domingo, 6 de agosto de 2023

O LEGBA E O BATUQUE DO RS

Por Erick Wolff de Oxalá 

Em 02/08/2023

Imagem 01: Vodun Legba


Este artigo tem por finalidade registrar informações da divindade Legba na Matriz e na diáspora afro-brasileira.





Em 2013, o professor Charles (vr) forneceu informações sobre o Legbá, vejamos:

[...] Legbá (Legbà, em fongbé) é um vodun muito importante, tanto no Benin como na diáspora, por ser aquele que tem como atributos ser o protetor e o mensageiro entre os homens e os Voduns... [...] 

[...] No Brasil não é feito e nem entra em transe, não tendo o vodunsi. No Benin há vodunsi dedicadas a estes voduns, recebendo a denominação de Legbási. [...] 

[...] Legbá é o correspondente Jeji ao òrìsà Èsù (Bara) dos yoruba. É o filho mais jovem do par Mawu-Lissa ou Dadá-Segbo. Seu assentamento é um montículo de barro com um falo ereto, representação de sua relação com a sexualidade masculina, e com dois chifres. Possui ligações com Ayizan e Xorokwe. [...]


 A chief Fama (vr) registra informações sobre a divindade Elégbaa, vejamos:

[...] Uma coisa fascinante sobre oríkì é o fato de que os nomes que estão contidos no oríkì são alguns substituídos por nomes reais. É o caso de um poderoso òrìsà cujo nome atributivo é ALÁGBÁRA, mas é conhecido, chamado e tratado como Èsù em Yorùbáland. De alguma forma, esse nome Alágbára, chamado ELÉGBAA na diáspora, é confundido pelos devotos de òrìsà na diáspora como sendo um òrìsà diferente de Èsù. Em toda YorùbálandÈsù raramente é chamada de AlágbáraAlágbára, e não Elégbaa, entra em cena, na maioria dos casos, apenas quando o oríkì de Èsù é cantado. Tomei conhecimento da confusão que existe entre Èsù e seu nome atributivo, Alágbara, quando nosso filho, Awo Devindra Somadhi, foi iniciado na Nigéria no culto de Èsù. Voltando para a América após a iniciação. De acordo com Awo Devindra, alguns adoradores de òrìsà lhe disseram que ele deveria ter sido iniciado em Elégbaa (como Èsù é chamado na diáspora) em vez de Èsù porque, de acordo com essas pessoas. Èsù é poderoso demais para qualquer um ser iniciado. Awo Devindra entrou em contato comigo para esclarecimentos no Regard. Eu disse a ele que Elégbaa é o nome atributivo de Èsù e que, em YorùbálandEleElégbaa não é um òrìsà diferente de Èsù. Para levar este ponto para casa, dei a Awo Devindra alguns dos oríkì de Èsù Onde Alágbara é incorporado um dos nomes atributivos de Èsù. Embora, Awo Devindra aceitasse explicação, eu sabia que as pessoas continuavam dizendo a ele que seu òrìsà era Èsù e não Elégbaa, apesar de sua própria tentativa de convencê-los.

 

Como era minha prática investigar mais a fundo quando confrontado com questões sensíveis, decidi pesquisar, fiz uma viagem a Yorùbáland, a sede de todos os òrìsà na palavra, em setembro de 1992, e entrevistei alguns Babaláwo para esclarecer a relação entre Èsù e Elégbaa. O primeiro Babaláwo que entrei em contato foi um amigo/professor, e um Babaláwo muito respeitado. Ele é Olóyè Adébóyè Oyèésànyà, o Sacerdote Chefe do Ijo Òrúnmìlà Atò (Templo de Òrúnmìlà) em Lagos, Nigéria. Perguntei a Olóyè Oyèésànyà quem Elégbaa. A resposta de Olóyè Oyèésànyà foi concisa. Ele disse que Elégbaa era um dos nomes atributivos de Èsù. Ele me deu mais informações sobre Èsù. Agradeci a Olóyè Oyèésànyà por esta resposta. Passei para Ìbàdàn para entrevistar outro respeitado Babaláwo Olóyè Oyèésànyà Bógunmbè. Fiz a mesma pergunta a Olóyè Bógunmbè, que tinha visitado a América no passado. O contato de Olóyè Bógunmbè com os adoradores de òrìsà na América permitiu avaliar minha pergunta profundamente. Ele, entrou em uma longa explicação e me disse que ele também era diáspora. Um dos pontos da confusão, para ele, é a palavra Elégbaa. Ele explicou que Elégbaa é uma pronúncia corrupta da palavra ALÁGBÁRA. Ele afirmou que ALÁGBÁRA significa "pessoa poderosa" e que Èsù sendo uma òrìsà muito poderosa, os devotos lhe deram a denominação, ALÁGBÁRA, que o retrata como uma òrìsà poderosa. Ele disse que os irmãos e irmãs na diáspora devem notar que Elégbaa - com pronúncia própria e grafia como ALÁGBÁRA - é a denominação de Èsù, e que definitivamente não é um òrìsà diferente. Agradeci a Olóyè Bógunmbè pela iluminação e depois voltei para Lagos para buscar a opinião de um irmão fraterno e colega, Babaláwo Ooye'funso Olawaye. [...] (Fama, p. 152 e 153)

