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segunda-feira, 19 de agosto de 2024

ESTUDO: O LEGBA, A ZINA E OS ANJOS CULTUADOS NA KAMBINA

O LEGBA, A ZINA E OS ANJOS CULTUADOS NA KAMBINA

Quem são, qual origem e qual a finalidade de cultuá-los.
Por Erick Wolff, 18/08/2024.

Neste vlog postamos os conceitos e reflexões das divindades Legba e Zina, incluímos os anjos para abrir um debate sobre o que seriam eles.

Postado na plataforma TikTok, selecionamos alguns comentários que acrescentam nos estudos e pesquisas dos costumes e tradições da Kambina. Vejamos:


"Médium Maicon Mendonça

kambina? não é cabinda?


Erick Wolff8 · Criador

[@Médium Maicon Mendonça] Kambina ou Kambini é o nome original, Cabinda é como chamam atualmente.


Erick Wolff8 · Criador

[@Médium Maicon Mendonça] já debatemos muito sobre o tema, inclusive já publicado no livro A Kambina Nagô e o Kamuka na Nigéria.


Erick Wolff8 · Criador

Kambina (atualmente conhecida por Cabinda) fundada por pai Waldemar


PaiJuliodeOxum · Amigo

Os descendentes da Mãe Ondina tem Legba e Zina? Conheço uma pessoa que conviveu com ela e nunca ouvi falar nessa feitura.


Erick Wolff8 · Criador

[@salakoifatundeawo] é descendente


Erick Wolff8 · Criador

Apenas completando, que se trata de assentamento e não feitura destas divindades que são relatados.


Erick Wolff8 · Criador

[@zezocosta1] o legba no Batuque tradicional não tem ligação com entidades exus ou pomba giras.


Erick Wolff8 · Criador

[@zezocosta1] quando existem muito caminhos para estudo e ou divergência entre informações, o correto é olharmos para a matriz africana.


Erick Wolff8 · Criador

Estudando o leba vodun ou o legba (elegbaa) orixá, ao observarmos a forma de culto preservado no Batuque encontraremos a origem


Erick Wolff8 · Criador

O jejê do Batuque é um culto a orixá, pelas ritualísticas, iniciações e divindades cultuadas, pois, o culto vodun é diferente dos ritos do Batuque.


Erick Wolff8 · Criador

Caro amigo [@o caminho do adepto], eu estou apresentando justamente o orixá Exu com nome legbaa ou legba do povo iorubá neste artigo


Erick Wolff8 · Criador

Abrindo uma possibilidade para esta divindade do batuque ser um orixá e não ser o vodun, mesmo considerando a forma de culto ou peculiaridades


Erick Wolff8 · Criador

Conforme já mencionado, caso deseja contribuir, também serão aceitas as informações e registradas, mencionando a devida fontes


sinha_oyá

Benção irmão, sou sua fã e neta do Pai Cleon, o próprio falava q Legba era uma entidade ❤️Mil bjos e orgulhosa de vc


zezocosta1

ou seja!! cada um criou da sua forma, cada uma cultuou dentro do seu entendimento, não se sabe a realidade...eu fico com a tese que houve uma aglutinação de culto e de divindades...


Erick Wolff8 · Criador

[@zezocosta1] sim, de certa forma está correto, pois cada religião se estruturou a sua forma, porém, as nações do Batuque possuem os mesmos elementos mudando pouco de uma para outra.


Erick Wolff8 · Criador

Sim, esta divergência demonstra a diversidade cultural


zezocosta1

sim!! só pro senhor saber, algum tempo atrás, eu ja ouvi que."leba" era o chefe dos exus...kkk

conheço pessoas que cultua ele como "exu entidade" e outros como Orixá...

abraços!!!


BrunoHilariodeOxala

ondina era jeje e Manoelzinho ijexá


Erick Wolff8 · Criador

[@BrunoHilariodeOxala] segundo a sua informação sobre o legba ser um Bará, coincide com as referências dele ser um Bará na, Nigéria.


Erick Wolff8 · Criador

[@BrunoHilariodeOxala] grato pela contribuição, mas segundo o site xangô Sol, ondina era filha do pai manezinho do XAPANA, desta forma, pertence a mesma vertente.


