quarta-feira, 27 de setembro de 2023

APRONTAMENTO DE PAI HÉLIO DE OXALÁ DE OROMILAIA ORIXALÁ, ANO DE 1978

Este artigo tem por finalidade registrar a Memoria, História e Cultura do Batuque.

Esta postagem feita pelo jornal do Batuqueiro faz um retgistro do Oxalá Oromilaia.

"Aprontamento de Pai Hélio de Oxalá De Oromilaia Orixalá, ano de 1978, sua Mãe Osmarina Do Ogum (póstuma), Nação Jeje-Ijexá a direita: Emílio do Xangô. Osmarina residia na rua Antônio Ficanha N 12, bairro Fátima- Canoas."

Foto e dados: Henrique do Bara
Foto colorida artificialmente
Fonte Jornal do Batuqueiro

Imagem comprobatória


Coletamos outra postagem da mesma fonte, porem neste momento se referem ao Oxalá Orumilaia:



"Pai Hélio de Oxalá d' Orunmilaia Orixallá comemora no dia 08 de Janeiro(hoje), 48 anos de vasilha de seu Orixá e seu erumalé. Nascido na cidade de Canoas, iniciou-se na Nação Africana, aos 12 anos de idade. Seguindo assim, os passos de sua família carnal, tbm de religião de matriz africana. Filho d' santo, da saudosa Yalorixá Ormarina de Ogum ( Póstuma), a qual tbm era sua avó materna! Neto de Julinha d' Oxum (Póstuma), Bisneto de Cora da Yansã, (Póstuma) e tataraneto de Joãzinho D’Ossain (Póstumo). Pai Hélio tem seguido seu legado, com maestria e honra aos seus ancestrais. Consolidado com raízes firmes e fortes, tem deixado seus frutos ao longo de sua trajetória religiosa. Com filhos aos quais tiveram seus aprontes sob seu axé, pai Hélio teve Ylês abertos sob sua bandeira e seus cuidados. Cultua o lado Gegê-Ijexá, mas tbm carrega como sabedoria, herança do lado de Oyó. Teve uma passagem pela cidade de São Leopoldo, mas atualmente, reside em sua cidade de origem, Canoas/RS. A casa Africana Santa luzia , situa-se na rua Esperança 69-Guajuviras.

Casado com a tbm Yalorixá Mãe Márcia d'Oxum Demum Alafinhá De a qual tbm traz seu nome com força, e dedica-se as práticas de projetos de caridade. Pai Hélio é um homem simples, que dedicou sua vida ao sagrado, trazendo esperança, luz e fé através de sua espiritualidade e sabedoria à muitas pessoas que passaram por seu Yllê. Um homem de valores acima de tudo. E que coloca sua religião como centro da sua vida. Pai Hélio sem dúvida, é um dos grandes nomes da Cidade de Canoas! Ao qual traz um grande aprendizado aos mais novos, e tbm honra a ancestralidade dos mais velhos.

Parabenizamos este grande Babalorixá, que tem uma história de amor e fé ao Orixás!"

Homenagem: sua Família Religiosa 

Fonte - https://www.facebook.com/photo/?fbid=594552296010931&set=a.547874790678682

Imagem comprobatória


terça-feira, 26 de setembro de 2023

SOLICITAÇÃO DE IYA STELLA "AFONJÁ", POSTERIORMENTE PUBLICADO NO LIVRO FARAIMARA COMO COMEMORAÇAO DOS 60 ANOS DESTE ÍCONE DE NOSSA RELIGIÃO.

Postagem extraída do blog do baba Gilberto de Esu, publicado em 30/05/2018


Resumo



Ao defendermos a tese de que Esu, dentro do complexo tradicional yorubá, assume a posição de primordialidade, baseamo-nos em situações probatórias, partes essenciais do culto e da teologia, mostrando sua singularidade.

Singular porque se mostra no princípio como pedra. E a pedra se forma da condensação da terra , elemento mais reverenciado da criação e que, de uma ou outra forma, participa ativamente da composição de tudo o que existe. Isso pode ser lembrado em diversos mitos da criação , como o de Esu Yangi, primeiro a ser criado, em forma de pedra primordial.

A partir daí, podemos dizer que sem a pedra (Ota) não existe a possibilidade de culto aos Orisa. Por isso temos a obrigatoriedade de assentar o Orisa em pedra (ou de algum material resultante dela).

Ogun , por intermédio do fogo, é assentado no ferro que era pedra e se transmutou.

