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domingo, 6 de agosto de 2023

O LEGBA E O BATUQUE DO RS

Por Erick Wolff de Oxalá 

Em 02/08/2023

Imagem 01: Vodun Legba


Este artigo tem por finalidade registrar informações da divindade Legba na Matriz e na diáspora afro-brasileira.





Em 2013, o professor Charles (vr) forneceu informações sobre o Legbá, vejamos:

[...] Legbá (Legbà, em fongbé) é um vodun muito importante, tanto no Benin como na diáspora, por ser aquele que tem como atributos ser o protetor e o mensageiro entre os homens e os Voduns... [...] 

[...] No Brasil não é feito e nem entra em transe, não tendo o vodunsi. No Benin há vodunsi dedicadas a estes voduns, recebendo a denominação de Legbási. [...] 

[...] Legbá é o correspondente Jeji ao òrìsà Èsù (Bara) dos yoruba. É o filho mais jovem do par Mawu-Lissa ou Dadá-Segbo. Seu assentamento é um montículo de barro com um falo ereto, representação de sua relação com a sexualidade masculina, e com dois chifres. Possui ligações com Ayizan e Xorokwe. [...]


 A chief Fama (vr) registra informações sobre a divindade Elégbaa, vejamos:

[...] Uma coisa fascinante sobre oríkì é o fato de que os nomes que estão contidos no oríkì são alguns substituídos por nomes reais. É o caso de um poderoso òrìsà cujo nome atributivo é ALÁGBÁRA, mas é conhecido, chamado e tratado como Èsù em Yorùbáland. De alguma forma, esse nome Alágbára, chamado ELÉGBAA na diáspora, é confundido pelos devotos de òrìsà na diáspora como sendo um òrìsà diferente de Èsù. Em toda YorùbálandÈsù raramente é chamada de AlágbáraAlágbára, e não Elégbaa, entra em cena, na maioria dos casos, apenas quando o oríkì de Èsù é cantado. Tomei conhecimento da confusão que existe entre Èsù e seu nome atributivo, Alágbara, quando nosso filho, Awo Devindra Somadhi, foi iniciado na Nigéria no culto de Èsù. Voltando para a América após a iniciação. De acordo com Awo Devindra, alguns adoradores de òrìsà lhe disseram que ele deveria ter sido iniciado em Elégbaa (como Èsù é chamado na diáspora) em vez de Èsù porque, de acordo com essas pessoas. Èsù é poderoso demais para qualquer um ser iniciado. Awo Devindra entrou em contato comigo para esclarecimentos no Regard. Eu disse a ele que Elégbaa é o nome atributivo de Èsù e que, em YorùbálandEleElégbaa não é um òrìsà diferente de Èsù. Para levar este ponto para casa, dei a Awo Devindra alguns dos oríkì de Èsù Onde Alágbara é incorporado um dos nomes atributivos de Èsù. Embora, Awo Devindra aceitasse explicação, eu sabia que as pessoas continuavam dizendo a ele que seu òrìsà era Èsù e não Elégbaa, apesar de sua própria tentativa de convencê-los.

 

Como era minha prática investigar mais a fundo quando confrontado com questões sensíveis, decidi pesquisar, fiz uma viagem a Yorùbáland, a sede de todos os òrìsà na palavra, em setembro de 1992, e entrevistei alguns Babaláwo para esclarecer a relação entre Èsù e Elégbaa. O primeiro Babaláwo que entrei em contato foi um amigo/professor, e um Babaláwo muito respeitado. Ele é Olóyè Adébóyè Oyèésànyà, o Sacerdote Chefe do Ijo Òrúnmìlà Atò (Templo de Òrúnmìlà) em Lagos, Nigéria. Perguntei a Olóyè Oyèésànyà quem Elégbaa. A resposta de Olóyè Oyèésànyà foi concisa. Ele disse que Elégbaa era um dos nomes atributivos de Èsù. Ele me deu mais informações sobre Èsù. Agradeci a Olóyè Oyèésànyà por esta resposta. Passei para Ìbàdàn para entrevistar outro respeitado Babaláwo Olóyè Oyèésànyà Bógunmbè. Fiz a mesma pergunta a Olóyè Bógunmbè, que tinha visitado a América no passado. O contato de Olóyè Bógunmbè com os adoradores de òrìsà na América permitiu avaliar minha pergunta profundamente. Ele, entrou em uma longa explicação e me disse que ele também era diáspora. Um dos pontos da confusão, para ele, é a palavra Elégbaa. Ele explicou que Elégbaa é uma pronúncia corrupta da palavra ALÁGBÁRA. Ele afirmou que ALÁGBÁRA significa "pessoa poderosa" e que Èsù sendo uma òrìsà muito poderosa, os devotos lhe deram a denominação, ALÁGBÁRA, que o retrata como uma òrìsà poderosa. Ele disse que os irmãos e irmãs na diáspora devem notar que Elégbaa - com pronúncia própria e grafia como ALÁGBÁRA - é a denominação de Èsù, e que definitivamente não é um òrìsà diferente. Agradeci a Olóyè Bógunmbè pela iluminação e depois voltei para Lagos para buscar a opinião de um irmão fraterno e colega, Babaláwo Ooye'funso Olawaye. [...] (Fama, p. 152 e 153)

