quinta-feira, 9 de junho de 2011

Chief Aikulola Fawehinmi e o Òkúta no Ilé-Orí

Por Erick Wolff8
São Paulo 09/06/2011


Outro dia chegou até as minhas mãos uma conversa entre o escritor Luiz L. Marins e o Chief Aikulola Fawehinmi, que por sinal de um conteúdo ímpar, por isso fiz questão de registrar este conteúdo para que todos tenham acesso.

Chief Aikulola Fawehinmi possui conhecimento básico da língua portuguesa e espanhol, por isso tenho certeza que será mais adequado publicar o e-mail.
  • Luiz L. Marins - 20-02-2011
    No puedo escribir en español, así que me perdone porque yo estoy usando un traductor digital.
    Mi nombre es Luiz L. Marins y empecé en el rito de Orisanla Batuque, una especie de estado de la religión afro-brasileño de Rio Grande do Sul, Brasil. Candomblé no es, por cierto, es muy diferente.
    En primer lugar, gracias por su artículo sobre las diferencias de religión tradicional Yoruba, y les pido su paciencia y su amabilidad de responder a dos preguntas que son sin duda muy grande en Brasil.
    1) En la tierra de Yoruba, todos deben haber comenzado en adoxu orisha o iniciaciones no están utilizando adoxu orisha?
    2) Ile Ori en Yoruba, ha piedra?
    Estoy muy agradecido si usted puede contestar,
    Muy àse y la salud.
    Luiz L. Marins
    http://luizmarins.wordpress.com/afro

O escritor Luiz L. Marins, pertence a Nação Batuque e foi iniciado para Òòsàálá segundo a tradição Afrosul. E desejando abrir um contato com o
Chief Aikulola Fawehinmi, enviou este e-mail com alguns pontos que estamos estudando na Revista Olórun.

  • Gbawoniyi Awo of Osogboland - 20-02-2011
    hola luiz.  no hay problema.  tal vez puedes escribir en portugues por que tambien entiendo un poco o bastante, dependiendo del nivel del profundidad del portugues.
    la primera pregunta que hiciste no la entendi muy bien.  y por eso no la contesto.  pero si lo escribes en portugues la podre entender.
    para la segunda pregunta....no, ile ori en tierra yoruba no lleva piedra.  es mas, los fundamentos de cada orisa aveces son totalmente diferentes para nosotros.  hay muchas deidades para nosotros que no tienen piedras como parte de su fundamento.  puedo mencionar algunos que no llevan piedra para nosotros de la tradicion orisa de africa occidental:  egungun, orisanla, orisa aje, ori, yemoo, mole, elegbaa hecho de barro, ifa, osoosi, aganju, olokun, osanyin, etc.

Muito interessante ver que segundo a tradição Yorùbá, as divinidades citadas são diferentes da cultuadas na maioria das casas aquí no Brasil.



  • Luiz - Àse Awo, - 20-02-2011
    Muito obrigado por responder.
    No ritual do batuque não se costuma fazer adoxu, nem raspar os cabelos.
    No batuque, o Ile-Ori também não leva ota, mas algumas nações do candomblé estão fazendo ile-ori com ota, a maioria afirma que é tradição iorubá.
    Se desejar conhecer um pouco do batuque (que não é candomblé), por favor, veja aqui:
    http://www.xapana.com.br
    http://www.oxum.com.br
    As suas informações são importantes, e se pudesse escrever algo sobre estas questões, poderíamos publicar em nossa revista virtual, aqui > http://www.olorun.com.br  ... respeitando os seus direitos autorais.
    Ilera !
    No aguardo,

Segue a reposta do Chief Aikulola Fawehinmi;
  • ola.  estou interessado em conhecer mais sobre o batuque só pra ter um melhor entendiment
    Mas na tradicao orisa de africa ocidental e preciso fazer a iniciacao de idosu para se consagrar em orisanla.  somente alguns sacerdotes de alto rango nao tem que fazer porque pertenecem a certas casas onde tem o ase do orisa no seu corpo por heranca.  para estas pessoas se faz uma cerimonia de instalacao de xefe com titulo para faze-los o sacerdotes principais.  mas para o resto do mundo, precisam idosu.
Na conversa eles falavam sobre iniciação, contando com o fator de que algumas  nações não chegam a  raspar e não dão Adósù, segundo o Chief Aikulola Fawehinmi, todo Elégún necessita levar Adósù para que seja consagrado. Porem ele mesmo afirma que alguns sacerdotes não precisam serem Adósù, claro aqueles que não passam pelo transe, e vai além, para aqueles que tenha uma ligação direta com a divindade também não precisa, ou seja, a regra é para os Ocidentais que por sua vez eles consideram sem ligação alguma com o Òrìsà, sendo que a mesma não se estende a todos africanos.

  • e certo que ile ori nao tem pedra.

Ao perguntar sobre o Ilé-Orí na Tradição Yorùbá,  se deveria ou não conter Òkúta, ele foi muito claro, que não tem e que não faz parte do mesmo.

  • mas nao por isso vai pensar que o "iba ori" do brasil e igual ao ile ori de nos de orisa da nigeria.  sao bastante diferentes tambem.  se e pedra que poem dentro do "iba ori" no brasil, isso nao que cuestao de nos.  e uma das praticas do brasil que nao pertenece a nos, mas se respeita.

Claro que ele foi gentil ao afirmar que o
Òkúta é um costume brasileiro e que em momento algum tem ligação com a Tradição Yorùbá, desvinculando assim o ritual deles com o nosso, tipo – Se querem por, põe, mas não diga que isso tem origem com a África, que não tem...-   É importante que os que estão sendo iniciados saibam que o que está sendo feito, pode ser feito, porem não faz parte da tradição Yorùbá.

Achar alguma coisa qualquer um pode, inventar fundamentos e ou reinventar tradições qualquer um pode, porem responder pela cultura e a tradição Yorùbá, poucos podem, o  Chief Aikulola Fawehinmi, é um deles que possui autoridade e voz para fazer, por isso achei interessante e necessário postar este material para que todas tenham conhecimento da riqueza que chegou à minhas mãos.

Erick Wolff8 - Bàbálòrìsà de Òsàálá, dirigente da Ilé-ọba Óbokún Àṣẹ Nàgó'Kọbi, fundada em 05 de junho de 1990.
Chief Aikulola Fawehinmi, Gbawoniyi Awo of Osogbo
Yoruba priest of West African Orisa Tradition
Ijo Asaforitifa Community of Orisa, Ile Oloosa Mokanla
www.gbawoniyi.com

 
Miami cell 1-786-709-3343
New York cell 1-347-419-0427
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   (GLO) 011-234-70-5802-3833
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Spain cell 011-34-673-987-727
International Association for Orisa Tradition and Culture (Orisa World Congress)...member and supporter!
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http://www.gbawoniyi.com/
 
youtube:
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terça-feira, 7 de junho de 2011

Família tradicional Afro-Brasileira

Erick Wolff8
São Paulo 07/06/2011

No que se baseia a “Tradicional Família Afro-brasileira” há mais ou menos uns 200 anos houve um start na população brasileira, que fez prosperar a cultura Africana, miscigenando cultos, costumes e tradições, num país que estava à procura da sua identidade, numa terra que agregava povos e costumes diferentes.  Mesmo com todas as tendências a favor do Cristianismo houve um apontamento para o culto aos Òrìsà, mesmo com toda perseguição e discriminação sobreviveu, dando origem à Tradicional Família Afro-brasileira.


