quarta-feira, 15 de dezembro de 2021

10 CURIOSIDADES SOBRE OLOSA ÁFRICA YORÙBÁ

Postado por yemoja_arike 

Em 09/12/2021, acessado em 15/12/2021 às 12:57



1- Olosa - Osara é Orisa ligada a água lagoas


2-Possui hierarquia com títulos sacerdotais próprios.

3 — A comida favorita é Ekuru, durante o festival anual é distribuído para a comunidade.

4-Seu instrumento característico: abanos que são espalmados para produzir som.

5-Seus devotos usam uma série de adornos diferenciados um dos mais característicos chama-se Agbon que ficam em seus pés e tornozelos e produzem um ritmo próprio.

6-Os devotos pedem todas as coisas para Orisa Osara, ela é muito conhecida por ser uma orisa ligada a fertilidade.

7- Osara e Olokun eram casadas com Oduduwa, teria tido o filho do matrimônio chamado Okanbi. Olokun ficou com muito ciúmes, pois ela não havia conseguido ter filhos.

Por conta da disputa de Osara e Olokun, elas apresentaram seus atributos.
Olokun era muito rica - levou todos os tipos de riquezas.

Osara colocou sementes de Agbon nos braços e nos pés, também deu 8 abanos para a família de Lakaro. Osara dizia Agbon ro e os seguidores respondiam ro.

Seguiram até o palácio do rei, dançando ao som dos abanos e encantou a todos. Enquanto dançavam os pertences de Olokun eram quebrados. Olokun se sentindo derrotada, deu um pano de Aso Oke para Osara, que os devotos usam até hoje amarrados na cintura.

Quando às duas fogem caem em água, Olokun Orisa do mar intercepta Olosa e a represa. ( fonte : Baba Ishola Batunde)

8-Homens e mulheres são iniciados em Osara e tem um culto bastante familiar.

9- Olosa - Osara não é Yemoja.

10-Osara/olosa é cultuada em varias regiões mas não é extremamente popular, Ooni ifé diz que a lagoa de lekki é interconectada com a fonte- lagoa em ile ifé, que o que acontecer em ifé refletira na lagoa de Lekki e vice-versa.

O nome - Olosa pode ser visto sendo usado para outras deidades ligadas as águas.

Beijos.
Existem outras Orisa ligadas a lagoas.
https://www.instagram.com/p/CXQ-W7Mt7qk/

5 CURIOSIDADES SOBRE ORISA OROLE ÁFRICA YORÙBÁ

Postado por yemoja_arike 
Em 15/11/2021, acessado em 15/12/2021 às 12:57


1 - Orole é um outro Orisa de Ikere, que da o nome de uma montanha vizinha a Olosunta.

2-Orole foi um guerreiro em vida, e diz a lenda local que durante a invasão do império de Oyo, Orole preparou uma armadilha : quando eles estavam em um local exato um montículo de terra começou a se elevar, e ficar alto e mais alto, todos os invasores ficaram suspensos na montanha e não conseguiram descer e assim Orele ajudou a defender Ikere.

3-A divindade Orole reside nas colinas. É creditado com proezas, tais como crianças para mulheres estéreis e a proteção contra a guerra. Também é responsável pelo bem-estar da cidade.

4-Alguns dizem que Orole e Olosunta eram irmãos gemeos, outros dizem que eram irmãos, outros dizem que eram apenas amigos.

5-Orole é conhecido como “Òrólè baba òkè” : Orole o pai das alturas, alguns dizem que o nome Orole - Oro ile significa a historia da terra.

Os Yorùbá tem Orisa que são tão regionais que pessoas de outras regiões podem nem mesmo conhecê-los. Muitos Orisa tem sua historia vinculadas a um territorio especifico.

