Para o bem da ciência e registro da história da religião Afro-sul, o Batuque do RS é uma religião que possui identidade própria, por isso, sabemos que o Batuque do RS não é um segmento do Candomblé.
No texto abaixo não deixa claro se o autor numa reflexão igualou o Batuque ao Candomblé, ou, se referia-se a algum Candomblé praticado no Rio Grande do Sul. Talvez o repórter não tenha compreendido a semântica do conteúdo da nossa tradição, gerando este equívoco.
Importante destacar que já naquela época, pai Cleon possuía uma visão nítida da nossa realidade, destacando que "desenvolvemos e praticamos mais o Nagô", com a nossa identidade.
"Com a Palavra: Pai Cleon
Existe, por parte dos leigos, especialmente turistas que vão a salvador e visitam uma terreira, a curiosidade de saber a diferenciação do candomblé praticado do nosso estado e o da Bahia.
É preciso explicar que toda a religião africanista é igual. Na vinda dos escravos para o Brasil, os africanistas se espalharam pelo país. Cada grupo se estabeleceu em uma região diferente, ali ficando e dando início à religiosidade que desenvolviam em sua terra, cada um com seus hábitos e costumes. E, a partir daí, cada região desenvolveu seus conhecimentos e credos. Em razão disso é que temos essa diferenciação na forma de praticar nossa religião. Especificamente no tocante ao Candomblé, oriundo de Angola e do Keto, é mais desenvolvido do Rio de Janeiro para o Nordeste, tendo maior número de praticantes na Bahia. Em recife, o maior desenvolvimento religioso africanista é o Xambá. No Maranhão, é o tambor de minas. No Rio Grande do Sul, particularmente, desenvolvemos e praticamos mais o Nagô dentro das nações Ioiô, Gege, Isechá e Cabinda, esta última uma região ao lado do Congo. A própria vestimenta, quando das festas, tem diferenças. Da mesma forma a identificação dos orixás por meio de ilustrações, assim como nos oferecimentos de comidas aos santos, nas orações e nas danças de cada orixá.
Todas essas doutrinas e seus funcionamentos são passados do pai-de-santo para seus filhos e assim por diante. A cada dia a religião africanista fica enriquecida pala transmissão dos seus fundamentos, uma vez que a leitura a respeito é pequena e poucos têm acesso a ela."
Este ensaio tem por finalidade esclarecer pontos sobre os conceitos da tradição do Batuque do RS.
O termo Barco é usado pelo Candomblé para determinar a ordem de iniciação dentro de um grupo de indivíduos que seguem para a raspagem.
Coloca-se todos os indivíduos, sentados ou deitados em esteiras lados a lado, e vão entoando cantigas para invocar as divindades, até que elas começam manifestar, desta forma, vão denominando um a um como: dofono, dofonitinho, gamo, gamutinho, e assim segue.
No Batuque do RS, não é possível denominar, porque há o Tabu da ocupação, por isso, não tem como ordenar estes indivíduos.
Esta denominação é importante para a saída do iniciado, quando é feita a festa, para que durante um momento este saiam em público pela primeira vez após a feitura.
Sobre a raspagem nem todos necessitam passar pela raspagem na sua feitura, o Batuque do RS não raspa e nem precisa, porque durante a feitura que ocorre durante vários dias, o orixá come na cabeça do iniciado.
_____________________________________________________ Para completar esta postagem, coletamos alguns comentários que ocorreram na comunidade Nação Cabinda do RS, a seguir:
Nara Almeida
[...] É que lá nos anos 80 e 90 não precisava apresentar quem estava de obrigação, pois somente quem estava de obrigação usava pano na cabeça, era e ainda é costume orixa da casa ou visitar colocar quem estava de obrigação nas costas e fazer o famoso trenzinho , isso sempre existiu , a diferença hoje é que devido todo mundo usar pano na cabeça, dificulta as visitas quem está ou não de obrigação, por isso o dona da casa apresenta seus filhos de obrigação já no início do batuque . [...]
Luiz Cláudio Soares
[...] Mas Nara Almeida será que ESTAR TODOS de pano e dificultar a identificação justifica inserir elementos de outro culto no batuque? Pq sendo assim daqui a pouco teremos também elementos inseridos na RITUALÍSTICA. [...]
Nara Almeida
[...] Luiz Cláudio Soares meu querido se tu observar bem isso também já existe , inclusive rezas de candomble estão sendo cantadas em batuque [...]
Luiz Cláudio Soares
[...] Nara Almeida lamentável, ainda bem que existe ainda casas que não se rendem a esses "modernismos".[...]
