terça-feira, 28 de julho de 2020

INICIAÇÃO NÃO É SINÔNIMO DE SACERDÓCIO

Hérick Lechinsk

11/06/2020



Sábias palavras da Ìyá Oníyemọja Omítọ̀nàdé Ifáwẹ̀mímọ́, Sacerdotisa de Yemọja na cidade de Ìbàdàn, no estado de Ọ̀yọ́, na Nigéria:

"A iniciação em Ifá ou qualquer Òrìṣà não faz de você um sacerdote ou sacerdotisa. Faz de você um iniciado. Um sacerdote ou sacerdotisa deve passar uma vida inteira de compromisso em aprendizado e prática. Ire O!"

As pessoas deveriam entender isso...
 
Uma pessoa que viaja a Nigéria uma, duas, ou três vezes, se consagra em Ifá ou em alguns Òrìṣà, passa alguns dias lá na Nigéria e já volta ao Brasil consagrando pessoas, se considerando sacerdotes, sem nem saberem falar o iorubá direito, quem dirá recitar Ìtàn/Ẹsẹ do seu Odù Ifá ou recitar Oríkì do seu Òrìṣà, como vai consagrar alguém?
 
Ir para a Nigéria se consagrar, não é sinônimo de sacerdócio...
 
Assim como obrigação de sete anos no candomblé não deveria ser sinônimo de sacerdócio, mas sim de maioridade religiosa...


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EGUNGUN x OKU ORUN

Hérick Lechinski
18/07/2020


Eégún é a abreviação de Egúngún, assim como Òòṣà é a abreviação de Òrìṣà.

Egúngún (Eégún) é o culto a ancestralidade masculina entre os iorubás, não é nada ruim, perverso, são ancestrais, como os ancestrais vão fazer mal aos seus descendentes? Isso não existe. 

Culto a Egúngún é bom, é saudável, é importante. É cultuar um ancestral masculino que "venceu a morte", ou seja, que divinizou-se e hoje pode ajudar seus descendentes sanguíneos e também os espirituais, no caso de estrangeiros que se consagram neste culto.

No Brasil, através do Candomblé e da Umbanda, erroneamente o termo "Eégún" foi associado ao mal, espíritos errantes, perdidos, que trazem malefícios aos seres humanos, ISSO É ERRADO. 

Espíritos (tanto masculinos, quanto femininos) de mortos que não são divinizados, são chamados pelos iorubás de Òkú Ọ̀run e não de Eégún (Egúngún). Na Umbanda o termo correto é Almas e quando se trata de espíritos zombeteiros e maléficos o termo correto é Kiumba.

E para finalizar, sempre tem alguém embaixo da roupa (Ẹ̀kú) de Egúngún (Eégún), seja na Nigéria, no Benim ou no Brasil.

*Foto: Egúngún no Benim.

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segunda-feira, 27 de julho de 2020

CANÇÃO PARA IYALODE EGBE


SONG FOR IYALODE EGBE

Canção para a Iyalode (Senhora) do Egbe (Sociedade).

Muitas cidades ioruba possuem uma "Sociedade das Mulheres", 
e a chefe desta sociedade é chamada de Iyalode.

https://www.facebook.com/100006974929059/videos/vb.100006974929059/2687768988132239/?type=2&video_source=user_video_tab

vídeo: Omo Ifa Ifadayo Ainde

sexta-feira, 24 de julho de 2020

ESPECULAÇÕES SOBRE QUALIDADES DE ORISA

Por Renata Barcelos
Publicada em 24/7/2020
Minha avaliação é puramente especulatória sem comprovação de qualquer tipo e se baseia apenas na capacidade de observação.

Sabemos que no Brasil muitos desdobramentos dos Orisa foram estabelecidos, que chamamos de qualidade de Orisa.

Comecei por Yemoja, a descobrir que algumas das qualidades de Yemoja coincidentemente são também nome de locais yoruba - Asaba, Asesu, Igana (qualidade em Cuba), Ogunte uma vila no norte de Oyo - algumas outras qualidades estabelecidas são títulos e nomes de Yemoja,, mas tenho um texto mais apurado sobre isso que não pretendo colocar agora.. kk... Caso de Sango mais fácil , muitas das qualidades, nomes de alaafins Oyo ou seu próprio apelido.. isso para outra hora.

Observei que não há uma regra geral, nome de louvor, apelidos e nomes de locais PODEM ter originado do que se conhece como qualidade na América e cada Orisa seu universo - e ainda algumas qualidades de alguns Orisa são nomes que aquele Orisa ganhou em outra região como o caso de Obatala (Ifé) para Ogyian (Ejigbo) para Olufon...

