Postado pelo Jornal Caxias
Em 4/6/1931, acessado em 30/08/2022 às 7:00hrs
Transcrevemos estes artigo que relata a perseguição e intolerância da policia e da população contra o Batuque, não ficou claro sobre a origem do babalorixá ao qual foi preso, mas se refere a um Waldemar dos Santos do Xangô, talvez seja o pai Waldemar.
"Caxias, como os grandes centros, conta também, no tocante á seitas, com adeptos de "Xangô", espécie de "Deus" no cérebro dos crentes da celeberrina "religião" de fazer "bem ao próximo", nossos irmãos em Christo.
A existência desses antros denominados "batuques", onde, á luz da liberdade profissional se praticam toda a sorte de mandingas, não é um caso isolado na vida de Caxias.
A pratica da magia "negra" na qual são usados o mais exóticos apetrechos, como "tambores", "xicaras", "panelas", "xabumbas", etc. é exercida em nossa cidade em vários recantos, não sendo, portanto, estranho o facto que vamos narrar ocorrido domingo ultimo.
Oxalá a nossa policia, que teve conhecimento, nesta cidade, de um templo de Xangô, extermine, de uma vez para todas, com essa "religião", trancafiando na cadeia os "santos", inclusive o próprio "Xangô".
Na semana finda, a convite do sr. João Lucena Junior ativo subintendente e subdelegado de policia, fomos ao prédio n 1543, da rua Pinheiro Machado a fim de apreciar um dos celebres "batuques'.
E um chalet de madeira, entramos. Fomos em seguida ao 2 andar. A um canto vimos um altar com imagens, algumas flores, copos com água e galhos de arruda e ou plantas. Xicaras, pratos, gamelas, etc. Em uma massa de cor estão pregadas penas brancas de ave. Todos esses objetos misturados com outras missangas, davam um aspecto de pavor! Velas acesas em redor das imagens.
A um lado uma taboa pintada de preto com 4 cruz nos cantos, além de outros signaes pertencentes a seita.
No outro quarto, havia uma cama onde dormia o batuqueiro. Ao lado uma mala de viagem com o letreiro Waldemar Bragatti. Dentro havia roupas de uso e embrulhos com marmelada sobre a parede pendurados viam-se galhos de plantas medicinais. Aquilo tudo dava um aspecto de verdadeiro "caça níquel".
Num quarto no andar térreo, estava um doente que nos disse ser condutor de auto em Porto Alegre, que se achava em tratamento médico com o homem dos "batuques".
Este é um senhor Waldemar dos Santos, gordo, presto, bem conversado e que devido a energia ação da policia foi metido no Xadrez para acabar com as suas feitiçarias.
Os vizinhos do prédio onde estava instalado o "batuque" ficaram satisfeitos por ter terminado o enorme barulho que ali faziam.
Felizmente que a nossa ativa e enérgica policia fez o homem ir barra a fora, visto aqui ninguém precisa dos seus "serviços"."
Fonte - http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=882216&pesq=batuque&pasta=ano%20193&hf=memoria.bn.br&pagfis=986