[...]Tenho registro que na família do pai cleon, antes mesmo dos anos 80, era costume usar oja, boné ou equipa na cabeça.[...]
Ile Ase Igbomina
[...] Luiz Cláudio Soares tenho fotos da casa do pai cleon dos anos 75 onde los disfrazaba a los obligados [...]
Luiz Cláudio Soares
[...] Nara Almeida é verdade, não sabemos por que mas tem muitas gravações com cantigas do candomblé, cantadas por antigos , conforme vemos aqui :
CANTIGAS DO CANDOMBLÉ NO BATUQUE
[...]
Luiz Cláudio Soares
[...] Mah Do Maré pelo que eu entendi a ordem do Barco determina o nome do individuo, não depende da ordem do orixá, sendo que no candomblé na feitura colocam todos uns ao lado do outro e vao cantando, aquele que virar primeiro recebe o nome de dofono, por segundo dofonitinho, seguinte gamo e assim vai... O que vejo que o Batuque contemporâneo esta tendo problema porque mudou o seu costume e estão procurando criar novos costumes para suprir as necessidade. [...]
Mah Do Maré
[...] Luiz Cláudio Soares dentro do que conheci, antigamente somente o orixá fazia esse ritual de levar todos como um "trenzinho" na porta, tambor e quarto de santo e no final todos batiam cabeça para ele, geralmente na reza dele. Com o tempo, para que se tivesse esse registro, os sacerdotes começaram a fazer - sendo q algumas casas adotam o tamanho da obrigação e outras a listagem dos Santos...mas como sempre ensino aos meus, cada casa com seu fundamento ne? Axé mano!
Foto gentilmente cedida do acervo do ilê axé nago kobi. Imagem anos 80, mesa de igbeji, todos cobriam a cabeça, mesmo os que não estavam de obrigação, sendo assim o pano de cabeça talvez não seja o principal motivo desta novidade. [...]
Respeitando a fé e a prática de cada um, este ensaio tem por finalidade registrar para o bem da ciência e preservação da história do Batuque do Rio Grande do Sul, nas suas práticas e costumes.
Possuímos registros que as rodas de Batuque eram organizadas por ordem de orixás, em algumas casas separavam entre prontos e os que ainda não eram prontos, no entanto, sabemos que era costume de o segmento Oyo Igbomina separar os homens das mulheres.
Temos alguns exemplos, inclusive de casas renomadas as quais deixam homens e mulheres sem separação, seguem alguns vídeos:
Batuque dos 30 anos do pai Bara do pai Gelson (1996).
Batuque mãe Taia de Xapanã.
BATUQUE NA CASA DO PAI PEDRO DE OXUM DÉCADA DE 90
Para visualizar mais vídeos dos anos 80/90 siga este link: https://iledeobokum.blogspot.com/2022/03/batuques-antigos-no-youtube.html
Postado em 08/2018 acessado em 31/10/2022 às 17:20 h
Orúkọ– nome em Yorùbá – é a expressão que traz muita força, uma verdadeira história de vida de quem o recebe e traz com orgulho. Claro que essa é a característica dos nomes na Nigéria e também dos iniciados ao Culto de Ifá por exemplo, que tem seus nomes ligados ao signo (odù) de iniciação e família a que pertence.
No Candomblé, por vezes, isso não é bem verdade, os nomes não são considerados apenas nomes. Algumas casas ensinam o total segredo do nome, que não pode ser revelado, com o perigo de que com este dado poderá se fazer mal ao dono do orúkọ. Um outro problema constante também é o fato de muitos iniciados não terem o significado do seu nome revelado sem antes completar 7 anos, uma obrigação de maioridade dentro DO CANDOMBLÉ, somente.
Recebo constantes e-mails com diversas reclamações como: o zelador não revela o que significa o nome; o ìyáwo só recebe o significado após os 7 anos; o nome dado não encontra significado quando se tenta traduzir e por ai vai.
Lembro bem de uma certa feita que recebi um e-mail de um rapaz que o zelador havia falecido, mas não havia deixado o significado deu seu orúkọ. Iniciado ao òrìsà Oya, ele buscou ajuda com seu avô de santo que lhe passou um significado totalmente absurdo perto da palavra em Yorùbá.
Dizia ele que o nome dele em Português seria: A borboleta dourada que sobrevoa o poço dourado de Oya! Mas o nome (Com autorização do rapaz estarei escrevendo) era: Oya Lábalábaigbo!
Uma tradução simples e temos: Oya A borboleta da floresta!