 

O blog Yoruba Blog em 21 de novembro de 2021, publicou um artigo sobre Ojubo Elegba na Nigéria, terras Ioruba, atualizando os conceitos que possuíamos sobre esta divindade, vejamos:

 


(Tradução digital por Google)

"...Há muito tempo, antes da presença da urbanização e do bombardeio britânico de Lagos em 1851, a área hoje conhecida como Ojuelegba era uma floresta e local consagrado ao culto de Ẹ̀shù Elegbua também conhecido como Légba entre o povo Fon da República do Benin. Exu no Brasil, Echu-Elegua em Cuba, Papa Legba no Haiti e para alguns afro-americanos como Papa La Bas.

Foi bem, sob a atual ponte Ojuelegba que os Aworis, que se dizia ser os primeiros habitantes desta área, costumavam adorar láàlu ogiri òkò - a divindade encarregada da ordem e o divino executor das leis naturais e divinas. A pedra que era de terra laterítica com conchas de cauri marcando os olhos e a boca de Exu, que os adoradores derramam ofertas diárias para apaziguar o deus, agora abriu caminho para a urbanização, o santuário foi movido várias vezes antes de ser finalmente estabelecido em sua localização atual, a alguns passos (para o sul) da atual rotatória de Ojuelegba. Tem nela a inscrição ‘Ojú-Ìbọ Elégba', de onde o nome da cidade foi cunhado Ojú-elégba (que significa olhos de Elegba ou o Santuário de Elegba).

Na década de 1970, Ojuelegba tornou-se conhecida por sua vida noturna agitada, em parte devido ao santuário de Fela, que foi inicialmente localizado no império e também devido ao fato de ser um ponto de conexão vital para os viajantes no continente conectando os distritos circundantes de Surulere, Yaba e Mushin, também serve como ligação entre o sempre movimentado estaleiro Apapa-Wharf e a rodovia Ikorodu e Agege, de forma que se tornou famosa por seus engarrafamentos diários devido à ausência de semáforos e guarda de trânsito. Foi o tema da canção de Fela - "confusão" em 1975:

"Para Ojuelegba, para Ojuelagba
Moto dey vem do sul
Moto dey vem do norte
Moto dey vem para o leste
Moto dey vem do oeste
E o policial não tem dey para o centro
Que confusão seja isso
Que confusão seja isso "



Em 12 de fevereiro de 2022, Dra. Paula Gomes postou registros fotográficos da restauração do antigo templo Èsù Akesan, do mercado de Òyó, Nigéria, que possui a inscrição Elegbaa:


O sacerdote Omotobatala lançou um livro em 2003, trabalhando no idioma Ioruba ressignificações das orin cantadas no Batuque.


Neste trabalho Omotobatala, cita Legba em outros momento Elegba:






Considerações

Há famílias do Batuque que informam que o Legba seria um vodun, outras famílias informam que o Legba seria um òrìsà.

Há famílias que informam que o Legba é companheiro da Zina, que possivelmente seria a divindade vodun Ayzan. 

Há famílias que informam que o Legba seria companheiro da Atimbowa.
 
No entanto, diante do material apresentado, as pesquisas não são conclusivas que o Legba cultuado no Batuque seja de origem Fon ou Ioruba.

Importante anotar que o culto do Legba no Batuque é feito com vários tridentes de ferro ficados  numa base reta de barro batido. Não possuímos registros de assentamentos antigos de Legba, feito no chão conforme citado pelo prof. Charles.

Segundo o professor Hungbono Charles, "Um vodunsi somente pode ser feito por um Vodun, sendo que devido ao tabu da ocupação no Batuque do RS seria impossível". (Informação pessoal)


Segundo o professor e babalorixá Aulo Barretti, "os Ioruba cultuam o orixá em okuta (pedra), o povo Fon o vodun diretamente no chão, e o povo Banto cultua os inkisses em um conjunto de vários elementos." (informação pessoal de Luiz L. Marins, conforme ouviu do prof. Aulo Barretti em aula assistida na Funaculty, 1980).