beijos
Yemojagbemi Arike
https://www.instagram.com/p/CWTCVGbNvr6/

segunda-feira, 13 de dezembro de 2021

NO BATUQUE: PERDA/PRESERVAÇÃO DO CONHECIMENTO

Por Alexandre Custodio
Em 13/12/2021


O Batuque perdeu muito desde a passagem de sua primeira geração, com essas passagens, tanto idioma, conceitos e fundamentos foram corrompidos, tanto que muitos hoje falam de um “Batuque Original” que não é o que foi formatado pela primeira geração, embora, ainda coletemos informações importantes em alguns templos que preservaram, e em ótimos trabalhos de registros feitos por antropólogos e estudiosos, mesmo que alguns sacerdotes demonizem, esse conhecimento e esses registros escritos nos mostram que o Batuque que praticamos hoje possa não ser o mesmo da primeira geração, pois a ele foram adicionados conceitos e regras que os antigos não tinham, e retirados fundamento e preceitos muito caro aos mesmos, esses fragmentos comprovam as mudanças criadas, pelas gerações posteriores para ocupar esse vácuo de conhecimento, que não se empenharam em preservar.
Podemos ver que a preocupação com a perda, não nasceu agora, tentativas de disseminar o conhecimento independentemente dos resultados já aconteceram no século passado. E como podemos ver ainda hoje o sacerdote quer concentrar o poder em suas mãos, para assim exercer um certo domínio esse fato não mudou, conforme os extratos abaixo demonstram.
[...] Não será casual que o pai-de-santo Paulo Tadeu Ferreira justifique o seu livro (Fundamentos Religiosos da Nação dos Orixás – Nação de Cabinda) como uma forma de suprir aquele saber que os pais-de-santo por negligência, falta de conhecimento, egoísmo, e, até mesmo, em alguns casos, para que os futuros Babalorixá e Ialorixá fiquem na dependência religiosa de seu mestre de ensinamentos (Ferreira, 1983:13). [...]
[...] Se recusaram a dar, nada escreva sobre os eguns. Talvez tenha sido exatamente isso que levou Bastide (2001) a pensar que a “casa dos mortos” havia desaparecido em Porto Alegre, provavelmente em função, pensava ele, do “caráter mais proletário da religião, o que impede o sacerdote de comprar terreno suficientemente vasto para compreender mais de uma habitação” (Bastide, 2001: 79). [...]
Podemos acrescentar aqui também o depoimento colhido junto ao Mestre Borel que se colocava contra o sistema religioso em sua época mostrando estar descontente sobre como ocorriam os fatos.
[...] Há sempre alguma história sobre um chefe que tentou exceder essa fronteira, sendo então acusado de autoritário, explorador etc. O limite da autoridade, aqui como alhures, é a defecção. Existem inclusive aqueles que entendem que o problema da religião é sempre a hierarquia, e esses, mesmo prontos para serem pais-de-santo, preferem, no entanto, não ter casa nem filhos. Borel (tamboreiro) é um deles. Quanto a filhos de santo e casa de Religião aberta é taxativo: “eu nunca tive filho de santo. Eu não quero saber dessas coisas comigo. Sou meio cabuloso”. Na verdade, contrário à estrutura hierárquica das casas de Religião em torno do pai de santo com poderes absolutos (o que segundo ele seria uma deturpação da tradição africana), se nega a ter filhos e filhas de santo iniciados desta forma (Braga, 2003: 53). [...]
[...] Particularmente, não conheci nenhum chefe com “poderes absolutos”, mas esse depoimento, que pode também ser lido pelo seu inverso, atesta a enorme importância concedida à autonomia ritual. Borel, por outro lado, pôs no chão (apenas) duas pessoas, uma delas a sua cunhada e outra cujo vínculo desconhecemos, evitando, em ambos os casos, que se “criassem laços de parentesco ritual”, argumentando que “há muito malandragem nisso. Muitos pais e mães de santo estimulam os filhos a abrirem casas de Religião para aumentar os seus ganhos, pois, ao alastrarem a sua descendência, consequentemente multiplicam os lucros, já que cobram para realizar obrigações religiosas para eles. Uma de suas mães de santo procedia assim, por isso não a comunicou quando botou no chão aquelas duas pessoas. (Braga, 2003: 53). [...]
Esses fatos narrados acima corroboram também, o que é narrado onde os filhos levam suas obrigações para casa apenas para cuidar delas e se distanciarem da influência e domínio de seus sacerdotes, como pode ser visto nesse próximo extrato.
[...] A expressão “casa aberta” pode ser encontrada em outros contextos (Birman, 1985: 74). É muito difícil avaliar a quantidade de tais casas, mas é razoável supor que elas existem em um número significativo, sobretudo porque, ao que parece, não são incomuns essas situações em que um filho tem consigo os seus santos sem, contudo, interessar-se em ter filhos ou mesmo em atender clientes. [...]
Não podemos negar que muito do que se perdeu foi de forma proposital, já que os antigos muitas vezes de forma leviana optaram por esconder e não repassar todo o conhecimento que sabiam, perdemos assim parte importante do nosso legado, não podemos deixar de pontuar também a famosa alegada falta de “merecimento” por parte dos sacerdotes para a não passagem de todo o conhecimento, deixando claro que infelizmente alguns de nossos mais antigos, como os dos dias atuais, se acham donos do Batuque, mas mesmo assim os sacerdotes atuais que adotam esse comportamento, como os nossos antigos que o praticaram, não vão conseguir levar todo Batuque com eles em suas partidas. Infelizmente essas ações, abriram espaço para as inserções que vemos diuturnamente acontecer desde a passagem da primeira geração.
[...] Reginaldo Braga, destacava a presença desse tema entre os responsáveis pelos tambores rituais. O tamboreiro Carlinhos da Oxum disse ter aprendido vários lados com os mais antigos, recolhendo mais de 700 axés (cantos) ao longo de sua atividade como tamboreiro, mas não deixa que seus alunos tenham acesso completo a essa compilação ritual, aos quais, portanto, não ensina tudo aquilo que sabe. (Braga, 2003: 159). [...]
[...] Noto ainda que o número de tamboreiro que conhece os cantos dedicados aos orixás parece bem maior do que aqueles que conhecem os axés dos eguns. Nenhuma pessoa, veremos mais tarde, sabe tudo, precisamente porque há um lado do saber que nunca se fecha. (Braga, 2003: 159) [...]
Abaixo podemos ver os frutos gerados por essas ações o arrazoamento do culto, que o levou a mudar para uma forma mais comercial se distanciando da matriz e se aproximando do formato cristão, criando conceitos e deturpando conceitos existentes, que impedem o culto “doméstico” colocando o sacerdote no centro e tudo na sua dependência, subordinando os orixás aos mesmos como vemos nos dias de hoje.
[...] Serra (1995) ajudou a situá-lo em uma perspectiva comparativa mais ampla. Na religião iorubana, pode-se distinguir um culto doméstico de outro “sacerdotal” como constitutivos de tradições relativamente distintas. Embora na Bahia, por exemplo, a primeira tenha tido certo desenvolvimento, prevaleceu a segunda, propagada por organizações religiosas estruturadas em bases “conventuais”, como colégios místicos. Aliás, verificou-se em todo o Brasil a tendência para a desaparição do culto (“nagô”) doméstico ou sua absorção pelo “de sacerdócio” – absorção que em Laranjeiras se faria, quiçá, mediante interferência dos especialistas no rito “conventual” de implantação mais antiga (1995: 73). Acrescento que a etnografia haitiana fornece um testemunho adicional a respeito do mesmo fenômeno, pois lá, tanto quanto cá, a forma comunitária do culto parece ter predominado sobre a forma doméstica, embora, como aqui, os arranjos e passagens entre elas sejam também bastante complexos. [...]
Pelo lado bom podemos notar que embora não fossem letrados, os nossos mais velhos, não cometiam os erros que muitos sacerdotes atuais cometem, dizendo que as divindades são elementos da natureza ou atribuindo a elas características que não possuem.
[...] Assim, por exemplo, afirmava eloquentemente Pai Diamantino de Oxalá, chefe de uma casa Cabinda localizada na cidade de Pelotas. Então dizem: “vocês idolatram todos os deuses”. Nós dividimos deus em forma de natureza, em forma de orixá. Na verdade, é um deus só. Tu entendeste? Só que se eu quiser falar com deus em forma de Iansã, eu vejo o vento. Para mim, deus está no vento ‟(Kosby, 2009: 45). [...]