Área Yoruba tudo é uma variedade sem fim, alguns locais apuram aspectos dos Orisa na iniciação outros não, e dentro da cidade pode até variar sobre qual Orisa se apura ou não.

Na minha tradição de Oyo não é comum ou usual apurar aspectos do Orisa.

Deixo a nota que: Baba Awodele Zarcel, disse que na tradição que ele segue de Abeokuta é comum apurar o aspecto de Osun em uma iniciação.

To eu aqui. fuçando documentos antigos yoruba como gosto de fazer.. para entender a história de cada cidade yoruba.. e cai em um documento sobre Osun Osogbo.

Autor Ademola Adejumo (yoruba) e sua Tese de Doutorado de Filosofia na Universidade de Ibadan baseado nas Imagens do Festival de Osogbo - Osogbo Festival of Images and Yoruba art History 1994

Com a foto de cada estatua o autor destaca:
"Osun -Ijumu: Ijumu é uma cidade Yoruba com a qual Osun é associada. Osun-Ijumu (Ilustração) simboliza a divindade de um dos afluentes do rio Osun, daí é considerada o mensageira de Osun.

Osun-Iponda: simboliza a deusa do rio Iponda, também um dos afluentes da rio Osun portanto, um de seus subordinados. O rio Iponda deságua em Osun a cerca de trinta quilômetros de Osogbo na cidade de Ijesa , a origem do povo de Osogbo.

Ogbaagbaa: A deusa de um pequeno rio que deságua no rio Osun em um local a cerca de quatro quilômetros de Osogbo.

Este tributário em si é chamado Ogbaagbaa


Okoro: Representa a deusa de um rio que leva o mesmo nome.

O rio corre através da parte nordeste da cidade de Osogbo no rio Osun. A deusa é considerada um dos numerosos assistentes de Osun.

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Em muitas regiões Yoruba alguns Orisa tem uma estatua "ere' representativa que dizem ser uma espécie de mensageira da Orisa e que tb se dão de diferentes maneiras.. ta sim é é mesmo uma complexidade infinita...

No caso de Osun interessante avaliar os afluentes e nomes de locais associados a ela e evidente entre os próprios moradores de Osogbo.


E fico; aqui construindo pensamentos. - só achei legal compartilhar e reafirmar mais uma vez que cada local tem sua tradição e é importante respeitar cada uma seja aqui... ou seja em área yoruba.





Beijos Renata Barcelos - Yemojagbemi Arike

NOSSO ORI É UM POUCO MÍOPE - REFLEXÃO.

Renata Barcelos
Yemojagbemi Arike

24/07/2020

Orisa, muitas vezes, está a frente do entendimento do nosso Ori, como aquela que passa uma mensagem que não teríamos, até então, sacado. Um ori pode ser limitante, o Orisa não. O Ori muitas vezes precisa de ""correções e fortalecimento". 

Como diz Luiz L. Marins, no artigo Ori Nikan: "ori é um culto e rito praticamente monoteísta, único para cada pessoa", e continuará sendo único, ainda que 100 pessoas se inicie no mesmo Orisa, mesmo com o mesmo sacerdote.

Na Religião Yoruba, um Orisa pode ser cultuado em comunidade compartilhando um mesmo ojubo (altar coletivo), mas um Ori é sempre individual, e cada um terá e continuara tendo seus próprios desafios.. uma pessoa iniciada precisara ainda de muitos boris, e muitos ebos, e também, evidentemente, continuará a cultuar seu Orisa.

Não é exatamente que a religião Orisa busque a "evolução" pessoal, mas compreende que o ser humano passará a vida tendo que tomar conta de seu Ori, e sua conduta. 

Como diz ainda Luiz L. Marins: "está subentendido que iwa (pele e rere) está em Ori". 

Kola Abimbola disse uma vez, que é o  Orí que movimenta o Ese, nossa pernas, nosso pé. Esse caminho de Ori, Iwa e Ese, e no MEU entendimento não significa que abandonaremos os cuidados com pós iniciação do Orisa.

Voltando.. quando Ori está fortalecido, ele nos ajuda até mesmo a entender melhor Orisa e as mensagens que pode nos passar, pois Orisa, muitas vezes "abre o olho do ori" (expressão), saca? Ori tá lá teimando em fazer algo, aí, orisa fala: não faça, ou faça.

Orisa está a frente no sentido da comunicação e no corpo do conhecimento. Já Ori é em si o resumo de nós, e o acumulado de nós, com o traço pré fabricado vindo do Orisa e ancestral.

O Orisa, então, tá melhor identificado como aquele que possui algo, no mínimo, superior e/ou não faria sentido invoca-lo. Eu posso pedir para Orisa me ajudar com Ori .. mas ele fará mas sem saca rolhas na mão - poderá dizer: "vá dar um bori"; e pedir para olharmos nosso comportamento.