Erick Wolff8 · Criador

Ambos do ijexa


renanmoreira240

e nem todos de Cabinda permitem mulheres dançar pro leba, exemplo na casa de pai Raul do xangô onde pro leba se dança só homens


Erick Wolff8 · Criador

[@Babalorixa Diego Oxalá Obokun] e [@renanmoreira240] na casa de vcs as mulheres podem ficar templo quando vão cortar para o legba ?


Babalorixa Diego Oxalá Obokun

eu não tenho legba sento, mas na casa de pai Cláudio as mulheres permanecem no templo, ele também só coloca homens para dançar pro Legba


Babalorixa Diego Oxalá Obokun

sim descendentes da palmira normalmente não dançam para o Legba, sou bisneto do Henrique da Oxum (Keta)


renanmoreira240

sim sim igual comentei ali na nossa raiz, pai Raul de xangô somente homens dançam pro Legba, mas há outros lugares que vimos de outra forma


Babalorixa Diego Oxalá Obokun

aqui em casa apenas homens dançam para o Legba

 

Criis de Oxalá 🕊️

E eu aprendi tbm, que nem todo Cabindeiro pode "ter" Zina.... Que ela escolhe, e alguns fatores são levados em consideração 😉


claytonjhon429

Oi Muito bom o seu esclerecimento. fala um pouco da pandilha. obrigado.


Erick Wolff8 · Criador

A pandilha era a pomba gira do pai Henrique


Erick Wolff8 · Criador

Não temos como citar algo que não é público, se ler atentamente, irá notar que agradeci a nova informação, sendo que esta não invalida os relatos dos filhos do Henrique.


Devlyn de Maria Padilha

Como o senhor fez não citando o pai Adão? 😅


Erick Wolff8 · Criador

Respeitosamente [@Devlyn de Maria Padilha], vc pode falar pela sua família, mas não pode impor ou apagar a história de outras famílias.


Devlyn de Maria Padilha

O que não corresponde com a verdade. Procure descendentes vivos do pai Adão. Procure sua irmã carnal que ainda é viva e pergunte sobre a Pandilha…


Erick Wolff8 · Criador

Grato por contribuir, com mais uma informação, porém, os descendentes do pai Henrique, informam que ele cortava para a Pandilha no igbale, e incorporava c ela.


Criis de Oxalá 🕊️

No caso do Pai Adão.... Porém o Pai Henrique cultuava Pandilha.... Como dito acima


Criis de Oxalá 🕊️

Pandilha era somente do Pai Henrique...


Devlyn de Maria Padilha

Errado. Pandilha nunca foi pombagira e chegava somente no meu bisavô de santo PAI ADÃO DE ESÙ BIOMÍ


Erick Wolff8 · Criador

[@Devlyn de Maria Padilha] sempre citamos fontes e informantes, desta forma, não há mentiras; o que há são informações conflituosas.


o caminho do adepto

então por que só os jeje tinham ele inicialmente?


Erick Wolff8 · Criador

Qual seria fonte que inicialmente seria uma divindade do jejê do Batuque e quais famílias que o cultuavam


o caminho do adepto

a fonte é que existe um Legba no culto aos voduns e o povo que faz é jeje ! se o povo jeje do batuque não tem Legba não é jeje! e acaba só levando o nome de um culto que não faz! tem que tirar o nome


Erick Wolff8 · Criador

Caro amigo [@o caminho do adepto], não há registros de nenhum povo, cidade ou licalifade jejê, desta forma, os nomes das nações afro brasileiras, existem no Brasil sem compromisso de representar


Aline Cartas Ciganas

A História de anjo na Nação e na Quimbanda me pega demais, devido não encontrar sua origem, assim como Zina, ótima reflexão


Erick Wolff8 · Criador

Segundo algumas fontes, os anjos tiveram origem através do pai Nascimento do Ogun, antes dele não temos registros."


Criis de Oxalá 🕊️

E eu aprendi tbm, que nem todo Cabindeiro pode "ter" Zina.... Que ela escolhe, e alguns fatores são levados em consideração 😉


Erick Wolff8 · Criador

[@Criis de Oxalá 🕊️] era a forma antiga, no entanto, não consideravam ela fundamento para uma casa de kambina, sendo assim nem todas casas tinham ela


Erick Wolff8 · Criador

[@Criis de Oxalá 🕊️] sobre a pandila do pai Henrique, chegou a ve-la?


