terça-feira, 18 de outubro de 2016

O PERIGO DO BEIJA-MÃO

Luiz L. Marins

18/10/2016


Por favor, peço que compreendam o que escreverei agora, e não julguem pela emoção sem antes refletir.

Muitas doenças podem ser transmitidas pela saliva, e um simples ato de beija-mão, principalmente quando realizado em FILA, implica em sério risco à saúde. Vejamos aqui uma lista de algumas doenças transmitidas pela saliva: http://w2.fop.unicamp.br/biosseguranca/tops/top2.htm
Nesta lista não está incluso a mais terrível de todas, que é a "hanseníase", popularmente conhecida como "lepra", e uma das formas de contato são as gotículas de saliva, conforme o site: SBD - Sociedade Brasileira de Dermatologia:


"A transmissão do M. leprae se dá por meio de convivência muito próxima e prolongada com o doente da forma transmissora, por contato com gotículas de saliva ou secreções do nariz.

https://www.sbd.org.br/dermatologia/pele/doencas-e-problemas/hanseniase/9/ 

Por isso, apesar de todo amor, carinho e respeito com que é feito, ainda que os nossos mais velhos fizessem, expõe a pessoa em contato com saliva ao contágio de doenças como a hanseníase, e outras.

Não se trata aqui de falta de humildade. Este é um ato que precisa ser repensado em nome da saúde.  Podemos tocar a testa (iwájú orí) nas mãos da pessoa que queremos reverenciar. O efeito simbólico é o mesmo, e o axé também.

Por favor, pensem nisso, e não me julguem mal.

Ìlera! (Saúde)

segunda-feira, 17 de outubro de 2016

O COSTUME DE ENTERRAR OS SEUS PARENTES MORTOS NO PÁTIO DA RESIDENCIA

Por Erick Wolff de Oxalá
17/10/2016

Após quatro anos da morte da mãe de Sola Atanda, ele faz uma simples homenagem na frente dos restos mortais da sua mãe, que está enterrada na frente da sua casa. Notem que os Ioruba não costumam enterrar os seus entes distantes da sua moradia, podendo chamar este local de Iboku, um local sagrado para manter os seus mortos por perto.

Vale observar os tambores Ioruba tocados com varetas, o que para algumas casas do Batuque do R.S., acreditavam que apenas os Jeje tocariam com estas varetas.

veja o vídeo;


quinta-feira, 29 de setembro de 2016

WILLIAM BASCOM E O SEU LEGADO AO POVO DE IFÁ

Por Erick Wolff de Oxalá
29/092016


William Russel Bascom
não foi iniciado nos mistério do segmento Ifá, porém criou algumas obras que são a referencia para o estudiosos e iniciados, até hoje. 

 Biografia
 William Russel Bascom, nasceu Princeton, Illinois, 23 de Maio, 1912 - faleceu 11 de Setembro, 1981) foi um folclorista, antropólogo, e diretor de museu dos Estados Unidos. Morreu 11 de setembro de 1981, San Francisco , Calif.) Antropólogo americano que foi um dos primeiros a fazer uma extensa pesquisa de campo em África Ocidental. Ele serviu como presidente (1956-1957) da antropologia departamento e diretor interino de estudos africanos (1953, 1957) na Northwestern University , Evanston, Ill.
 
 
Depois de completar um período de serviço do governo na África Ocidental durante e imediatamente após a Segunda Guerra Mundial (1943-1946), Bascom tornou-se um estudioso de investigação Fulbright (1950-1951). Em 1957 foi feito a professor e diretor da Robert H. Lowie Museum da Universidade de Califórnia , Berkeley. Um especialista em Africano folclore , Bascom, em seu tratado sobre Ifa Adivinhação: Comunicação entre deuses e homens na África Ocidental (1969), esclareceu a Yoruba adivinhação sistema, que é transmitida oralmente pelos sacerdotes de Ifa para aprendizes. Outros escritos incluem Arte Africana (1967) e O Yoruba do sudoeste da Nigéria (1969).

(fonte - https://www.britannica.com/biography/William-R-Bascom)


Obras mais importantes

    "The Relationship of Yoruba Folklore to Divining," Journal of American Folklore (1943)
    The Sociological Role of the Yoruba Cult-Group (1944)
    Ponape: A Pacific Economy in Transition (1947)
    "Four Functions of Folklore," Journal of American Folklore (1954)
    "Urbanization Among the Yoruba," American Journal of Sociology (1955)
    "Verbal Art," Journal of American Folklore (1955)
    co-editor, with Melville J. Herskovits, Continuity and Change in African Culture (1959)
    "Folklore Research in Africa," Journal of American Folklore (1964)
    "The Forms of Folklore: Prose Narratives," Journal of American Folklore (1965)
    The Yoruba of Southwestern Nigeria (1969)
    Ifa Divination: Communication Between Gods and Men in West Africa (1969, recipient Pitrè International Folklore Prize)
    African Art in Cultural Perspective: An Introduction (1973)
    "Folklore, Verbal Art, and Culture," Journal of American Folklore (1973)
    editor, African Dilemma Tales (1975)
    editor, Frontiers of Folklore (1977)
    Sixteen Cowries: Yoruba Divination from Africa to the New World (1980)

sexta-feira, 9 de setembro de 2016

RITUAIS DO COTIDIANO E OS BRILHOS DAS FESTAS

Por Bàbá Erick Wolff de Oxalá

No meu entendimento, o ápice de uma iniciação, não está na festa nem no salão cheio de pessoas, ou, nas grandes roupas coloridas, cheias de brilhos, enfeites e joias... Sim, por que nem tudo é festa e pompa. A festa é apenas um detalhe que podemos ou não optar em ter, por que as festas sobrevêm os rituais iniciáticos, e se não foi completo no começo, não será no final que consertará...