 

O blog Yoruba Blog em 21 de novembro de 2021, publicou um artigo sobre Ojubo Elegba na Nigéria, terras Ioruba, atualizando os conceitos que possuíamos sobre esta divindade, vejamos:

 


(Tradução digital por Google)

"...Há muito tempo, antes da presença da urbanização e do bombardeio britânico de Lagos em 1851, a área hoje conhecida como Ojuelegba era uma floresta e local consagrado ao culto de Ẹ̀shù Elegbua também conhecido como Légba entre o povo Fon da República do Benin. Exu no Brasil, Echu-Elegua em Cuba, Papa Legba no Haiti e para alguns afro-americanos como Papa La Bas.

Foi bem, sob a atual ponte Ojuelegba que os Aworis, que se dizia ser os primeiros habitantes desta área, costumavam adorar láàlu ogiri òkò - a divindade encarregada da ordem e o divino executor das leis naturais e divinas. A pedra que era de terra laterítica com conchas de cauri marcando os olhos e a boca de Exu, que os adoradores derramam ofertas diárias para apaziguar o deus, agora abriu caminho para a urbanização, o santuário foi movido várias vezes antes de ser finalmente estabelecido em sua localização atual, a alguns passos (para o sul) da atual rotatória de Ojuelegba. Tem nela a inscrição ‘Ojú-Ìbọ Elégba', de onde o nome da cidade foi cunhado Ojú-elégba (que significa olhos de Elegba ou o Santuário de Elegba).

Na década de 1970, Ojuelegba tornou-se conhecida por sua vida noturna agitada, em parte devido ao santuário de Fela, que foi inicialmente localizado no império e também devido ao fato de ser um ponto de conexão vital para os viajantes no continente conectando os distritos circundantes de Surulere, Yaba e Mushin, também serve como ligação entre o sempre movimentado estaleiro Apapa-Wharf e a rodovia Ikorodu e Agege, de forma que se tornou famosa por seus engarrafamentos diários devido à ausência de semáforos e guarda de trânsito. Foi o tema da canção de Fela - "confusão" em 1975:

"Para Ojuelegba, para Ojuelagba
Moto dey vem do sul
Moto dey vem do norte
Moto dey vem para o leste
Moto dey vem do oeste
E o policial não tem dey para o centro
Que confusão seja isso
Que confusão seja isso "



Em 12 de fevereiro de 2022, Dra. Paula Gomes postou registros fotográficos da restauração do antigo templo Èsù Akesan, do mercado de Òyó, Nigéria, que possui a inscrição Elegbaa:


O sacerdote Omotobatala lançou um livro em 2003, trabalhando no idioma Ioruba ressignificações das orin cantadas no Batuque.


Neste trabalho Omotobatala, cita Legba em outros momento Elegba:






Considerações

Há famílias do Batuque que informam que o Legba seria um vodun, outras famílias informam que o Legba seria um òrìsà.

Há famílias que informam que o Legba é companheiro da Zina, que possivelmente seria a divindade vodun Ayzan. 

Há famílias que informam que o Legba seria companheiro da Atimbowa.
 
No entanto, diante do material apresentado, as pesquisas não são conclusivas que o Legba cultuado no Batuque seja de origem Fon ou Ioruba.