O que realmente fez com que houvesse a formação de uma Família?
Para muitos a resposta seria um pai uma mãe e filhos, no entanto para à Tradicional Família Afro-brasileira, o alicerce está fundamentada no culto, logo a divindade do sacerdote ou sacerdotisa é o eixo que movimenta toda a tradição e conceito religioso familiar. Uma divindade no centro desta comunidade que determina os costumes e tradições, fazendo com que todas as divindades sigam as determinações do Òrìsà principal, claro que podemos observar que cada templo é regido por um único ser divino, este mesmo que pode comandar através da manifestação ou apenas pelo jogo sagrado usado para comunicação das divindades.

Observando a estrutura religiosa Afro-brasileira podemos encontrar o reflexo claro da Cultura Tradicional Yorùbá, onde existe um Deus no centro e ao redor algumas divindades vinculadas ao culto. A atual cultura Yorùbá afirma que Olórun é o centro deste universo, no entanto não apresenta um culto ou Igbá (recinto sagrado necessário para render culto), ele está presentes em alguns Orín, Ìtan ou Oríkì, mas não existe manifestação e ou posição religiosa definida para esta divindade, na verdade os Yorùbá afirmam que ele jamais poderá ser cultuado pela sua força e pelo seu poder, justificando assim a ausência de uma divindade sem culto. Este mesmo ser divino em alguns momentos é citado em determinados Ìtan pedindo auxilio a alguma divindade, onde os Yorùbá explicam que o Criador pode solicitar ajuda de alguma criatura, demonstrando assim o poder e manipulação das energias unindo forças do Criado e Criaturas, demonstrando uma divindade que não detém todos os poderes e solicita ajuda dos seres criados por ele mesmo. (fonte - Omo Awo: Ilésire Òsàlásínà Olóbàtálá)

Analisando esta cultura podemos notar que aqui no Brasil a estruturação formou-se muito parecida com a situação das aldeias africanas, que por sua vez possuem uma divindade principal e algumas divindades agregadas ao culto, claro que para a nossa realidade foi estabelecido que houvesse uma sequencia ordenada entre as divindades originarias dos territórios Africanos, vinculadas assim com as nações originais, criando a estrutura das nações Afro-brasileiras, tais como citadas na revista on line Olórun, num texto que assinei - O Brasil e a diversidade religiosa Afro-brasileira (página 19)-, já que diferente da África onde eles já nascem pertencendo à divindade da aldeia, aqui no Brasil há a necessidade de determinar a divindade a qual o indivíduo será iniciado, claro que longe das referencias Africanas, foi necessário que o sacerdote adquirisse conhecimento de várias divindades além da divindade regente daquele templo.


Nesta formação Olórun ainda divide a importância com o dono do templo, tal como podemos notar como era nas aldeias africanas, mesmo assim temos uma divindade Feminina ou Masculina sendo cultuada como o centro do Universo daquela família, logo ao lado das demais divindades pertencentes a aquele culto, seguindo os padrões das diversas nações religiosas existentes no Brasil. E o culto deveria ser observado como o Òrìsà no centro do templo e os demais ao redor, mas atualmente observamos uma sutil inversão de valores religiosos e políticos, ou melhor, notamos que algumas vezes a divindade fica de fora e dá lugar para o sacerdote(isa) que como dirigente daquele templo possui muito mais poder administrativo do que a própria divindade regente, talvez porque longe da sua terra foi determinado que as divindades não deveriam falar, ou seja, se restringiriam a dar a sua vontade através do jogo sagrado ou pouco interferiria na administração do sacerdote e sua família, que muitas vezes é deixado de lado para respeitar à vontade do administrador (sacerdote).

A inversão de valores talvez tenha se dado pela dificuldade das divindades se comunicarem abertamente com os iniciados e mais velhos do templo, mesmo assim esta família religiosa possui seus meios de comunicação com as divindades, que por sua vez se faz pelos Erês (uma entidade de origem Angoleira, que traduz a vontade do Òrìsà, possui Igbá e ferramentas, além de festas e homenagens – Fonte Matâmoryde), Aseros (uma divindade cultuada junto com o Òrìsà que se manifesta somente depois da manifestação do mesmo, muito parecida com o Erê, porem não possui Igbá ou ferramentas) ou porta-vozes das divindades. Em contrapartida podemos notar que algumas vertentes religiosas se adaptaram muito bem para a necessidade brasileira, uma delas foi liberar a voz do Òrìsà dos Oyè (membros mais velhos da religião), que por sua vez depois de muitos anos de manifestação, passam por processos de confirmação, com apenas alguns presentes que observam aquela divindade se sujeitando a determinadas provas as quais um ser humano não passaria, por mais que o ser humano tenha estômago forte, seria difícil ele poder passar por aquilo. Dando origem a um Tabu muito comentado na cultura Afrosul que determina que os cavalos de Òrìsà não devam saber que seu Òrìsà manifesta, evitando assim que o Elégùn tenha, a saber, que um dia passou ou passara pelas provas. Criando a proibição do Elégùn jamais saber que seu Òrìsà manifesta.


Este Tabu ainda existe entre o povo Afrosul e determina a existência de um costume antigo de uma Família, diferente das demais famílias Afro-Brasileiras (Ketu, Angola, Djedje, Fon e Umbanda) que geralmente registram a feitura e festas dos Òrìsà e seus iniciados. Então se temos tanta diferença entre cada “Nação” o que nos faz sermos uma única Família cultuando divindades e costumes diferentes? É justamente esta diferença que nos faz ser uma única família, lutamos pela cultura africana e pelos costumes dos nossos antepassados e familiares, unindo o passado (nossos ancestrais), o presente (nós) e o futuro (nossos descendes), por isso lidando com a diversidade religiosa e cultural podemos entender que formamos uma única família.


Agora o que esperar da Tradicional Família Afro-Brasileira?
Ao olhar para dentro do culto afro-brasileiro seja qualquer vertente que possa referenciar, eu me deparo com o mesmo problema, mas qual receita está errada, qual formula se perdeu que segredo ficou para traz?  Esta pergunta eu me faço sempre, ao perceber que se muda o personagem, mas a situação é a mesma, os problemas são sempre os mesmos, fazendo com que seja a religião que sempre perca ao final.

Se o sacerdote não possui valores seus filhos não terão valores, da mesma forma que um Àse se passa, os valores são passados pelos pais, noções e conceitos são agregados a estes valores, que diversas vezes não são somados a formação do filho, principalmente quando o iniciado já vem criado e com valores adquiridos por famílias que não pertence à cultura afro-brasileira, tornando-se mais difícil a criação do individuo que irá bloquear qualquer informação que venha e vá de encontro com os seus conceitos, dificultando assim a devida criação do iniciado.

Pois então aí temos um grande problema sobre valer do poder do sacerdote para impor noções e conceitos ao recém-iniciado?
Força um indivíduo a aprender sob a imposição hierárquica?
São questões discutíveis para a maioria dos não iniciados e recém-iniciados, que geralmente soam como agressão e ditadura mental, mas isso seria mais fácil se o iniciado se entregasse  à criação religiosa sem lutar contra, se ele soubesse que seu aprendizado seria importantíssimo para a preparação de  um bom sacerdotes, isso para aqueles que possuem caminho do sacerdócio.

Claro que o sacerdote tem uma culpa grande neste problema, pois nem todos necessitam de iniciação, a maioria poderia ser tratado com um Ebo ou Ìbo, tratando desta forma sua energia. Seria o correto porem nem sempre é assim, criando uma família grande e desordenada que refletira mais tarde em criadouros de Elégùn despreparados iniciados por sacerdotes incapazes.

Por isso que a Família Tradicional Afro-brasileira, deve rever valores e conceitos, e as escolas,  templos e sacerdotes (isas) devem procurar rever seus conceitos e noções, para que possam entender que ao iniciar um individuo ele estará mexendo com toda a energia, presente e  futuro daquele ser, da mesma forma que ele terá que usar do seu passado para movimentar o seu Eu, por isso que me preocupo demais com os membros da nossa cultura, para que possam ter o máximo de conceito e noção do que são para poder fortificar a cultura Tradicional Afro-brasileira.