Eu entendo que se o àse é movimentado pelas divindades, o ritual e iniciação pertence a estas mesmas divindades, e não é vergonha alguma para um sacerdote pedir orientação para as divindade, seja no jogo ou diretamente para alguma que esteja presente... Por que o òrìsà, detém o àse, e somente ele tem o poder de mudar algo ou intervir em seus rituais, e contamos com o seu apoio. Òrìsà sempre sabe o que faz, não se perde ou se confunde... Òrìsà não erra, nem muda de palavra.

Eu acredito que a magia começa quando acordamos cedo para colher ervas sagradas, alimentamos estas ervas e cantamos para as folhas que iremos trabalhar, momentos mágicos que transportam o DNA das divindades que iremos invocar, não esquecendo que os òrìsà que invocamos, cada um tem o seu àse em folha e devemos louvar cada um, por isso não basta apenas cantar para Ossanhe, mas lembrar de cantar para as divindades de cada folha colhida.

E no decorrer do dia, escolher o milho e por para torrar, assar batatas para os àse, cozinhas canjica, ou usar o pilão para moer feijão para o akaraje de Oya, ou, até mesmo canjica para o akassa de Osala.... E cada comida preparada tem uma finalidade e fundamento, que contamos aos iniciados através de lendas e contos que vamos lembrando e ensinando, conforme vamos trabalhando... Assim funciona uma casa tradicional de àse, por isso, não resumimos apenas numa festa, o que não foi feito durante os dias que antecedem.....

Após estes procedimentos preparatórios, no Yara-òrìsà (quarto de santo) que representa o órun, mundo espiritual dentro de um templo, para invocar as divindades, eu penso que é possível nos ajoelharmos diante dos igba-òrìsà (vasilhas) e falar em Português, Inglês, Japonês, Espanhol, Ioruba, ou qualquer idioma, que seja da sua origem, desde que seja sincero e verdadeiro... Desde que saiba o que está fazendo... Que òrìsà irá prestar atenção nos seus pedidos, suplicas e agradecimentos...

Claro que nada impede de um sacerdote fazer isso no idioma das divindades cultuadas... Desde que tenha um mínimo de introdução ao idioma, e possa ter uma base para tal, sem inventar palavras para impressionar as pessoas leigas, por isso, que eu ao recitar uma pequena frase no Ioruba eu repito em Português para que possam entender e partilhar deste àse.

Lembrando que Adura é uma oração ou reza, mas esta reza não é um Orin que é uma cantiga de roda, que os tamboreiros cantam e louvam durante os toques de òrìsà.

Para quem vivenciou estes momentos sagrados, entende a importância da preparação destes rituais, e seus momentos que antecedem, e que numa iniciação, uma divindade pode intervir e alinhar qualquer ritual que por ventura aconteça algo que não o complete... Somente as divindades possuem o poder de evitar erros ou danos para qualquer iniciado...

Por isso, eu conto sempre com o apoio das divindade em minha casa, e as  deixo tomar a frente, seja na minha defesa, ou na defesa dos meus filhos, afinal, se os rituais são feitos para eles e com eles, não precisamos temer nada.

Referente a "Festa", então no meu entendimento a festa não abrange tudo isso que relatei acima, e encher um salão é lindo e acho maravilhoso... Mas eu sinceramente, prefiro ficar nos rituais secretos pertencentes as divindades, que me sinto bem mais confortável e feliz.

"Òrìsà Aláàse Igbákejì Olódùmarè"
Orixá, o segundo com autoridade após Olôdumare!

terça-feira, 30 de agosto de 2016

COMPREENDENDO O EGÚNGÚN (VENERÁVEIS ANTEPASSADOS).

Omitonade
30/08/2016

 
FACEBOOK PROFILE - https://www.facebook.com/omitonade


 








1. Onde o  Egúngún vive?

Os Yoruba não têm um "céu" onde os mortos vagueiam e conversam uns com os outros, como no mito cristão. Tal lugar é completamente supersticioso.

A palavra ioruba "orun" não equivale ao céu, mas significa apenas o reino espiritual. Não é um "lugar", mas uma parte do duplo aspecto de um mundo que é uma união do físico e espiritual.

Quando uma pessoa morre, eles não vão a um "céu", mas o seu espírito vive através de você. Literalmente, vivem em seu sangue. Uma parte de seu espírito finalmente encontra um outro parente genético para reencarnar através através do sangue / DNA. Esta é a compreensão científica do Egúngún como o aspecto espiritual de seu DNA físico.

2. Como o  Egúngún nos ajudar?

Para os pensadores cristãos que estão à espera de um salvador espiritual, saiba que  Egúngún não o salvará. As pessoas vivas é que devem tomar suas ações.

O papel do Egúngún é apenas para nos ajudar a realizar os planos que concebemos.  Apenas os Egúngún (ancestrais reverenciados) podem fazer isso. Eles são diferenciados de um morto comum. Quando alguém se torna Egúngún, eles têm o poder para ajudá-lo de forma positiva através de seu culto.

No entanto, se você está venerando um morto comum que era indigno de ser Egúngún, você introduzirá negatividade em sua vida. Um morto comum indigno só quer continuar sua indignidade.

Europeus muitas vezes celebram qualquer morto (dignos ou indignos). Este é um dos motivos de provocarem estragos no mundo. Eles veneram estupradores como Thomas Jefferson, e depois não sabem por que a América viola o mundo.

Alguém mais supersticioso europeirizará o conceito crendo que a existência de um morto comum negativo significa que há um fantasma lá fora tentando capturá-lo, e talvez você precisa de um "feitiço" ou magia.

Na espiritualidade ioruba, tudo que você precisa fazer é venerar um forte, justo e poderoso  Egúngún e ele / ela será o seu guia protetor.