Criis de Oxalá 🕊️

Não... Sou bisneta dele... Mas não o conheci... Conheço apenas histórias que meu avô Pai Paulo do Bocum conta 😊

 

Sergio de Ògún

con ago Pai. eu so d esa raíz junto con pai Jorge da Oxum. baba Salako. compartimos feitura d misma mao,d mae Santinha y Nao Temos esos asentamiento de Legba y Zina.

Erick Wolff8 · Criador
[@Sergio de Ògún] saberia infirmar pr que deixaram de cultuar

Sergio de Ògún

esa afrimación vc tendría que sostener com fuente.

baba amigo como asegura q Pai Manuelzinho tinha y a mae Ondina?
aún tein en vida descendentes


Erick Wolff8 · Criador
Sim, a fonte está viva, e foi devidamente citada no livro A Kambina Nago e o Kamuka na Nigéria.


Revisado e aumentado

Coletamos a postagem registrarmos os estudos e memórias do Batuque, da família do pai Romário.


" Por Mary Faleiro

Postado em 05/10/2024
Mulher dança pra Leba sim. Sempre dançou."


Dos participantes, coletamos as seguintes falas:

  

Rose Cezimbra

Se dança pra lode ,por que não pro leba fica esta pergunta .


Babalorixá João Òsún Olobomi

Sempre, se é Cabinda dança sim...e digo mais se é Cabinda e yalorixá com casa aberta...corta pra Léba!


Mary Faleiro

[Vera Mirales] acho que sim, porque se eles são Cabinda como dizem, deveriam lembrar das mulheres ancestrais, mãe Madalena e mãe Palmira


Alabe Jonas Dyas Aganju

Pois é mãe [Mary Faleiro] sua benção sou novo e muitas vezes acompanho alguns postagem fico pensando

Na minha casa dança homem e mulher

Mas tem goas que só homem dança e não pode mulher dança

Acho que isso deve varia de fundamento de casa pra casa se eu estiver errado pode me corrigir 🙏🏿👑 ótimo tarde


Tamboreira Dienifer De Oxalá

Eu toco e canto pra ele bem tranquila kk


Vani Belaoya

Si... lógico mujer que cultua leba


Simara de Yemanja

Eu desde sempre nasci mulher me aprontando pequena cresci sabendo na Cabinda do Romário isso é fato


Ilê Asé Igbomina

Danzar si danza . Não mexe


Mary Faleiro

[Ilê Asé Igbomina] quem disse? E quem é sua ancestralidade?


Ilê Asé Igbomina

[Mary Faleiro] pai cloen fons seca de oxala filho de Henrique de osum, Palmira de oxum y Waldemar de KAMUKA

No es mí ancestro pero compartí 33 años a su lado


Mary Faleiro

[Ilê Asé Igbomina] e filho do meu pai de santo, depois foi para o Henrique e ficou por anos, 4 anos na mãe Palmira. E quem fez o Leba deles?


Ilê Asé Igbomina

[Mary Faleiro] pai cleon en los AÑOS 70 asentamiento de lẹgba y zina para la tía Ileana de oxalá ....



Mary Faleiro

[Ilê Asé Igbomina] quem deu pra ele? Foi Henrique ou foi mãe Palmira? A pergunta é clara


Ilê Asé Igbomina

[Mary Faleiro] en el axé de mar Palmira , más no corto Palmira ... Corto el ogan de corte de Palmira ... Un hijo de xangô ....

Palmira no cortaba para lẹgba ni para oromilaya... Esos era axé manipulado por hombres .....


Mary Faleiro

[Ilê Asé Igbomina] entendo, mas a rua dela não veio do meu bisavô pai Waldemar. O Sr. Fala com tanta propriedade que fez uma postagem sobre Cleon de Oxalá não ter sido filho do pai Romario. Seria melhor saber mais, antes de afirmar algo.


Ilê Asé Igbomina

[Mary Faleiro] iya Valdemar era ìjèsà , la que introdujo muchas cosas banto fue magdalena . Zina os anjos y muchas cosas más .... Pai clein junto a Berardi

Intentaron introducir los Exu de Angola pero no tuvieron muchos éxitos ....( Fue cuando se le prendió fuego el primer templo del pai .... Antes de mudarse al actual


Mary Faleiro

[Ilê Asé Igbomina] meu pai misericordioso.

