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sábado, 18 de março de 2023

MOTIVOS PELOS QUAIS NÃO SE RASPA

Este fragmento do artigo "Esclarecimentos de Oloye Edu Obadugbe Afolagbade", postado na revista OLORUN, n. 40, julho de 2016,  ISSN 2358-3320 – www.olorun.com.br, nos trás informações sobre o ato de raspar a cabeça. 

Transcrição e adaptação por Luiz L. Marins (www.luizlmarins.com.br), com autorização de Baba Omotobatala.



[...] 1) Aquele que já foi iniciado no culto ao Orixá, seja em qualquer nação com raspado da cabeça ou não, quando mudar de mão, não se raspa, pois ele já foi iniciado, não tem porque passar novamente pelo mesmo ritual duas vezes. Mas acontece que no Brasil muitas vezes por ignorância, quando chega alguém que foi iniciado em outra sem raspar, então, as casas que raspam acham que essa iniciação sem raspar não tem valia, e voltam a iniciar a pessoa. 

2) Aquele que já foi raspado, se mudar de mão e passar para uma linhagem que não raspa, não tem porque se raspar. Mais como ele foi raspado na primeira vez, ele ou ela como babalorixá ou iyalorixá, na sua casa poderá consultar os Orixá para raspar ou não, pois tem pessoas que não devem se raspar pelo falado acima. 

3) Aquele que não vai ser iniciado para o sacerdócio, e sim por saúde, não precisa ser raspado. 

 4) Quem receber Orixá por herança de algum parente que morreu, passa por uma iniciação sem raspar, pois, acredita-se que a ordem para a pessoa ter Orixá vem do orun. Esclarecimentos de Oloye Edu Obadugbe Afolagbade 6 

5) Escravidão: Raspar ou não no culto do Orixá em terra ioruba tem a ver com a família ou linhagem. Em muitas linhagens da terra ioruba onde o fundador foi escravo ou teve um ancestre escravo, não se raspa, principalmente entre os Nagôs: Egba, Ekiti e Ijebu, pois o ato de raspar lembra o fato de ter sido escravo e é motivo de humilhação. 

Era costume entre os Oyó raspar a cabeça dos escravos e fazer tatuagens, aqueles que voltavam livres para sua terra eram logo chamados "afarikola" (carecas com tatuagens). 

O motivo para se tornar escravo em terra ioruba podia ser crimes contra a comunidade: roubo, assassinato, estrupo, etc. 

Mas houve um tempo no qual as nações estavam em guerra e as pessoas eram caçadas e escravizadas. Alguns poucos ficavam na terra ioruba, mas os outros eram vendidos aos portugueses, ingleses ou franceses. 

No caso os escravos ganhar sua liberdade e voltar a sua terra recebiam nomes pejorativos como: "afarikola", "ajereke", "alaigbede", "aguda", "atoyobo". 

Espero que a explicação tenha esclarecido porque se usa se raspar ou não. [...]


O artigo completo: 

https://luizlmarins.files.wordpress.com/2015/02/esclarecimentos-de-oloye-edu-obadugbe-afolagbade.pdf











sábado, 11 de fevereiro de 2023

QUEM SÃO OS JEJE!

Este artigo registra uma postagem do autor João Luiz Félix Pereira, que foi compartilhado no Facebook do Babalorixá João.

O texto informa que a palavra Jeje é denominação de quem veio de longe. 

Postado por João Gunga Do Babá

Em 17/01/2023 acessado em 11/02/2023

 

"Em Dahomé, a Nação denominada Jêje, recebeu influência direta do povo que ali vivia, o povo chamado de Fon ou Ewê Fon, que em dialeto local significava "o que veio de outro lugar, ou de longe. Ewê, ou Jêje mais precisamente , instalou-se no leste desse País na localidade de Mahin, litoral do Dahomé onde existiam as minas de pedras preciosas e de extração de ouro, de domínio da Coroa de Portugal, sendo no século XVII, dominada pelos ingleses.

Foi ali nesta localidade litorânea, construído o Forte de São Jorge da Mina, para defender a tão cobiçada cidade e suas riquezas naturais até então, pertencente ao já antigo povo Mahin.