É necessário observar que no livro Adura-orin Orisa, Omotobalata ressignifica as cantigas do Batuque, o seu trabalho foi baseado no idioma Ioruba e traduziu para o espanhol.  As orin deste livro 
não se trata das originais, pois, uma ressignificação tem como base a interpretação do autor.
 

Referências:

Charles, Revista Olorun, n. 17, abr. 2013, Casa Jeje de Azansú-Sapakta,  p. 26 e 27, https://revistaolorun.files.wordpress.com/2018/10/revista-olorun-15.pdf

Charles, Revista Olorun, n. 17, abr. 2014,  Buscando a Possível Herança Vodun no Batuque, p. 97 e 98, https://revistaolorun.files.wordpress.com/2018/10/revista-olorun-17.pdf  

Chief Fama, Fundamentals of the YORÙBÁ RELIGION ÒRÌSÀ WORSHIP, 1995, Printed in the United States of America. (Tradução online)


Fontes virtuais:
OJUELEGBA: UMA BREVE HISTÓRIA
https://iledeobokum.blogspot.com/2021/11/ojuelegba-uma-breve-historia.html 


SANTUÁRIO DE ÈSÙ AKESAN (ELEGBAA)

quarta-feira, 2 de agosto de 2023

MÃE APOLINÁRIA REGISTROS

Este Registro foi publicado no wikifavelas.com.br
Por Luís Gustavo Ruwer da Silva (Preserve Morro Santana)*.
Acessado em 02/08/2023

Mãe Apolinária ‘Picurrucha’ (1912-1957)

Apolinária Mathias Baptista, também conhecida como ‘Mãe Apolinária’, ’ Mãe Currucha’ ou ‘Picurrucha’ foi uma das grandes expressões da religiosidade africana no Rio Grande do Sul (SCHUMAHER e BRAZIL, 2006). Foi uma importante ialorixá (mãe de santo; em iorubá: iyálorìṣa), nascida em 10 de março de 1912 no município de Tubarão (SC) e radicada em Porto Alegre (RS), fundadora da Sociedade Caboclos Amigos - Casa de Umbanda e Batuque de Porto Alegre.

Nascida aproximadamente duas décadas após a abolição da escravidão, sua mãe foi escravizada e fugiu para um quilombo, conta sua filha Marilu Paraguassú (SILVA, 2018), que não se recorda o nome da avó. Apolinária afirmava também ter em suas veias “uma boa porcentagem de sangue indígena” (CORREIO DO POVO, 1959).

*O verbete foi escrito baseado em entrevista realizada pelo autor com Marilú Paraguassú, filha de Apolinária, em 06 de dezembro de 2018.

Sociedade Caboclos Amigos

Picurrucha era adepta da religião de matriz africana, da Nação Nagô-Oyó, da Bacia de Mãe Erminda de Oxum Bolomí, que também era de Santa Catarina. Quando “grande”, foi para Bahia, onde aprofundou seus estudos sobre religião com a conhecida ialorixá Menininha de Gantois (SILVA, 2018). Apolinária compra um terreno em Porto Alegre, no bairro no bairro Mont Serrat, onde fundou a casa de religião afro-brasileira de Umbanda e Batuque conhecida como Sociedade Caboclos Amigos, se tornando uma das mais importantes chefes de terreiro da cidade.

Apolinária era próxima também de Mestre Borel, uma das figuras culturais dentro da cultura de matriz africana mais importantes dentro do RS, um grande ícone da luta do negro no RS compositor, escritor e pesquisador da cultura. Com o tempo, Apolinária, e sua casa do Mont Serrat acabaram ganhando muita fama e atenção do grande público, por conta de suas grandes festas e cerimônias, que frequentemente eram noticiadas em reportagens pela imprensa metropolitana.

Contribuições para ciência e psicanálise

Em 1952, Apolinária abriu seu templo para a pesquisa científica e por conta disso, muitos de seus rituais foram registrados fotograficamente, e as rezas gravadas em fita magnética e acetato. Grandes nomes das ciências e das artes chegaram a participar de suas cerimônias, como o regente e folclorista alemão Fritz Jöde. Muitos psicanalistas observavam suas cerimônias para desenvolver estudos a respeito do “estado de santo”, como Angel Garma, Arnaldo Raskovsy e Ernesto La Plata (CORREIO DO POVO, 1959).

O grande sonho

Para além de sua importância religiosa, Apolinária era conhecida por sua solidariedade e generosidade. Gostava muito de crianças, com quem conversava, brincava e as acolhia em sua casa. Foi mãe de quatro filhos carnais: Maria do Carmo, Marino, Maria Antônia e Marilu. Além disso, chegou a ter cerca de 40 crianças adotivas sob sua guarda. Seu maior sonho era o de construir uma grande instituição de acolhimento de menores abandonados em torno de sua casa de religião. Por conta da visibilidade dos problemas de espaço e buscando concretizar um projeto ambicioso de construir um novo terreiro que também funcionasse como uma instituição de acolhimento, Apolinária comprou quatro terrenos no entorno do Morro Santana, onde hoje se localiza o Jardim Ypu, onde começou a construção de seu projeto (SILVA, 2018).