Singular porque , segundo a tradição, Ajalá molda os homens em barro , onde Obatala insere o Bara, que é o Esu do movimento. Também no Ikomojade (cerimônia pela qual se dá o nome à criança recém-nascida), o pai da criança coloca o pé da mesma na terra, apresentando-a ao mundo.

Ao final da vida, Iku nos reduz à essência, viramos, no fim, a terra de que nos originamos.

Outro aspecto importante são os nomes as funções de Esu, mostrando sua importância dentro do complexo, sua atribuições e as formas como deve ser cultuado: Esu Yangi: o primordial na criação; Esu Okoto (representado pelo caracol agulha) que representa o desenvolvimento. Existem, ainda, os epítetos (formas elogiosas e respeitosas de tratamento), que nunca podem ser confundidos com os nomes de Esu. Tiriri, Alaketu, Akesan, são alguns deles.

Por fim, Esu não pode ser entendido de forma maniqueísta, como a civilização cristã e européia tende a fazer, pois, segundo a teologia yorubá, Esu se comporta como o executor da vontade divina, como o fiscalizador dos atos dos Orisa. Nada parecido com o demônio cristão, referência européia para Esu.


ESU A PEDRA PRIMORDIAL DA TEOLOGIA YORUBA
ESU OTA ORISA
Esu a pedra fundamental do Orisa
ESU OFI OKUTA DIPO IO
Esu transforma o sal em pedra

1. “O PRINCIPIO ERA A PEDRA”

Em todos os momentos da vida dos afro-descendentes que cultuam Orisa, a terra é o elemento mais importante a ser reverenciado e, em conseqüência disso , a pedra, o fruto da condensação da terra, a desagregação particulada e formadora do microcosmo Yoruba.

Essa singularidade pode ser vista na gênese Yoruba, amplamente documentada, por diversos autores.

Olodunmarê após um tempo imemorial de inércia resolve criar o mundo, e sua primeira criação é a pedra primordial chamada por ELE de Esu Yangi e , posteriormente, de Esu Obasin, cultuado até os dias de hoje em Ile Ifé.

Pode-se dizer que sem pedra “Ota” não há Orisa.
KOSI OKUTA
KOSI ORISA
“Sem pedra
Sem Orisa”

KOSI ESU
KOSI ORISA
“Sem Esu
Sem Orisa”

Todo Orisa tem que, obrigatoriamente, ser assentado em uma pedra ou em algum material que dela tenha vindo; exemplo: o ferro em que se assenta Ogun é a transmutação da pedra, transformada em ferro por intermédio do fogo. Dessa forma pode-se dizer que Ogun é assentado na pedra.

Outro aspecto interessante é que o corpo humano é composto de vários elementos, e entre eles um dos mais importantes é o barro modelado por Ajala, onde, posteriormente, é inserido por Obatala o Bara, o ESU do movimento.

Outro aspecto de grande importância relacionado à terra é o Ikomojade (imposição de nome ou batismo). Nele o pai pega a criança e coloca o pé dela sobre a terra fofa, especialmente preparada para o momento, recitando o seguinte verso de Ifa:
Yoruba
Ilé

1. A o gbe omo, ao fi ese omo naa te ile,
2. A o wa wure bayi pe,
3. Ile ree o,
4. Ile ogere,
5. Ile ni a nte ki a to te omi,
6. A ki nbinu ile ki a maa te,
7. Bi o ba nrin nile ki omo araye ma binu re,
8. A ki nbale sowo ki a padanu,
9. Gbogbo ohun ti o ba dawole lori,
10.Ile aye yi,
11.ko ni padanu.
Português
Terra

Os pais pegam a criança e colocam o pé dela sobre a terra, iniciando a recitação. Eles chamam o nome da criança e falam:
1. (Nome da criança) Aqui está a terra,
2. A terra que está espalhada pelo universo,
3. É nela que se pisa primeiramente,
4. Antes de se pisar na água.
5. Ninguém que tenha ódio da terra,
6. Priva-se de pisar nela.
7. Quando você anda sobre a terra,
8. Os seres humanos não terão ódio de ti.
9. Todos que fazem negócios com a terra lucram com ela,
10. Tudo que você se propor a fazer na sua vida,
11. Não será em vão, você lucrara na vida.

Portanto, é muito claro que Esu foi criado por OLODUNMARÊ, da matéria primordial e divina da qual, posteriormente, ELE fez todos os Orisa. A mesma matéria que daria forma à toda existência divina, assim como toda a humanidade que, um dia, Ikú “a Morte” devolverá à esta lama primordial.