Por estas e outras que gostaria de trazer 10 nomes de iniciados ao orìsà Èṣù. Esses são orúkọ públicos, não há Awo com esses nomes. Servem para que possamos ter noção de alguns nomes de quem é iniciado a este òrìṣà ou que tenha algo relacionado ao òrìṣà por nascimento e etc.
Como Nascem Os Nomes Na Nigéria?
Mas antes, preciso explicar uma coisa muito importante para que não pensem ser esta postagem imoral ou algo do tipo. Volto a dizer: nome é um aspecto cultural na Nigéria. Mesmo muçulmanos e alguns cristãos recebem nomes em Yorùbá – orúkọ.
Mas como nascem esses nomes? Todos são ligados aos òrìṣà? Essa dúvida é comum, pois quando digo que mesmo um muçulmano recebe um nome em Yorùbá a pessoa pensa que ele foi iniciado ao òrìṣà. Isso acontece ao fato de no Brasil pensarmos em orúkọ somente como sendo aquele que o ìyáwo grita na saída. Ledo engano!
Orúkọ é nome, simplesmente isso. Uva é o orúkọ de uma fruta. Gato é o orúkọ de um animal e assim por diante.
Na Nigéria, os nomes nascem de acordo com as circunstâncias de nascimento, de acordo com eventos que estejam ocorrendo ou até mesmo o que aconteceu com os pais durante ou antes da gravidez. Gêmeos recebem nomes especiais, crianças que nascem quase mortas, sem sinais vitais recebem nomes especiais; filhos de nobres recebem nomes especiais.
Os nomes servem justamente para poder identificar a história, a origem da pessoa e são em quase todos os casos motivo de orgulho de se carregar, não sendo escondidos.
Bem, não irei me alongar acerca deste assunto, o post ficaria muito longo. No entanto ao lado tem um curso, lançamento, que ensina mais sobre Orúko – Nomes Sagrados dos Òrìsà. Clique no botão ao lado e conheça mais sobre o assunto!
10 Nomes de Iniciados* ao òrìṣà Èṣù
*Não são exatamente exclusivo de quem é iniciado a este òrìṣà. Muitos nomes nascem por vezes pelo simples fato de a criança ter nascido durante um festival a este òrìṣà ou qualquer coisa que ligue a este fato. Pode até mesmo ser pelo fato de os pais serem cultuarem Èṣù e durante a gravidez ter recorrido a ele nos momentos mais tensos.
Èsùlopé – Èsù é motivo de gratidão;
Èsúgbàyi – Èsù salvou esta pessoa;
Èsùsiná – Èsù abriu os caminhos;
Èsúsuyí – Èsù produz dignidade;
Èsùríndé – Èsù andou aqui (Esteve presente aqui.);
Èsùkúnlé – Èsù preenche a casa;
Èsùdélé – Èsù retornou para casa (esta casa);
Èsùfémi – Èsù me ama;
Èsùgbèmi – Èsù me beneficiou;
Èsùbíyìí – Èsù trouxe essa quarta criança. Essa criança (Nascimento) é de Èsù.
Esses simples nomes não nascem apenas por serem bonitos ou fáceis de se pronunciar. Cada um traz uma história que reflete bem o motivo, circunstâncias e até mesmo livramentos que cada nascimento teve.
Os nomes em Yorùbá – nos aspecto Nigéria – são verdadeiras histórias que quem os recebem carregam com orgulho e sem motivos de esconderem.
Link https://educayoruba.com/10-exemplos-de-oruko-de-filhos-de-esu/?fbclid=IwAR21qEgIE_KFmT-v2ukpjUf23ztn8rxLYi2MAXeq_kMTiLmaRDDDXhwNtto
Mogba Koso desempenha um papel crucial na sucessão real de Alaafin, pois é o guardião da coroa ancestral de Alaafin Sango e responsável pela coroação do novo Alaafin.
Mogba Koso é também o guardião do santuário principal de Sango em Koso, onde o novo Alaafin é coroado.
Hoje Koso é um bairro suburbano de Oyo, um dos lugares mais sagrados da cidade, onde o espírito de Sango habitou o local sagrado. Não há Alaafin em Oyo, que será instalado sem realizar todos os ritos de coroação dentro do templo de Koso.
Asa Orisa Alaafin Oyo Orisa Comunidades
Esin Ibile
Link https://www.facebook.com/asaorisaalaafinoyo/posts/pfbid035MeAWPQVYN3FfXz854aizZgbKYkFB6jH8ti48MKRooVgSztjAGnwNVgHBCQCS4Lpl