Um novo terreiro, fora da orla extrema da cidade. Terreiro de tais proporções como talvez não exista outro no Brasil. Enorme área construída, com dois pisos. A sala de dança ritual teria quatorze metros de lado. Ao redor do edifício principal, muitas casas de seus crentes mais chegados. (CORREIO DO POVO, 1959) 
 
O projeto arquitetônico foi concebido pelo Eng. Civil Ênio José Verçosa, que foi convidado por um dos filhos de religião da casa e ficou impressionado com a grandiosidade do projeto. A casa foi levantada com recursos próprios e dos filhos, e a própria família trabalhava na obra, erguendo tijolos e abrindo poços. De acordo com sua filha Marilú, parte da obra já estava “levantada”, onde funcionava na parte de cima o salão de religião. Na parte de baixo, haveriam quartos para acolhimentos de pessoas em situação de rua e crianças (SILVA, 2018).

Comprado o grande terreno de uma empresa imobiliária, abriram e sentaram os alicerces. Para suprir as necessidades de água escavaram um profundo poço Finda a jornada na cidade os fiéis para lá se dirigiam e trabalhavam até a madrugada. Fabuloso movimento de terras, ciclópicos muros de pedra, e as paredes se elevaram pouco a pouco. Puzera a cobertura. Uma laje de concreto dava acesso direto da estrada ao piso superior. Tudo marchava bem. (CORREIO DO POVO, 1959)

Falecimento

Apolinária chegou a viver na nova casa por alguns anos, recebendo muitos filhos de religião, mas não chegou a ver a obra se concretizar. Em 5 de junho de 1958 Apolinária faleceu “do coração”, de acordo com Marilú:


Ela morreu de… Um bicho que ela tava cuidando. Ela tava cuidando de um bicho e morreu. Do coração, bem dizer né? [...] Ah, foi… Muita emoção. Bah, eu chorava que nem sei. Era agarrada com ela. [...] Foi um cavalo que ela tava cuidando, agora eu me lembrei. Ela tava cuidando de um cavalo e morreu.. Era obaluaiê. Ela comprou o cavalo pra mim e o cavalo morreu. (SILVA, 2018)

O jornal Correio do Povo afirma que fora o tétano seu “inimigo mortal”: “Inesperadamente se abate sobre Apolinária um inimigo mortal - Clostridium de Nicolaier. Em outras palavras: o tétano. E tétano alto. Dias depois Apolinária era cadáver.” (CORREIO DO POVO, 1959). Marilú conta que ela chegou a ser hospitalizada, e recebeu muitas visitas, principalmente dos filhos de religião, mas que faleceu “no dia seguinte” (SILVA, 2018).

Em vão o “êru” que os seus filhos fizeram para salvar-lhe a vida, igual àquele, ou talvez mais impressionante, com que a própria Apolinária roubara à morte a velha cardíaca que no dia seguinte dançava na roda louvando os orixás. Em vão. Quando no “erú” já não baixou nenhum santo… esta era a vontade dos deuses. (CORREIO DO POVO, 1959).

“Foi tanta gente no enterro pra mãe” conta Marilu (SILVA, 2018). Seu funeral atraiu uma multidão de filhos e admiradores, que ao som de tambores e agês que ritmavam a dança, carregaram seu caixão. O cortejo foi escoltado por por batedores de polícia, montados em motocicletas. desde o bairro Mont’serrat até o cemitério São Miguel e Almas, na Azenha. “Quase pianíssimo as vozes diziam: ‘Ateté e e’laô. Oia funi banã. Ateté e’laô. Oia funi baña” (CORREIO DO POVO, 1959)

Homenagens póstumas

Após seu falecimento, filhos de santo, simpatizantes e integrantes do movimento negro, em gratidão e homenagem, lutaram pela preservação de sua memória. Moradores do Morro Santana que já haviam sido beneficiado por suas curas e benfeitorias conquistaram a nomeação da principal avenida do Jardim Ypu como Av. Mãe Apolinária Matias Batista

Em 1988, ao lado de nomes como Lupicínio Rodrigues e Tesourinha, Mãe Apolinária foi reconhecida no Calendário Vultos Negros do Rio Grande do Sul, em razão do centenário da abolição da escravatura.

Mais fotos





Referências

SILVA, Luís Gustavo Ruwer. Saída de campo à Casa da Mãe Apolinária, 2018.