Um Egúngún não precisa vir de sua linhagem familiar consanguínea particular. No entanto, eles devem ser parte de sua própria raça. A  raça é simplesmente uma mega-família.

A rejeição dos africanos modernos de seu Egúngún, e o culto de um morto inútil, é um dos principais motivos que os negros estão em uma espiral descendente para a auto-destruição.

Vamos nos alimentar da força do Egúngún, e teremos toda a nutrição necessária para alcançar todas as nossas aspirações.



UNDERSTANDING THE  EGÚNGÚN (REVERED ANCESTORS).
Omitonade
30/08/2016

Publicado em:
https://www.facebook.com/omitonade/posts/1137805626299914

1. Where do the  Egúngún live?

The Yoruba do not have a "heaven" that the dead roam around in and chat to each other as in the Christian myth. Such a place is completely superstitious. The Yoruba word "orun" does not equate to heaven but just means the spiritual realm. It is not a "place" but a part of the dual aspect of the one world which is a union of the physical and spiritual.

In IFA: when a person dies, they don't go to a "heaven" but their spirit lives on thru you. They literally live in your blood. A part of their spirit eventually finds another genetic relative to reincarnate thru via the blood/DNA. This is the SCIENTIFIC understanding of the  Egúngún as the spiritual aspect of your physical DNA.

2. How do the  Egúngún help us?

For those of you Christianized thinkers waiting on a spook savior, you should know that the  Egúngún do not make plans to help you. It is the Living that must make the plans. The  Egúngún's role is only to help us carry out the plans we have devised. Only  Egúngún (revered ancestors) can do this; they are distinct from just Egun (ancestor, any dead person). When one becomes  Egúngún, they have the power to positively help you via your veneration of them.

However, if you are venerating an Egun who was unworthy of being  Egúngún, you will introduce negativity in your live. Such an unworthy Egun will only want to continue their unworthiness. Europoids often celebrate any egun (worthy or unworthy) and that is part of the reason they wreck havoc in the world. They venerate rapists like Thomas Jefferson and then wonder why America is addicted to raping the world.

Some of the more superstitious of you will Europeanize the concept and think that the existence of negative Egun means there is some ghost out there trying to capture you and maybe you need a "spell" or something foolish.

In IFA: Yoruba Scientific Spirituality, all you need to do is venerate a strong, just, and powerful  Egúngún and he/she will be your guide. An  Egúngún does not have to come from your actual bloodline's nuclear family. However, they must be a part of your race. A race is simply a mega-family.

The modern Africans' rejection of their  Egúngún and the embrace of worthless egun, is a major reason Blacks are in a downward spiral to self-destruction. Let us suck on the tit of the  Egúngún and we will have all the nourishment we need to achieve all our ambitions.


Transcrição, tradução e adaptação: Luiz L. Marins – www.luizlmarins.com.br
Prova da publicação:

quarta-feira, 17 de agosto de 2016

A CENSURA AOS NÃO INICIADOS, OU AOS INICIADOS EM UMA RELIGIÃO, MAS NÃO EM OUTRA.

Luiz L. Marins
17/08/2016


No ambiente virtual, no quesito “religiões afro-brasileiras”, via de regra, não se debate os ritos iniciáticos, nem as liturgias internas, que só cabem aos iniciados.

O que se debate são os conceitos abstratos, as filosofias religiosas, a teologia, a teogonia, a cosmogonia, a mitologia. 

Ninguém precisa ser iniciado em um segmento para falar sobre temas dentro desta pauta. O que se pede é que tenha algum conhecimento sobre eles.

Argumentar que uma pessoa não pode falar destes temas porque não é iniciado no segmento tal, é um ato de censura, de discriminação e de exclusão. Sugerir que alguém se inicie para poder falar, ainda é pior, porque usa da depreciação da pessoa, e falta de educação.

Assim, você caro leitor, se é iniciado em um segmento religioso, mas não é em outro; ou, se não é iniciado em nenhum, caso isto lhe ocorra dentro de um tema abstrato, não aceite. Usando da educação, refute com firmeza.

Este tipo de censura em temas puramente filosóficos não cabe nas mídias sociais.

Ire o!

terça-feira, 16 de agosto de 2016

ORI ENVIA ORUNMILA PARA ADO

Ejiogbe

ORI MANDA ORUNMILA PARA ADO!

[...] extrato







[...]





[...]

Ele disse: “Você Orunmila, você está aí? ”
Ele disse: “Eu estou aqui. ”
Ele disse: “Eu pensei que você fosse chamado: O pequeno que vive por sua sabedoria.”
Ele disse: “Você está aprendendo a ser um tolo”;
Ele disse: “Quando eu mandei você para Ado, ”
Ele disse: “O que você tinha? ”
Ele disse: “Você é aquele que eles estão cultuando em Ado até hoje”.


Fonte: Sixteen Cowries, William Bascom.


Transcrição, tradução e adaptação: Luiz L. Marins - www.luizlmarins.com.br

sexta-feira, 12 de agosto de 2016

ÒGÚN FESTIVAL 2011, ILÈ-OLUJI ONDO STATE

Por Erick Wolff d'Oxalá
12/08/2016

Publicamos o Vídeo do Festival de Ògún 2011, para ilustrar fatores interessantes, como o culto a Ògún com a presença de uma serpente, a presença da serpente no culto a Ògún foi preservada na diáspora, apenas no culto do Batuque do R.S., desde a sua fundação por volta de 1.800.
 
Outro fator interessante que os iniciados para Ògún na matriz carregam a cor vermelha,  que misturada com os ramos do Mariô, geram a cor verde e vermelho, que é a cor que Ògún carrega nos rituais do Batuque do R.S.
 