Assim, Yangi é o primeiro ser criado da existência e passa a ser o símbolo primal dos elementos criados.

Yangi é conhecido como “Esu Agba” , o Ancestral primordial, e seus assentamentos mais antigos e tradicionais eram simples pedras de laterita vermelha, colocadas no chão, onde eram feitas suas oferendas e sacrifícios.

Em alguns lugares, como a Orita Meta ou a Encruzilhada de Três caminhos, a laterita vermelha está cercada por 7, 14 ou 21 pedaços de ferro enferrujados.

Na cidade de Ile Ife, pode-se ver o assentamento de Esu Yangi como o descrito acima.

Para se chegar a casa de OBATALA, entra-se em uma rua que vai exatamente até a entrada, e acerca de 10 metros antes da entrada, a rua principal abre-se em duas outras ruas laterais, formando um (Y), no meio do vértice do (Y) está a casa de OBATALA, e na ponta do vértice o assentamento de Yangi, um montículo de cimento armado com uma laterita fincada no alto.

Yangi é por excelência o símbolo da existência diferenciada e, em conseqüência disso, o elemento dinâmico que leva à propulsão, à mobilização, à transformação e ao crescimento.

Ele é o principio dinâmico de tudo que existe e do que virá existir.

2. OS MÚLTIPLOS NOMES E FUNÇÕES DE ESU

Um mito relata como, em função de seu poder, Esu se descontrola, e começa a devorar toda a preexistência, sendo então obrigado por Orunmila, após uma longa perseguição, a vomitar tudo de volta.

Tendo sido cortado em milhares de pedaços, transforma-se no + 1, ou em 1 multiplicado pelo infinito. Neste caso, ele é Esu Okoto, o Caracol agulha, cuja estrutura óssea espiralada parte de um ponto único, abrindo-se para o infinito, e nos dá a idéia do crescimento, da evolução e da multiplicação, tendo-se tornado o símbolo da restituição e da recomposição, tornando-se Oba Baba.

Esu, o Rei e o Pai de todos os Esu, gerados por seus pedaços.

Durante muitos anos conviveu-se com uma pretensa superioridade cultural, racial, religiosa na África e na região dos Yoruba que provocou guerras étnicas, fato que repercute ainda nos dias de hoje. A suposta ação evangelizadora desarticulou sofisticadas estruturas religiosas, imprimindo aspectos negativos e demoníacos à imagem de Esu que, ainda hoje, habitam o universo religioso e pratico dos mais renomados Baba/Iya.

A perda dos valores primais africanos foi causada, sobretudo, pela escravidão, e posteriormente pela miscigenação com as seitas espiritas cristãs, permitindo assim que os mais sérios seguidores do Orisa ressaltem os aspectos negativos dos demônios, referindo-se a Esu como:

Exu Lucifer, Exu Tranca Rua das Almas, Exu sete poeiras do inferno, Exu Rei das sete encruzilhadas, ou mudam seu sexo, Exu Pomba Gira ou Exu Maria Padilha.

Os nomes e atributos deste importante Orisa do panteão Yoruba não permitem interpretações errôneas como as perpetuadas pela inércia e ignorância de pseudos experts em cultura Yoruba.

Nomes Atributos
ESU YANGI o primeiro da criação, a laterita vermelha
ESU AGBA Aquele que é o ancestral
ESU IGBA KETA O dono da cabaça, o igba odu
ESU OKOTO O dono da evolução, o caracol
ESU OBASIN O pai de todos os Esu
ESU ODARA O Esu da felicidade
ESU OJISE EBO O Esu que leva as mensagens ao orisa

ESU ELERU O Esu que leva o carrego dos iniciados
ESU ENUGBARIJO O Esu que trás a prosperidade
ESU ELEGBARA O Esu que detém o poder da transmutação
ESU BARA O Esu dono do movimento do corpo humano
ESU OLONAN O dono de todos os caminhos
ESU OLOBÉ O dono da faca ritual
ESU ELEBÓ O Esu que recebe as oferendas
ESU ODUSO O Esu que vigia os oráculos
ESU ELEPO O Esu do azeite de dendê
ESU INA O Esu do fogo ( saudado no ipade )

Poderia-se fazer uma lista imensa dos nomes de Esu ancestrais cultuados no Brasil e África, mas esse exercício é desnecessário no momento.

O mais importante é destacar as funções desses Esu ancestrais nos rituais:
- Esu Yangi:
É o princípio de tudo, a própria memória de Olodunmarê, seu criador.

