também investiu no tráfico de africanos escravizados.


As freguesias da Conceição e do Pilar funcionavam como verdadeiros mercados de escravos a céu aberto (ver CAIS DO PORTO DE SALVADOR). Nelas se concentravam todas as atividades portuárias de Salvador. Navios de todos os lugares e tamanhos chegavam e saiam com variadas mercadorias. Era também o local de morada dos homens do mar e muitos comerciantes. Os traficantes de escravos que não moravam nelas ou não tinham lojas abertas, ali mesmo alugavam casas para abrigar os africanos recém-desembarcados enquanto os vendia.


Teodósio Rodrigues de Faria ficou conhecido na história baiana por sua devoção ao Senhor do Bonfim. Em uma viagem a Lisboa, durante grande tempestade, o capitão invocou a proteção do Cristo crucificado alcançando o milagre de sobreviver diante das intempéries em alto-mar. Para pagar sua promessa, em 1745, trouxe para Salvador uma imagem do Senhor do Bonfim à semelhança da que existia em Setúbal (Portugal). No mesmo ano foi criada a Irmandade daquela devoção. Inicialmente colocada na Igreja Nossa Senhora da Penha de França, em 1754, após a finalização das obras internas da igreja a imagem foi trasladada em procissão para a Colina Sagrada. A igreja, no entanto, estaria pronta apenas em 1772. De acordo com Carlos Ott, o capitão Teodósio esteve mais ligado à ornamentação do templo e não a sua construção. Isso ocorrera após o ano de 1752. Em seu teto encontramos um belo painel em que um grupo de marinheiros entrega aos santos e anjos um quadro ex-voto representando o navio durante a tempestade.


Foi na década de 1750 que Teodósio Rodrigues recebeu a patente de capitão de mar-e-guerra do vice-rei do Brasil e, também, mais atuou no tráfico negreiro. Enquanto sua fama de capitão sempre é ressaltada pelas televisões e jornais baianos durante a cobertura da Lavagem do Bonfim, ocorrida em Salvador no mês de janeiro, a atuação dele como traficante de pessoas escravizadas nunca é lembrada. Alguns autores, ao citar o tráfico empreendido por Teodósio, colocam no campo das dúvidas. Vejamos, pois, a atividade comercial do capitão.


Em 1747 Teodósio Rodrigues de Farias, José Nunes Martins e Francisco Borges dos Santos estabeleceram uma sociedade para fortalecer seu comércio com a Costa da Mina (região que hoje compreende os países Togo, Benim e Nigéria). Para começar o comércio compraram o navio negreiro São João Batista e Almas do também traficante Antônio Rodrigues Lisboa. O comércio entre a Bahia e a Costa da Mina era regulamentado pela coroa portuguesa que permitia a ida de 24 navios registrados com um número. Essas embarcações atuavam em rodízio indo 12 a cada ano. Após fechar o ciclo dos “24 navios”, como eram chamados, recomeçava tudo novamente.


São João Batista e Almas era um dos “24 navios”, mas os comerciantes queriam mais e compraram mais dois navios que a Fazenda Real estava leiloando para pagar dívidas de seu antigo dono, o grande traficante Domingos Ferreira Pacheco. Os navios Nossa Senhora do Rosário e Santo Antônio e Santana e Bom Jesus da Boa Nova também faziam parte dos “24 navios”. Com esta compra Teodósio e os dois sócios passavam a ter três embarcações que podiam ir para a Costa da Mina. E assim ficaram até 1751, quando o vice-rei do Brasil, o conde de Atouguia, reorganizou esse número, proibindo que uma pessoa ou sociedade comercial tivesse mais de um navio da Costa da Mina. Ainda assim, o capitão Teodósio Rodrigues de Faria perdeu apenas um de seus navios e ficou com dois, pois o vice-rei alegou que ele tinha comprado aqueles dois navios com o preço acima do valor real, ajudando a Coroa portuguesa. Por tudo isso já vemos que ele não era um traficante qualquer!


