terça-feira, 30 de agosto de 2022

CAXIAS: O CENTRO DOS CELEBRES BATUQUES, WALDEMAR DOS SANTOS

Postado pelo Jornal Caxias

Em 4/6/1931, acessado em 30/08/2022 às 7:00hrs



Transcrevemos estes artigo que relata a perseguição e intolerância da policia e da população contra o Batuque, não ficou claro sobre a origem do babalorixá ao qual foi preso, mas se refere a um Waldemar dos Santos do Xangô, talvez seja o pai Waldemar.

 

"Caxias, como os grandes centros, conta também, no tocante á seitas, com adeptos de "Xangô", espécie de "Deus" no cérebro dos crentes da celeberrina "religião" de fazer "bem ao próximo", nossos irmãos em Christo.

A existência desses antros denominados "batuques", onde, á luz da liberdade profissional se praticam toda a sorte de mandingas, não é um caso isolado na vida de Caxias.

A pratica da magia "negra" na qual são usados o mais exóticos apetrechos, como "tambores", "xicaras", "panelas", "xabumbas", etc. é exercida em nossa cidade em vários recantos, não sendo, portanto, estranho o facto que vamos narrar ocorrido domingo ultimo. 

Oxalá a nossa policia, que teve conhecimento, nesta cidade, de um templo de Xangô, extermine, de uma vez para todas, com essa "religião", trancafiando na cadeia os "santos", inclusive o próprio "Xangô".

Na semana finda, a convite do sr. João Lucena Junior ativo subintendente e subdelegado de policia, fomos ao prédio n 1543, da rua Pinheiro Machado a fim de apreciar um dos celebres "batuques'.

E um chalet de madeira, entramos. Fomos em seguida ao 2 andar. A um canto vimos um altar com imagens, algumas flores, copos com água e galhos de arruda e ou plantas. Xicaras, pratos, gamelas, etc. Em uma massa de cor estão pregadas penas brancas de ave. Todos esses objetos misturados com outras missangas, davam um aspecto de pavor! Velas acesas em redor das imagens.

A um lado uma taboa pintada de preto com 4 cruz nos cantos, além de outros signaes pertencentes a seita. 

No outro quarto, havia uma cama onde dormia o batuqueiro. Ao lado uma mala de viagem com o letreiro Waldemar Bragatti. Dentro havia roupas de uso e embrulhos com marmelada sobre a parede pendurados viam-se galhos de plantas medicinais. Aquilo tudo dava um aspecto de verdadeiro "caça níquel".

Num quarto no andar térreo, estava um doente que nos disse ser condutor de auto em Porto Alegre, que se achava em tratamento médico com o homem dos "batuques".

Este é um senhor Waldemar dos Santos, gordo, presto, bem conversado e que devido a energia ação da policia foi metido no Xadrez para acabar com as suas feitiçarias. 

Os vizinhos do prédio onde estava instalado o "batuque" ficaram satisfeitos por ter terminado o enorme barulho que ali faziam.

Felizmente que a nossa ativa e enérgica policia fez o homem ir barra a fora, visto aqui ninguém precisa dos seus "serviços"."  

Fonte - http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=882216&pesq=batuque&pasta=ano%20193&hf=memoria.bn.br&pagfis=986

domingo, 28 de agosto de 2022

DIÁRIO DE NOTÍCIAS: TAMBORES AFRO-GAÚCHOS RESSOAM NO OUVIDO TEUTO-BRASILEIRO

Publicado pelo Dário de notícias 

Em 23/04/1955 acessado em 28/02/2022 às 17:18hrs


Para fim de pesquisa e estudo, neste trabalho transcrevemos apenas os trechos que se referem ao Batuque da mãe Apolinária, ignorando o que não possuía teor afro religioso. 


Carlos Galvão Krebs

No "terreiro" de Apolinária, durante a grande festa pública, surge na sala de danças rituais a imagem de ogum, deus da guerra e do ferro. Na realidade é de São Jorge, santo católico ao qual ogum está assimilado no Rio Grande do Sul. Na festa de 23 do corrente a casa de Apolinária estava tão cheia que dificilmente se conseguia um lugar.