- Esu Agba ou Esu Agbo:
É o nome que mostra sua ancianidade; ele é o mais velho e, por conseqüência, o pai que é retratado no mito em que Orunmila o persegue através dos nove Orun.


- Esu igba keta
É o terceiro aspecto mais importante de Esu que está ligado ao número três, a terceira cabaça onde ele é representado pela figura de barro junto aos elementos da criação.

- Esu ikorita meta:
É ligado ao encontro dos caminhos ou a encruzilhada; o encontro de três ruas ( Y ).

- Esu Okoto:
É o representado pelo caracol agulha, mostra a evolução de tudo que existe sobre a terra, e está ligado ao Orisa Aje Saluga, o antigo Orisa da riqueza dos Yoruba.

- Esu Obasin:
É por este nome é conhecido e cultuado em Ile Ifé.

- Esu Odara:
É o que, se satisfeito através do sacrificio, traz a felicidade ao sacrificante.

- Esu Ojisé ébó:
É ele que observa todos os sacrifícios rituais e recomenda sua aceitação, levando as súplicas a Olodunmarê.

- Esu Eleru:
É o que leva os carregos dos iniciados (Erupin)

- Esu Enugbarijo:
É o que devolve a todos o sacrificio em forma de benefícios.

- Esu Elegbara:
É o todo poderoso que transforma o mal em bem, cujo poder reside na transformação das coisas.

- Esu Bara:
É um dos mais importantes aspectos de Esu, pois ele é o Esu do movimento do corpo humano, infundido no corpo pré-hunamo, ainda no Orun por Obatala, sendo ”assentado” no momento da iniciação, junto com o Ori e o Orisa individual.

- Esu Lonã:
É o senhor de todos os caminhos do mundo.

- Esu Olobé:
É dono do obé (faca), tem que reverenciado ao começar todos os sacrifícios, onde a faca é necessária.

- Esu Élébó:
É o carregador de todos os Ébo.

- Esu Odusô ou Olodu:
É ele que tem seu rosto retratado no Opon Ifa, e vigia o Babalawo para que este não minta; é o que vigia os oráculos ( Opélé-Ikin-Erindilogun )

- Esu Elepo:
É ele que recebe o sacrificio do azeite de dendê.

- Esu Inã:
É um dos aspectos mais importantes deste Esu primordial, é presidir o Ipade, sendo o dono do fogo.

É a Esu Inã que os Babalorisa/Iyalorisa se dirigem no começo do Ipade, uma das mais importantes cerimônias do ritual afro-descendente religioso:

E Inã mojuba
Inã Inã Mojuba Aiye
Inã mojuba
Inã Inã Mojuba Aiye...etc.

Outra forma de se dirigir a Esu, e que causa certa confusão, é quando seus acólitos a ele se dirige por seus EPITETOS que , por serem mais comuns, transformaram-se erroneamente em nomes: Exemplo;

Esu Tiriri
Esu Akesan
Esu Lode
Esu Barabo
Esu Alaketu
Esu Ijelu
Esu Bara lajiki
Esu Marabo...etc.

DA PEDRA A PEDRA

A ação repressiva dos cristãos europeus e, posteriormente, latino-americanos sobre os africanos, escravos e seus descendentes forjou o sincretismo entre os Orisa e os Santos Católicos.

Consequentemente, Esu e o diabo cristão na sua forma mais primitiva, teologicamente, assim sendo, a idéia de um Esu reelaborado pelos cristãos e, essencialmente maléfico e tenebroso, é inconcebível na Teologia e na cosmovisão Yoruba, que não tem um ``inferno´´ declarado, e os homens não são punidos a post mortem.

Muito embora, existam lendas e mitos populares onde Esu é retratado como manhoso, trapaceiro ou encrenqueiro.

Se Esu for reverenciado com o Ebo designado nada disso será verdadeiro e a sua suposta imagem de malignidade, decorrente dessas lendas, cairá por terra.

Na verdade, Esu é o Executor Divino, punindo aqueles que descumprem o sacrificio prescrito, recompensando aqueles que o fazem.

Ele nada faz por conta própria. Está sempre servindo de elemento de ligação entre OLORUN e Orunmila ou então servindo aos Orisa.

Segundo a Teologia Yoruba, nenhum ser divino pode punir um Ara aiye “ser da terra”, diretamente, sem a consulta a Olodunmarê.