Erick Wolff8 - Bàbálòrìsà de Òsàálá, dirigente da Ilé-ọba Óbokún Àṣẹ Nàgó'Kọbi, fundada em 05 de junho de 1990.

Zarcel Carnielli - Omo Awo: Ilésire Òsàlásínà Olóbàtálá do Ilé Esin àbòrìsà Àsà Yorùbá. Cel para contato 6448-9094.

Tata Matâmoride - Eduardo Brasil – Colaborador, iniciado na Angola, em 23/7/76, pelas mãos de Edson Ribeiro Mandarino (Kaobakessi).
Presidente eleito do Fórum de Sacerdotes de Matriz Afro Brasileira - FOESP, www.portaldocadomble.pro.br Diretor Presidente
Conselheiro do COMPAZ da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, Conselheiro do Fórum Intereligioso da Secretaria de Estado da Justiça de SP, Presidente eleito do Indrab - Instituto Nacional de Defesa da Matriz Afro-brasileira

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Noção de pessoa segundo a cultura afro-brasileira

Erick Wolff8
São Paulo 2011


Primeiro passo seria definir noção de pessoa segundo a cultura Afro-brasileira, para quem não sabe do que eu estou falando, simplesmente a noção de pessoa poderia ser definida por três perguntas;

De onde eu vim?
Quem eu sou?
Para onde eu vou?

Ao ler as matérias publicadas por Luiz L. Marins, na revista on line Olorun (www.olorun.com.br), ao qual eu sou editor, eu começo a perceber quais são as três respostas, ao pensar quem eu sou de onde eu vim e para onde eu vou. Baseado na minha cultura eu tento entender a base da minha estrutura religiosa, nos princípios da minha própria religião, para que eu possa definir corretamente o que cultuo e o que eu pretendo trabalhar espiritualmente.

Na simplicidade do nosso culto, o primeiro passo é darmos um Ìborí, claro que quando cito o Ìbo eu me refiro ao culto Yorúbà, o que não quer dizer que as demais culturas (Bantu, Fon e Jeje) são obrigadas a seguir este ritual, sendo que não faz parte da sua liturgia e ritualística. Porem baseado na minha cultura o primeiro passo seria cuidar da Orí, mas o que seria esta Orí, que para os
Yorúbà significa destino ou caminho, como poderia caminhar para frente sem definir qual estrada pegaria? Este mesmo Ìbo pode e deve ser renovado sempre que for solicitado, sem que seja preciso renovar a feitura do Òrìsà, que por sua vez posso considerar que os dois sejam distintos e separados, sendo que os dois partilham da cabeça do iniciado.

A grande dificuldade do Ocidental é entender que esta Orí ao qual cultuamos no Ìbo, não é uma Orí (cabeça) física, ela foi determinada ser chamada assim pelos
Yorúbà, quem sabe para exprimir nosso intelecto ou caminhos aos quais deveremos seguir. Segundo a cultura Yorúbà, nós deveremos ir até a casa de Àjàlá (o oleiro das Orí) e pegar uma Orí, depois seguir até Olorun que ouvirá nossos votos e comprometimentos para a nova vida, que por sua vez teremos apenas Òrùnmílá como testemunha. Fico imaginando há uns 20 anos atrás a população religiosa recebendo está informação, de que nós pegamos uma Orí e vamos à frente de Olorun, isso deve ter gerado uma confusão tremenda e um novo conceito de mulas sem cabeça, onde andaríamos no Òrun sem cabeça (Quem sabe seja por isso que deu-se o inicio à confusão entre o Bara do corpo, afinal os sacerdotes não devem ter entendido que a Orí não era física (espiritual), e deram um elemento para que fosse buscar esta Orí, o que não justifica assim a existência do Bara do corpo, citado pelo livro "Os Nago e a morte", mesmo porque se este Bara do corpo fosse responsável por animar o corpo do ser vivo, este estaria presente na concepção Yorúbà, o que não existe dados algum que ateste  além do material citado pela autora do livro.)... Justamente isso que eu imagino que aconteceu quando foi anunciado pela primeira vez como funcionava o sistema metafisico Yorúbà, causando assim mais confusão do que elucidou a Noção de Pessoa do povo do santo daquela época.
Então o que fazer com toda esta informação agora?
Onde guardar a Orí e o que podermos fazer com ela?

A meu ver houve varias readaptações no conceito e ritual do Ìbo em diversas vertentes religiosas do segmento Yoùbá da cultura Afro-brasileira, visto que o Ìbo era nada mais do que uma Orí e os sacerdotes entenderam que esta cabeça seria a própria cabeça do iniciado e não reavaliaram a possibilidade de estarem falando de um destino, afinal pouco se sabiam sobre Odù e destinos, pois o culto no Brasil ainda era pouco difundido, e a Umbanda e o Batuque Afrosul não precisaram do sistema de Odù para se instalar e sobreviveram até os dias atuais.  Com exceção do Candomblé que usa o jogo de comunicação com as divindades pelo sistema de Ifá, este teve a oportunidade de estudar e remodelar seus conceitos para um Ìbo sob os conceitos
Yorúbà. Esta oportunidade de rever os conceitos e ritualísticas, fez com que eles mexessem no seu  Ìborí, criando assim um ritual reafricanizado, e o Ìborí de Òsàálá ou Yemonja deixou de existir, afinal entenderam que a Orí não deveria comer com Òrìsà e vice-versa e muito menos era de Òsàálá ou Yemonja.

Porem o Ìbo Afrosul vincula o Òrìsà ao Orí, em algum lugar do passado os sacerdotes decidiram vincular o Ìbo ao Òrìsà da pessoa, porem observe um pequeno adendo;

O Ìbo pode ser refeito todo ano ou quando assim a Orí desejar e comer o que ele desejar, sem  que o Elégùn seja iniciado.

O Òrìsà pode comer quando desejar uma ou mais vezes por ano, tudo irá depender da vontade dele, porem a iniciação dele será apenas uma vez, para esta iniciação o Elégùn  deverá ter  Ìbo, sendo assim ele exigirá comer apenas uma vez na Orí, não será necessário o Elégùn deitar todas as vezes que ele for dar de comer ao Òrìsà, diferente da Orí que ele terá que deitar todas as vezes que a Orí dele for comer.

E segundo a cultura Afrosul, o Ìbo contém os elementos básicos, que são búzios, moeda e um recipiente, nada que ateste contra o conceito do Ìbo
Yorúbà, apesar de seguir uma quartinha e fios, não é um erro tão grave que não possa ser reavaliado, sendo que a quartinha está ligada a ancestralidade, que no caso do Ìbonão deveria ser vinculado a ancestral algum mesmo que divinizado, o Ìbo deveria ser ligado apenas à Orí, com cantigas para Orí e comidas para Orí.

Desta forma se um Ìboé para a Orí, nada mais lógico do que entender que  quem deveria ocupar a cabeça ou seja manter a consciência  do Elégùn na hora do ritual, seria a consciência do próprio iniciado, sem o Òrìsà responder ou a presença de divindade alguma, ou seja, nada além da própria Orí que por sua vez a Orí se transforma numa divindade. Esta Orí será cultuada aqui na terra, dentro de um templo, logo é fácil definir que existe uma ligação direta com o Òrun, mas então qual a finalidade deste Ìbo?