“Ogum baixou no terreiro de ‘Mãe’ Apolinária”. Revista do Globo Ano XXVI. 1955. Disponível em https://www.ufrgs.br/biev/texto/mae-apolinaria/

LOPES, Nei. Enciclopédia Brasileira da Diáspora Africana. 2011.

Mãe Apolinária - Uma legenda Afro-gaúcha. Jornal CORREIO DO POVO, 14 de junho de 1959.

Mulheres Negras do Brasil. SCHUMAHER e BRAZIL, 2006.

Calendário Vultos Negros do Rio Grande do Sul. Acervo Centro de Memória Mulheres do Brasil. 1988. Disponivel em: http://docvirt.com/docreader.net/DocReader.aspx?bib=arq_cultura&pagfis=9149

Este vídeo Mestre Borel relata sobre a Mãe Apolinária:

NA CASA DA MÃE APOLINÁRIA 

Neste vídeo o professor e Babalorixá Denis, registra outro endereço de Mãe Apolinária:


Imagens comprobatórias:










sexta-feira, 28 de julho de 2023

COMO PAI EXU TIRIRI LANÃ DA QUIMBANDA VEIO A SER ÈSÙ BARÁ LODE DO BATUQUE !

Eneida de Oxalá, filha da mãe Neli de Oia Tóla.

Neste vídeo mãe Eneida explica que o pai João do Bara Byi, através do jogo viu que o Exu Tiriri (entidade da Quimbanda) da mãe Neli, havia "evoluído" para Èsù Lode do Batuque, e determinou que ele seria cultuado na Quimbanda e no Batuque.




Fonte: https://www.facebook.com/watch/?v=1778289522569469

JOÃO DE BARÁ AGELÚ NÍ BÍ (EXÚ BY)

Postagem coletada da página Religião Respeito Humildade, da mídia social Facebook, publicada em 17 de julho de 2023, acessada em 28 de julho de 2023. 

Este foi um ícone do segmento Jeje do Batuque do RS, levou a religião para países vizinhos e foi o responsável por aprontar vários sacerdotes nos países vizinhos. 




"Quando se fala em Nação Jeje do Rio Grande do Sul, logo vem o nome do Pai de Santo mais famoso desta nação que foi o Pai João de Bará Ni Bi (Exu Bý), que sem dúvidas foi a maior expressão Jeje. Conhecido no Brasil e em outros países, filho de Santo de Mãe Chininha de Xangô Agandju Ibeijis. Pai João do Bará doutrinava muito bem seus filhos de santo. Ensinava muito bem seus filhos a puxar as rezas dos Orixás e a tocar tambor.

Ele tinha uma técnica de ensinar os filhos tocando na mesa com duas colheres e no outro dia já os colocava a tocar no tambor com os agidavís. João de Bará e Tia Licinha, sua irmã, tocavam Jeje, juntos, e diziam na época que era um dos melhores rituais quando esses dois se juntavam na mesma obrigação. Dos pais e mães de santos atuais, da nação Jejê do Rio Grande do Sul, muitos desconhecem a palavra Vodun; deve-se este fato ao predomínio da nação Ijexá, de origem Yorubá que acabou absorvendo as demais, e o termo vodun com o passar dos tempos, deixou de existir.



Considerações 

Segundo informação pessoal da Meire de Iemanjá, os mais velhos da família dizem que foi pai João que introduziu o toque do aquidavi na família dele, ele costumava ensinar o ritmo batendo com colheres na mesa para ensinar aos seus tamboreiros tocarem. 

Não encontramos registros do uso do aquidavi por Mãe Chininha de Xangô Agandju Ibeijis.

O aquidavi são varetas, que o tamboreiro pode usar um ou duas para marcar o ritmo no tambor, encontramos costume semelhante no Candomblé Ketu. 

Fonte https://www.facebook.com/religiao.r.humildade/posts/pfbid0q3aaED2eSLJE6kcfxrRo9LQok9w9z3a6weUXEfYZpqr5e4fTkse1YhFS8HuDaginl 

Imagem comprobatória:


quinta-feira, 27 de julho de 2023

A NAÇÃO DE CABINDA É A NAÇÃO DO EGUM?

Para o bem da ciência e registro dos costumes e conceitos do Batuque do RS, coletamos este debate para registro dos pensamentos e tradições dos internautas batuqueiros que participaram. 


O debate ocorre no numa comunidade aberta Batuque Do Rio Grande do Sul no Facebook, houveram divergências nos costumes e tradições, desta forma as transcrevemos para destacarmos. 


Postado por
Batuque Do Rio Grande do Sul

Em 08/07/2023

 


A nação de Cabinda é a nação do egum ?

 

Lya Tarosh

EGUNGUN , eles são a nossa Ancestralidade.