"A Passagem por esta Capital do músico e folclorista alemão Fritz Joede - Revigorou as canções e corais alemães no Estado e precipitou o contato da cultura germânica com a cultura negra no Rio Grande do Sul -    Pela primeira vez descendentes de alemães visitam em grupo um "terreiro" de batuque, em atividade oficialmente programada pelo Estado. " (Carlos Galvão Krebs)


[...] Como nota espetacular assistimos ao sacrifício de um touro, dentro da casa de culto. O sangue tingia o assoalho, a cabeça e as mãos dos crentes em catadupas. Principalmente quando foi abatido o touro, cuja cabeça decepada dançou sobre o crânio de Apolinária, como um lanuto capacete de Guarda Real do palácio de Buckingham. Com a vantagem das aspas, ao sabor dos velhos guerreiros das "bandas" germânicas.

NA "CÔTE D'AZUR"     

A uma quadra do "terreiro" de Apolinária está localizada uma "boite", a "Côte D'Azur".  Em meio à matança o senhor Cônsul Hagermann teve a gentileza de convidar-nos para descansar e matar a sede na "boite". Lá fomos. Fizeram-nos uma grande exceção: deixaram entrar apenas homens, sem as damas de acompanhamento. [...]

[...] Depois disto, voltamos à sala de sacrifícios, na casa de Apolinária. O professor Joede, o Cônsul Hagemann e o professor Marcheler tiveram de desertam em função de seus compromissos da manhã seguinte. Os outros ficaram até mais tarde e nós até o fim. 

A FESTA PÚBLICA DO "TERREIRO" DE APOLINÁRIA

Foi esplêndida, concorrida, vibrante, Lamentavelmente Apolinária havia determinado o "uniforme" do dia: cor branca. Não pode, por isto, apreciar o belo espetáculo do colorido variado, segundo as cores dos diversos orixás. No entanto, estavam de chefes-de-culto das religiões afro-gaúchas. Foi uma festa brilhante, com assistência acima do normal. A gente se apertava como sardinha em lata , para poder estar na sala de dança. Em atenção ao professor Joede, o Instituto de Tradições e Folclore havia programado uma visita oficial à festa, aberta a todos os interessados, e com a aquiescência de "mãe" Apolinária. Lá compareceu a fina flor da colônia Alemã na Capital [...]

[...] A "GAFE" DE UM VISITANTE 

Uma pessoa da cultura alemã foi junto com todos até a cozinha, sem saber para quê. Na entrada nós nos encontrávamos ao lado de uma das mais diretas auxiliares de Apolinária, a Sidoninha. Essa pessoa de cultura alemã perguntou sobre o que se iria fazer. Respondemos que iriamos saborear as "comidas de santo", ao que obtivemos a resposta:   (o grifo é nosso)

- Hum! Isso eu não como!

Nós tentamos amenizar a situação, insinuando que poderia comer com absoluta confiança aquelas que cozinhavam as "comidas de santo" eram as mesmas cozinheiras das nossas casas de famílias.

Mas a situação não ficou bem resolvida, com a intransigência do protagonista. Isto, para nosso desgosto e de Sindoninha, sempre gentil e prestativa. Na realidade, era como tivesse sido recusado um chimarrão gaúcho, na roda de mate. Mas, dentro da cozinha, a situação modificou completamente. Todos os visitantes comiam com gosto. Uma grande mesa com as comidas rituais, mais refrigerantes e cerveja. Dentro de pouco tempo vimos o protagonista agarrado a uma perna de galo, provavelmente sacrificado a bara. E terminou no amalá, com um entusiasmados digno de nota. Ao fim acercou-se de nós, perguntando angustiado: [...]


Disponibilizamos o link do acervo do jornal, para que possam acessar o artigo na integra afim de checar informações adicionais.   


Fonte - http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=093726_03&Pesq=1959&pagfis=3943



INICIAÇÃO DE ÈSÙ EM OYO, NIGÉRIA

Postado por Àsà Òrìsà Aláàfin Òyó Èsìn Òrìsà Ìbílè

Em 27/08/2022 acessado em 28/08/2022 às 8:36 hrs

Iniciação de 21 dias para Èsù o grande òrìsà, Àsà Òrìsà Aláàfin Òyó Èsìn Òrìsà Ìbílè, continua a preserva a tradição.  A família nativa Aweda de Elesu continua a iniciar seus filhos.



Link https://www.facebook.com/asaorisaalaafinoyo


FESTIVAL DE OBATALA 2022

Postado por Ẹ̀dá Dúdú TV

Em 26/01/2022 acessado em 28/8/2022 às 08:24hrs


Cenas do festival de Obatala em Ile-Ife.




Link - https://www.facebook.com/edadudutv/videos/232643352281103/

sábado, 27 de agosto de 2022

OJUBO DE ÒSÙN, EM OYO.