Diversos Itan Ifa nos dão conta que Esu também é encarregado por OLORUN para vigiar os Orisa no Aiye.

Isso só pode ser feito porque ele é imparcial no seu papel de Executor Divino, é por isso que todos os devotos de todos os Orisa sacrificam para Esu, por recomendação de Ifa, nos tempos de dificuldades, buscando dessa forma sua intermediação com Olodunmarê.

E, para que os Babalawo não se excedam ou mintam na prescrição dos ébó, o próprio Esu na qualidade de Odusó sempre estará presente no jogo, cuidando para que o Iwa “caráter” do consulente e do Babalawo não sejam maculados.

Esu reporta-se diretamente a OLORUN e mantém um inter-relacionamento com os Orisa e com os Egungun “ancestrais”.

Ele não é vingativo e nada executa por sua própria conta, apenas cumpre fielmente as ordens de OLORUN, conforme os ditames do Iwa contido no Ori individual, destino escolhido por cada Ori no Ipori Orun ``Lugar em que o ser humano é preparado´´.

E necessário, o mais depressa possível, esquecer, “desumbandizar” e “deskardekizar” as religiões de matriz africanas, pois não se pode viver com o paradigma de bem e mal, inexistente nessas religiões.

Em síntese, transmutar, teologicamente, a pedra primordial em pedra angular sobre a qual se sustenta a cosmografia tradicional Yoruba.

Oga Gilberto de Esu
Ésú Akérèkóro
Nome civil: Gilberto A Ferreira
Nome religioso: Oga Gilberto de ESU
Olosun do Ile Iya Mi Osun Muiywa
Oluwo do Ile Asiwaju Lati Osun Muiwa
Asogba ni Ile Yeye Ofá Biomin
Balogun ni Ile Egungun
Presidente do Conselho de ética do International Congress of Orisa tradition and Culture.
Pesquisador da Tradição Yoruba.
Articulista e consultor de assuntos afro-brasileiro para diversos órgãos nacionais e internacionais, com artigos publicados no Brasil e exterior.
Presidente fundador do Afosé Ile Omo Dadá (SP).
Idealizador de diversos movimentos e jornais do segmento afro-brasileiro em São Paulo.
Consultor de assuntos Afro-Brasileiros para a Fundação Palmares.

Fonte -  
https://babagilbertodeesu.blogspot.com/2010/05/resumo-ao-defendermos-tese-de-que-esu.html

quarta-feira, 13 de setembro de 2023

EXISTE EBÓS, TRABALHOS, LIMPEZAS E OBRIGAÇÕES COLETIVAS?

Este artigo tem por finalidade registrar a memória, história e cultura do Batuque do RS.

O Babalorixá Emanuel d'Oxalá, tem produzido diversos temas do segmento religioso Batuque do RS, entre eles, o tema sobre coletividade nos rituais do Batuque forneceram muitos pensamentos a serem preservados para gerações futuras.



"Será que realmente não existe trabalho coletivos, ebós coletivos??? Muitas casas fazem limpeza de final de ano coletiva, não fazem axes separados para cada pessoa que vai se limpar..... Pare e pense antes de copiar textos, nem tudo que tá escrito tem lógica. Muitas vezes dentro de nossa vida cotidiana, fazemos boas ações, a fim de fazer com que a comunidade melhore, nossa familia melhore, nossos amigos melhorem. Talvez sua mente não seja capaz de entender o que nossa religião é capaz de realizar. Talvez sua família não faça e lhe ensinou a pensar sem olhar para os lados, sem se questionar. Quantas vezes você já viu seu mais velho levando uma família para se limpar ou realizar uma oferenda a um orixá, mas pedindo por toda a família. Deixo aqui a pergunta para quem quiser responder, existe ou não ebós(trabalhos) coletivos?
Autoria: Babalorixá Emanuel de Oxalá
Em: 13/09/2023"


Ana Rafaela Ribeiro

Bom dia meu irmão, exatamente existe sim, tem muitas casas que fazem limpezas, axes tudo coletivo, tem casas tbm que não dividi a cabeça mais dividi o corpo, assim vai!!


Ricardo Pinheiro

Sou do tempo antigo que se fazia . Não fazem porque não vantajoso pra eles


Renato Godoy

Claro que funciona. A questão é que vai funcionar de maneiras diferentes para cada indivíduo. Faz uma abertura de caminho coletivamente, por exemplo, mas um dos consulentes que está participando deste axé tem outros problemas espirituais, então, primei… Ver mais


Léo Kayode

Existem vários tipos de trabalhos q podem ser coletivos, outros não, tipo amarração amorosa.