Além de ter seus próprios navios negreiros, Teodósio Rodrigues também investia em outras embarcações. Entre 1749 e 1750, juntamente com José Pereira da Cruz, um capitão de navio negreiro, organizaram uma viagem para a Costa da Mina. O capitão José Pereira morreu logo que retornou da África. Dos 538 africanos que comprou, chegaram vivos a Salvador 484. Destes, 53 pertenciam à sociedade Teodósio-José. Os demais eram de posse de vários investidores desconhecidos.


Com o sócio morto, coube a Teodósio Rodrigues de Faria vender os 53 africanos novos, o que ocorreu ao longo de seis meses, ao fim dos quais ele prestou contas, de próprio punho, ao inventariante do defunto. Por fim, vejamos o que o próprio Teodósio escreveu:


“A mim, Teodósio Rodrigues de Faria, […] Há de haver


 Pela [e]pta. de 200 rolos de tabaco seu principal com que entrou para a carregação que lhe fiz nesta cidade e levou para a Costa da Mina em a Galera Nossa Senhora do Rosário, Santo Antônio a sua consignação interessado comigo nas perdas ou lucros igualmente e na ida somente correu o risco ao valor que dela lhe pertence,            646.760 [réis].


Pela dita da metade do ganho que houve na referida sociedade como se vê da conta e toca-lhe                                                                                                                     1:558$316


                                                            2:205$136 [soma]


                       Theodozio Roiz de Faria


Bahia 27 de março de 1751


 Entrada dos escravos que eu Teodósio Roiz de Faria recebi nesta cidade vindos da Costa da Mina em a Galera Nossa Senhora do Rosário, Santo Antônio por minha conta e risco e do capitão José Pereira da Cruz, interessados cada um na parte que abaixo se declara, e nos lucros igualmente marcados com a de fora.


São peito esquerdo 46 negros, molecões e moleques


                              __7 negras, moleconas e molecas,


                           53 cativos que chegarão vivos dos que fez o mesmo capitão produto líquido da carregação de 500 rolos de tabaco para o principal [investimento] da qual entrou nesta Bahia a saber.


Eu Teodósio Rodrigues de Faria com       948.457


E o dito capitão José Pereira da Cruz com 646.160 [=] 1:595$217


Gastos


Por frete de 500 rolos de tabaco a 1.200 réis .................................. // 600.000


Por dito de 53 cativos a 10$000 réis ................................................// 530.000


Por despesas em São Tomé avaliados em 19 peças a 3.500 [réis] ..........// 66.500


Por [despesas] nesta cidade de 53 escravos a 3.000 [réis] .................// 159.000


Por marcas e tangas a 320 réis ....................................................... // 16.960


Por gastos com o sustento dos ditos cativos nesta cidade [de Salvador], visitas a 

médico cirurgião e botica, casas em que moraram, enterro de quatro e outras despesas 

que todas importam conforme a conta de Manoel da Ponte ............... // 252$130


Por despesas que fez com dois enfermos que depois morrerão // 4.400 1:628$990

                                                                                                                     3:224$207


Ganho


 Pelo lucro que fica ao mencionado interesse da dita carregação de que apurado 

tudo toca a cada um a metade e pertence


A mim Teodósio Rodrigues de Faria com        1:558$376 e ½


Ao dito capitam José Pereira da Cruz               1:558$376 e ½


                                                             3:116$753



6:340$960 [réis]”

domingo, 6 de fevereiro de 2022

O BATUQUE PRESERVOU MUITO MAIS DA MATRIZ DO QUE PENSAVÁMOS XXVI

Por Erick Wolff de Oxalá

Postado em 06/02/2022

ORIXAÍSMO, UM ESTUDO DA RELIGIÃO IORUBA

Deus não é um só, cada povo tem o seu Deus, baseado nisso. este artigo tem por finalidade levantar a questão para a sociedade do culto a orixá sobre o conceito do estudo das religiões dos orixás, uma estrutura religiosa que não se alinha com o teísmo.