Importante anotar que o culto do Legba no Batuque é feito com vários tridentes de ferro ficados  numa base reta de barro batido. Não possuímos registros de assentamentos antigos de Legba, feito no chão conforme citado pelo prof. Charles.

Segundo o professor Hungbono Charles, "Um vodunsi somente pode ser feito por um Vodun, sendo que devido ao tabu da ocupação no Batuque do RS seria impossível". (Informação pessoal)


Segundo o professor e babalorixá Aulo Barretti, "os Ioruba cultuam o orixá em okuta (pedra), o povo Fon o vodun diretamente no chão, e o povo Banto cultua os inkisses em um conjunto de vários elementos." (informação pessoal de Luiz L. Marins, conforme ouviu do prof. Aulo Barretti em aula assistida na Funaculty, 1980).

É necessário observar que no livro Adura-orin Orisa, Omotobalata ressignifica as cantigas do Batuque, o seu trabalho foi baseado no idioma Ioruba e traduziu para o espanhol.  As orin deste livro 
não se trata das originais, pois, uma ressignificação tem como base a interpretação do autor.
 

Referências:

Charles, Revista Olorun, n. 17, abr. 2013, Casa Jeje de Azansú-Sapakta,  p. 26 e 27, https://revistaolorun.files.wordpress.com/2018/10/revista-olorun-15.pdf

Charles, Revista Olorun, n. 17, abr. 2014,  Buscando a Possível Herança Vodun no Batuque, p. 97 e 98, https://revistaolorun.files.wordpress.com/2018/10/revista-olorun-17.pdf  

Chief Fama, Fundamentals of the YORÙBÁ RELIGION ÒRÌSÀ WORSHIP, 1995, Printed in the United States of America. (Tradução online)


Fontes virtuais:
OJUELEGBA: UMA BREVE HISTÓRIA
https://iledeobokum.blogspot.com/2021/11/ojuelegba-uma-breve-historia.html 


SANTUÁRIO DE ÈSÙ AKESAN (ELEGBAA)

quinta-feira, 9 de março de 2023

ÒRÌṢÀ ÈṢÙ NÃO POSSUI CHIFRES E NEM FALO ERETO NA NIGÉRIA

Postado por  Hérick Lechinski

Em 09/03/2023






"Boa madrugada pessoal, trazendo conhecimentos para os menos esclarecidos e para àqueles que pensam que sabem.
Até hoje, em 15 anos de estudo do Òrìṣà Èṣù na Nigéria, Brasil, Benim e Cuba. Ainda não vi na Nigéria, origem do culto a Òrìṣà no Mundo, algum Ojúbọ (local de adoração/culto) do Òrìṣà Èṣù onde tivesse uma representação dele com chifres e falo ereto. Pode até ser que tenha, que alguma família o represente assim, mas se existe é uma raridade e eu ainda não conheço. Até podemos ver uma representação de Èṣù, representação esta que eu adoro, nos muros do palácio do Aláàfin em Ọ̀yọ́, de Èṣù com seu falo ereto, símbolo de força, poder e fertilidade, mas é apenas uma rara representação, não é um local de culto. Com chifres então, é algo que ainda não vi e acredito não existir na Nigéria. Afinal, Èṣù não tem chifres.
Difereeeeeeenteeeeeeeeee.
Do Vòdún Lẹ́gbàá, que é o culto do Òrìṣà Èṣù que foi levado para o Benim e lá nasceu um outro culto, com suas particularidades e motivos de ser. Lá sim, no Benim, você poderá ver várias representações e locais de culto dos diversos Vòdún Lẹ́gbàá existentes com falo ereto e até chifres. Isso tem suas explicações, explicações estas que não atribuo ao sincretismo de Lẹ́gbàá com o Diabo, mas também quem sabe pode ser. No Benim há vários sincetismos.
Então pessoal, ÒRÌṢÀ ÈṢÙ NÃO TEM CHIFRES E NEM RABO, ATÉ PODE TER FALO ERETO, MAS CHIFRES E RABO NÃO.
E para cultuarmos Èṣù assim, além de ser desnecessário, porque não são características desta Divindade, dá margem para os ignorantes e preconceituosos continuarem dizendo que ÈṢÙ é o Diabo. E ELE NÃO É.
Não vamos confundir as coisas e confundir ainda mais a cabeça dos menos esclarecidos. É tão ruim as pessoas falarem, escreverem ou fazerem coisas que não sabem.
Éèpà Èṣù Kábíyèsí ooo.
Èṣù kìí ṣe Sátánì.
Èṣù á gbè wá ooo.
✒️
Hérick Lechinski
📸
Estas fotos que ilustram meu artigo, não são do Òrìṣà Èṣù, e sim do Vòdún Lẹ́gbàá, em uma floresta sagrada na cidade de Uidá (Ouidah), no Benim"