 
 
 
 
 

terça-feira, 9 de agosto de 2016

REENCARNAÇÃO IORUBA

Babalawo Osunniyi Olajide Ifatunmo
09/06/2016 




 








FACEBOOK
https://www.facebook.com/osunniyi 
 

A vida após a morte Yoruba consiste em reencarnação. No entanto, o que diferencia os conceitos africanos de reencarnação em relação ás versões indianas, é que os africanos explicam que você reencarna de seus antepassados, e em seus descendentes. 
 


A versão indiana é uma mentira trabalhada por arianos para enganar os índios negros, em acreditar que eles podem reencarnar em outras castas, então não há nenhuma razão para lutar contra as castas superiores, é só espero a reencarnação para ele na próxima vida. Isto é tudo mentira e propaganda.
A verdade (africana) é que você só pode reencarnar através de seu clã estendido à família descendentes. Ele não tem que ser o seu grande neto direto (que pode ser, por exemplo, o bisneto do seu segundo primo, por exemplo). Ele só tem que ter o suficiente do seu código de DNA para que você possa transferir seu espírito nele. Em teoria, você pode transferir para qualquer um que compartilhe o seu código de DNA grupo étnico. 


No entanto, a maioria das teorias genéticas de DNA é a manipulação racista da ciência. DNA não é apenas um código físico, mas uma chave que permite abrir portas na próxima reencarnação. Se você não tem a chave apropriada (DNA), você não pode abrir a fechadura de alguém que não compartilha a sua sequência de DNA. É por isso que muitos nomes iorubás apontam para a reencarnação de pessoas, mas sempre através da continuação da família. Nomes como Babatunde (pai voltou) refletem a noção Yoruba que a reencarnação é um assunto de família. 


É por isso que a veneração ancestral é importante em iorubá. Você não está apenas falando com pessoas mortas; você está lembrando e aprendendo com seu passado. Se você não aprender com seu passado (nesta vida e nas passadas), você vai repetir os erros. Esse é o propósito de veneração ancestral (egungun) em IFA. 


Além disso, reencarnação  Yoruba não acredita que, uma vez que você chegar "nirvana", você vai parar de reencarnar. Portanto, “não acredito que” será dessa maneira também. Ifa diz que todos nós reencarnaremos até que cada ser humano tenha atingido a iluminação. Somos uma espécie comunais.
Enquanto você não entender esta verdade sobre a reencarnação, você não vai somar os esforços para melhorar as condições de seu clã ou grupo étnico, porque acredita que vai escapar dele com a vida eterna no céu; ou se juntar a outro grupo étnico, na reencarnação. Mas, quando você retornar à Terra no mesmo grupo étnico oprimido, você se queixa, embora em sua vida anterior você não lutou para libertar o seu grupo étnico. 


Você deve compreender este ciclo. Embora a corrida Europeia finja ser cristã, eles entendem verdadeira reencarnação muito bem. É por isso que seus clãs estabelecem dinastias fortes e acumulam riquezas, não só para eles, mas para os próximos três gerações depois deles. Eles sabem que estão voltando e eles querem ser ricos, enquanto eles venderem a mentira, que você pode morrer e ir para a vida eterna no céu, para escapar deste ciclo. 


Ou seja: Negro, você não vai escapar de sua opressão com a vida eterna no céu, nem na reencarnação Indiana. Você vai continuar vindo para a Terra como uma pessoa negra e você está indo para continuar a lutar como negro até você começar a planejar para o progresso dos negros nas três gerações no futuro (que você tem prosperidade suficiente para que você pode cuidar do seu filhos, netos e bisnetos).  


Um verdadeiro devoto do egungun tem planos para a prosperidade das próximas dezesseis gerações. 

Transcrição, tradução e adaptação: Luiz L. Marins – www.luizlmarins.com.br  




PROVA DA PUBLICAÇÃO: 



 
https://www.facebook.com/osunniyi/posts/1056706467731378 
 


segunda-feira, 8 de agosto de 2016

DEBATE - FORMA E ESTRUTURA DA RELIGIÃO IORUBA

DEBATE NO FACEBOOK, NA PÁGINA DO AWO ADELONAN, SENDO NESTE EXTRATO, APENAS: 

a)    A postagem inicial do Awo Adelonan
b)    A resposta de ASA ORISA ALAAFIN OYO
POSTAGEM INICIAL DO AWO ADELONAN
05/06/2016

Uma sistematizaçāo acerca dos ultimos temas abordados na minha página sobre Egungun, Ifá e o orisa Logun-ede

As pessoas se equivocam muito nas diferenças relacionadas a Tradiçāo Iorubá, porque pensam a Iorubalândia (compreênde-se nāo somente o territorio Nigeriano) de forma una. O pensamento uno já é por si só excludente, colonialista, branco e judaico-cristāo.


Tivemos três longos bate papos (conversações) na minha página do faceboock sobre Egungun, Ifá-Orunmila e o enigmático orisa Logun-Ede, o mesmo trouxe uma disparidades de visões e conhecimentos.