Pai Waldemar era Ijexá? Está louco? Minha avó nunca teve Zinas e anjos. Vá aprender


Ilê Asé Igbomina

[Mary Faleiro] Valdemar era hijo de Antoninho de oxum , cuando lo expulso se refugio en la casa de gululu y ahí nace la historia de la Cabinda


Mary Faleiro

[Ilê Asé Igbomina] de onde tirou isso? Quanta bobagem saindo dessa boca 😂😂😂😂


Mary Faleiro

[Ilê Asé Igbomina] você é de Oyó, quem é teu ou tua ancestral?


Ilê Asé Igbomina

[Mary Faleiro] es historia ... Cuando Tadeo escribe el libro que pai Cleon vendia . Taeo escribe fundamento ìjèsà y no cabinda de gululu o de magdalena .... Cómo la cabinda de cleon que no era ìjèsà

Ahí es Cuando pai cleon graba un. Vídeo enojado y dijo LA CABINDA NÃO SE MISTURA ......


Ilê Asé Igbomina

[Mary Faleiro] princesa Emilia de Oya

Pai Augusto de oxala

Mãe norma de oya

Y yo Fabio de oxalá ... tradición BOMINA / OYO ....


Mary Faleiro

[Ilê Asé Igbomina] muito bem. Vocês tem Leba? Eu sei a resposta ,mas vamos fazer um trabalho lógico aqui.


Mary Faleiro

[Ilê Asé Igbomina] tua nação não cultuava Lodê, foi feito pelo povo cabindeiro, mas vamos lá, acho que perdeu várias aulas


Mary Faleiro

[Ilê Asé Igbomina] Tadeu era meu irmão de santo criatura, além de ser um grande amigo pessoal, quando pai Romario não aceitou mais ele não casa, porque avisou que ele iria preso, ele sai da prisão e vai pra mão do Cleon, e o Cleon vendia sim os livros na casa dele. Quer mais explicado que isso? Quantos anos você tem???

 

Mary Faleiro

Em nome de Jesus, esse homem está dizendo que pai Waldemar era Ijexá, mas ele supostamente é Oyó. Está fora da casinha, para minha sanidade mental, vou bloquear essa criatura, porque isso é contagioso, tenho medo de me contagiar ☝🏼

Postagem mãe Mary Faleiro:







segunda-feira, 29 de janeiro de 2024

O JEJE VODUN DO BATUQUE, UM CULTO NAGÔ

Este vídeo registra o Jeje Vodun do Batuque, um segmento Nagô.

Publicado no perfil Lore Sesi, na data 29/01/2023.

Fonte primária o perfil Ancestralidade publicado em 29/07/2018, denominado Jeje Vodun.

Veja no Vídeo





Considerações

Não  há registros nem elementos que confirme que o Jeje Vodun do Batuque tenha influencia Fon, pois seguem ritos, tradições, costumes e as cantigas dos segmentos do Batuque (Oyo, Jeje, Ijesa e Kambina), ou seja, louvam orixás e cantam no mesmo idioma que todos, observamos que muda o ritmo do tambor e o uso de varetas que acompanham os toques. Mesmo assim, não há voduncis sendo iniciados, pois necessitariam serem feitos diretamente por um Vodun, porem pelo fator do tabu da ocupação impede.

Há registros de casas que dança em pares no Jeje Vodun, porem, ainda assim cantam para orixás.

domingo, 6 de agosto de 2023

O LEGBA E O BATUQUE DO RS

Por Erick Wolff de Oxalá 

Em 02/08/2023

Imagem 01: Vodun Legba


Este artigo tem por finalidade registrar informações da divindade Legba na Matriz e na diáspora afro-brasileira.





Em 2013, o professor Charles (vr) forneceu informações sobre o Legbá, vejamos:

[...] Legbá (Legbà, em fongbé) é um vodun muito importante, tanto no Benin como na diáspora, por ser aquele que tem como atributos ser o protetor e o mensageiro entre os homens e os Voduns... [...] 

[...] No Brasil não é feito e nem entra em transe, não tendo o vodunsi. No Benin há vodunsi dedicadas a estes voduns, recebendo a denominação de Legbási. [...] 