Sandra Regina Alano Bessa

Existe sim.....já fiz e faço.

Abraço guri 😁


Erick Wolff

Boa tarde Babalorixá Emanuel d'Oxalá, saudações, respeitosamente, desde 1982, temos registrado uma diversidade em rituais e costumes do Batuque RS, onde postaremos:

Há famílias que passam uma limpeza única ou limpeza com vários orixás nos clientes, filhos e convidados.

Há famílias que preferem fazer uma limpeza individual, onde preparam vários axés de um orixá ou mais orixás, e passam um axe por pessoa.

Ambas formas são praticadas no Batuque, embora o termo ebo coletivo seja recente, provavelmente seja de influência de outras religiões.


Ina Xavier

Agô, sua benção meu irmão e aos demais que irão passar por esta postagem. Tenho página religiosa e faço ebós coletivos desde 2018, porque a religião que creio, baseia- se no coletivo. Meu Orixá data de 1900 e bolinhas e desde lá se ouvia os Babas e Yas falando, " hoje tem corte, " faz tua cartinha....escreve teu nome 7 vezes e coloca no axé..." e por ai foi. Creio que existem axés ou ebós que através de nossos oráculos, no meu caso, Jogo de Búzios e cartas, necessitam ser individuais, porém outros podem sim ser coletivos. Acredito que tudo sempre dará certo a curta ou longa distância, para todo religioso que cultua fé e verdade.


Fabiano Lima

Existir existe a pergunta deveria ser funciona? e se funciona qual o fundamento.Se tiver fundamento continua se não tiver para. mas não somos "kardecismo" Orixá nenhum desceu ensinar nada ou escrever livros ou dar palestra nos que criamos nossos ritos,baseados em que? em fundamentos. se na africa ja existia trabalhos coletivos deveríamos fazer sim pela ancestralidade se não existia e somos uma religião afrobrasileira temos que pensar porque aqui foi criado o fundamento.


Babalorixá Emanuel d'Oxalá

Fabiano Lima No meu entendimento, claro que sim , o fundamento é que a religião é coletiva, senão fosse, cada um culturais só seu próprio orixá, própria entidade e não teria outras na prateleira ou na tronqueira.


Fabiano Lima

Babalorixá Emanuel d'Oxalá então existe porque aqui sim é coletiva já foi criada assim,la na africa é outra estrutura. como voce disse o fundamento é coletivo, é um contrato coletivo com nossa comunidade. Logico que não podemos obrigar outra comunidade seguir nem eles obrigar a gente.quando leio ou assisto palestra de quem foi iniciado na africa é tudo individual nas que vi,mas deve ter muitas que nem aceitam ocidentais e devem ser coletivo também. no fim apesar de funcionar todas as religiões saem do meio da nossas orelhas da caixa craniana nos criamos nosso ritos.


Renato Godoy

Fabiano Lima mas aqui quase tudo que se faz l, não se fazia - ou se faz - em África. Nenhuma religião de matriz africana, no Brasil, é pura. Todas foram inventadas, ou melhor, adaptadas. Algumas , inclusive, readaptadas. Quem diz que pratica religião raíz, como se pratica em África, está mentindo. Basta estudar um poucos de antropologia e de história para saber disso.


Babalorixá Emanuel d'Oxalá

Fabiano Lima Respeito sua opinião, mas procure vídeos sobre oferendas ao Orixá Oxum, Iemanjá, Xangô, em África, verás a quantidade de pessoas no coletivo participando das oferendas, levando seus pedidos, pedindo proteção, se isso não é ser uma religião coletiva, pegamos tudo que aprendemos e jogamos fora. Com certeza, existe Ebós (rituais) que são individuais para o fim de solucionar a vida de uma pessoa, mas cada caso é um caso. Minha religião, sai dos ensinamentos do meu mais velho, nada é inventado da nossa cabeça, por isso existem os oráculos, para sabermos o que é possível ser realizado, com o aval do plano espiritual.


Fabiano Lima

Renato Godoy se fossemos seguir nada com milho usariamos,milho é do novo mundo america,não teria navalha,e tudo mais que usamos,até a guiné é nossa daqui da America.