Se o meu
Ìbo está ligado com o Òrun, é o meu destino e caminho, nada mais correto do que eu pedir a ele tudo que desejo, lembrando que ao dar o bo eu peço prosperidade, saúde, fartura, trabalho, dinheiro e etc... Neste momento eu estou renovando meus votos e pedindo uma segunda chance, ou melhor, suplicando um novo caminho, novas oportunidades, que serão atendidas se a minha Orí assim desejar. Desta forma cabe a minha Orí julgar se tenho ou não oportunidade de receber o que desejo.

Mas se é a minha Orí que define o que eu devo ou não receber porque então cultuamos Òrìsà? Simplesmente porque os Òrìsà devem ser sento para servir a Orí e não o contrário conforme é costume notar no conceito global.



Se eu sei de onde eu vim, se eu percebo que estou seguindo meu caminho corretamente eu perceberei quem eu sou e para onde eu irei, seria interessante lerem o material ao qual citei no inicio deste artigo, onde poderão estudar  e entender melhor o conceito sobre Noção de Pessoa.

Ilé-orí


(Os Yorúbà consideram que o melhor lugar para se guardar um Ìbo, seria na Orí Inú, quer dizer a cabeça interna do iniciado, porem convencionaram que poderia ser usado um recipiente para guardar itens que simbolizem a Orí)

Orí inú


Erick Wolff8 - Bàbálòrìsà de Òsàálá, dirigente da Ilé-ọba Óbokún Àṣẹ Nàgó'Kọbi, fundada em 05 de junho de 1990.

domingo, 27 de março de 2011

A Umbanda virtual.

Por Erick Wolff
(Òrìṣà Èṣù)
A comunicação virtual fornecendo conteúdo para a comunidade, isso é confiável?
Infelizmente eu tenho as minhas dúvidas, o que deveria ser para ajudar e levar conhecimento a todos, chega a confundir e às vezes até mesmo ludibriar o estudante que assimila informações erradas, que trará um conhecimento errado e ou graves consequências espirituais.

Observe os temas de um Curso:

  • -Os Mistérios de Exu e suas Lendas
  • -Exu Natural, Exu Guardião e Exu de trabalho
  • -Exu na Umbanda e seus costumes
  • -As Guias de Exu
  • -Como usar, guardar e cuidar da Guia do seu Exu
  • -Identificando o Orixá regente através do nome do Exu
  • -Qual a relação do Exu com o numero 7
  • -Qual o significado dos elementos de uma oferenda
  • -Como fazer corretamente a oferenda para o Exu
  • -Como fazer a firmeza de Exu na própria residência
  • Entre outros...

(Entidade Exu da Umbanda)

Ao contatar a organização, fui informado que o curso presta informações apenas das entidades da Umbanda, porem a confusão é nítida e demonstra total desconhecimento de causa e filosofia da Umbanda, confundindo conceitos e lendas dos Òrìṣà Africanos com os Orixás da Umbanda (brasileiros), mas como assim?

As divindades Africanas são diversas e sua origem energética mais diversificada ainda, porem os Okú (entidades), não são divindades, pelo que eu sei, apenas os ancestrais cultuados pela tradição africana que foram divinizados, alguns se tornaram-se  Òrìṣà, mas isso é uma história que não tem nada haver com o que estamos discutindo aqui, apesar de estar falando de divindades e ancestrais, os mesmo são distintos.

Um Okú (entidade) é cultuado pela Umbanda, segue os preceitos e fundamentos daquela religião, quando falamos de Exu logo vem duas imagens para este mesmo nome, para os Umbandistas entidades com capa, tridentes e paramentos muito semelhante a divindade Èṣù, mas sem nem uma ligação com a divindade Èṣù, que assume um grande papel no culto tradicional africano.

  • -Identificando o Orixá regente através do nome do Exu
Segundo a organização o curso, cada Exu possui uma origem energética, esta chamada de Orixá, sabendo que a Umbanda possui seus Orixás e divindades, que apesar da semelhança dos nomes e sincretismo com os africanos, energeticamente não tem nada haver com os cultuados na África. Sim porque Orixá não se mistura com Okú, apenas com Ègún, Ègúngún e Ancestrais divinizados, o que sabemos que nem um deles são cultuados na Umbanda.

  • -Os Mistérios de Exu e suas Lendas
Bara Òrìṣà Yorùbá

Eu considero que cada entidade seja única, apesar de assumir um nome ou uma linha de um famoso Exu (entidade), ele não é o mesmo, basta colocar um Marabo ao lado do outro para ver que cada um portará de uma forma e ou contará uma história de vida diferente, logo cada um é um, não existe uma forma de codificar ou formatar esta entidade, podemos chegar perto de conceitos de forma de trato ou elementos que possam carregar, mas mentiu quem disse ou está dizendo que Marabo é tudo igual (risos), tenho certeza que eles mesmos não irão concorda...

  • -Como fazer a firmeza de Exu na própria residência

Outro perigo, manter um Exu na própria residência, será que todos podem ter um Exu na residência, como saber qual é o Exu adequado, como fazer isso e dominar, sendo que a maioria dos templos sabem que manter um Exu dentro de um templo requer sérios cuidados, qual o poder e domínio que uma pessoa terá com diante desta entidade? Fiquei realmente preocupado com este tópico...

Sem falar que a organização afirmou que “Exu tem passagem para todos os mundos, esta a disposição de todos os Divinos Orixás.“, sim ela está corretíssima, porem ela está se referindo ao Òrìṣà e não a entidade, pois Okú não entra no Ọ̀run (céu espiritual) assim, ele tem seus limites e tem que respeitar, não é uma bagunça sem eira nem beira que chega qualquer um e vai entrando assim, Exu entidade com todo respeito tem o seu caminho e trabalho, que respeita e sabe muito bem trabalhar. Mas não caiam no mesmo erro de  considerar que uma entidade pode entrar assim, e  não se confundam também.

Para um iniciante é importantíssimo saber o que cultua e como cultua, por isso que fico preocupado com a realidade dos cursos On Line que mais traduzem confusão do que segurança.

O que devemos fazer, como difundir e apoiar determinados cursos?
Quem orienta estes ministradores de cursos?
Quais os parâmetros para defirnir o que deve ou não ser divulgado?



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Direito de resposta
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O jornalista, e publicitário especialista em mídia digital a 8 anos e dedica 24h por dia disso a nossa religião. Organizador do “Curso Virtual de Exu”.

Pediu apenas que publicasse esta resposta; “O Candomblé sobrevive até hoje porque não quer convencer pessoas sobre uma verdade absoluta, ao contrário da maioria das religiões
(Pierre Verger)

E assina pelo e-mail, caso queiram estrar em contato para o curso ou informações.
BARBIERI.NEGOCIOS@HOTMAIL.COM



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Resposta do editor Erick Wolff
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A liberdade e a diversidade sempre foram respeitadas, tanto neste Blog quanto em qualquer matéria publicada, por qualquer um que disponibilizamos espaço. A diferença está em quando eu publiquei esta matéria o foco foi a Umbanda, não estamos ou me suponho que eu não estou falando do Candomblé, por isso, focando a Umbanda que eu respondo chamando a atenção para certos pontos que devem ser policiados, para que o leitor possa ter acesso aos devidos conteúdos e conhecimento, afinal como um leigo vai manter um Exu dentro de casa, ou melhor, como ele irá saber qual é o Exu dele?
Mistérios da Inclusão Digital...

Grato

quarta-feira, 23 de março de 2011

Museu de Jacareí recebe exposição sobre orixás

sosni - Museu de Jacareí recebe exposição sobre orixás

Por Erick Wolff8
A mostra traz oito telas com 17 orixás. As visitas podem ser feitas de terça-feira a domingo, até o dia 20 de abril, com entrada gratuita


O Museu de Antropologia do Vale do Paraíba recebe até o dia 20 de abril a exposição A Benção dos Orixás de Terreiro. Localizado em Jacareí, a 80 km de São Paulo, o museu traz essa exposição que é composta por oito telas de 17 orixás, com 2x2 metros cada. As obras foram idealizadas pelo umbandista Sidney Lorca e pintadas pelo artista plástico Cláudio Koca.