No extrato acima, podemos ver o alinhamento com a matriz na forma de pensar os orixás, se eu quiser tem acesso a Olodumare/Olorun posso fazer isso por Iansã, o vento é um dos elementos manipulados por ela, ela está no vento, e o vento não é ela, ela possui personificação.
Abaixo podemos notar a dinâmica diferente existente entre sacerdote e divindade, notadamente as divindades estavam a frente de seus templos e não apenas vinham afrente no nome do mesmo.
[...]É comum que o terreiro tenha como nome o do/dos Orixás principais do chefe. Mais ainda, uma resposta típica à pergunta porque uma pessoa abriu seu próprio terreiro é de que seu Orixá chefe assim o ordenou porque não podia subordinar-se ou continuar se subordinando a outros Orixás. (Brumana e Martínez, 1991: 153). [...]
As divindades ditavam as regras dizendo o que era permitido ou não no espaço consagrado a elas, suas decisões jamais seriam contestadas pois estavam sempre presentes e avaliando e reconhecendo as condutas dos seus devotos.
[...] Das quatro casas em que Corrêa (2006: 151) concentra mais a sua pesquisa de campo, duas introduzem algumas das primeiras complicações internas a essa classificação. Mãe Moça da Oxum e Mãe Ester da Iemanjá praticavam o chamado “Batuque puro”, embora a primeira tivesse em sua casa um Congá da Umbanda, religião em que atuara quando mais jovem, abandonando-a depois. Entretanto, algumas das integrantes do templo faziam ocasionalmente sessões de Umbanda. Por estes motivos, a visão dos acontecimentos [o autor se refere aqui ao ritual fúnebre chamado de Orissum], por parte da Mãe Moça, mostra, bem mais do que a outra, influência espírita-kardecista. No templo da segunda, também, havia muitas pessoas que frequentavam ou eram proprietárias de terreiros de Linha-Cruzada (o que inclui a Umbanda), cuja interpretação dos acontecimentos influenciava os outros, inclusive a chefe. A influência da Umbanda e sua visão kardecista, aliás, em grau maior ou menor, não é incomum nos praticantes do Batuque. É importante notar que Mãe Moça da Oxum teria se afastado da umbanda por conta de uma exigência feita pela própria Oxum, que, segundo consta, avisou que se a Indaiá (cabocla que Mãe Moça recebia pelo lado da umbanda) baixasse novamente, ela levaria o cavalo (mataria Mãe Moça) (Corrêa, 2002: 246). Foi então que esta mãe-de-santo entregou „a chefia da parte umbandista para uma filha-se-santo (2002: 246). [...]
[...] Marília Crosby, em sua etnografia sobre religiões de matriz africana em Pelotas, também se deparou com um caso (o único nesses termos) em que a terreira de Umbanda foi fechada porque o orixá do pai-de-santo, que é Bará, trancava as incorporações dos exus. Os filhos-de-santo desta casa, com a permissão do pai-de-santo, passaram a frequentar terreiras de Umbanda em outras casas. (Crosby, 2009: 77). [...]
[...]Em sua etnografia sobre as relações entre religião e política em três casas localizadas na cidade de Pelotas, Carla Ávila relata uma belíssima experiência pessoal. “Eu estava auxiliando Mãe Nara do Xapanã na limpeza do quarto de santo – local de maior energia de uma casa de religião, onde ficam os assentamentos dos orixás – e senti que estava correndo água sobre os meus pés, olho para o chão e percebo que está tudo seco. Continuo a ajudá-la a enfeitar com flores uma cortina de renda branca que cobria as obrigações e sinto novamente uma corrente de água em meus pés, como se eles estivessem molhados mesmo. Relato a sensação à Mãe Nara, ela sorri e diz que são os orixás das águas me saudando, no caso Oxum e Iemanjá ‟(Ávila, 2011: 18). [...]
Como também a constante busca pela orientação da divindade, que era ativa conclusão de rituais e serviços, colocando o tão apregoado merecimento hoje em dia de lado, e focando o peso na palavra do orixá, entendendo que resultado dependia da execução, mas também da leitura e entendimento da mensagem passada pela divindade por parte sacerdote.
[...] Chefes experientes e detentores de grande saber, como o Ayrton do Xangô, são unânimes em dizer que a cada dia adquirem conhecimentos novos: O búzio, diz ele, é o principal amansa-burro da gente, e a cada dia a gente aprende com ele. Uma vez eu estava patinando com um serviço e a coisa não ia, e então eu fui para o búzio. Sabe qual era o problema? Tinha que despachar (entregar ritualmente) o galo num monte de lixo! Eu não podia imaginar, mas o Xangô queria e pronto, foi bater e valer. (Corrêa, 2006: 88). [...]
Podemos notar que o Batuque, muitas vezes o Batuque possui uma visão inversa, as outras vertentes, uma conceituação mais próxima da matriz, vou colocar aqui nesse tópico extratos que comprovam o equívoco dos batuqueiros foram muitas vezes buscar em outras vertentes, explicações para suas práticas, criando conceitos totalmente avessos aos oriundos da matriz, bem como mudanças produzidas pelos próprios integrantes empobrecendo nossa cultura. Embaixo podemos ver o registro do tratamento dispensado a crianças conhecidas como abiku, como se procedia no Candomblé Ketu e como se procedia no Batuque.
[...]Note-se aqui uma significativa inflexão relativamente ao modo como os abiku, as “crianças nascidas para a morte”, são referidos na etnografia do candomblé, onde a sua iniciação devia justamente ser evitada, pois, caso passassem por ela, morreriam na hora. É que o rito tem por função estabelecer, se assim se pode dizer, a permeabilidade da cabeça às forças do além. Então nenhuma barreira deixaria de se opor aos chamamentos da confraria (dos abiku). Os ritos de iniciação incluem uma experiência de morte simbólica. Aquele a quem se subtrai cotidianamente à morte não deve, portanto, se expor jamais a ela. (Augras, 1994: 78). [...]
[...] No lugar de tais ritos, multiplicam-se, contudo, “as precauções mágicas para impedir essa criança de voltar a brincar com seus companheiros” (Augras, 1994: 77). [...]
[...] A iniciação, para Pai Luís, foi uma dessas “precauções mágicas”. Pai Darci era irmão-de-santo de Mãe Moça da Oxum, célebre mãe-de-santo de Porto Alegre, e a respeito de quem Norton Corrêa escreveu um belíssimo estudo (Corrêa, 2002). Mãe Moça, como destaca Corrêa, era também abiku, iniciando-se ainda criança. (Corrêa, 2002: 245). [...]
Podemos notar que o Batuques em seus ritos tem vários métodos de tratamento, para esses casos, desde seguranças, iniciações até rituais como a mesa de Ibeji. E as divindades que podem socorrer nesses momentos são as mais variadas, a destreza do sacerdote com seu oraculo significa muito nessas horas.
Nesse outro extrato poderemos ver que embora todos falem em tradição muitas mudanças são sim promovidas, para agradar as pessoas, deliberadamente, o toque do batuque nesse caso o xirê é mais lento e ritmado, como podemos ver nas gravações do mestre Borel.
[...]O mesmo dizia Alfredo do Xangô (também conhecido como Ecó) sobre sua casa: “No batuque eu já toco o outro lado, porque o pessoal está acostumado, mas a minha matança é Oyó, a feitura dos meus orixás e todo o procedimento é Oyó” (Braga, 2003: 144). [...]
Ele continua:
[...]Principalmente o pessoal do nosso lado, eles não estão tocando o nosso lado. Eles querem agradar o povo, pois a maioria das visitas que estão na casa deste povo de Oyó, não são Oyó, são o povo de Ijexá e povo de Cambina. A feitura até pode ser feita a do Ijexá, do Oyó, da Cambina, mas na festa o povo está usando a mistura dos três lados, o Ijexá, o Cambina e o Oyó, então eles não fazem um lado completo. [Para] encher o repertório, eles botam os três lados juntos e fica um batuque enorme, é um três em um ‟(Braga, 2003: 130). [...]
Mesmo com tudo isso devemos agradecer o que recebemos, também nos preocupar mais com o que vamos deixar, pois o Batuque resistiu a tudo e vai continuar resistindo, respeitando a oralidade, mas lembrando que não vivemos mais em um mundo agrafo. O registro é sim importante e o conhecimento deve ser pulverizado pelo bem do Batuque e não concentrado para a felicidade de poucos. Se existem donos no Batuque são as divindades, nós somos apenas a ponte que hoje vai ligar o passado ao futuro.