Entâo deixa eu compartilhar algumas coisas com vocês:

- nada do que se refere a iorubalândia deve ser pensado de forma una;
- nāo compreenda tal cultura de forma pura, ela é profundamente hibrída;
- nāo pense em CULTO e sim em Cultos, em micros sistemas religiosos diferenciados e complexos;
- o povo de Oió (Ibadan) não cultuam Egungun conforme o povo de Ile Ifé;
- nas terras de Oió a supremacia do culto do orisa sobretudo de Sàngó é resguardada e isso garante o poder do Oba, do Ooni, do rei. Enquanto em Ilé Ifé todos os demais cultos estāo centrados e organizados em torno de Ifá - Orunmila.
- Há disparidades de formas de sacar odu no opele e de realizar amarraçāo dos ibos;
- em alguns territorios o oraculo de erindilogun tem uma supremacia e importância acima do oráculo de Orunmila, uma vez que para alguns todo oráculo é de Ifá;
- Alguns compreendem que nāo há iniciaçāo em Ifá e sim em Orunmila. Já outros entendem que há iniciaçāo em Ifá e este iniciado no caso o babalawo aglutina na sua formaçāo uma série de conteúdos acerca de todos os cultos iorubás;
- alguns orisas estāo restritos às regiāo de onde eles se originam, sendo que lá na iorubalândia eles nāo cultuam muitos orisas. Isso também é dispares porque tem regiões onde um clā, uma comunidade cultuam vários orisas.
- em algumas regiões deve iniciar primeiro para Ifá para saber o odu e este informar quais outros cultos o individuo deve iniciar (essa tendência prevalece no Brasil, inclusive na minha Egbe), em outras regiões as pessoas nāo possuem nenhuma relaçāo com Ifá e se iniciam direto e tāo somente no orisa, aprendendo tudo acerca dele.

Entre tantas outras disparidades e complexidades que poderiamos dizer aqui.


No que refere ao Candomblé qualquer leitura sobre ele que se propõe exclusivamente iorubá é pobre e desonesta, porque entorno do Candomblé se reuniu uma série de sistemas complexos de tradições africanas para além da tradiçāo iorubá.


A grosso modo cabe ainda dizer que podemos discutir quaisquer assunto porque tais discussões nos enriquecem, mas obsta saber que entre elas há diferenças e complexidades.


Só que na iorubalândia tais diferenças sāo resolvidas com a orientaçāo dos anciāos, por ser uma tradiçāo oral, a história guardada na memória dos velhos e trazida a tona é capaz de apagar qualquer fogaréu.


No Brasil temos um impasse: muitos sacerdotes tradicionais querem refutar o arcabouço de conhecimentos construidos e elaborados no Candomblé, isso NĀO pode acontecer - o Candomblé deve ser respeitado em seus sistemas e organizações.


O Logun-Ede do Candomblé vive 6 meses nas àguas com a māe e seis meses na terra com o pai. Há um psicologismo em torno dele que diz que a personalidade dos seus filhos sāo mais sensíveis e bipolares trazendo características ora do pai e ora da māe.Isso tem um pouco a ver sim com o Logun Ede africano que segundo alguns itans tem a capacidade de se transformar no que quiser. Eu nāo diria que as māes de santo antigas, que ainda estāo por aqui e/ou que já se foram estāo mentindo, estāo erradas. Elas tiveram um trabalhāo de sistematizar essas divindades em terras brasileiras.


Eu nāo diria que um Ojé da Ilha de Itaparica está mentindo quando diz que debaixo da roupa de baba egungun nāo tem ninguém, fora o comércio religioso e as problemáticas em torno disso que tem a ver com a história de cada um eu diria que quando os Ojes diz que nāo tem ninguém estāo se referindo a uma outra coisa que os olhares despojados de sentido nāo dá conta de acessar.


PORQUE É OBVIO que há alguém, é uma questāo que nāo carece de perguntar e nāo carece de resposta. Eu só digo: "tem mistério, tem mistério, já falei que tem mistério desse povo da Kalunga com o povo do cemitério", estāo para além da obviedade, bem isso.

 
Uma outra coisa é a questāo entre Obatala e Orunmila - digo: Obatala é o mais velho, os itans mostram que Olodumare o encarregou de uma suscinta missāo. Em torno de Obatala está contido o mistério da vida e da morte, da criatura e da sua constituiçāo. Orunmila tal como consta nos itans foi elevado a categoria de segundo depois de Olodumare, ele é o testemunho, ele foi o escolhido para manter todas as informações sobre todas as coisas guardadas.
 
Quando pensamos em Orunmila logo devemos associar ao CONHECIMENTO E A SABEDORIA SOBRE TODAS COISAS é neste lugar de importância que Orunmila está para todos os homens.
 
Se fossemos trazer aqui o arcabouço de conhecimentos reunidos na llha de Cuba, trariamos outras formas de compreender um sistema de crença tāo complexo que é o sistema religioso iorubá. E equivoca quem faz pouco caso dos conhecimentos reunidos na Regla de Ocha, na Santeria, no Lucumi, em si no Ifá Cubano, o mesmo é rico, denso e por demais interessante. Pela experiência de Cuba podemos chegar a conclusāo da multiplicidade de informações que nāo dominamos em hipótese alguma na sua totalidade. De antemāo eu aviso o preconceito e a intolerância é burro e nos atrasam absurdamente.
 
Bom é isso, eis a síntese que eu faço desses dias de conversações aqui no meu facebook. Eu só peço a todos irmāos(ās) das diversas tradições que respeite as DIFERENÇAS e que jamais partam do pressuposto de que o outro está totalmente errado, sendo que nenhum de nós está totalmente certo, porque o totalmente certo nāo existe. O que existe sāo práticas e saberes DiVERSOS.
Eu imploro a Ifá e a gbogbo Orisa que tornem a gente plenos de desejo fraternal, de irmandade e de celebraçāo.
Um abraço afetuoso em todos (as) vocês
Ifá gbee wa oo

Babalawo Ifayomi Adelonan Oje Eegunjobi Ayelabola
Dirigente da Ijo Ifá Agboniregun a ti Ile Ase Sango
Senador Canedo - Goiania - Go




RESPOSTA DE ASA ORISA
Asa Orisa Alaafin Oyo Estimado Ifayomi Adelonan, parabéns pelos seus textos, mas por favor existem algumas informacoes que estão fora da realidade e penso que a união do povo de orisa e para preservar o que resta de uma cultura maravilhosa e não passar informacoes fora da realidade.