Criou-se um mito no Brasil dizer que o povo Africano costuma não dar feições às divindades africanas, pelo simples fato de considerar que as mesmas não deveriam ser retratadas, porem não é verdade, pois eles modelam imagens no barro, madeira, forjam estatuas no ferro e costumam até pintar os deuses com rosto, segundo a sua cultura algumas divindades desceram do Ọ̀run (céu), se instalando aqui para viver como os seres humanos, seus descendes, mistura de homens e divindade foram chamados de Ẹbọra, e se tornaram ancestrais, que através dos seus grandes feitos tornaram-se Òrìṣà, um exemplo mais famoso deles é Ṣàngó.

Contudo a cultura Africana divide-se em várias etnias, numa diversidade que chega a gerar certa confusão, mesmo assim eles se entendem, contudo aqui no Brasil, formaram-se alguns mitos em volta de algumas divindades, que necessita ser quebrado, não sabemos ao certo como isso começou, mas os candomblecistas e a tradicional família afro-brasileira estão corrigindo os conceitos e fazendo um Up Grade dos Ìtan (História) da cultura.

Um exemplo claro de renovação dos Ìtan é explicar que Ọ̀sányìn um Òrìṣà conhecido pela sua sabedoria em manusear folhas medicinais, por isso conhecido como o dono das folhas, não deve ser retratado pela forma feminina, visto que ele possui um papel importante na religião afro-brasileira sendo uma divindade masculina. Uma das delas da exposição retrata Ọ̀sányìn como uma divindade feminina, não sei se foi influencia de Sidney Lorca (Umbandista) que não deve dominar a cultura Africana, reforçando o mito da duplicidade na personalidade de Ọ̀sányìn, ou se foi o artista Cláudio Koca, que decidiu mudar a forma deste Òrìṣà.  Sendo importantíssimo para a Umbanda, que segundo a liturgia desta religião, não fazem o uso do Ẹ̀jẹ̀ (sangue animal) trocando o mesmo pelo sangue vegetal, retirado da maceração de folhas de Ọ̀sányìn.

A exposição deve ser vista, afinal a cultura Afro-brasileira está recebendo espaço e devemos considerar uma vitória num país onde considera o “Estado Laico”, porem vemos uma cruz cravada nas câmaras municipais e estaduais de todo o País, obrigando à todos ficarem de baixo de um único símbolo, sem respeitar a diversidade religiosa, esta que em momento algum é lembrada.


Serviço – O Museu de Antropologia do Vale do Paraíba está localizado na Rua XV de Novembro, n.º 143 – Centro – Jacareí. As visitas podem ser feitas de terça a sexta-feira, das 9h00 às 18h00, e aos sábados e domingos, das 11h00 às 17h00, sempre com entrada gratuita. Para agendar visitas ou obter mais informações sobre a exposição, o telefone para contato é (12) 3953-3574.

domingo, 20 de março de 2011

Egungun pertence à Mitologia Yoruba.

Por Arrundegy Ojé Deyi

Maio de 2008
Egungun, espírito ancestral de pessoa importante, homenageado no Culto aos Egungun, esse culto é feito em casas separadas das casas de Orixá. No Brasil o culto principal à Egungun é praticado na Ilha de Itaparica no Estado da Bahia mas existem casas em outros Estados.

Normalmente chamado de Babá (pai) Egun, Babá-Egun. Também pode ser referido como Êssa nome dos ancestrais fundadores do Aramefá de Oxóssi (conselho de Oxóssi, composto de seis pessoas). Ou Esa espírito dos adoxu e dignatários do egbe (casa).

Os nagôs, cultuam os espíritos dos mais velhos de diversas formas, de acordo com a hierarquia que tiveram dentro da comunidade e com a sua atuação em pról da preservação e da transmissão dos valores culturais. E só os espíritos especialmente preparados para serem invocados e materializados é que recebem o nome Egun, Egungun, Babá Egun ou simplesmente Babá (pai), sendo objeto desse culto todo especial. Porque o objetivo principal do cultos dos Egun é tornar visível os espíritos dos ancestrais, agindo como uma ponte, um veículo, um elo entre os vivos e seus antepassados. E ao mesmo tempo que mantém a continuidade entre a vida e a morte, o culto mantém estrito controle das relações entre os vivos e mortos, estabelecendo uma distinção bem clara entre os dois mundos: o dos vivos e o dos mortos (os dois níveis da existência).

Assim, os Babá trazem para seus descendentes e fiéis suas bênçãos e seus conselhos mas não podem ser tocados, e ficam sempre isolados dos vivos. Suas presença é rigorosamente controlada pelos Ojé (sacerdotes do culto) e ninguém pode se aproximar deles. Os Egungun se materializam, aparecendo para os descendentes e fiéis de uma forma espetacular, em meio a grandes cerimônias e festas, com vestes muito ricas e coloridas, com símbolos característicos que permitem estabelecer sua hierarquia. Os Babá Egun ou Egun Agbá (os ancestrais mais antigos) se destacam por estar cobertos com uma roupa específica do Egun — chamada de eku na Nigéria ou opá na Bahia, são enfeitadas com búzios, espelhos e contas e por um conjunto de tiras de pano bordadas e enfeitadas que é chamado Abalá, além de uma espécie de avental chamado Bantê, e por emitirem uma voz característica, gutural ou muito fina.

Os Aparaká são Egun mais jovens: não têm Abalá nem Bantê e nem uma forma definida; e são ainda mudos e sem identidade revelada, pois ainda não se sabe quem foram em vida. Acredita-se, então, que sob as tiras de pano encontra-se um ancestral conhecido ou, se ele não é reconhecível, qualquer coisa associada à morte. Neste último caso, o Egungun representa ancestrais coletivos que simbolizam conceitos morais e são os mais respeitados e temidos entre todos os Egungun, guardiães que são da ética e da disciplina moral do grupo. No símbolo "Egungun" está expresso todo o mistério da transformação de um ser deste-mundo num ser-do-além, de sua convocação e de sua presença no Aiyê (o mundo dos vivos). Esse mistério (Awô) constitui o aspecto mais importante do culto.

O criador de culto dos ancestraisSegundo a tradição, o culto de Egungun é originário da África, região de Oyò. O culto de Egungun, é exclusivo de homens, sendo Alápini o cargo mais elevado dentro do culto tendo como auxiliares os Ojés. Todo integrante do culto de Egungun é chamado de Mariwó. Xangô (Sòngó), é o fundador do culto aos Egungun, somente ele tem o poder de controlá-los, como diz um trecho de um Itan:

"Em um dia muito importante, em que os homens estavam prestando culto aos ancestrais, com Xangô a frente, as Iyami-Ajé fizeram roupas iguais as de Egungun, vestiram-na e tentaram assustar os homens que participavam do culto, todos correram mas Xangô não o fez, ficou e as enfrentou desafiando os supostos espíritos. As Iyami ficaram furiosas com Xangô e juraram vingança, em um certo momento em que Xangô estava distraido atendendo seus súditos, sua filha brincava alegremente, subiu em um pé de Obi, e foi aí que as Iyami-Ajé atacaram, derrubaram a Adubaiyni filha de Xangô que ele mais adorava. Xangô ficou desesperado, não conseguia mais governar seu reino que até então era muito próspero, foi até Orunmilà, que lhe disse que Iyami é que havia matado sua filha, Xangô quiz saber o que poderia fazer para ver sua filha só mais uma vez, e Orunmilà lhe disse para fazer oferendas ao Orixá Ikù (Oniborun), o guardião da entrada do mundo dos mortos, assim Xangô fez, seguindo a risca os preceitos de Orunmilà. Xangô conseguiu rever sua filha e pegou para sí o controle absoluto dos Egungun (ancestrais), estando agora sob domínio dos homens este culto e as vestimentas dos Egungun, e se tornando estremamente proibida a participação de mulheres neste culto, provocando a ira de Olorun, Xangô, Ikú e os próprios Egungun, este foi o preço que as mulheres tiveram que pagar pela maldade de suas ancestrais as Iyami".