Origem:


CALENDÁRIO IORUBA 2022

Por Erick Wolff
Em 13/12/2121

Este é o Calendário de 2022, observem que os dias da semana são divididos em 4, e os meses também começam e acabam alternando, diferente do calendário gregoriano ao qual o ocidente se baseia.  

Enviado por Paula Gomes em 06/12/2021


Obs* No Brasil na tradição do batuque ocorre algo semelhante, onde alguns orixás se repetem durante a semana. Veja o exemplo:

Segunda-feira Bara, Ogum Avagã e Ossanhe
Terça-feira Oya e Xangô
Quarta
-feira Oba, Xapanã e Oxalá novo
Quinta
-feira Ogum
Sexta-feira Yemanjã, Bara ijelu, Otim e Odé
Sábado Oxum podendo acrescentar todas as divindades femininas
Domingo Oxalá velho podendo acrescentar Nanã

Fonte - Dias da semana do Batuque
TADEU, Paulo. Os fundamentos Religiosos da Nação dos Orixás, 2 Edição, 1994, editora Toki.

domingo, 12 de dezembro de 2021

BATUQUE FUNDAMENTAL II

Por Alexandre Custodio

Postado em 12/12/2021




Seguindo com os temas corriqueiros do cotidiano dos batuqueiros, sempre tendo o cuidado de não entrar nos fundamentos, pois esses devem ser recebidos no templo através dos sacerdotes devidamente preparados para isso.

TEMA QUATRO: RITUALISTICA
O Batuque como liturgia, possui uma série de procedimentos que ocorrem durante a vida religiosa de seus seguidores, esses procedimentos têm por função iniciar e fortalecer o culto a pessoa(ori) e as divindades(orixás), essa caminhada litúrgica termina com o orissum o rito de desligamento e preparação deste iniciado para sua volta ao orun. Cada rito pelo qual o iniciado passa, o torna mais apto a interagir com o axé e lhe permite participar de alguns outros rituais de forma segura. É comum no Batuque durante os rituais as divindades ligadas ao templo se manifestarem em seus iniciados, participarem ajudando nas atividades que circundam aquele ritual, por exemplo no serão, O sacerdote pode confirmar com os orixás estando esses no mundo durante os rituais, se tudo que está sendo feito é o necessário e está de acordo com o desejo dos mesmos. Antes de cada ritual, dependendo, prepara-se o ecomi azedo frenteia e sacraliza para a rua, orixás responsáveis pela segurança do templo, bem como são feitos seguranças especificas para a proteção do templo durantes essas funções. Os ritos seguem para o quarto de santo, lá já se encontram os ecomi doce e azedo e as frentes dos devidos orixás que irão comer no ritual, deve-se oferendar a Bará, também orixá do sacerdote, para a realização satisfatória, a partir daí segue a sequência dos rituais.

Lavar a Cabeça
Primeiro passo do rito do Batuque, pois é através do qual a pessoa se prepara para passar por um outro rito maior do templo, esse rito pode ser feito dentro ou fora dos templos, sendo feito fora geralmente são feitos em praias de água doces ou salgadas. quando um religioso vai migrar de uma família para outra ele repete esse ritual para se desligar do sacerdote anterior.

Omiero (Omièrọ)
Depois de jogada e confirmada nos búzios a cabeça e as passagens do filho, é feito o omiero, que é um ritual realizado com ervas específicas de cada orixá, maceradas na água onde o Babalorixá lava a cabeça do filho que fará a obrigação enquanto entoa a orins do orixá da pessoa e da Bandeira (Orixá no qual o Babalorixá é iniciado). Tem de ser levado em conta as folhas usadas pois dependendo da categoria das folhas, se nesta água tiver ervas quentes ou elementos quentes, não será mais omiero, e sim omiaxé (omiàṣẹ).

