sexta-feira, 24 de março de 2023

O AMALÁ TRADICIONAL DE OYO É SEMELHANTE AO DO BATUQUE

Por Erick Wolff de Oxalá

Em 08/03/2023

O Batuque preservou muitos elementos de Oyo, estamos tendo a oportunidade de fazermos esta releitura diretamente com a presença da Jade.

Perguntamos a Iyalorixá Jade Iyaosun Osunwemimo, sobre o tradicional Amalá de Oyo, Nigéria, e supreendentemente ela respondeu que:

"Achei muito semelhante. Até agora eu comi só o amala de farinha de Yan. O molho de efó uma verdura cozida parece muito com a nossa mostarda."

E completa:

"Ali é o pirão de farinha de Yan, com o efó ( uma verdura que ainda não perguntei o que é a doutora Paula deve saber ) e a carne com molho feito separada . Eles colocam o pirão
O efó ao lado e a carne com molho."





Iyalorixá Jade Iyaosun Osunwemimo pertence ao Batuque do Rio Grande do Sul, reside em Porto Alegre. 
https://www.facebook.com/julie.vianajadeomosun 


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O AMALÁ BRANCO
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EGBE MI JÉ AMALÁ ATI ERAN
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quinta-feira, 23 de março de 2023

ORISA INDIVIDUAL OU ORISA FAMILIAR?

ORISA INDIVIDUAL OU ORISA FAMILIAR?



Por Omo Ogiyan

Postado em 13/12/2022 acessado em 23/03/2023

Uma concepção corrente (e equivocada) no Brasil sobre a religião dos Orisa na Nigéria diz que em cada cidade ou reino em terras Yoruba teria o culto de apenas um Orisa. Assim, alegam que em Ile Ife só Obatala, em Osogbo apenas Osun, em Oyo somente Sango, em Ejigbo só Ogiyan e por aí vai.
Hoje, lendo uma entrevista feita com o Rei de Ejigbo, destaquei um momento em que o Oba afirma que as atividades cotidianas no palácio de Ogiyan demandam bastante trabalho. Como exemplo, ele lembra que não são apenas os sacerdotes de Ogiyan que atuam no palácio. As próprias rainhas têm cargos específicos para além de Ogiyan, existe aquela que se dedica mais a cuidar das mensagens de Ifá, enquanto uma outra é a responsável por cuidar de Osun.
Lendo a entrevista, lembrei que nos jogos de búzios que presenciei na Nigéria o foco quase nunca recaía em dizer “qual o Orisa” de alguém. Isso, inclusive, parecia gerar muita frustração para alguns consulentes brasileiros. Como tradutor em muitos jogos, era difícil até mesmo explicar para a pessoa que estava fazendo a leitura dos búzios que o(a) consulente gostaria de saber qual seria o Orisa "dele(a)".
Essas considerações indicam algumas coisas importantes:
1. Algo que sempre escutei de minha mãe de santo nigeriana, Adedoyin Olosun, é que os Orisa não trabalham sozinhos. Osun precisa de Obatala que precisa de Esu que precisa de Ogun e por aí vai.
2. Dito isso, para além das relações mais cosmológicas, existem considerações práticas também. Por exemplo, a cidade de Ejigbo fica no estado de Osun, a cerca de 40km de Osogbo. Não é de se espantar que o próprio Akinjole (fundador de Ejigbo) tenha se casado e tenha tido filhos com uma mulher de Osun. Ao mudar-se para Ejigbo, essa senhora de Osun levou com ela o assentamento dela de Osun para Ejigbo. Dessa união, nasce a linhagem de Ejigbo chamada Akinlabi. Processos parecidos aconteceram com outras pessoas em terras Yoruba (que nunca foram estáticas). A presença de diferentes Orisa em uma cidade ou um reino na Nigéria é consequência do próprio processo histórico de séculos.
3. A questão de saber “qual o meu Orisa” não é tão latente na Nigéria porque as pessoas nascem em famílias que já cultuam certos Orisa. Presume-se que alguém nascido de uma família que cultua Ogiyan também seja desse Orisa. Certamente, essa expectativa nem sempre se confirma. Contudo, mesmo no caso de alguém nascido em uma família em Ejigbo e que seja de Sango, por exemplo, espera-se que cuide também de Orisa Ogiyan, pela própria proximidade geneaológica com outras pessoas desse último Orisa.
A violência da escravidão deixou cicatrizes profundas em nossas relações com a África e no que sabemos sobre a religião dos Orisa. Por exemplo, quase todas as conexões familiares foram perdidas (e reconstruídas) na diáspora. Como consequência, atualmente, muitas pessoas dependem exclusivamente do jogo de búzios como forma de descobrir algo muito importante sobre a ancestralidade delas. A que família de Orisa pertencem? Na Nigéria, alguém de Ejigbo saberia que as grandes famílias que sustentam o reinado de Ogiyan são de três linhagens principais: as pessoas de Ogiyan com Osun (família Akinlabi), Ogiyan com Oya (família Atakoko) e Ogiyan com Obatala (família Ondoye). Obviamente, essas não são regras fixas. O que existem são relações históricas e sociológicas nas quais os próprios Orisa estão envolvidos, assim como nós humanos.
OGIYAN EPA! EPA AJAGUNAN!