BrasilCulto aos Egungun é uma das mais importantes instituições, tem por finalidade preservar e assegurar a continuidade do processo civilizatório africano no Brasil, é o culto aos ancestrais masculinos, originário de Oyo, capital do império Nagô, que foi implantado no Brasil no início do século XIX. O culto principal aos Egungun é praticado na Ilha de Itaparica no Estado da Bahia mas existem casas em outros Estados. Quanto ao aspecto físico, um terreiro de Egungun ou Egun apresenta basicamente as seguintes unidade: * um espaço público, que pode ser freqüentado por qualquer pessoa, e que se localiza numa parte do barracão de festas; * uma outra parte desse salão, onde só podem ficar e transitar os iniciadores, e para onde os Egun vêm quando são chamados, para se mostrar publicamente; * uma área aberta, situada entre o barracão e o Ilê Igbalé (ou Ilê Awô - a casa do segredo), onde também se encontra um montículo de terra preparado e consagrado, que é o assentamento de Onilé; * um espaço privado ao qual só têm acesso os iniciados da mais alta hierarquia, onde fica o Ilê Awô, com os assentamentos coletivo, e onde se guardam todos os instrumentos e paramentos rituais, como os Isan pronuncia-se (ixan), longas varas com as quais os Ojé invocam (batendo no chão) e controlam os Egungun.

OrigensEgungun veio da África junto com os Orixás trazidos pelos escravos. Era um culto muito fechado, secreto mesmo, mais que o dos Orixás por cultuarem os mortos. A primeira referência do Culto de Egun no Brasil segundo Juana Elbein dos Santos foram duas linhas escritas por Nina Rodrigues, refere-se a 1896, mas existem evidências de terreiros de Egun fundados por africanos no começo do século XIX. Os Terreiros de Egun mais famosos foram:
• Terreiro de Vera Cruz, fundado +/- 1820 por um africano chamado Tio Serafim, em Vera Cruz, Ilha de Itaparica. Ele trouxe da África o Egun de seu pai, invocado até hoje como Egun Okulelê, faleceu com mais de cem anos.
• Terreiro de Mocambo, fundado +/- 1830 por um africano chamado Marcos-o-Velho para distingui-lo do seu filho, na plantação de Mocambo, Ilha de Itaparica. Teria comprado sua carta de alforria, anos mais tarde teria voltado à África junto com seu filho Marcos Teodoro Pimentel conhecido como Tio Marcos, lá permanecendo por muitos anos aperfeiçoando seus conhecimentos litúrgicos, onde também seu filho foi iniciado. Quando voltaram trouxeram com eles o assento do Baba Olukotun, considerado o Olori Egun, o ancestre primordial da nação nagô.
• Terreiro de Encarnação, fundado +/- 1840 por um filho do Tio Serafim, chamado João-Dois- Metros por causa de sua altura, no povoado de Encarnação. Foi nesse terreiro que se invocou pela primeira vez no Brasil o Egun Baba Agboula, um dos patriarcas do povo Nagô.
• Terreiro de Tuntun, fundado +/- 1850 pelo filho de Marcos-o-Velho, chamado Tio Marcos, num velho povoado de africanos denominado Tuntun, Ilha de Itaparica. Marcos possuiu o título de Alapini, Ipekun Ojé, Sacerdote Supremo do Culto aos Egungun, na tradição histórica Nagô, o Alapini representa os terreiros de Egun ao afin, palácio real. Tio Marcos, Alapini, faleceu por volta de 1935, e com sua morte desapareceu o terreiro do Tuntun, porém a tradição do culto a Baba Olokotun continuou através de seu sobrinho Arsênio Ferreira dos Santos, que possuia o título de Alagba, este migrou para o Rio de Janeiro levando o assento de Baba Olokotun para o município de São Gonçalo. Depois do falecimento de Arsênio, os assentos dos Baba retornaram para Bahia, através do atual Alapini, Deoscoredes M. dos Santos, conhecido como Mestre Didi Axipá, presidente da Sociedade Cultural e Religiosa Ilê Axipá. Mestre Didi foi iniciado na tradição do culto
aos Egungun por Marcos e Arsênio.
• Terreiro do Corta-Braço, na Estrada das Boiadas, ponto de reunião de praticantes da capoeira, atualmente bairro da Liberdade, cujo chefe era um africano conhecido como Tio Opê. Um dos Ojé, sacerdotes do culto aos Egungun, conhecido como João Boa Fama, iniciou alguns jovens na Ilha de Itaparica, que se juntariam com os descendentes de Tio Serafim e Tio Marcos para fundarem o Ilê Agboulá, no bairro Vermelho, próximo à Ponta de Areia. Outros terreiros de Egungun foram registrados no final do século XIX, um localizado em Quitandinha do Capim, que cultuava os Egun Olu-Apelê e Olojá Orum, o de Tio Agostinho, em Matatu que se tornou ponto de concentração de vários Ojés de outras casas inclusive o Alapini Tio Marcos, o Terreiro da Preguiça, ao lado da Igreja da Conceição da Praia.
• Ilê Babá Agboulá, Localizado em Ponta de Areia, na Ilha de Itaparica, o Ilê Agboulá é, hoje, no Brasil, um dos poucos lugares dedicados exclusivamente ao culto dos Egun. Sua fundação remonta ao primeiro quarto do século XX por Eduardo Daniel de Paula, Tio Opê, Tio Serafim e Tio Marcos, mas a comunidade que lhe deu origem e que lhe mantém os fundamentos está estabelecida na Ilha, como já vimos há cerca de duzentos anos.
• Ilê Babá Olokotun, na Ilha de Itaparica * Ilê Axipá- Sociedade Cultural e Religiosa Ilê

Axipá.
Ritual
Tanto a tradição Nagô como a Jeje e a Congo-Angola cultuam os ancestrais. Para os Nagôs existem no Brasil três formas de cultuar os ancestrais, os Esa, os Egungun e as Iya-mi Agba. Os terreiros de Candomblé possuem um local apropriado de adoração do espírito de seus mortos ilustres, esse local é denominado de Ilê ibo aku, casa de adoração aos mortos, enfim todos iniciados no culto aos Orixás, os essa, que são considerados os ancestrais coletivos dos afro-brasileiros. Seu culto se refere à comunidade em geral. O que destaca o Esa é o fato dele ter-se destacado em vida por servir a comunidade e de continuar atuando em outro plano, contribuindo para o bom desenvolvimento do destino dos fiéis e da casa.

O Ilê ibo aku onde são assentados e cultuados os Esa é afastado do templo onde são cultuado os Orixás. Os sacerdotes que são iniciados especialmente para cuidar do Ilê ibo aku não são adoxu, isso é, não manifestam Orixá. Os ancestrais cultuados no Ilê ibo aku são diferentes dos cultuados no Culto aos Egungun, no primeiro são os espíritos dos falecidos da casa de Candomblé e o segundo são os ara-orun em geral e aos espíritos dos Ojé africanos ou brasileiros. Os Esa são invocados e cultuados em diversas situações, especialmente no padê, e no axexê quando é constituído o assentamento de um adoxu ou dignitário ilustre falecido. O assento de Esa se caracteriza pela representação da existência genérica, e o Egungun pela representação do espírito individualizado, o Egungun se caracteriza pela aparição no aiyê. Os Esa e os Egun são invocados no padê.