Nós ocidentais não podemos pensar, conceituar e nem explicar a religião ioruba baseado naquilo que vivenciamos, para isso, precisamos entender como eles pensam e o que praticam, só assim, não seremos colonizadores tentando mudar a forma deles existirem. 

Boa leitura

sábado, 5 de fevereiro de 2022

YEMOJA ORIXÁ DO RIO EM TERRAR YORUBA

Por yemoja_arike 
Postado em 18/05/2021 acessado em 05/02/2022 às 18:18



É por mais que se tente algum tipo de separação entre as praticas da África e dos cultos formados no Brasil ( respeito a cada origem e história), algumas cenas são tão parecidas nos dois locais que é difícil manter esse distanciamento.



Evidente que preciso dizer que Yemoja em área yoruba é Orisa de rio. (o grifo é nosso)

Como também já publiquei inúmeras vezes, esta mais que registrado que as pessoas que cultuavam yemoja no brasil no passado sabiam e sempre souberam que yemoja é uma deidade de rio.


Os registros da Prefeitura de Salvador mostram a data de 1923 para o inicio das festas de iemanja na praia do rio vermelho, a festa se tornou popular rapidamente e teria começado para ajudar os pescadores para com a falta de peixes do período.


Seguindo.. em área yoruba o rio ogun dado a yemoja é contemplado em ritos para a deidade para muitas finalidades, seja a prosperidade, a paz da comunidade, para que esteja sempre brando sem que cause tragedias na comunidade, e que continue sendo fonte de fertilidade.. ali o caminho do barco do rio para em um ponto para cultuar yemoja...

Do rio Paraguaçu no brasil.. um dos pontos de parada é a pedra da baleia.. de um jeito ou outro yemoja deu um jeito de velejar nas aguas.


Bjos.
Yemojagbemi Arike

Link - https://www.instagram.com/p/CPA-3E5NLSg/

YEMOJA É VIZINHA DE VÁRIOS ORIXÁS

Por  yemoja_arike

Postado em 28/05/2021 acessado em 05/02/2022 às 18:43


Na escala de 0 a 1000 o quão adorável é este mapa? eu diria 100 mil.
O mapa tem o registro dos principais rios da Nigeria - Yoruba com seus nomes. Yewa vizinha do rio Ogun -Yemoja que é Vizinha de Oba e Osun, e mais para cima ainda o Rio Niger - Oya.

È tem mais nomes famosos escondidos neste mapa de rios - Erinle e Otin .❤️

Ai você morador por exemplo do Estado de Osun - Nigéria, Cultua Osun pela manhã, vai ao rio Osun pela tarde e ainda pode ser que você tenha estudado na escola de nome Osun State Unity School e depois possa ter frequentado a Osun State University, e resolva fazer uma viagem e entrou na rua de nome Osun. Muitos Orisa em área yoruba tem seus nomes em rios, Estados, escolas, ruas etc.. 😍😍😍

Bjos
Yemojagbemi Arike
Link https://www.instagram.com/p/CPb9rOxNDj-/

O BATUQUE PRESERVOU MUITO MAIS DA MATRIZ DO QUE PENSAVÁMOS XXV

Por Erick Wolff de Oxalá

Postado em 05/02/2022



Neste tópico, não entrarei nos fundamentos, mas apresentarei algo que noto que está invadindo o nosso batuque, talvez pela influência do batublé, que não fazia parte, e agora percebo que muita gente tem usado. No entanto, o sabão da costa ou ose dudu (sabão preto), ele é composto de cinza e dendê, o que para nós do batuque, nem todos podem passar dendê na cabeça. ose dudu; sabão da costa.

Fonte - https://iledeobokum.blogspot.com/2020/06/ose-dudu-sabao-da-costa.html


TIKTOK ERICK WOLFF

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