E não é só a Cabinda que cultua , e pelo que sei Cabinda não é a Nação dos Eguns , apesar que se vê muito por aiw alguns se achando melhores que irmãos das demais Nações porque são de Cabinda e a Cabinda se cultua primeiro o Egumgum , mas em todas as Nações eles são cultuados.

 

Mary Faleiro

A inveja mata, procurem saber primeiro, depois dêem suas opiniões ofensivas. Se não conhece cale-se. Gostam de polêmica e querem fundamento via rede social.

 

Lucas Freitas

Mary Faleiro Sua benção Ìyá, sempre fui a favor disto, não expôs o fundamento em redes sociais, principalmente o Ègún que é tão sagrado e está tão banalizando.

 

Patricia D'Sapatá

A pergunta está com uma grande deficiência na sua elaboração. Existe um oceano que distingue a cultuar Egun=Ancestral bem como as suas práticas ou ter balé em casa. Se a origem nas nossas práticas religiosas se remetem a nossa Ancestralidade obviamente que não é uma exclusividade de uma só nação. Agora ter balé em casa é um outro prisma que depende de diversos fatores para se chegar nesse grau. Também precisamos trabalhar no mínimo um pouco mais de humildade nas nossas relações pois com base nas pesquisas de muitos historiadores o que sempre nos leva a crer que não existe uma verdade absoluta está que está sendo provocada eu "uma pergunta" quase que uma afirmação que não está bem elaborada.

Karina Santana

Na Cabinda o egum cuida das defesas da casa de religião,por isso,devemos tratá-lo com respeito e seriedade .Ao agirmos assim ele sempre estará nos cuidando e defendendo juntamente com os nossos orixás.

 

Placer Sala

Qualquer nação que cultua Orixá tem que cultuar o Egum…

Egum nada mais é do que nossa própria ancestralidade, nossos Antepassados, nossa história, nossa via de início e fim.

Tudo começa no Egum e termina no Egum

 

Betty De Xapanã

Placer Sala concordo plenamente !

 

André D'Ogum Avagã

Placer Sala jêje ijexá não cultua egum e nessa nação o egum é o fim e não o começo.

 

Mário Oxalá Obokun

André D'Ogum Avagã Não cultua ???

Você pode falar por todo o Jeje Ijexa?

 

Carolina S. Vigel

Placer Sala errado!!!!!!!

 

Mário Oxalá Obokun

TODAS AS NAÇÕES/TRADIÇÕES FAZEM CULTO A ANCESTRAIS.

NAO É EXCLUSIVIDADE DA CABINDA E TAMBÉM NÃO FORAM OS PRIMEIROS A FAZER

 

Mary Faleiro

Mário Oxalá Obokun quem foi?

Mário Oxalá Obokun

Mary Faleiro o culto a ancestrais existe em Nigéria desde sempre, e o escravos que de lá vieram faziam, Oyo, Ijexa, base do Batuque do RS tem registros de custos a ancestrais deste os primórdios.

 

Mário Oxalá Obokun

Mary Faleiro jeje também sempre fez

 

Larissa Sauzem

Mary Faleiro acho que vou ficar calada né Mãe 😂🤭

 

Mary Faleiro

Larissa Sauzem o melhor que faz, não dá

Aqui não é Nigéria nem nunca chegou perto

 

Cristian Pedro

Mário Oxalá Obokun verdade.

 

Tigrezinha Rose Britto

Mário Oxalá Obokun exatamente 👏

 

Jonathas Rocha

Qualquer lado cultua os ancestrais

Não somente a cabinda!

Até pq o que eu aprendi é que egum não tem lado!

 

Yan Y Roberta

Nação de cabinda é uma Nação que trata primeiro ao Egum antes de tratar o Orixá, essa é a diferença!

 

Andre Silva

Gran verdad nosso fundamento começa la no fundo com elegbá .

 

Dieguitto de Agandjú  · 

Seguir

Se tem orixá, tem ancestralidade, tem Egum.

Independente da nação.

 

Zezo Costa

Ancestrais há em todas as religiões, afros!!!

Pq foi eles que deram início a tudo!!

Simplesmente!!

 

Silvio Lucena

Todas as nações podem cultuar Egun que são nossos ancestrais. Não é uma exclusividade da Nação de cabinda.

 

Wanessa Toledo

O post é aberto para que Babalorixás e Yalorixas de Cabinda possam explicar um pouco a quem não entende e tem essas dúvidas.

 

Whélter Krewer

A nação de Cabinda começa pelo egum , onde se tem o zelo pela ancestralidade.

 

Michele Soares

Whélter Krewer lembrando que egum de balé é o egum de um ancestral (pai, mãe, avó de santo) e nunca de irmãos, filhos e netos... Pq vejo vários bales por aí abrindo com egum de descendente e não de antecedente.