quarta-feira, 22 de março de 2023

ODUN ORISANLA OBA ERIBODE

Coletamos este vídeo do perfil do babalorixá Eribode, é um registro de um ritual para Obatala. 

Em 05/01/2023 acessado em 22/03/2023

Mora em La Chorrera
ỌDÚN ÒRÌṢANLÁ ỌBA Ẹ̀RÍBỌ̀DÉ



Fonte - https://www.facebook.com/aworisa.obaeribode/videos/845990773132419/

sábado, 18 de março de 2023

O XAPANÃ DE MÃE ONDINA

O batuqueiro e pesquisador Antonio, relata sobre a sua vivencia e os costumes do Batuque tradicional. 

Encontramos informações que podem ter caído no desuso, ainda a saber mais. 

Postado por Antonio Carlos Pereira

Em 17/03/2023, acesso em 18/03/2023



[...] Mãe Ondina do Xapanã ( foto gentilmente capturada do blogpost ILÊ AXÉ NAGÔ KÓBI).
Conversando com um amigo relembramos do pai Xapanã de mãe Ondina: fumava um cachimbo que ao invés de tabaco era enchido com pimenta e pai Xapanã "distribuia" o seu axé dando baforadas de fumaça nas pessoas e dançava lindamente com a sua vassoura feita com a pelagem da cauda dos bois que eram ofertados pais.[...]

 

E Antonio Carlos Pereira, completa:

"Erick Wolff sim, lembro vagamente do cheiro forte de pimenta queimando que tinha. Como ainda era bem criança não sei muito detalhes, hoje conversando com o Jorge me veio a lembrança."


Link 

https://www.facebook.com/tonhoconstrucap/posts/pfbid02YdJTpEw6JkdrF2W58N1hLdHsMV8QAdZw6aPznPJ9SuA1ukv4YNCvwCXUB8naSs91l

Imagens comprobatórias:




MOTIVOS PELOS QUAIS NÃO SE RASPA

Este fragmento do artigo "Esclarecimentos de Oloye Edu Obadugbe Afolagbade", postado na revista OLORUN, n. 40, julho de 2016,  ISSN 2358-3320 – www.olorun.com.br, nos trás informações sobre o ato de raspar a cabeça. 

Transcrição e adaptação por Luiz L. Marins (www.luizlmarins.com.br), com autorização de Baba Omotobatala.



[...] 1) Aquele que já foi iniciado no culto ao Orixá, seja em qualquer nação com raspado da cabeça ou não, quando mudar de mão, não se raspa, pois ele já foi iniciado, não tem porque passar novamente pelo mesmo ritual duas vezes. Mas acontece que no Brasil muitas vezes por ignorância, quando chega alguém que foi iniciado em outra sem raspar, então, as casas que raspam acham que essa iniciação sem raspar não tem valia, e voltam a iniciar a pessoa. 

2) Aquele que já foi raspado, se mudar de mão e passar para uma linhagem que não raspa, não tem porque se raspar. Mais como ele foi raspado na primeira vez, ele ou ela como babalorixá ou iyalorixá, na sua casa poderá consultar os Orixá para raspar ou não, pois tem pessoas que não devem se raspar pelo falado acima. 

3) Aquele que não vai ser iniciado para o sacerdócio, e sim por saúde, não precisa ser raspado. 

 4) Quem receber Orixá por herança de algum parente que morreu, passa por uma iniciação sem raspar, pois, acredita-se que a ordem para a pessoa ter Orixá vem do orun. Esclarecimentos de Oloye Edu Obadugbe Afolagbade 6 

5) Escravidão: Raspar ou não no culto do Orixá em terra ioruba tem a ver com a família ou linhagem. Em muitas linhagens da terra ioruba onde o fundador foi escravo ou teve um ancestre escravo, não se raspa, principalmente entre os Nagôs: Egba, Ekiti e Ijebu, pois o ato de raspar lembra o fato de ter sido escravo e é motivo de humilhação. 