Fonte https://www.facebook.com/babaagunbiade/posts/pfbid02wsiN5kyCowbwFexmnCGDxCFwFf1a7g6DeAqyAn7x9PURPSuhDrfM5xCMqDk3eukZl

sábado, 12 de março de 2022

O BATUQUE PRESERVOU MUITO MAIS DA MATRIZ DO QUE PENSAVÁMOS XLVII

Por Erick Wolff de Oxalá

Postado em 10/03/2022, na comunidade - https://www.facebook.com/groups/1444295859135612 



AS DIFERENTES TRADIÇÕES JEJES DA DIÁSPORA BRASILEIRA


Nesta postagem desejamos falar um pouco sobre os Vodun, claro que, ninguém terá que mudar o que pratica, mas é importante sabermos mais sobre a cultura dos voduns, sabemos que muitos já vieram aculturados para o Brasil, por serem cultuados no vulto ou okuta, assim sendo, indicamos esta postagem para que conheçam algumas peculiaridades sobre: uma breve apresentação sobre os vodun, e sua formação na diáspora Brasileira (pp. 84); informações sobre os vodun Legba, Ayizan, Atimbowa, Sogbo, Agama... (pp. 95).

Link para acesso - https://revistaolorun.files.wordpress.com/2018/10/revista-olorun-17.pdf


domingo, 21 de novembro de 2021

OJUELEGBA: UMA BREVE HISTÓRIA

Publicado por Yoruba Blog 
Em 23/10/2021, acessado em 21/11/2021 às 11:39

Há muito tempo, antes da presença da urbanização e do bombardeio britânico de Lagos em 1851, a área hoje conhecida como Ojuelegba era uma floresta e local consagrado ao culto de Ẹ̀shù Elegbua também conhecido como Légba entre o povo Fon da República do Benin. Exu no Brasil, Echu-Elegua em Cuba, Papa Legba no Haiti e para alguns afro-americanos como Papa La Bas.

Foi bem, sob a atual ponte Ojuelegba que os Aworis, que se dizia ser os primeiros habitantes desta área, costumavam adorar láàlu ogiri òkò - a divindade encarregada da ordem e o divino executor das leis naturais e divinas. A pedra que era de terra laterítica com conchas de cauri marcando os olhos e a boca de Exu, que os adoradores derramam ofertas diárias para apaziguar o deus, agora abriu caminho para a urbanização, o santuário foi movido várias vezes antes de ser finalmente estabelecido em sua localização atual, a alguns passos (para o sul) da atual rotatória de Ojuelegba. Tem nela a inscrição ‘Ojú-Ìbọ Elégba', de onde o nome da cidade foi cunhado Ojú-elégba (que significa olhos de Elegba ou o Santuário de Elegba).

Na década de 1970, Ojuelegba tornou-se conhecida por sua vida noturna agitada, em parte devido ao santuário de Fela, que foi inicialmente localizado no império e também devido ao fato de ser um ponto de conexão vital para os viajantes no continente conectando os distritos circundantes de Surulere, Yaba e Mushin, também serve como ligação entre o sempre movimentado estaleiro Apapa-Wharf e a rodovia Ikorodu e Agege, de forma que se tornou famosa por seus engarrafamentos diários devido à ausência de semáforos e guarda de trânsito. Foi o tema da canção de Fela - "confusão" em 1975:

"Para Ojuelegba, para Ojuelagba

Moto dey vem do sul

Moto dey vem do norte

Moto dey vem para o leste

Moto dey vem do oeste

E o policial não tem dey para o centro

Que confusão seja isso

Que confusão seja isso "

(Tradução digital)

Imagens comprobatórias 

Fonte - 




Fonte - https://www.facebook.com/100201065147155/posts/397101032123822/?d=n

TIKTOK ERICK WOLFF