Agora, os preceitos Religiosos da Nação do Povo Jêje, atravessaram o mar vindo para o Brasil, pelas mãos do ilustre Príncipe Custódio de Sakpatá da real família que governava Benin.

No ano de 1864 a Nação Jêje chega ao Brasil e posteriormente no ano de 1883 chega ao Rio Grande do Sul, antes estando em outros estados brasileiros. Posteriormente formou novos Babalorixás e Yalorixás por todo estado gaúcho. E nesse estado brasileiro recebe o nome de Batuque pelas pessoas leigas que ouviam os tambores desta Religião em dias de festa e rituais. É um rito proveniente da Matriz Africana, assim como a Macumba do Rio de Janeiro, o Candomblé da Bahia, o culto chamado tambor de Mina, ou Mina Jêje no Maranhão e o ritual de Xangô no estado de Pernambuco, Batuque é tão somente mais uma variante oriunda do grande continente Africano. Jêje não é portanto uma Nação política ou geograficamente reconhecida, por não existir nenhum lugar na África com esse nome, correto seria então dizer Nação Mahin, cujo apelido ou nome popular , acabará ficando Jêje, que é um Rito do Povo Nagô, dos Yorubás: Todo Jêje é Nagô!
(João Luiz Félix Pereira)"


Fonte https://www.facebook.com/photo/?fbid=2323990747776793&set=a.248804551962100&comment_id=705844741146294&notif_id=1674045995129282&notif_t=feedback_reaction_generic&ref=notif
 



segunda-feira, 14 de novembro de 2022

CANDOMBLÉ É DIFERENTE, PAI CLEON DE OXALÁ

Publicado por Reino de Oxalá - Soc. Ben. 7 Flexas e Oxalá
Em 22/07/2020 acessado em 14/11/2022 às 13:20 h

Para o bem da ciência e registro da história da religião Afro-sul, o Batuque do RS é uma religião que possui identidade própria, por isso, sabemos que o Batuque do RS não é um segmento do Candomblé.

No texto abaixo não deixa claro se o autor numa reflexão igualou o Batuque ao Candomblé, ou, se referia-se a algum Candomblé praticado no Rio Grande do Sul. Talvez o repórter não tenha compreendido a semântica do conteúdo da nossa tradição, gerando este equívoco. 

Importante destacar que já naquela época, pai Cleon possuía uma visão nítida da nossa realidade, destacando que "desenvolvemos e praticamos mais o Nagô", com a nossa identidade. 


"Com a Palavra: Pai Cleon


Existe, por parte dos leigos, especialmente turistas que vão a salvador e visitam uma terreira, a curiosidade de saber a diferenciação do candomblé praticado do nosso estado e o da Bahia.

É preciso explicar que toda a religião africanista é igual. Na vinda dos escravos para o Brasil, os africanistas se espalharam pelo país. Cada grupo se estabeleceu em uma região diferente, ali ficando e dando início à religiosidade que desenvolviam em sua terra, cada um com seus hábitos e costumes. E, a partir daí, cada região desenvolveu seus conhecimentos e credos. Em razão disso é que temos essa diferenciação na forma de praticar nossa religião. Especificamente no tocante ao Candomblé, oriundo de Angola e do Keto, é mais desenvolvido do Rio de Janeiro para o Nordeste, tendo maior número de praticantes na Bahia. Em recife, o maior desenvolvimento religioso africanista é o Xambá. No Maranhão, é o tambor de minas. No Rio Grande do Sul, particularmente, desenvolvemos e praticamos mais o Nagô dentro das nações Ioiô, Gege, Isechá e Cabinda, esta última uma região ao lado do Congo. A própria vestimenta, quando das festas, tem diferenças. Da mesma forma a identificação dos orixás por meio de ilustrações, assim como nos oferecimentos de comidas aos santos, nas orações e nas danças de cada orixá.

Todas essas doutrinas e seus funcionamentos são passados do pai-de-santo para seus filhos e assim por diante. A cada dia a religião africanista fica enriquecida pala transmissão dos seus fundamentos, uma vez que a leitura a respeito é pequena e poucos têm acesso a ela."