Era costume entre os Oyó raspar a cabeça dos escravos e fazer tatuagens, aqueles que voltavam livres para sua terra eram logo chamados "afarikola" (carecas com tatuagens). 

O motivo para se tornar escravo em terra ioruba podia ser crimes contra a comunidade: roubo, assassinato, estrupo, etc. 

Mas houve um tempo no qual as nações estavam em guerra e as pessoas eram caçadas e escravizadas. Alguns poucos ficavam na terra ioruba, mas os outros eram vendidos aos portugueses, ingleses ou franceses. 

No caso os escravos ganhar sua liberdade e voltar a sua terra recebiam nomes pejorativos como: "afarikola", "ajereke", "alaigbede", "aguda", "atoyobo". 

Espero que a explicação tenha esclarecido porque se usa se raspar ou não. [...]


O artigo completo: 

https://luizlmarins.files.wordpress.com/2015/02/esclarecimentos-de-oloye-edu-obadugbe-afolagbade.pdf











quinta-feira, 16 de março de 2023

AFRICANIZAÇÃO OU RE-AFRICANIZAÇÃO DO CANDOMBLÉ

Postado por Hérick Lechinski
Em 15/03/2023 acesso em 16/03/2023.



"AFRICANIZAÇÃO OU RE-AFRICANIZAÇÃO DO CANDOMBLÉ

Em decorrência dos acontecidos nos últimos dias, algumas pessoas têm me questionado qual é a minha opinião sobre: adeptos do Candomblé que vão buscar aprendizados dentro da África, em tradições africanas e trazem isso para o Candomblé, fazendo uma "religião mista", tipo: pessoas levando balaio na rua vestidos de roupas metade preta e metade vermelha, pessoas de Candomblé falando de Ẹgbẹ́ Ọ̀run, sem citar aquelas que são de Candomblé, mas também são iniciadas em Ifá cubano ou nigeriano, porque é moda no Brasil.


Vamos lá, com todo respeito a quem pensa e acredita diferente do que eu acredito.

Eu sou totalmente contra esta AFRICANIZAÇÃO (ou RE-AFRICANIZAÇÃO) do Candomblé. Isso tem dado uma mistura do kacete, e confundindo muito as pessoas. Eu mesmo já vi "famoso de Internet" cultuar Exu Tranca-Ruas, Òrìṣà Èṣù e Osha Elegguá tudo junto, maior salada. Eu conheço, sei diferenciar, não caio nestes balaios de gato, e quem não conhece? Está lascado, coitado.

Não sou a favor disso, sou a favor de adeptos do Candomblé preservarem suas tradições AFRO-BRASILEIRAS através das suas casas matrizes e não da Nigéria. Mas e quando a Casa Matriz também está fazendo estas misturas? Aí meu caro, phodeu.

A única coisa que sou a favor de resgatar é o idioma, isso facilita as pessoas aprenderem e saberem o que falam, rezam e cantam. Vão saber por exemplo, que pombo é Ẹyẹlé (Éiélê) e não Erinlê como muitos falam. Vão aprender que serpente/cobra é Ejò (Edjô) e não Dan. Isso eu sou totalmente a favor de irem buscar e trazerem para o Candomblé. Nem as roupas africanas de Ankara eu sou a favor, porque roupas tradicionais de Candomblé é baiana, pano da costa, etc. Tão bonito ver uma baiana bem montada.

Agora se você não está contente com uma tradição afro-brasileira (Candomblé, Batuque, Tambor de Mina), largue e vá para uma tradição africana (Ẹ̀sìn Òrìṣà Ìbílẹ̀, Vodunsisen, etc.), não está contente, largue e vá para uma tradição brasileira (Umbanda, Quimbanda, etc.). Quer praticar duas, três, tudo bem, SÓ NÃO MISTURE. Eu vim de uma casa mista, e sei como é complicado, tive que estudar muito para colocar cada coisa no seu lugar.

Se você ama a tradição religiosa que diz amar, ENTÃO PRESERVE SUA TRADIÇÃO.

NÃO É A QUESTÃO DO QUE É CERTO OU ERRADO E SIM A QUESTÃO DE O QUE É TRADICIONAL E O QUE NÃO É.

✒️
 Hérick Lechinski
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 Foto meramente ilustrativa"


TIKTOK ERICK WOLFF

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