[...] Legbá é o correspondente Jeji ao òrìsà Èsù (Bara) dos yoruba. É o filho mais jovem do par Mawu-Lissa ou Dadá-Segbo. Seu assentamento é um montículo de barro com um falo ereto, representação de sua relação com a sexualidade masculina, e com dois chifres. Possui ligações com Ayizan e Xorokwe. [...]


 A chief Fama (vr) registra informações sobre a divindade Elégbaa, vejamos:

[...] Uma coisa fascinante sobre oríkì é o fato de que os nomes que estão contidos no oríkì são alguns substituídos por nomes reais. É o caso de um poderoso òrìsà cujo nome atributivo é ALÁGBÁRA, mas é conhecido, chamado e tratado como Èsù em Yorùbáland. De alguma forma, esse nome Alágbára, chamado ELÉGBAA na diáspora, é confundido pelos devotos de òrìsà na diáspora como sendo um òrìsà diferente de Èsù. Em toda YorùbálandÈsù raramente é chamada de AlágbáraAlágbára, e não Elégbaa, entra em cena, na maioria dos casos, apenas quando o oríkì de Èsù é cantado. Tomei conhecimento da confusão que existe entre Èsù e seu nome atributivo, Alágbara, quando nosso filho, Awo Devindra Somadhi, foi iniciado na Nigéria no culto de Èsù. Voltando para a América após a iniciação. De acordo com Awo Devindra, alguns adoradores de òrìsà lhe disseram que ele deveria ter sido iniciado em Elégbaa (como Èsù é chamado na diáspora) em vez de Èsù porque, de acordo com essas pessoas. Èsù é poderoso demais para qualquer um ser iniciado. Awo Devindra entrou em contato comigo para esclarecimentos no Regard. Eu disse a ele que Elégbaa é o nome atributivo de Èsù e que, em YorùbálandEleElégbaa não é um òrìsà diferente de Èsù. Para levar este ponto para casa, dei a Awo Devindra alguns dos oríkì de Èsù Onde Alágbara é incorporado um dos nomes atributivos de Èsù. Embora, Awo Devindra aceitasse explicação, eu sabia que as pessoas continuavam dizendo a ele que seu òrìsà era Èsù e não Elégbaa, apesar de sua própria tentativa de convencê-los.

 

Como era minha prática investigar mais a fundo quando confrontado com questões sensíveis, decidi pesquisar, fiz uma viagem a Yorùbáland, a sede de todos os òrìsà na palavra, em setembro de 1992, e entrevistei alguns Babaláwo para esclarecer a relação entre Èsù e Elégbaa. O primeiro Babaláwo que entrei em contato foi um amigo/professor, e um Babaláwo muito respeitado. Ele é Olóyè Adébóyè Oyèésànyà, o Sacerdote Chefe do Ijo Òrúnmìlà Atò (Templo de Òrúnmìlà) em Lagos, Nigéria. Perguntei a Olóyè Oyèésànyà quem Elégbaa. A resposta de Olóyè Oyèésànyà foi concisa. Ele disse que Elégbaa era um dos nomes atributivos de Èsù. Ele me deu mais informações sobre Èsù. Agradeci a Olóyè Oyèésànyà por esta resposta. Passei para Ìbàdàn para entrevistar outro respeitado Babaláwo Olóyè Oyèésànyà Bógunmbè. Fiz a mesma pergunta a Olóyè Bógunmbè, que tinha visitado a América no passado. O contato de Olóyè Bógunmbè com os adoradores de òrìsà na América permitiu avaliar minha pergunta profundamente. Ele, entrou em uma longa explicação e me disse que ele também era diáspora. Um dos pontos da confusão, para ele, é a palavra Elégbaa. Ele explicou que Elégbaa é uma pronúncia corrupta da palavra ALÁGBÁRA. Ele afirmou que ALÁGBÁRA significa "pessoa poderosa" e que Èsù sendo uma òrìsà muito poderosa, os devotos lhe deram a denominação, ALÁGBÁRA, que o retrata como uma òrìsà poderosa. Ele disse que os irmãos e irmãs na diáspora devem notar que Elégbaa - com pronúncia própria e grafia como ALÁGBÁRA - é a denominação de Èsù, e que definitivamente não é um òrìsà diferente. Agradeci a Olóyè Bógunmbè pela iluminação e depois voltei para Lagos para buscar a opinião de um irmão fraterno e colega, Babaláwo Ooye'funso Olawaye. [...] (Fama, p. 152 e 153)

 