Fonte - 
https://www.facebook.com/reinodeoxalapaicleon/photos/3078988035531427 

Jornal Diário Gaúcho, 18.05.2000 Porto Alegre

terça-feira, 8 de março de 2022

KANBINA / CABINDA

Por Erick Wolff 

Postado em 08/03/2022 revisado e aumentado em 01/05/2022



Este post tem a finalidade de registrar que os mais antigos chamam por Cambina, a nação fundada pelo Pai Waldemar Camuca. 

Nos anos 80, o escritor Paulo Tadeu, por sua conta e risco, e sem nenhuma prova, mudou o nome para Cabinda. 

Norton Corrêa

Norton registra Cambina e Cambini, em seu livro O Batuque do Rio Grande do Sul, editora Cultura & Arte, 2 edição, 1992, pág. 50... Nesta mesma citação associa a Cabinda, província de Angola... entretanto sem explicação de como foi que ele chegou a esta conclusão. 


Professor e Babalorixá Denis de Odé

Denis de Odé afirma que a "Cabinda é nago", contestando a fala do professor Norton, na Live: "Aulinha de Domingo: Cambinda/Cabinda X Kabini/Kabina", que foi ao ar (link abaixo) no dia 27, fevereiro, 2022, pelo canal no Facebook: Heranças Afro.




33:29 min, professor Denis fala a Cabinda é nagô.

[...]
Então esta questão aí, é complexa, i o pessoal que está propondo também o nome Cambini, ele esta dizendo, ahhh então vocês provem que a Cabinda, ahhhh, é Banto, só um pouquinho, o nome não tem nada a ver com o culto, tá, o Waldemar, o Pai Waldemar, pode ter se iniciado com o Gululu e ter outras relações depois de um certo tempo ter mudado, a gente não sabe também se o Gululu não cultuada orixá direto, entendeu, então, não tem disso aí, ahhh, por que vocês são Banto, você tem que cultuar nKissi, uma coisa, é uma coisa, outra coisa, é outra coisa, o nome, não tem anda a ver com o culto, isso é que deixa claro, é que o nosso culto não cultua nKissi, então cultua orixá, vocês são Nagô, não, a CABINDA É NAGÔ, a gente não sabe o nome de Cabinda, não foi uma homenagem a algum ancestral, a gente não sabe nem se o Gululu, também não fez isso a uma homenagem a um ancestral, entendeu [...]

Acessado em 11/03/2022 às 11:10hrs

Link:https://fb.watch/bDb9J4WvBR/


Assim, este post, sem querer converter ninguém, pretende mostrar aos mais novos, como os antigos chamam e conhecem a nação fundada pelo Pai Waldemar:


Pai Leandro dos Santos

Imagem 01: coletada em 12/11/2021


Luiz L. Marins

Imagem 02: coletada em 05/09/2021


Marco de Oxalá 

Imagem 03: coletada em 05/03/2022
https://www.facebook.com/babalorisa.marcodeoxala.9


Roberto de Xangô Aganjú

Imagem 04: recebida em 19/02/2022


Leonardo Martins

Imagem 05: coletada em 08/03/2022

Está Sra da foto, chamava-se Nelça. Dona Nelça de Ogun Itabojã

Ela veio para o nosso Axé em 1998 Antes disso ela era de outra família, filha do Bàbá Nelson da Oxum (PoA)... E quando qualquer pessoa perguntava para ela de qual "lado" era antes de vir para nossa casa ela dizia... "Eu era de Kanbina!"

Eu, me lembro de uma vez, tentar "corrigir" ela, dizendo que era "Cambinda"... Prontamente me disse "Não, Leozinho, é Kanbina!"... Então eu conheci gente QUE SIM, chamavam de KANBINA. (apud Leonardo Martins)

Fonte - https://www.facebook.com/leonardodeaganju/posts/4944527922293679 


Adilson Piedras

Imagem 06: coletada em 15/07/2021

 
Pai Jairo D'Adiolá

Imagem 07:coletada em 15/07/2021


Pai Elias de Oxalá

Imagem 08: coletada em 15/03/2022



Estudioso e pesquisador Luciano de Xangô, informação pessoal, coletada em 27/03/2022 às 11:53, através de conversa do WhatsApp:
Imagem 09: informação pessoal pelo whastaap



Mãe Nara de Bara



Transcrevemos agora a fala da mãe Nara de Bara, da Live "Aulinha de Domingo: Cambinda/Cabinda X Kabini/Kabina" , que foi ao ar (link abaixo) no dia 27, fevereiro, 2022, pelo canal no Facebook: Heranças Afro.