Corretissimo, nada do que se refere a terra Yoruba deve ser pensado de forma unica, os cultos ao orisa são de facto micro sistemas religiosos diferenciados, o culto a Osun e diferente do culto de Sango, cada um e unico, mas devido a migracao dos grupos etnicos, os povos se misturaram e implementaram seus cultos noutras regioes, assim como o culto a egungun, osun, sango entre outros sao cultuados de forma identica nas diferentes regioes conhecidas como terra yoruba.

 
O culto a Egungun originou entre o povo de Oyo, tendo como sacerdote principal ALAPINNI, que faz parte de conselho de ministros do Alaafin, OYO MESI. Com a expansão do Imperio de Oyo, costumes, lingua, tecnologias, cultos, etc do povo de Oyo dominaram e expandiram em varias regioes conhecidas com terra Yoruba.
Se hoje visitar a terra Yoruba e visitar varias cidades vai sentir a influencia de Oyo em varios aspectos nao so religiosos, mas tambem politicos do sistema de Oyo. As estruturas dos reinados e os proprios palacios de cada região sao micro reinados de Oyo.
Alaafin, significa o dono do palacio, pois foi o 1 rei a construir um coumpound fechado com o conceito de palacio, hoje em dia em todo a a terra Yoruba os palacios e suas estrutura são uma replica de Oyo. (factos historicos)

Então o povo de Oyo não cultua Egungun diferente do povo de Ile Ifé. Depois e muito importante de salientar que o primeiro Alaafin, Oranyan e descendente direto de Odudua, fundou OYO Ile. Todos os netos de Odudua deixaram Ife e formaram seus proprios reinados, deixando o trono a responsabilidade de um dos servos conhecido como Oni.
E muito importante de salientar e entender que a estrutura politica e religiosa dos yorubas esta interligada e dependente do Rei (OBA). O reinado na terra Yoruba é uma introdução à religião do Òrìsà. O rei esta ligado ao Òrìsà. Nao existe rei se não existir Orisa, pois e Orisa que delega os poderes para reinar.
Cada cidade e seu rei estão ligados a um Orisa que da o poder de supremacia. Verdade quando diz que “ Oyo supremacia esta ligado ao culto do orisa sobretudo de Sàngó é resguardada e isso garante o poder do Oba”.
MAS, nem Ilé Ifé , nem noutra cidade na terra Yoruba, o poder de supremacia estão centrados e organizados em torno de Ifá - Orunmila.

1. Em ILE IFE o poder do OBA esta centrado em Obatala.
2. NAO existe um OBA na terra Yoruba que a sua coroa esteja centrada ou organizada em torno de Ifa-Orunmila.
3. TODOS OS OBAS ESTAO DEPENDENTES DE ORISA, e NAO DE IFA ORUNMILA.
4. Ifa e introduzido posteriormente na religião Yoruba, nao tem nada haver com a estrutura de reinado.
5. Não existe na terra Yoruba nenhum templo antigo de Ifa Orunmila associado ao rei e a cidade.

POR FAVOR sem ofender ninguem e muito importante se entender o conceito dos reinados para se entender a religião tradicional ao Orisa.
 
Nao se pode mudar os conceitos caso contrario acaba se com a essencia, muito importante de entender.
 
Assim como o cristianismo e o islão se fundiram na cultura Yoruba, o ifaismo tambem se fundiu, oriundo das terras Arabes. (fatos historicos)
 
O Oraculo erindilogun tem supremacia na terra Yoruba , pois esta ligado ao Orisa, posteriormente entra Ifa e acaba se fundindo e incorporando com a religiao local. Isto sao factos historicos e nao lendas.
 
Por favor nao vamos tapar o sol com a peneira e nao destruir mais a religião ao orisa, pois o povo de orisa foi muito perseguido pelo islão, cristianismo e agora pelo ifaismo.
 
A iniciacão a Ifa NAO aglutina na sua formaçāo uma série de conteúdos acerca de todos os cultos iorubás, mas sim ao culto a Ifa.
 
Repetindo suas palavras “ nada terra Yoruba deve ser pensado de forma unica, os cultos ao orisa sao de facto micro sistemas religiosos diferenciados.”
 
ISTO NAO E VERIDICO: “ em algumas regiões deve iniciar primeiro para Ifá para saber o odu e este informar quais outros cultos o individuo deve iniciar ….”
 
Todas as cidades na terra Yoruba estao ligadas ao Orisa e nao a Ifa. O sistema de Odu nasceu com Adaasa e nao Ifa.
 
Agradeco com carinho por poder participar.




Transcrição e adaptação de Luiz L. Marins, em 06/08/2016.
www.luizlmarins.com.br


PROVAS DAS PUBLICAÇÕES:


 







O debate completo pode ser encontrado aqui:
https://www.facebook.com/awoifayomi.adelonan/posts/1738974453052103

sábado, 6 de agosto de 2016

IKU BABA YEYE

Aláàfin of Òyó

038-240105, 240301 Ààfin Òyó

Òyó State, Nigeria.
     Our Ref.   CULT./ VOL./ 180/16    Your Ref.______Date 1 st August, 2016


FATOS HISTÓRICOS SOBRE Òrìsà e Ifá NA IORUBALÂNDIA


Tradução: Dra. Paula Gomes.


Um componente importante do sistema cultural Yoruba é a instituição tradicional de Obaship (realeza). Cada cidade Yoruba ou comunidade tem um Oba (Rei), como o chefe da cidade.

O Obaship (Reinado) na terra Yoruba é uma introdução no sistema religioso tradicional do Òrìsà, ligando o Oba ao Òrìsà "Oba Aláàse Igbákejì Òrìsà" (O rei é o segundo dotado de autoridade após Òrìsà). Este sistema é baseado em um conceito estrutural com base na delegação de autoridade do Supremo Criador, Olódùmarè, para Òrìsà seguido pelo Oba.