Omiero Coberto
Segue o mesmo padrão do omiero, mas nele é acrescentado eje(ejè) a mistura. É o costume cortar uma ave para consagrar o omiero.
N.E. No Batuque existem muitas famílias que não separam os ritos de ori e orixá, já ouvi muito sobre o fato, vou tratar aqui como ritos separados alimentar ori e alimentar orixá abaixo uma fala sobre o tema.
[...] O que eu quero comer você não quer comer, devemos comer separados, ou um de nós ficará com fome. (Provérbio Iorubá) [..]
Essa fala destaca a importância de separarmos os rituais, pois ori e orixá podem desejar coisas diferentes para seus rituais como oferendas desde comidas secas até animais a serem sacralizados, pois ori é tão ou mais importante que orixá, dado que na própria sequência dos ritos do próprio Batuque, nas casas onde os rituais ocorrem em separado, como vamos ver a seguir orixá começa a comer muito tempo depois de ori, somente na iniciação do religioso a sua divindade regente. Vou deixar o link do trabalho de registro feito pelo Rudinei Oliveira Borba.
[...] O Batuque não realiza mais o culto de Orí, perdeu o conceito e o rito. O que faz hoje no Batuque não é um bori ao orí, mas um reforço de Òrìsà para a cabeça. Com exceção de alguns poucos mais antigos. [...]
Bom esse tema gera muito debate, mesmo a alguns entendam que cortar na cabeça para o orixá esteja alimentando ori, esses sacerdotes estão considerando apenas a cabeça física, considerando apenas o ato de sacralizar na cabeça como alimentar ori, ignorando parte espiritual a noção de pessoa, tornando o bori deste modo um ritual de orixá, passam assim a consagrar a cremeira (ile ori) e seus elemento que deveriam pertencer do Ori, representação espiritual da pessoa, mais um assentamento de orixá.

Ibin (Igbin)
Em algumas situações o sacerdote pode sacralizar Ibi (caracóis) na cabeça de iniciados, podendo ser usado tanto para ori quanto para orixá.

Oribibo (Orì bi bó)
O Oribibo é a obrigação realizada com um casal de pombos, brancos pois é cor de ori, visto que se trata de um reforço ou até mesmo um axé de saúde, grosso modo a tradução de oribibo seria cobrir(proteger) a cabeça.
Nesse ritual frenteia-se um orixá essa decisão diz respeito ao sacerdote, são colocados os ecomi doce e azedo, acendem velas no quarto de santo, colhem e maceram as ervas, para preparar o omiero, em um reservatório colocam uma quartinha nesse reservatório para imantar, o sacerdote começa a executar os procedimentos para o iniciado lavado a cabeça, jogado a cabeça, é separado parte deste o omiero para banhar o corpo, depois do balho é passado a limpeza, consecutivamente tem a cabeça lavada.
Seguindo com o rito segue a marcação da pessoa, marca-se com banha de ori, no meio da cabeça, nas fontes, no pescoço, na nuca, na palma das mãos, nas costas das mãos, no peito dos pés e na sola dos pés. Retiram a quartinha e na guia do omiero e elas também são marcadas. Em frente aos assentamentos do quarto de santo, acende-se uma vela ao lado da pessoa que é colocada sentada de frente para o quarto de santo.
Apresentam os pombos e então sacraliza-se os animais na cabeça da pessoa, marcando a pessoa e os utensílios acima citados enquanto são entoadas as orins durante todo o processo, faz se a coroa de penas ao redor do eleda (Eléèdá) da pessoa. Apresenta-se o pano de cabeça da pessoa aos orixás no quarto de santo pedindo licença aos mesmos e depois apresenta-se pano as demais pessoas no templo ali presentes. O padrinho ou madrinha amarra a trunfa no seu futuro afilhado, o sacerdote junto com padrinho levanta a pessoa. A pessoa deverá bater cabeça no quarto de santo para seu sacerdote para seu padrinho ou madrinha.
Não tendo mais pessoas inicia-se o recolhimento, após encerrado o prazo de recolhimento de 24 horas da pessoa, vem a levantação. Durante um período de resguardo que pode variar 7 (sete) ou 8 (oito) dias proteger a cabeça do sol, da chuva e do sereno. O oribibo não permite muita participação nos demais ritos religiosos.

Bori
O Bori é a primeira obrigação propriamente dita onde é alimentado tudo que representamos no orun, a cabeça espiritual. Na obrigação do bori são consagrados alguns objetos que formam a representação de ori aqui no Aye, apesar de muitas famílias incluir orixá nesse ritual esse não é o correto segundo a matriz, bori e iniciação em orixá, são dois ritos distintos, como poderemos ver abaixo mesmo no bori feito para orixá no Batuque, na manteigueira não vão elementos do orixá, pois como já falei antes é uma representação espiritual da pessoa, sem ligação com o orixá:
• Manteigueira de vidro ou porcelana.
• 01 moeda antiga.
• 08 búzios .
• 01 quartinha (espécie de jarro de barro com tampa) ao natural ou pintada na cor branca.
Estes objetos são colocados dentro de uma vasilha, juntamente com as guias e recebem o ejè/axorô dos animais sacrificados, vasilha esta que fica no colo do filho que está sendo borido, enquanto este fica sentado no chão. O sacerdote faz as marcações no corpo do filho da mesma forma que foi feita no aribibó, Na continuação da obrigação de bori conservam-se as mesmas etapas do oribibo.
Porém no bori há uma testemunha a quem chamamos de padrinho ou madrinha de cabeça, devendo-se total respeito ao padrinho, que deverá ser alguém com feitura, filho-de-santo pronto, pois é o padrinho ou madrinha que deverá ser procurado caso o afilhado necessite de orientação e o Babalorixá estiver impossibilitado de auxiliar o filho-de-santo.
Terminada as etapas da matança o borido é auxiliado a trocar de roupa e deita-se no chão mantendo-se o mais próximo de sua obrigação. Os animais sacrificados vão para a cozinha, onde são preparados, separadas as partes que serão colocadas no quarto de santo, o restante do corpo das aves serão preparadas as refeições para alimentar o povo que permanecerá no Ilê durante o período de obrigação.
A reclusão do filho de santo que está sendo borido varia de 03 a 07 dias. Durante este período o borido reduz ao máximo suas atividades e movimentos, permanecendo a maior parte do tempo deitado ao chão. Após o término do período de reclusão levanta-se a obrigação e monta-se o bori: Faz-se uma cama de algodão dentro da manteigueira e põe-se a moeda ao centro rodeada pelos búzios.
Cobre-se com bastante banha de ori. Agora o filho-de-santo tem o bori (a manteigueira com os búzios, dna, moeda e a quartinha cheia d'água), que ficará guardado no Quarto-de-Santo do templo, numa prateleira coberto por cortinas, juntamente com os boris dos demais filhos.
O bori é considerado a representação de tudo que a pessoa é no orun, portanto exige certos cuidados, não deve ser mexido, a quartinha deve estar sempre com água e deve ser reforçado de tempos em tempos com nova obrigação.
Existem alguns tipos de Bori na liturgia do Batuque, em cada um dos ritos abaixo os elementos que representam ori citados acima, e que compõem o ile ori passam junto com o religioso pelo ritual novamente.