 

Whélter Krewer

Michele Soares aí já pulamos para uma questão muito discutida hoje me dia não só na Cabinda ." Onde a pergunta é abrir ou não o balé para filhos ?" , Já na minha doutrina que aprendi deve-se abrir para ancestrais como pai... Mãe , avós , bisavós e assim vai antecedendo a nós. Embora algumas casas já fazem de outras maneiras ficamos a nós a humildade de seguir a nossa sem desmerecer ou julgar.

 

De Oya Nany Mandinho D Avagan

Todos os lados começa no egum

 

 

Alagbe Micael Reis

A questão é que muitos de fato não compreendem o REAL , significado da palavra EGUM dentro do BATUQUE !

EGUM é o nosso ANCESTRAL . e de forma alguma isso é ruim , pensa que você ficou 10, 20 ou 50 anos na mão do seu pai ou mãe de santo . A vida toda e… 


André D'Ogum Avagã

Nem toda nação cultua egum,fui iniciado no jêje ijexá e jêje com ijexá NÃO cultua egum,tanto que a palavra egum sequer podia ser falada dentro do salão senão o cara levava um baita de um puxão de orelha. Fora que pra nós o egum era considerado o fim e não o começo. Depois que a cabinda tomou conta de tudo pelo status,agora todo mundo acha que tudo que é nação tem que ter fundamento igual o da cabinda. Agora tudo é status e todo mundo tem que ter balé pra ser o bam bam bam do buraco e as outras nações tem que entrar no embalo senão o fundamento não presta.

 

Edvaldo Mattos Edy D Oxala

André D'Ogum Avagã então na sua opinião jeje ijeixá não cultua ancestralidade, humm esse teu jeje ijeixá é bem diferenciado pois não existe nação sem cultua ancestralidade

 

André D'Ogum Avagã

Edvaldo Mattos Edy D Oxala diferenciado é esse batuque de hoje em dia. Não é o mesmo batuque que eu conheci há anos atrás. Que eu sei quem tem culto a balé é cabinda, jêje e o oyó que fazem balé no mato. Jêje com ijexá e ijexá puro não cultuam egum. Nessas horas se observa como o batuque mudou mesmo.

 

Julio Cesar

André D'Ogum Avagã como assim jeje ijexá puro???

Se for jeje ijexá já tem mistura.

 

Edvaldo Mattos Edy D Oxala

André D'Ogum Avagã mais um equivoco pois querendo ou não só pesquisar bem lá atrás as nações acabaram se misturando claro cada uma continuo cm suas peculiaridades mais mesmo assim cm algo de outra nação pois se não tivesse isso algumas nações teria número reduzido de orixás pra cultuar e cm as pessoas mesclando cada vez de uma nação pra outra misturo mais ainda então aí acaba esse negócio de nação pura , outra coisa tudo é herança jeje ijeixá não é obrigatório ter o balé mais pode sim ter a diferença é que Cabinda vai e antes de corta pra orixás alimenta o egungun , mais se vc herdar um orixás não importa a nação tudo muda , mais deixa assim só antes de afirmar algo precisa procurar muitas outras fontes e pessoas para não sai falando que todo mundo é errado só oque eu sei é o certo tanto que se vc olhar a postagem aí tem pessoas de fundamento e muito mais antiga que eu e vc cm opinião totalmente diferente da sua pq será né,será que todos estão errados só vc o certo e são do batuque antigo eles

 

Marce Freitas

André D'Ogum Avagã também aprendi assim mas isso a anos atrás hj tudo está diferente mas como diz os antigos cada um mexe sua panela com sua própria colher

 

Marce Freitas

André D'Ogum Avagã por isso muitas vz agente só escuta pq hj em dia tudo está mudado e uma micelania que não vale nem apenas cada um segue com sua feitura e ponto abraços

 

Nadine Leão

André D'Ogum Avagã gato minha mãe de santo tem pelo menos 60 anos de vasilha e ela foi feitao no jeje com ijexa e sim quando se tem herança se tem egum nem que seja no mato, pode ser até que tua família religiosa não cultue por opção, mas quando alguém morre e o orixa escolhe continuar ele vira egum, sendo assim qualquer religião sendo cabinda, oyó, jeje ou assemelhados vem com ancestrariedade! Até por que não pode esquecer que existe egum de orixa !!!

 

Gerson Farias

Todas as nações cultuam egum.Lembrando que não necessariamente precisa se ter balé para cultuar egum.Cada nação a seu modo mas não existe batuque sem os ancestrais.