Pedimos a Orisa que ajude nosso Ori, e Orisa o faz, muitas vezes, mostrando um melhor caminho, pois todos, em algum aspecto, é um pouco míope - nunca conheci o ser perfeito, você já?

Para nosso propósito, o Ori nos identifica como único dentro do grupo Orisa, mas é Orí quemdá a personalidade não estereotipada que identifica cada membro de uma família de Orisa - de um mesmo Orisa, como um sujeito diferente do outro.

Na foto a família de Yemoja de Iseyin, e também de Oyo .. todos de Yemoja partilham tudo na comunidade, e preservam, ainda assim, suas características. Alguns gostam mais de dançar, outros não, uns cantam outros não, alguns são bravos outros não..

* cabe aqui destacar que alguns precisam apenas de egbe orun, ou egungun, etc ..

Beijos

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quinta-feira, 23 de julho de 2020

CONSIDERAÇÕES SOBRE REALINHAMENTO DOS RITOS AFRO-BRASILEIROS, NA TRADIÇÃO BATUQUE DO RS

Por Erick Wolff de Oxalá
REVISADO E AUMENTADO EM 19/11/2020


BUSCAR A NOSSA ORIGEM
Os nossos ancestrais afro religiosos, vieram de algum lugar da África, desta forma cabe a nós buscar esta herança cultural e religiosa, e que seja feita na sua origem. Ou seja, a nossa referencia será a matriz Africana.

Realinhar com a origem religiosa, não é mudar iniciações, feituras ou o que cultua, mas poder rever e realinhar com o que os nossos antigos praticavam, e que possivelmente com o passar dos tempos foi gradativamente mudando.

Como cita o Pai Chiquinho do Oxalá, sobre mudanças que o Batuque sofreu com o passar dos anos;


Mãe Santinha do Ogum fala que iniciou no orixá, a mãe de santo dela, foi a cada ano dando um orixá.



 
SOBRE AS DIVINDADES CULTUADAS NO BATUQUE DO RS.
A origem das divindades cultuadas no Batuque do RS, mesmo que a iniciação tenha se feito aqui na diáspora, a sua origem será sempre divindades cultuadas entre os povos ioruba.

O Orixá irá se comunicar no nosso idioma, se assim ele desejar, pois, na necessidade dele se comunicar, o fará da forma mais clara.


CANTIGAS DO BATUQUE
Sabemos que em determinado momento, alguns antigos, resolveram mudar as orin (cantigas), supostamente para facilitar cantar, esta mudança foi feita sem qualquer estudo cientifico, causando assim um dilaceração idiomática sem precedentes. Por isso, a necessidade de aprendermos o idioma, e rever o que cantamos, para cantar adequadamente cantigas aos orixás.

Assim o alagbe e babalorixá Antonio Carlos de xangô, informa que quando ele era pequeno o babalorixá dele assentou um Bara o orixá dele e a passagem, para que ele pudesse tocar. E ainda no mesmo vídeo, informa que em determinado momento começaram a mudar as letras das cantigas, para facilitar a forma de cantar, por que tinham dificuldade com o idioma, e sem estudo, criando um idioma afro-brasileiro, com um vocabulário próprio. Veja a seguir;

Transcrição da fala do Onilu Antonio Carlos.

[...] A língua que nós falamos, é uma língua afro-brasileira.... entendeu?... por que um exemplo que eu vou dar... (cantando)... antigamente era diferente.... (cantando)... então as pessoas de hoje teria uma dificuldade para desenvolver na língua... entendeu?.... então o qui que aconteceu nesse.... facilitaram mais... entendeu?... não tão afro puro [...]

FUNDAMENTOS E INICIAÇÕES
Os fundamentos não mudam, mas podemos melhorar o que fazemos, para possibilitar uma comunicação adequada com os orixá.

Rever os conceitos de Bori e Ori, para que através disso possamos voltar a praticar o culto ao Ori, conforme algumas famílias ainda preservam o que os nossos ancestrais ensinaram.


ATUALIZAR E REALINHAR


 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUGESTÕES
 
Estudar o idioma para cantar adequadamente e saber o que canta.

Aprimorar o conhecimento sobre folhas, para manusear o poder destas ervas, conforme as suas propriedades.

Estudar sobre a divindades, para conhecer a sua cultura.


E ao olhar para o Batuque, devemos visualizar a sua origem, não nos prendermos no atual momento, pois este é o resultado, não a origem. 



SABER O QUE CULTUAMOS PARA SABER QUEM SOMOS.



TIKTOK ERICK WOLFF