Bori de Aves
Ritual no qual são sacrificados além dos pombos, galos ou galinhas pedidos por ori. É recomendável que o religioso, que passará pelo rito, já tenha passado pelo oribibo. O Bori de aves é mais um degrau galgado pelo religioso em sua caminhada até o aprontamento.

Bori de Meio Quatro-Pé
É recomendável que o religioso, que passará pelo rito, já tenha passado pelo bori de aves, também pode ser feito como reforço, até para os que já são filhos prontos. Nesse rito são sacralizadas aves que são consideradas meios quatro pés, ou seja, aves consideradas superiores a galos e galinhas. Exemplo galinhas d’angola, perus, patos, marrecos etc. ou outras aves requisitadas por Ori no jogo.

Bori de Quatro-Pés
Como podemos ver no Batuque as obrigações vão crescendo, é recomendável que o religioso, que passará pelo rito, já tenha passado pelo menos por bori de aves, nessa obrigação são sacralizadas aves, e o animal de quatro pés da escolha de ori.

Assentamento de Orixá/Iniciação
Ocasião em se individualiza as divindades do iniciado e/ou se faz a iniciação no Orixá de Cabeça, imantando os elementos do assentamento de cada orixá axé de suas oferendas, criando assim ponto de acesso a divindade respectiva.
Fazem parte do assentamento:
• Okuta(pedra) ou vulto para algumas divindades.
• Delegum, guia com vários fios de contas que variam em número e cor de acordo com o axé do Orixá, quando o assentamento for do orixá de cabeça.
• Imperial, guia do jogo, algumas famílias colocam junto, quando o assentamento for do orixá de cabeça, pois entendem que é o responsável pelo jogo já que ele é o comandante do Irunmole, essa guia posteriormente irá passar também pelo ritual de Oromilaia.
• Ferramentas.
• Facas de iniciação e serviço, nas respectivas divindades.
• Quartinha (espécie de jarro de barro com tampa) pintada nas cores do Orixá.
• Búzios, se for o orixá de cabeça é além dos búzios referentes a conta do orixá, são colocados a mais os búzios referentes ao jogo 08 é o tradicional, mas também podem ser colocados 16 em algumas famílias, pode variar algumas famílias não colocam os búzios referente ao jogo para comer junto com o Orixá de cabeça.
• Vasilhames recipientes que irão comportar o assentamento.
Nessa ocasião são sacralizados os animais da divindade aves e 4pés, se for feito sem a inclusão dos animais de 4pés é chamado de encostar o Orixá.
Terminada as etapas da sacralização o iniciado é auxiliado a trocar de roupa e deita-se no chão mantendo-se o mais próximo de sua obrigação. Os animais sacrificados vão para a cozinha, onde são preparadas as inhelas (partes extremas e vitais das aves, fritas em óleo, algumas tradições fritam tudo outras apenas algumas partes) que serão servidas aos orixás e com o restante do corpo das aves serão preparadas as refeições para alimentar o povo que permanecerá no Ilê durante o período de obrigação, ou então serem servidas durante a noite de Batuque.
A reclusão do filho de santo que está sendo borido varia de 07 a 30 dias podendo ser mais em algumas casas. Durante período em que o orixá está comendo o iniciado fica recolhido, reduz ao máximo suas atividades e movimentos, permanecendo a maior parte do tempo deitado ao chão. Recebe visitas dos seus irmãos de santo, familiares e amigos de outros templos. Após o término do período de reclusão, os toques levanta-se a obrigação e monta-se os assentamentos, que ficaram guardado no Quarto-de-Santo do templo junto do ile ori (Bori) deste religioso, numa prateleira coberto por cortinas formando o Irunmole do mesmo, ou aguardando o assentamento das demais divindades para a formação.
N.E. Vou acrescentar aqui algumas informações sobre os costumes do antigos que não dividiam eje e não assentavam todos os orixás de uma vez, podendo muitos deles assentarem esses com aves primeiro antes de completarem com 4 pés. Seguindo praticamente a mesma sequência descrita no bori.
[...] Conforme o costume da época sentava-se somente 3 ou 4 orixás principais do sacerdote, e com estes orixás abriam casa, ficando a vida toda somente com estes sem necessidade de assentar de Bara a Oxalá. Ele informa que na tradição Oyo do Batuque, o orixá de rua, quando pega cabeça, ele passa a ser cultuado dentro de casa. [...]
[...]que antigamente, primeiro assentava o Bara, para ele abrir os caminhos, a maioria dos baba antigos, não tinham todos os orixás, hoje é moda de Bara a oxalá. [...]
[...] Naquela época, era costume não dividir "quatro pés" e não se dava "carona", isto é, não sentava outros orixás com o mesmo quatro pé, nem deitava filhos com o mesmo quatro pé. Era também costume "encostar" orixá com ave, angola ou marreco, e era costume também usar pato para "encostar" o orixá. [...]

Oromilaia
Ritual pelo qual passam os iniciados que já tem seu orixá de cabeça assentado, para ter acesso ao oráculo, são sacralizadas as aves para o ritual (galinhas uma preta e uma branca), com as quais os participantes do ritual são marcados pelo sacerdote nos olhos, boca, ouvidos e mãos sob o ala, bem como os búzios e imperial, tem famílias que procedem diferente, depois da sacralização essas aves são preparadas dentro do fundamento do Batuque e servidas aos participantes, os mesmos envoltos em pano branco se deitam até a manhã seguinte quando são levantados.