Ìyámi Agbá Os mortos do sexo feminino recebem o nome de Ìyámi Agbá (minha mãe anciã), mas não são cultuados individualmente. Sua energia como ancestral é aglutinada de forma coletiva e representada por Ìyámi Oxorongá chamada também de Ìyá NIa, a grande mãe. Esta imensa massa energética que representa o poder da ancestralidade coletiva feminina é cultuada pelas "Sociedades Gëlèdé", compostas exclusivamente por mulheres, e somente elas detêm e manipulam este perigoso poder. O medo da ira de Ìyámi nas comunidades é tão grande que, nos festivais anuais na Nigéria em louvor ao poder feminino ancestral, os homens se vestem de mulher e usam máscaras com características femininas, dançam para acalmar a ira e manter, entre outras coisas, a harmonia entre o poder masculino e o feminino.Além da Sociedade Gëlèdé, existe também na Nigéria a Sociedade Oro. Este é o nome dado ao culto coletivo dos mortos masculinos quando não individualizados. Oro é uma divindade tal qual Ìyámi Oxorongá, sendo considerado o representante geral dos antepassados masculinos e cultuado somente por homens. Tanto Ìyámi quanto Oro são manifestações de culto aos mortos. São invisíveis e representam a coletividade, mas o poder de Ìyámi é maior e, portanto, mais controlado, inclusive, pela Sociedade Oro. Outra forma, e mais importante, é culto aos ancestrais masculinos é elaborada pelas "Sociedades Egungun". Estas têm como finalidade elaborar ritos a homens que foram figuras destacadas em suas sociedades ou comunidades quando vivos, para que eles continuem presentes entre seus descendentes de forma privilegiada, mantendo na morte a sua individualidade.

Esses mortos surgem de forma visível mas camuflada, a verdadeira resposta religiosa da vida pós-morte , denominada Egun ou Egungun. Somente os mortos do sexo masculino fazem aparições, pois só os homens possuem ou mantêm a individualidade; às mulheres é negado este privilégio, assim como o de participar diretamente do culto.Esses Eguns são cultuados de forma adequada e específica por sua sociedade, em locais e templos com sacerdotes diferentes dos do culto dos Orixás. Embora todos os sistemas de sociedade que conhecemos sejam diferentes, o conjunto forma uma só religião: a iorubana. No Brasil existem duas dessas sociedades de Egungun , cujo tronco comum remonta ao tempo da escravatura : Ilê Agboulá, a mais antiga, em Ponta de Areia, e uma mais recente e ramificação da primeira, o Ilê Oyá, ambas em Itaparica, Bahia. Esses Eguns são cultuados de forma adequada e específica por sua sociedade, em locais e templos com sacerdotes diferentes dos do culto dos Orixás. Embora todos os sistemas de sociedade que conhecemos sejam diferentes, o conjunto forma uma só religião: a iorubana.
http://aulobarretti.sites.uol.com.br/Egungun.htm

Os mortos do sexo feminino recebem o nome de Ìyámi Agbá (minha mãe anciã), mas não são cultuados individualmente. Sua energia como ancestral é aglutinada de forma coletiva e representada por Ìyámi Oxorongá chamada também de Ìyá NIa, a grande mãe. Esta imensa massa energética que representa o poder da ancestralidade coletiva feminina é cultuada pelas "Sociedades Gëlèdé", compostas exclusivamente por mulheres, e somente elas detêm e manipulam este perigoso poder. O medo da ira de Ìyámi nas comunidades é tão grande que, nos festivais anuais na Nigéria em louvor ao poder feminino ancestral, os homens se vestem de mulher e usam máscaras com características femininas, dançam para acalmar a ira e manter, entre outras coisas, a harmonia entre o poder masculino e o feminino.Além da Sociedade Gëlèdé, existe também na Nigéria a Sociedade Oro. Este é o nome dado ao culto coletivo dos mortos masculinos quando não individualizados. Oro é uma divindade tal qual Ìyámi Oxorongá, sendo considerado o representante geral dos antepassados masculinos e cultuado somente por homens. Tanto Ìyámi quanto Oro são manifestações de culto aos mortos. São invisíveis e representam a coletividade, mas o poder de Ìyámi é maior e, portanto, mais controlado, inclusive, pela Sociedade Oro. Outra forma, e mais importante, é culto aos ancestrais masculinos é elaborada pelas "Sociedades Egungun". Estas têm como finalidade elaborar ritos a homens que foram figuras destacadas em suas sociedades ou comunidades quando vivos, para que eles continuem presentes entre seus descendentes de forma privilegiada, mantendo na morte a sua individualidade.

Esses mortos surgem de forma visível mas camuflada, a verdadeira resposta religiosa da vida pós-morte, denominada Egun ou Egungun. Somente os mortos do sexo masculino fazem aparições, pois só os homens possuem ou mantêm a individualidade ; às mulheres é negado este privilégio, assim como o de participar diretamente do culto.Esses Eguns são cultuados de forma adequada e específica por sua sociedade, em locais e templos com sacerdotes diferentes dos do culto dos Orixás. Embora todos os sistemas de sociedade que conhecemos sejam diferentes, o conjunto forma uma só religião: a iorubana. No Brasil existem duas dessas sociedades de Egungun , cujo tronco comum remonta ao tempo da escravatura : Ilê Agboulá, a mais antiga, em Ponta de Areia, e uma mais recente e ramificação da primeira, o Ilê Oyá, ambas em Itaparica, Bahia.

Esses Eguns são cultuados de forma adequada e específica por sua sociedade, em locais e templos com sacerdotes diferentes dos do culto dos Orixás. Embora todos os sistemas de sociedade que conhecemos sejam diferentes, o conjunto forma uma só religião: a iorubana.
http://aulobarretti.sites.uol.com.br/Egungun.htm

O salão e a festaO espaço físico do salão é dividido entre sacro e profano. O sacro é a parte onde estão os tambores e seus alabês e várias cadeiras especiais previamente preparadas e escolhidas, nas quais os Eguns, após dançarem e cantarem, descansam por alguns momentos na companhia de outros, sentados ou andando, mas sempre unidos, o maior tempo possível, com sua comunidade. Este é o objetivo principal do culto: unir os vivos com os mortos. Nesta parte sacra, mulheres não podem entrar nem tocar nas cadeiras, pois o culto é totalmente restrito aos homens.

Mas existem raras e privilegiadas mulheres que são exceção, como se fossem a própria Oyá; elas são geralmente iniciadas no culto dos Orixás e possuem simultaneamente oiê (posto e cargo hierárquico) no culto de Egun — estas posições de grande relevância causam inveja à comunidade feminina de fiéis. São estas mulheres que zelam pelo culto, fora dos mistérios, confeccionando as roupas, mantendo a ordem no salão, respondendo a todos os cânticos ou puxando alguns especiais, que somente elas têm o direito de cantar para os Babá. Antes de iniciar os rituais para Egun, elas fazem uma roda para dançar e cantar em louvor aos Orixás; após esta saudação elas permanecem sentadas junto com as outras mulheres. Elas funcionam como elo de ligação entre os atokun e os Eguns ao transmitir suas mensagens aos fiéis. Elas conhecem todos os Babá, seu jeito e suas manias, e sabem como agradá-los . Este espaço sagrado é o mundo do Egun nos momentos de encontro com seus descendentes. A assistência está separada deste mundo pelos ixan que os amuixan colocam estrategicamente no chão, fazendo assim uma divisão simbólica e ritual dos espaços, separando a "morte" da "vida". É através do ixan que se evita o contato com o Egun: ele respeita totalmente o preceito, é o instrumento que o invoca e o controla.