O blog Yoruba Blog em 21 de novembro de 2021, publicou um artigo sobre Ojubo Elegba na Nigéria, terras Ioruba, atualizando os conceitos que possuíamos sobre esta divindade, vejamos:

 


(Tradução digital por Google)

"...Há muito tempo, antes da presença da urbanização e do bombardeio britânico de Lagos em 1851, a área hoje conhecida como Ojuelegba era uma floresta e local consagrado ao culto de Ẹ̀shù Elegbua também conhecido como Légba entre o povo Fon da República do Benin. Exu no Brasil, Echu-Elegua em Cuba, Papa Legba no Haiti e para alguns afro-americanos como Papa La Bas.

Foi bem, sob a atual ponte Ojuelegba que os Aworis, que se dizia ser os primeiros habitantes desta área, costumavam adorar láàlu ogiri òkò - a divindade encarregada da ordem e o divino executor das leis naturais e divinas. A pedra que era de terra laterítica com conchas de cauri marcando os olhos e a boca de Exu, que os adoradores derramam ofertas diárias para apaziguar o deus, agora abriu caminho para a urbanização, o santuário foi movido várias vezes antes de ser finalmente estabelecido em sua localização atual, a alguns passos (para o sul) da atual rotatória de Ojuelegba. Tem nela a inscrição ‘Ojú-Ìbọ Elégba', de onde o nome da cidade foi cunhado Ojú-elégba (que significa olhos de Elegba ou o Santuário de Elegba).

Na década de 1970, Ojuelegba tornou-se conhecida por sua vida noturna agitada, em parte devido ao santuário de Fela, que foi inicialmente localizado no império e também devido ao fato de ser um ponto de conexão vital para os viajantes no continente conectando os distritos circundantes de Surulere, Yaba e Mushin, também serve como ligação entre o sempre movimentado estaleiro Apapa-Wharf e a rodovia Ikorodu e Agege, de forma que se tornou famosa por seus engarrafamentos diários devido à ausência de semáforos e guarda de trânsito. Foi o tema da canção de Fela - "confusão" em 1975:

"Para Ojuelegba, para Ojuelagba
Moto dey vem do sul
Moto dey vem do norte
Moto dey vem para o leste
Moto dey vem do oeste
E o policial não tem dey para o centro
Que confusão seja isso
Que confusão seja isso "



Em 12 de fevereiro de 2022, Dra. Paula Gomes postou registros fotográficos da restauração do antigo templo Èsù Akesan, do mercado de Òyó, Nigéria, que possui a inscrição Elegbaa:


O sacerdote Omotobatala lançou um livro em 2003, trabalhando no idioma Ioruba ressignificações das orin cantadas no Batuque.


Neste trabalho Omotobatala, cita Legba em outros momento Elegba:






Considerações

Há famílias do Batuque que informam que o Legba seria um vodun, outras famílias informam que o Legba seria um òrìsà.

Há famílias que informam que o Legba é companheiro da Zina, que possivelmente seria a divindade vodun Ayzan. 

Há famílias que informam que o Legba seria companheiro da Atimbowa.
 
No entanto, diante do material apresentado, as pesquisas não são conclusivas que o Legba cultuado no Batuque seja de origem Fon ou Ioruba.

Importante anotar que o culto do Legba no Batuque é feito com vários tridentes de ferro ficados  numa base reta de barro batido. Não possuímos registros de assentamentos antigos de Legba, feito no chão conforme citado pelo prof. Charles.

Segundo o professor Hungbono Charles, "Um vodunsi somente pode ser feito por um Vodun, sendo que devido ao tabu da ocupação no Batuque do RS seria impossível". (Informação pessoal)


Segundo o professor e babalorixá Aulo Barretti, "os Ioruba cultuam o orixá em okuta (pedra), o povo Fon o vodun diretamente no chão, e o povo Banto cultua os inkisses em um conjunto de vários elementos." (informação pessoal de Luiz L. Marins, conforme ouviu do prof. Aulo Barretti em aula assistida na Funaculty, 1980).

É necessário observar que no livro Adura-orin Orisa, Omotobalata ressignifica as cantigas do Batuque, o seu trabalho foi baseado no idioma Ioruba e traduziu para o espanhol.  As orin deste livro 
não se trata das originais, pois, uma ressignificação tem como base a interpretação do autor.
 