Fabiano Lima

Babalorixá Emanuel d'Oxalá quando pegamos antigos gente da raiz como pai Agenor iniciado na africa ainda criança e aqui que jogava os buzios para escolher outros lideres como mãe menininha que saiu do jogo dele,vemos coisas absurdas nos textos tem oferenda que vai os animais as plantas ai la no meio um pinico usado ve se pode isso? ai ele mesmo falava que não sabe aprendeu assim. e eu acredito nele,ele era contra matança,mas neste livro que ele quis passar tudo que sabia maioria dos ebos tem sangue ele não tirou nada ensinou como sabia, nem tudo é do orixa ou do jogo tem interferência humana e tem demais.


Renato Godoy

Fabiano Lima sabe qual é o maior problema, Fabiano? É o ser humano tentar interferir na vontade dos Orixás. Se na casa de "Pedro" está sendo feito diferente do que julgam ser o correto, e os Orixás estão permitindo, quem é tu o qualquer outra pessoal para julgar? Hoje em dia é um bando de hipócrita que vivem fazendo coisa errada apontando o dedo para os outros. É um ego mais inflado que o outro.

Se há um terreiro onde as pessoas procuram, onde há um dirigente espiritual que auxilia as pessoas com seu axé e essas pessoas retornam, e o Orixá permite que este trabalho continue sendo feito, não há um ser humano nesta terra em condição de falar que está errado. Tem que olhar para o próprio rabo, cuidar de suas quartinhas, procurar saber se seus filhos de santo estão bem, se não precisam de algo, saber se a própria vida está boa, se há prosperidade em sua vida, antes de querer julgar o certo e o errado.


Fabiano Lima

sim os rituais vem mudando de casa a casa não temos uma cartilha quer ver zelador ficar doido é eu pegar ele criticando e colocando alface em oferenda. so percebe que alface não tem logica quando falamos, mas dai para ele é fundamento de Oxumare mesmo o alface sendo uma planta europeia,ai fico queto esta rodando assim deixa. se for ficar olhando fazendo polemica desiste.


Person Oxala

A meu ver um ebó coletivo seria visto como loteria o Orixá escolhe alguns dentre todos para serem respondidos.


Erick Wolff

Babalorixá Emanuel d'Oxalá uma oferenda poderá ser diferente para uma limpeza, e quando vemos o coletivo, como o culto de família na matriz, apesar de fazerem oferendas e rituais coletivos, cada um tem o seu ebo (oferenda) e ritual, não há iniciações coletivas, nem divisão de eje ou limpezas.

Cada individuo de uma família mesmo que haja um culto coletivo de uma divindade, que no caso deles, o orixá geralmente esta no seu DNA, pois são descendentes de uma determinada divindade, eles acabam praticando um culto coletivo, porem, cada um tem seu igba, seu ebo e seus rituais.


Erick Wolff

Person Oxala interessante a sua fala, por gentileza, poderia nos esclarecer mais sobre o seu ponto de vista?


Person Oxala

Erick Wolff Quando se apronta um ebó para qualquer fim, quando se é para alguém específico a intensão já é pré determinada, as entoações de rezas , a montagem do ebó , o pedido ao berá o ebó será feito em nome deste, mas quando é coletivo esta essência se perde, por serem diversos os que pretendem receber a graça do Orixá e por mais que o sacerdote seja bom não lembrará de todos na apresentação ao Orixá, pode dizer que haaaa Pai mas tem os papeis com nomes , mas a perca do conjunto já existiu...então restará ao Orixá escolher um ou outro, isto sem falar no MERECIMENTO de cada um que fará parte do ebó coletivo e que os Babás e Yás não falam para seus clientes.


Erick Wolff

@RenatoGodoy interessante a sua fala, a qual assinalei, pois ela informa quem rege ou deve reger uma casa:

Pode ser uma imagem de texto que diz "S Πεοραοτ - αO Renato Godoy Fabiano Lima sabe qua é o maior problema, Fabiano? É ser humano tentar interferir na vontade dos Orixás. Se na casa de Pedro está sendo feito diferente do que julgam ser 0 correto, eos Orixás estão permitindo, quem é tu ο qualquer outra pessoal para julgar? Hoje em dia um bando de hipócrita que vivem"


Erick Wolff

Boa tarde Ina Xavier, interessante a sua fala, por gentileza, respeitando a sua fé e tradição, poderia nos informar se na sua casa fazem apenas o ebo coletivo, ou se fazem também os rituais fúnebres no coletivo?

Pode ser uma imagem de 1 pessoa e texto


Erick Wolff

E outra questão para registro e memória do Batuque, por gentileza senhora Ina Xavier a senhora foi feita no orixá em 1900?