As vezes, os mariwo são obrigados a segurar o Egun com o ixan no seu peito, tal é a volúpia e a tendência natural de ele tentar ir ao encontro dos vivos, sendo preciso, vez ou outra, o próprio atokun ter de intervir rápida e rispidamente, pois é o Ojé que por ele zela e o invoca, pelo qual ele tem grande respeito. O espaço profano é dividido em dois lados: à esquerda ficam mulheres e crianças e à direita, os homens. Após Babá entrar no salão, ele começa a cantar seus cânticos preferidos, porque cada Egun em vida pertencia a um determinado Orixá.

Como diz a religião, toda pessoa tem seu próprio Orixá e esta característica é mantida pelo Egun. Por exemplo: se alguém em vida pertencia a Xangô, quando morto e vindo como Egun, ele terá em suas vestes as características de Xangô, puxando pelas cores vermelha e branca. Portará um oxê (machado de lâmina dupla), que é sua insígnia; pedirá aos alabês que toquem o alujá, que também é o ritmo preferido de Xangô, e dançará ao som dos tambores e das palmas entusiastas e excitantemente marcadas pelos oiê femininos, que também responderão aos cânticos e exigirão a mesma animação das outras pessoas ali presentes. Babá também dançará e cantará suas próprias músicas, após ter louvado a todos e ser bastante reverenciado. Ele conversará com os fiéis, falará em um possível iorubá arcaico e seu atokun funcionara como tradutor. Babá-Egun começará perguntando pelos seus fiéis mais freqüentes, principalmente pelos oiê femininos; depois, pelos outros e finalmente será apresentado às pessoas que ali chegaram pela primeira vez. Babá estará orientando, abençoando e punindo, se necessário, fazendo o papel de um verdadeiro pai, presente entre seus descendentes para aconselhá-los e protegê-los, mantendo assim a moral e a disciplina comum às suas comunidades, funcionando como verdadeiro mediador dos costumes e das tradições religiosas e laicas.
Finalizando a conversa com os fiéis e já tendo visto seus filhos, Babá-Egun parte, a festa termina e a porta principal é aberta: o dia já amanheceu. Babá partiu, mas continuará protegendo e abençoando os que foram vê-lo. Esta é uma breve descrição de Egungun, de uma festa e de sua sociedade, não detalhada, mas o suficiente para um primeiro e simples contato com este importante lado da religião. E também para se compreender a morte e a vida através das ancestralidade cultuadas nessas comunidades de Itaparica, como um reflexo da sobrevivência direta, cultural e religiosa dos iorubanos da Nigéria.

Todos os aspectos do ser, não morrem junto com ele voltam as suas origens, isto é, ao orun, pois pertencem a olorun e só ele pode liberá-las. Estas forças divinas, animaram os antepassados, os ancestrais, as raízes mães do asé orisá, ao partirem do aiyê e voltam ao aiyê para animar seus descendentes e discípulos. A ancestralidade confirma a imortalidade, pois a vida continua no orun como ancestrais.do orun a ancestralidade a tudo assiste.no culto de orisá, ancestrais significa:"aqueles que um dia tiveram a energia de vida no aiyê e que cuja energia de vida é repassada as novas gerações, garantindo a continuidade da vida e do culto aos deuses africanos".

"Como conclusão a vida presente depende da vida passada de nossos ancestrais"Através do culto aos ancestrais, os Egun ou Egungum é possível reconstruir origens, etnias, memória.

Essa memória, enraizada na multiplicidade da herança negro-africana, expande com força total, um ethos que passando a diversidade de suas expressões manifestas - Nagô, Jeje, Angola, Cango, etc. - permite revelar estruturas, valores, normas, denominadores comuns onde a questão da ancestralidade mítica e histórica, marca a existência de uma forte comunalidade. É na memória e no culto aos antepassados que essa comunalidade se afirma. Egungun ou Egun, espírito ancestral de pessoa importante, homenageado no Culto aos Egungun, esse culto é feito em casas separadas das casas de Orixá. No Brasil o culto principal à Egungun é praticado na Ilha de Itaparíca no Estado da Bahia mas existem casas em outros Estados.

Os yorubás, então, cultuam os espíritos dos "mais velhos" de diversas formas, de acordo com a hierarquia que tiveram dentro da comunidade e com a sua atuação em prol da preservação e da transmissão dos valores culturais. E só os espíritos especialmente preparados para serem invocados e materializados é que recebem o nome Egun, Egungun, Babá Egun ou simplesmente Babá (pai), sendo objeto desse culto todo especial. Porque o objetivo principal do cultos dos Egun é tornar visível os espíritos dos ancestrais, agindo como uma ponte, um veículo, um elo entre os vivos e seus antepassados. E ao mesmo tempo que mantém a continuidade entre a vida e a morte, o culto mantém estrito controle das relações entre os vivos e mortos, estabelecendo uma distinção bem clara entre os dois mundos: o dos vivos e o dos mortos (os dois níveis da existência)

Os Egungun se materializam, aparecendo para os descendentes e fiéis de uma forma espetacular, em meio a grandes cerimônias e festas, com vestes muito ricas e coloridas, com símbolos característicos que permitem estabelecer sua hierarquia. Os Babá-Egun ou Egun-Agbá (os ancestrais mais antigos) se destacam por estar cobertos de búzios, espelhos e contas e por um conjunto de tiras de pano bordadas e enfeitadas que é chamado Abalá, além de uma espécie de avental chamado Bantê, e por emitirem uma voz característica, gutural ou muito fina. Os Aparaká são Egun mais jovens: não têm Abalá nem Bantê e nem uma forma definida; e são ainda mudos e sem identidade revelada, pois ainda não se sabe quem foram em vida. Acredita-se, então, que sob as tiras de pano encontra-se um ancestral conhecido ou, se ele não é reconhecível, qualquer coisa associada à morte.

Neste último caso, o Egungun representa ancestrais coletivos que simbolizam conceitos morais e são os mais respeitados e temidos entre todos os Egungun, guardiães que são da ética e da disciplina moral do grupo. No símbolo "Egungun" está expresso todo o mistério da transformação de um ser deste-mundo num ser-do-além, de sua convocação e de sua presença no Aiyê (o mundo dos vivos). Esse mistério (Awô) constitui o aspecto mais importante do culto.

O Egun é a morte que volta à terra em forma espiritual e visível aos olhos dos vivos. Ele "nasce" através de ritos que sua comunidade elabora e pelas mãos dos ojé (sacerdotes) munidos de um instrumento invocatório, um bastão chamado ixan, que, quando tocado na terra por três vezes e acompanhado de palavras e gestos rituais, faz com que a "morte se torne vida", e o Egungun ancestral individualizado está de novo "vivo".

A aparição dos Eguns é cercada de total mistério, diferente do culto aos Orixás, em que o transe acontece durante as cerimônias públicas, perante olhares profanos, fiéis e iniciados. O Egungun simplesmente surge no salão, causando impacto visual e usando a surpresa como rito. Apresenta-se com uma forma corporal humana totalmente recoberta por uma roupa de tiras multicoloridas, que caem da parte superior da cabeça formando uma grande massa de panos, da qual não se vê nenhum vestígio do que é ou de quem está sob a roupa. Fala com uma voz gutural inumana, rouca, ou às vezes aguda, metálica e estridente — característica de Egun, chamada de séégí ou sé, e que está relacionada com a voz do macaco marrom, chamado ijimerê na Nigéria.

Fontes:

https://aulobarretti.wordpress.com/a-revista/o-culto-dos-eguns-no-candomble/
http://arrundegy.blogspot.com.br/

Pesquisa e organização de texto:
Luiz Marins / Grupo Orixas
http://grupoorixas.wordpress.com

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