Entrega de axés
A entrega destes axés ocorre no início ou após o término do xirê da terminação, geralmente no sábado posterior ao Batuque em que ocorre o Kassum. Quando for entregue os objetos que compõe o jogo de búzios e as facas, deverão ser colocados em uma bandeja e se fará o ritual de entrega. O padrinho ou madrinha testemunham a obrigação. A partir daí o iniciado(filho-de-santo), é considerado pronto, isto é, tem sua obrigação completa com o assentamento de todos os Orixás pertencentes ao Irunmole, alguns orixás são assentados somente quando a pessoa abre seu templo. Depende agora de seu conhecimento, desenvolvimento de aptidões, e com o consentimento de seu orixá e de seu Babalorixá ou Yalorixá (Pai e Mãe de Santo), poderá ter seu próprio Ilê (Casa de Santo).

Ritual da Obrigação do Peixe
São sacrificados aos orixás peixes vivos, logo pela manhã cedo, os peixes variam de acordo com os Orixás que vão receber a obrigação, e a sua quantidade varia muito de acordo com o axé de número do mesmo. Os orixás de frente recebem pintado como obrigação e os orixás de praia recebem jundiá. Nos Quartos-de-santo são sacrificados ao menos um peixe para cada orixá e a eles são destinados: a cabeça, a cauda, as barbatanas e um pouco de axorô (ejè/sangue). Os peixes sacrificados, são servidos, com pirão, no almoço e devem ser consumidos, pelos filhos que estão de obrigação e pelos que estão na casa, pois o ebó de peixe simboliza fartura e prosperidade. E uma quantidade maior de peixes, é preparada frita, para serem servidos ao povo que comparecer ao batuque de encerramento ou no toque do Peixe, toque realizado na noite do corte do peixe, porém com duração mais curta quando serão consumidos o ebó do peixe e peixes fritos, além das comidas dos Orixás.

A Festa do Batuque
Após cumpridas as obrigações, também quando encerrado o levantamento, são feitos os toques ao sons do tambores, ages e agogos, para os orixás conhecidos como xirês, que tornaram a Nação conhecida como o Batuque. O sacerdote, ajoelhado em frente ao quarto de santo, juntamente com todos seus filhos e demais convidados, toca-se a sineta (Adjarin), fazendo a chamada de todos os Orixás, de Bará a Oxalá com suas saudações específicas, pedindo-se aos Orixás, as coisas que a eles competem. Terminada a invocação, o sacerdote, autoriza o tamboreiro/alabe os toques, que correm, na ordem de Bará a Oxalá respeitando a sequência de cada tradição. Todos que estão na roda, gira dançam com as características de cada Orixá aos quais estão sendo tocado as orins.

Balança
Se a obrigação que originou a festa teve o corte de quatro-pés, deverá ser realizada dentro das rezas para Xangô, a obrigação da balança em homenagem, a Xangô, e por conter o axé de todos os Orixás em harmonia. Há um intervalo na movimentação da roda e os presentes, inclusive os Orixás afastam-se do centro do salão, deixando espaço para a gira da roda da balança. Nesta hora, participam só os já prontos colocados lado a lado, formando uma gira uma roda de mãos dadas, dançam ao ritmo dos tambores que vão indo gradualmente aumentando de intensidade. É quando ocorre o maior número de ocupações. Ao terminar a balança os Orixás cumprem o fundamento: vão ao Quarto-de-santo, depois até a porta da rua para cumprimentar os Orixás da rua e depois dançam ao som do Alujás de Xangô.

Aforiba
Já o Aforiba, é o momento em que o orixá Ogum e Iansã estejam presentes demonstram a passagem em que Iansã embebeda Ogum para fugir com Xangô. O sacerdote convida um Ogum e uma Iansã para fazerem o Aforiba, então colocam-se no centro do salão duas garrafas contendo atã (Aforiba) e as armas inerentes a estes Orixás (espadas). Iansã pega as garrafas e oferece a Ogum que logo se embriaga, mas logo em seguida Ogum volta a si e vai atrás de Iansã empunhando a sua espada. Os dois digladiam, mas Iansã consegue acalmar Ogum e os dois reconciliam-se e assim voltam a dançar juntos. Tendo um Xangô no mundo poderá vir a fazer parte do Aforiba. Xangô vem em defesa de Iansã e com seu machado de dois gumes entra na luta com Ogum. Aí então, Iansã acalma os dois Orixás (que por natureza, não se dão bem, fato criado aqui no Brasil pois na matriz não existe essa informação).
N.E. Esse ritual praticado pelos orixás dentro do Batuque é representação de um mito, que em momento algum influenciará os filhos de Ogun, Iansã, ou Xangô causando dependência de bebidas alcoólicas.

Ecó
Terminado as orins de Xapanã é hora da Saída do Ecó, que nada mais é do que o despacho do ecomi de azedo e doce, marcando o término das orins dos orixás de mato e o início das orins dos orixás de praia. A saída do ecó simboliza a saída de toda a negatividade que existe no ambiente e nas pessoas presentes, prepara o ambiente para os orins dos Orixás mais velhos, que tem um toque mais brando, enquanto sai o ecó, os alabês continuam puxando os orins, só que agora puxam os orins dos orixás da rua (Bará Lodê, Ogum Avagã e Iansã Timboá), não há movimento da roda e a assistência evita olhar para o que está acontecendo, virando para a parede. Diz a crença que quem olhar a saída do ecó atrai para si a negatividade ali contida.

Roda de Ibeji
No Batuque de Quatro-pés há a roda de Ibejis, no Jejê-Ijexá ela acontece durante os orins de Oxum. É o momento em que as crianças participam da obrigação e as mulheres que pretendem a maternidade ou que estão grávidas fazem os seus pedidos e agradecimentos. Os orixás, principalmente Oxum e Xangô, distribuem aos que estão na roda e assistindo, as frutas e os doces que estão no quarto de santo.