Erick Wolff

Grato pela sua atenção Person Oxala, entendi o seu pensamento, e para registro e memória do batuque, poderia somente acrescentar, se este pensamento também se aplicaria no eje coletivo? Onde varias pessoas partilham do mesmo eje?


Person Oxala

Erick Wolff meu irmão ai penso diferente pois mesmo sendo um eje coletivo , cada um será tocado por seu orixá, terá sua própria oferenda para seu Orixá assim sendo um caso diferente e corriqueiro em nosso sagrado, já "ebós" coletivos é uma inovação que não veio de nossos ancestros.


Erick Wolff

Caro amigo Person Oxala, grato pela gentileza, consideremos que ao praticar o eje coletivo, gera uma ligação, neste coletivo, nao individualizamos, desta forma, não haveriam qualidades, seriam todos um só.

No entanto, no caso de morte, como se desligariam este coletivo?


Person Oxala

Erick Wolff ai meu irmão temos tradições próprias para tal desligamento, que mesmo sendo unitário será preciso da ação de um coletivo, dadas as proporções de cada desligado, se é um iniciado, ekeji, pronto, Babá ou Yá, cada um respeitará um preceito de desligamento , mas como disse o desligamento é unitário com a ajuda de um coletivo.


Erick Wolff

Boa tarde Baba Erismar Iansã fique a vontade, basta marcar, porem por se tratar de uma postagem publica, e por se tratar do meu trabalho, ser de interesse publico, de registrar a memória, história e cultura do Batuque e , as informações coletadas, são devidamente publicada, no blog, sem interesse de fundamento, apenas cultural, nao vejo por falar em particular um tema filosófico, respeitosamente e sem ofensas de nenhuma das partes.

Gentilmente o convido a participar.

https://iledeobokum.blogspot.com/


Erick Wolff

Grato pela riqueza das informações, Person Oxala, qual seria o seu segmento religioso, e na sua casa possuem o cargo do Candomblé de Ekeji?


Person Oxala

Erick Wolff sou do rio grande do sul, aqui o Kandomblé ainda é pouco difundido com poucos templos, mas em meu cargo de Conselheiro Estadual do povo de terreiro RS pude viajar bastante pelo RS e Brasil e conhecer diversas vertentes de nosso Sagrado, aqui sou Babalorixá de nação Jeje .


Erick Wolff

Grato pela reposta amigo Person Oxala, apenas para registro e memória do Batuque, por gentileza, na sua família existe o cargo de Ekeji?

Caso haja, como este cargo é transmitido, e em caso de existir este cargo, qual seria a sua família religiosa?


Person Oxala

Erick Wolff não temos este cargo de Ekeji, então não poderei comentar sobre, nossas casas ao fim de nossa jornada são passados para um filho carnal que seja cultuador do sagrado ou de um filho de santo mais velho.


Erick Wolff

Person Oxala Grato amigo.

Contribuiu muito para a os estudos da historia e cultura do Batuque.

Quanto ao cargo de Ekeji criado pelo Candomblé, ele também não existe na Matriz Ioruba.


Person Oxala

Estudei pouco sobre o Candomblé me fixei mais na nação de Orixá que é forte no RS, com suas diversas diginas, então pouco será minha serventia na fala sobre o Candomblé meu irmão.


Erick Wolff

Contribuindo com o tema:

OGAN , EKEDI E O ATO DE RASPAR: BABA ZARCEL FALA SOBRE OS COSTUMES DA RTY

Luiz L. Marins

https://iledeobokum.blogspot.com/2017/11/ogan-ekedi-e-o-ato-de-raspar-baba.html


Considerações 

Há famílias que passam uma limpeza única ou limpeza com vários orixás nos clientes, filhos e convidados.

Há famílias que preferem fazer uma limpeza individual, onde preparam vários axés de um orixá ou mais orixás, e passam um axe por pessoa.

Há famílias que fazem o eje coletivo, neste caso sentam dois ou mais orixás num único eje.

Há famílias que não fazem o eje coletivo pois entendem individualizam o orixá com eje separado. E acrescentam que se partilhassem o eje, caso ocorresse a morte de um deles algum dia, pela ligação do eje durante o arissun poderiam prejudicar os demais.

É possível que termo “ebó coletivo” seja recente, provavelmente seja de influência de outras religiões.


Link https://www.facebook.com/emanuel.doxala/posts/pfbid08hEVhwaPjRom5LdZZLc4GGvoaYJq39eCAzfzb7veDBTMC4HWWYv11JSiufkfKKZel 












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