Os conselheiros sacerdotais eleitos para o Oba são títulos oficiais e antigos da instituição do palácio, sendo herança familiar e  estão relacionados com o Òrìsà. Estes conselheiros são designados como os dezesseis Sacerdotes Superiores (Awo Mérìndínlógún): Òndáàsà, Òsìndáàsà, Òtúndáàsà, Èkeèrindáàsà, Èkarúndáàsà, Èkefàdáàsà, Èkeèjedáàsà, Èkejodáàsà, Èkèsandáàsà, Èkèwàdáàsà, Èkokànládáàsà, Èkejìládáàsà, Èketàládáàsà, Èkerìnládáàsà, Èkèédógúndáàsà, Èkerìndínlógúndáàsà, que são responsáveis pela bem-estar da cidade e do Oba.

Nos tempos primordiais, estes conselheiros utilizavam em seu sistema de adivinhação conhecido como Àdáàsà, peças de marfim, nozes e sementes e mais tarde introduziram os búzios, conhecidos como  Owó-Eyo Éérìndínlógún (sistema de adivinhação dos 16 búzios), sendo usado até hoje.

Ao longo da evolução e migração, o sistema de adivinhação conhecido como Ifá, de origem árabe, utilizando a forma de desenhar marcas na  areia ou no pó da madeira, incorpora em suas histórias e sistema, vários contos, historias, estruturas religiosas e funções da Mitologia Yoruba do Òrìsà, como o ìtàn (mitos), músicas complexas, histórias e outros conceitos culturais, que compõem a raça iorubá.

IFA diz em "Òkànràn’wónrín",  um exemplo claro de inserção:

Èyí ni won fińpe òrúnmìlà ní akòkolókun                  
Omi yii ni òkun àti òsà                                                       
Òkè tí won dé sí yi ni wón pè ní                                        
Òkè àrà tí ifá dá                                                                  
Tí àwon mùsùlùmí ń pèní òkè àràfá                                
Sùgbon tí olújáyé jórun ní Ifè yí


“É por isso que eles costumam elogiar Orunmila como “akokolokun”
Dois rios são chamados de òkun e òsà
A colina onde eles andaram é chamada de
ÒKÈ ÀRÀ TÍ IFÁ DÁ
Os muçulmanos chamam de ÒKÈ ÀRÀFÁ
Mas eles passaram pela terra e pelo céu em Ifè"
                             
O novo sistema de adivinhação chamado Ifá entrou pela  cidade de Ota e chega ao Oba Alade, de Alado, o primeiro rei Yoruba a receber coroa de missangas do Aláàfin, e que introduziu Ifá ao Aláàfin. O sistema de adivinhação de Ifá foi aceito entre o panteão Yoruba dos Òrìsà  pelo Aláàfin Ofínràn no século dezesseis.

Até ao dia de hoje o Aláàfin contínua a manter  a tradição antiga do Òrìsà e o sistema de Àdáàsà (Owó-Eyo Éérìndínlógún), que foi herdado dos seus antepassados desde o início da criação.

sexta-feira, 22 de julho de 2016

OS VÁRIOS MITOS IORUBA DA CRIAÇÃO

 Luiz L. Marins
luizlmarins.wordpress.com
21/07/2016

Saudações.
Permita-me algumas considerações.

Não existe religião sem gênese, portanto, onde há uma gênese, ali há uma forma de religião.

Considerando que em uma cultura de tradição oral, geralmente, há mais de uma gênese, cada uma servindo a um grupo de seguidores locais, podemos afirmar que nesta cultura há mais de uma religião.

Não é diferente com os iorubas, entre os quais há mais de um mito da gênese, seja através de Oduduwa, de Obatala, de Orunmila e o recente mito de Akamara.

Todos são verdadeiros, cada um servindo a um determinado grupo/segmento/local da tradição oral, e é esta liberdade de culto e pensamento que garante a sobrevivência de culturas ágrafas.Os grupos locais convivem sem conflitos, cada qual com sua forma própria de culto.

Os conflitos surgem quando os mitos saem da tradição oral e passam a fazer parte da cultura gráfica. Neste momento, vários interesses surgem, e cada segmento quer fazer valer no papel a mais alta hierarquia dominante que não existia enquanto oralidade.

Ire o!

sexta-feira, 27 de maio de 2016

IGBÁ ORÍ

Por
Altair T’Ogun
http://www.altair.togun.nom.br/arquivo/cultura09.htm

É a nossa cabeça que devemos reverenciar não aquela tigela com alguns objetos que dizem, ser o Igbá Orí. Digo isso por que acredito assim. E algumas vezes, quando sou questionado por algumas pessoas que por “n” motivos, perguntam o quê fazer com seu “Igbá-Orí”.

Outros, preocupadíssimos porque seus zeladores não querem entregar ou que pior ainda, despacharam seus Igbá-Orí. Então, converso com elas dizendo isso que acredito. Grande parte delas se acalma e acaba concordando comigo. Não que Eu seja o dono da verdade, mas, há lógica em minha teoria. Mas, se não houver, é um bom assunto para ser pensado por todos.

Assim como, não é por ter escolhido um mau Orí que a pessoa tenha que viver na penúria a vida inteira. Ela poderá, através dos ebo reverter esse quadro, se não por completo, mas, em boa parte, pois ela estará resgatando parte da integridade do seu Orí.

Mas, também, não será somente através dos ebo que isso será alcançado. Elas também haverão que se esforçar com muito mais força de vontade ainda para superarem suas barreiras. Podem não alcançar o sucesso total, mas, poderão ter uma vida mais amena com algumas realizações e alegrias.