Mãe Nara de Bara, minuto 23:50

[....]

Eu concordo com Dênis que a função de Cabini, Cabinda, Cambinda, que antigamente era Cambinda, eu me criei escutando, os antigos falarem Cambinda, né, e aí, de uns tempo para cá Cabinda, acredito que seja... ah... acredito sim que seja uma questão de oralidade, né...[...]

Acessado em 08/03/2022, às 12:00hrs

Link:https://fb.watch/bDb9J4WvBR/


Informações recentes atualizam:




Imagem 10: Diário de Notícias


Imagem 11: Diário de Notícias


Imagem 12: Diário de Notícias




Entretanto, neste vídeo, Borel (Walter Calisto), muda de opinião, e, não sabemos por qual motivo ele passou a usar o termo Cabinda, para a qual em 1959 se referia a Cambina. 


O vídeo completo pode ser



O prof. Norton Correa, no artigo "Mãe Moça de Oxum", 2002, registra claramente o nome "Cambina":

Imagem 14


No mesmo trabalho, Norton fornece um dado interessante, que Gululu seria praticante do Cambina:

Imagem 15



Em nota,  o professor Norton informa que conservou a pronuncia de certas palavras, que foram "alteradas" com o passar do tempo:

Imagem 16


Aulinha de Domingo, Heranças Afro, Conversando com os professores, 01/05/2022

Neste extrato o Professor Norton Corrêa, informa que nos anos 70 se falava Cambina/Cambini.



Link vídeo completo: 
https://www.facebook.com/HerancasAfroOficial/videos/577213326813571

Pai Nado do Oxalá contribui com mais informações sobre a Cambina:


“Ivete de Xapanã, filha de Mãe Lurdes de Ogum
Mãe Lurdes deOgum
Dona Helena de
Ontem foi um dia maravilhoso, cheio de história, enciclopédias vivas nobatuque. Mãe Lurdes e dona Helena são filhasde ventre da grande Mãe Maria Antônia de Bara ( Ijexá) foram filhas do Pai Paulino de Oxalá e depois feitas pelo Pai Romário de Oxalá, possivelmente as primeiras filhas de Pai Romário, conheceram grandes Babalaos e Babaloas. Momento único em minha vida e que Oxalá e os orixás me possibilitem a mais momentos como esse. Dona Helena, um ser humano de memória magnífica, perguntei a ela, somos casinha ou cambinda? E na mesmo hora ela disse, sempre fomos cambinda meu filho.
Muitas especulação que não podemos apenas querer ter certeza, é preciso ainda estudar muito pra um dia pode chegar mais próximo da legitimidade. Religião não é política nem futebol que cada um toma pra si um lado e o defende com unhas e dentes, religião é religação é construir, é pegar o conhecimento de todos para juntos fazemos algo melhor.... Vamos seguir estudando”

Fonte- postado em 17/09/2022 acessado em 11:47, imagem comprobatória:




 


Referências:

Biblioteca digital Brasil, Diário de Notícias, 05, julho de 1959, acessado em 18/04/2022 às 22:45
(imagens 10 a 13)

CORREA, Norton F. "Mãe Moça de Oxum: um cotidiano e sociabilidade no Batuque gaúcho", pág 236-265, em Caminhos da alma, Coleção Memória Afro-brasileira. Vol I, São Paulo. Summus/Selo Negro, 2002 (1a edição).
E disponível em: 
CORREA, Norton F. "Mãe Moça de Oxum: um cotidiano e sociabilidade no Batuque gaúcho"
(imagens 14 a 16)


Sobre vídeos publicações, vídeos e postagens: Lei 9610/98 art. 46, I a/a
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10625543/artigo-46-da-lei-n-9610-de-19-de-fevereiro-de-1998 

TIKTOK ERICK WOLFF

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