 

André Paula Ribeiro

Na minha opinião Egum e a nossa base de tudo eles nos deram o encaminhamento parar aprender os rituais que a nação nos fornece antes de serem eguns eles foram mães e pais de santo ou seja um babalorixá e uma yalorixa pois bem nos servimos nosso orixás… 

 

Diego Luz

Muitas casas cultuam Eguns, a diferença é que a Cabinda é uma Nação para os Eguns, seu rito é forte, pois não há obrigação sem antes alimentar os ancestrais. Cabinda começa pelo Egun, essa é a diferença das demais Nações, porém, o culto aos Eguns é bem ativo em outras Nações, não sendo especificamente somente da Nação Cabinda.

 

Lucia De Ossãnha

Diego Luz e até onde sei só a cabinda cultua o kamuká e que dança pro leba antes de começar o batuque então tem diferença sim a cabinda das demais nações isso é fato e não é por ser melhor e mais forte que outras nações como falaram aí a cima é um ou o fundamento da nação cabinda só isso

 

Paulo Roberto Lopes Martins

Alguém sabe quem trouxe esse culto pra Cabinda ou disse que seria exclusivo dela???

 

Helena Porto

Quando cultuamos a Ancestralidade, homenageamos aqueles que vieram antes de nós, não esquecendo inclusive, dos Escravizados, pois foram Eles que truxeram todo culto afro para o Brasil, seja Candomblé ou Batuque.

"Quem sabe de onde veio, sabe para onde vai"


Helena Porto

Alex Sander Sander ikú ô, ikú ô,👏👏👏

 

Revisado e aumentado em 10/07/2023


Placer Sala
Qualquer nação que cultua Orixá tem que cultuar o Egum…
Egum nada mais é do que nossa própria ancestralidade, nossos Antepassados, nossa história, nossa via de início e fim.
Tudo começa no Egum e termina no Egum

Cristiane Bastos
Placer Sala O início e a perpetuação!

Betty De Xapanã
Placer Sala concordo plenamente !

Rodrigo Carvalho
Mário Oxalá Obokun pois então irmão, como penso na minha humilde observação cada casa tem la suas peculiaridades e costumes específicos baseado naquilo que um pai ensina pro filho e assim por diante. Feitura de Egun ou Igbalé de ancestral talvez seja uma diferença de casa pra casa e não necessariamente de nação pra nação. Acho que o irmão ali quis dizer que na casa dele não se pratica, assim como na sua ou em outras famílias dessa nação tem-se a prática normal.

André D'Ogum Avagã
Placer Sala jêje ijexá não cultua egum e nessa nação o egum é o fim e não o começo.

André D'Ogum Avagã
Mário Oxalá Obokun e quem cultua pode falar por todo jêje ijexá???

Mário Oxalá Obokun
André D'Ogum Avagã também não
Ninguém pode falar por todo Jeje Ijexa bem como por nenhuma tradição como um todo.
Por isso deve falar por sua família... naonpor uma tradição toda.

Egum não tem lado.

Rodrigo Carvalho
Eu acho que o irmão André de Ogum quis dizer que a nação Jêje Ijexá não cultua Egun da mesma forma que nós cultuamos (com missa sendo feita uma vez no ano, com serão no balé e toque dentro do salão) sendo ela uma das datas da casa em seu calendário normal.
Mas tenho certeza que quando uma pessoa de Jêje Ijexá morre logicamente é feito 1 Arissun e desligamento de sua obrigação do Peji no Ilê.
Sendo assim todas as nações de certa forma cultuam Egun. Claro, cada uma com a sua peculiaridade específica.

Mário Oxalá Obokun
Rodrigo Carvalho conheço famílias antigas do Jeje Ijexa e de outras tradições que fazem o preceito anual

Carolina S. Vigel
Placer Sala errado!!!!!!!

Íya Jeny Salazar da Boci
Só um aviso caso não saibam.
Orixá não ESCOLHE nação, quem faz isso somos nós humanos por uma questão de ego é vaidade, mas orixá responde em qualquer nação.

Diego da Rosa
Íya Jeny Salazar da Boci exato mana, mas n largo Cabinda kkkk

Íya Jeny Salazar da Boci
Diego da Rosa como falei, questão de ego humano kkkkk

Roger Leite
Diego da Rosa porque tu não conheceu nosso Jẹjẹ ijexá! Uma religião descomplicada, sem invenção de fundamento sem delírio de "resgates"! O dia que entender que Menos é mais... Muitos largarão seus conceitos!


Link da postagem: https://www.facebook.com/100064667053026/posts/pfbid02ZQFUYLoN7vcctNrYoszPMMgehEtHvan2Xv62YpcET8GCBBQ4fCkNE1dcCj8e6pYjl/?mibextid=cr9u03


Imagens comprobatória:























TIKTOK ERICK WOLFF