A iniciação na Religião Yorùbá significa o nascimento do Orí-inú dentro do culto aos Òrìsà. É uma maneira de demonstrar que a partir da iniciação aquela pessoa nasceu para a religião e para o sagrado com a confirmação do seu Orí-inú, que passará a ter representação física no àiyé.

Aí, é que começa a história do Igbá Orí (literalmente, cabaça da cabeça, pois os assentamentos eram feitos em cabaças – igbá, daí o nome ter virado sinônimo de assentamento de Òrìsà) a Cabaça do Orí.

Costuma-se fazer assentamentos com as mais variadas coisas para representar o Orí de uma pessoa. Esta variedade de coisas deve-se a que o Orí seja o que individualiza o ser humano. Como no caso das impressões digitais, ninguém tem Orí igual ao de outra pessoa, cada Orí é único e exclusivo daquela pessoa.

Então, faz-se o assentamento numa cabaça ou tigela, o mais comum entre nós, e esse assentamento é cultuado como Igbá – Orí, ou seja, a representação física do Orí-inú da pessoa. Tudo bem, este comportamento é usual e corrente. Mas, sem querer ser o único certo, longe de mim isso, eu não concordo com esse tipo de Igbá Orí. Porque eu penso que a melhor representação do nosso Orí-inú é o nosso Orí físico, ou seja, a nossa própria cabeça.

A nossa cabeça física é a materialização da nossa cabeça interior, acho eu. Qual o melhor objeto para representar o nosso Orí-inú, que não a nossa própria cabeça? É dentro dela que se instala a outra do òrun, por isso, chamado Orí-inú (cabeça interior), mas interior onde? Da cabeça física que também acho, tem o formato do igbá (cabaça).

Quando fazemos um eborí nós estamos cultuando esta cabeça interior. E onde nós fazemos os preceitos? Diretamente em nossa cabeça, pois é ali que mora o nosso Orí inú, e o nosso orí.

Igbá Ori, segundo a Tradição de Òrìsà, não leva òkúta e não deveria existir, pois não há lugar melhor para cultuar Orí Inú que sobre Orí Ode, porém ficou convencionado o uso dele. Quanto ao Igbá-Orí, quer dizer a bandeja onde guardamos o double, a representação material do Orí, este contém alguns itens de conhecimento restritos àqueles que tem o seu ori “assentado”.  Posso, porém assegurar que dentre estes itens jamais encontrarás um òkúta (Ota).

Àse
para todos!
Altair t’Ògún


Nota de Luiz L. Marins
A página de Altair Togun não está mais no ar devido seu passamento, mas pela importância que teve este sacerdote no contexto das religiões afro-brasileiras, julgamos oportuno salvar esta página sobre o tema que, com certeza, é o mais polêmico, de todos os temas polêmicos levantados por Altair. Mais sobre Altair Togun pode ser encontrado em:
A Reafricanização Filosófica de Altair Togun, in: www.luizlmarins.com.br/ artigos.
Altair Togun, in: “Ori, o blog que faz sua cabeça”, http://blog.ori.net.br/?p=683

DIÁSPORA E CULTURA TRADICIONAL


Luiz L. Marins
Maio 2016



Toda diáspora tem origem numa cultura tradicional que só existe em seu local de origem. Fora dele, tudo é diáspora, que pode ser colonial, ou contemporânea.

A diáspora recria e ressignifica a cultura tradicional de acordo com as origens e a realidade do local onde surge, e seja qual for, deve procurar manter-se alinhada com a matriz, tanto quanto possível, mantendo, porém, sua identidade diaspórica.

A diáspora colonial com o tempo sofra modificações litúrgicas e conceituais, muitas vezes contrárias à matriz, e por isto, deve, tem o direito de, tem obrigação de, tomando a matriz como referência.

Entretanto, este realinhamento não é algo simples. Realinhar não significa “ser” a matriz, e reintroduzir o que não veio, ou que se perdeu, não significa abandonar o que temos. Mas isto não é um processo simples, devido à resistência dos líderes da diáspora colonial, que não aceitam rever seus ensinamentos aculturados.

Por outro lado, a diáspora contemporânea possui um melhor alinhamento com a matriz. Ela não sofre a resistência dos mais velhos, algo comum na diáspora colonial, é geralmente aceita e contribui para indiretamente para o realinhamento da diáspora colonial. Porém, esta diáspora contemporânea também sofre resistências, não pelo conteúdo atualizado que traz, mas pelo comportamento inquisitivo dos seus sacerdotes.

Salvo exceções, via de regra, sacerdotes da diáspora contemporânea desprezam e discriminam a diáspora colonial, ainda que dela tenha vindo, usando da depreciação e do desprezo, por quererem ser os únicos a portarem o conhecimento da matriz, criticando as diásporas coloniais que buscam o realinhamento.

O comportamento de resistência dos líderes da diáspora colonial, somada ao comportamento inquisitivo dos líderes da diáspora contemporânea, levam as duas diásporas a uma situação de conflito interna e externamente.

O terceiro fator que dificulta o realinhamento das ambas as diásporas é a transformação e a ressignificação da própria matriz, que não é homogênea, possuindo várias sub matrizes.

Assim, o realinhamento da diáspora colonial necessita vir acompanhado do bom senso, conhecimento e sabedoria. Ele precisa ser feito, deve ser feito, tem o direito e a obrigação de fazer, mas, sem querer “ser” a matriz, sem que haja a perca da identidade.

Por outro lado, a manutenção da identidade diaspórica não se sustenta se for desalinhada com “as origens”, exceto pelo absolutismo e totalitarismo de seus líderes endurecidos.

Em ambos os casos, o realinhamento só será possível com a transformação da mente, e a boa vontade de ambos os lados.












TIKTOK ERICK WOLFF