Axé dos Presentes
Acontece no final do Batuque, os Orixás seus bolos, comidas enquanto os presentes os saúdam. Depois os bolos são servidos aos convidados e o excedente é distribuído juntamente com as oferendas. É tradição, também, os convidados ofertarem presentes ao Orixá do sacerdote, por ocasião de seu aniversário de aprontamento. Os presentes mais comuns são perfumes, flores, doces, e outros utensílios que podem ser usados no dia a dia do templo.

Axé dos Perfumes
Acontece no final do Batuque, o sacerdote, pega os perfumes no quarto de santo, e com as Iyabas no mundo, distribui entre elas que dançam e perfumam os presentes no salão, distribuindo o seu axé enquanto são entoadas suas orins.

Alá de Oxalá
Pertence aos orins do Oxalá o axé do Alá. Em determinado momento, os filhos de santo com estatura mais elevada suspendem ao alto um grande Pano branco (Alá). Enquanto a gira e os orins continuam, todos passam por baixo do Pano branco (Alá), pedindo ao Orixá funfun, ou seja, o orixá do branco a paz, saúde, fartura, prosperidade e a proteção.

Axêros
Conforme o Batuque vai se desenrolando, os Orixás “chegam” e “sobem”, e vão embora. Os orixás são suspendidos, normalmente, pelos “filhos de santo”, mais antigos e experientes do Ilê (Casa de Santo), porém eles ficam em “axêre” ou “axêro”, estado intermediário entre a ocupação do Orixá e do médium propriamente dito.

Mesa de Ibeji
A obrigação da Mesa de Ibeji é feita no Batuque de Encerramento e nas ocasiões em que o sacerdote, ache necessárias. É realizada a tarde ou no início da noite e antecede o Batuque de Encerramento. Dela participam crianças de zero a doze anos, além de mulheres grávidas, ou que queiram engravidar. São cantados orins de Xangô e Oxum (que representam os Ibeji) e dos orixás velhos. A Mesa de Ibeji é riquíssima de detalhes e constitui uma obrigação religiosa com muito axé e beleza.
Ao agradar e reverenciar aos orixás crianças, que simbolizam pureza, paz e prosperidade, procuramos alcançar a solução para algumas necessidades específicas que só podem ser atingidas através de suas ações.
Uma grande toalha branca é colocada ao chão e nela colocam-se frutas, Amalá, flores, uma quartinha, brinquedinhos, bolo, doces e refrigerantes. As crianças sentam-se ao redor da toalha, as menores acompanhadas por um adulto. Servem-se para as crianças: primeiramente canja de galinha, depois os doces e refrigerante. Depois são lavadas e enxugadas as mãos das crianças.
Terminadas estas etapas as crianças são levantadas da mesa por pessoas adultas ou por Orixás que tenham chegado e conduzidos a formarem uma roda ao som de orins de Xangô. Encerrada a Mesa, os Orixás que chegaram recolhem os itens que ainda restam na mesa e levam até o quarto de santo. Os brinquedos são distribuídos entre as crianças que participaram.

Encerramento
É o toque que encerra as atividades públicas daquela obrigação, tem uma proporção um pouco menor do que o primeiro toque, pois é antecedido pelos toques da confirmação e do peixe, quando são imoladas somente aves aos Orixás. A cor dos axós é preferencialmente o branco, pois esse toque pode acontecer depois da Mesa de Ibejis. É nesta noite que serão dados os axés para os filhos prontos caso necessário. Seguido do toque, no dia posterior há a levantação da obrigação.

Levantação
Terminada o período em que a obrigação deve ficar arriada, há a levantação, termo que se refere ao ato de levantar as vasilhas contendo as obrigações de corte que estavam arriadas, limpá-las e guardá-las nas prateleiras dentro do quarto de santo. Mantendo um costume desde o tempo início do batuque, as obrigações são guardadas e ocultas por cortinas que geralmente tem a sua frente velas, castiçais, comidas de santo, flores e outros objetos sagrados pertencentes aos Orixás.

Passeio
O término da obrigação para os filhos de santo que estão em reclusão é o passeio no dia posterior a Levantação. Pela manhã, o Babalorixá ou Yalorixá os leva até a porta da frente do Ilê e apresenta-os à rua (aos Orixás da Rua), liberando-os para saírem fora dos limites do Ilê. Vão até o centro visitar lugares de grande significado: o mercado público (onde compram velas, grãos, ervas, cereais etc.). Em seguida, vão visitar algum Ilê(casa), de um conhecido onde batem cabeça cumprimentando os Orixás do Ilê(casa), e lá depositam parte das compras feitas no mercado. De volta ao Ilê(casa), batem-se a cabeça no quarto de santo e arriam-se o restante das compras feitas. Cumprimentam o Babalorixá ou Yalorixá (Pai e Mãe de Santo), agora na nova condição de filho de santo.

Quinzenas
As obrigações das quinzenas, são obrigações que duram normalmente dois ou três dias em que é feito a matança e os toques. Geralmente, um número não muito grande de pessoas fazem parte desta, que estão associadas a alguma data especial ou a obrigação de bori de filhos de santo do Ilê(casa) quando não existe assentamento de divindades. Começa com os toques das orins, onde as comidas de santo são oferendadas aos Orixás, e as comidas servidas a todos, como: canjas, canjicas brancas e amarelas, os Amalá. Sendo uma obrigação menor, exige-se um mínimo de aves a serem sacrificadas. As carnes das aves são consumidas e ofertadas nos intervalos do toque e dos pontos dos atabaques, servindo enfaroados e as canjas, comidas que por tradição são ofertadas às pessoas que comparecem ao ebó.
Exitem ainda as “quinzenas secas”, quando não se sacrificam animais.

Orisun
Com passagem do religioso tudo que foi feito deve ser desfeito, os ritos fúnebres são praticados preparando a volta do mesmo para o orun, posteriormente a isso as obrigações que o mesmo possuir são desfeitas e os orixás devolvidos a natureza, se o mesmo tiver casa aberta, era costume antigamente jogar para ver se a rua iria ser devolvida a natureza ou não. Temos conto do Deodé que narra esse fato.
N.E. Conto com a colaboração de todos para aperfeiçoar e enriquecer essa postagem, e ainda apontar algo que tenha sido ignorado por mim. Todas as informações pertinentes serão acrescidas ao texto.

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