 Postado por Paula Gomes Aduke 

Em 27/08/2022 acessado às 10:30

Oferenda Asaro (inhame cozido com dendê)
ao lado Eko (uma fina farinha de canjica pilada e cozida) 


"Uma das Ojubo de Òsùn mais antiga em Oyo.

Continuamos a preservar o Orisa de família."


Link - https://www.facebook.com/paula.gomes.aduke/photos/a.103343675341244/367732698902339/ 


Revisado e aumentado em 21/03/2023

ASARO COMIDA PREFERIDA DE OXUM



O Asaro é feito com inhame cozido, cebola, sal e azeite de dendê.

Receita : Descascar o inhame, picar em pedaços, em uma panela, cozinhar com um pouco de água, dendê, cebola e sal, quando estiver cozido, é preciso bater, amassar para que fique grosso e está pronto é só comer ou servir para Oxum.










quinta-feira, 25 de agosto de 2022

ÈSÙ CONHECE O SEGREDO DAS ÌYÁMI

Por Luiz L. Marins


Publicado no Wordpress em maio de 2016

https://luizlmarins.wordpress.com   

 

 

Com o crescente interesse pelo culto de Ìyámi Òsòròngà convém lembrar que a literatura afro-brasileira apresenta informações importantes sobre a ligação delas, com Èsù.   


Pierre Verger (1965) registra um ese (verso) do odù ogbè ògúndá, signo divinatório do oráculo de Ifá, o qual revela que Èsù não só conhece o segredo das Ìyámi, como também ensina o ebo correto à Òrúnmìlà, para, por intermédio dele, apaziguá-las.   

 

 

OGBÈ ÒGÚNDÁ   

   

[...]  

62.  Nijó ti nwon mu omi meje ti nwon kókó mu,   

63.  Nijó ti nwon bèrè si mu ú, isejú Èsù ni nijó náà.    

64.  Nijo nwon nse ipadé, ìsejú Èsù ni. [1] 

 

 

 

[...]  

62.  Le jour qu’elles ont bu ces sept eaux, em premier,  

63.  Le jour où ells ont commencé à boire, c’était en presence d’Èsù  

64.  Le jour où elles ont fait l’assimblée, c’était en présence d’Èsù [2] 

 

[...] 

62.  No dia que elas beberam das sete águas,  

63.  No dia que elas começaram a beber, foi na presença de Èsù 

64.  No dia que elas fizeram a reunião, foi na presença de Èsù. [3] 

[...]   

 

Também Juana Elbein (1976) no livro Os Nàgó e a Morte faz algumas considerações conceituais sobre Èsù, onde demonstra que Èsù é o òrìsà que recebeu um àse especial de Olódùmarè para resolver todas as situações, inclusive no trato com as Ìyámi:

 

 

“Em virtude da maneira como Èsù foi criado por Olódùmarè, ele deve resolver tudo o que possa aparecer e isso faz parte de seu trabalho e de suas obrigações [...] Olódùmarè fez Èsù como se fosse um medicamento de poder sobrenatural. ”   

Olórun delegou este poder a Èsù ao entregar-lhe o àdó-iràn, uma cabaça de longo pescoço apontando para o alto que Èsù carrega em sua mão. Èsù só precisa apontar seu àdó para transmitir a força inesgotável que tem. ”   

“Èsù é o princípio reparador do sistema nàgó. [...] por isso, os quatrocentos irúnmalè deram um pedaço de suas próprias bocas à Èsù, quando ele foi representa-los aos pés de Olórun. Èsù uniu estes pedações em sua própria boca e, desde então, fala por todos eles. [...] apenas por seu intermédio é possível adorar as Ìyámi. ” [4]



[1] VERGER, Pierre. “Grandeur et Décadence du Culte de Ìyámi Òsòròngà”, in, Journal de la Societe des Africaniste, 1965, T. 35, p. 180 

 

[2] ______________. “Grandeur et Décadence du Culte de Ìyámi Òsòròngà”, in, Journal de la Societe des Africaniste, 1965, T. 35, p. 181 

 

[3] ______________. Grandeza e decadência do culto de Ìyámi Òsòròngà. Ed. Corrupio, Artigos Tomo I. São Paulo, 1992, pg. 50.  

  

[4] DOS SANTOS, Juana Elbein. Os Nàgó e a Morte. Ed. Vozes. Petrópolis, R. J., 1976, pgs. 131; 134; 163 

 

TIKTOK ERICK WOLFF