Referências:

Charles, Revista Olorun, n. 17, abr. 2013, Casa Jeje de Azansú-Sapakta,  p. 26 e 27, https://revistaolorun.files.wordpress.com/2018/10/revista-olorun-15.pdf

Charles, Revista Olorun, n. 17, abr. 2014,  Buscando a Possível Herança Vodun no Batuque, p. 97 e 98, https://revistaolorun.files.wordpress.com/2018/10/revista-olorun-17.pdf  

Chief Fama, Fundamentals of the YORÙBÁ RELIGION ÒRÌSÀ WORSHIP, 1995, Printed in the United States of America. (Tradução online)


Fontes virtuais:
OJUELEGBA: UMA BREVE HISTÓRIA
https://iledeobokum.blogspot.com/2021/11/ojuelegba-uma-breve-historia.html 


SANTUÁRIO DE ÈSÙ AKESAN (ELEGBAA)

quarta-feira, 18 de janeiro de 2023

ZOOGODÔ BOGUM MALÊ RUNDÓ (1835)

este artigo tem a finalidade de preservar a memória do povo de terreiro afro-brasileiro.

Este texto é um rico registro do mais antigo terreiro de Candomblé do Brasil.

"O Zoogodô Bogum Malê Rundó, é um terreiro de nação jeje fundado em 1835 pela Done Ludovina Pessoa. Atualmente, é liderado pela. O terreiro, segundo historiadores, é o mais velho do Engenho Velho da Federação. Possui dentre suas divindades o vodun Bafono Deká, seu patrono. A divindade máxima é Mawu-Lissa, Olissassa, Olissá, Olissasi. As suas festas realizam-se ao fim do ano, após o Ossé de Lissa, ritual restrito aos seus iniciados.


Vodunon Naadojhi Zaildes Iracema de Melo
(Naadojhi Índia)

O Bogum, além de seu culto religioso de matriz africana realiza anualmente uma missa na Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, em louvor a São Bartolomeu e São Jerônimo. A sociedade civil do terreiro fundada em 1937 chama-se Sociedade Fiéis de São Bartolomeu do Terreiro do Bogum.

A relação desse terreiro com a comunidade sempre foi intensa, inclusive o Bogum possui no final de linha do Engenho Velho da Federação o busto da Done Runhó, o primeiro busto em praça pública na Bahia de uma líder religiosa, e essa homenagem faz jus a sua atuação na sociedade. Mulher que com sua fortaleza doou muitas das suas terras para quem precisava por avaliar que “o espaço dos voduns era morada também para as pessoas”, não adiantava os voduns terem tanto espaço com tantas pessoas sem ter onde morar.

Na década de 90 existia no Bogum o projeto “Roda Baiana” em parceria com o Terreiro do Cobre e o Tanuri Junsara. O Projeto que mais durou no Bogum foi o “Pré Vestibular Universidade Para Todos”, que permaneceu por 7 anos contribuindo para vários jovens e adultos , entrarem nas Universidades, tanto privadas quanto públicas. Também tivemos o projeto “Mobilizadores Sociais para a Juventude”; o curso de fotografia”; o projeto de estética e sustentabilidade; o curso de percussão – grupo Agdavi do Jeje, que nasce no Bogum e contempla toda a comunidade com aulas de canto e percussão; o curso de alfabetização; curso de coral. O Bogum sempre foi um espaço de manutenção cultural, educacional e social que desde sua fundação no século XIX, segundo pesquisadores, já era um espaço para discutir políticas e ações que promovessem sustentabilidade social, cultural e religiosa.

O Bogum participa da Caminhada pelo Fim da Violência e Ódio Religioso, pela Paz!” desde 2004, ou seja, desde o seu início. Nesse período uma das ekedji do Bogum, Jandira Mawusí participava do projeto “Roda Baiana” e Mãe Val do Terreiro do Cobre convidou o Bogum para se juntar a esse movimento, no Zoogodô Bogum já aconteceram algumas reuniões da comissão organizadora.

O Busto da Done Runhó, tem um simbolismo para o bairro do Engenho Velho da Federação, está localizado em um ponto que mesmo sendo no final de linha recebe quem chega e quem sai do bairro. É de lá que se inicia a Caminhada, desde a 3ª edição é o lugar onde os adeptos e não adeptos das religiões de matriz africana, de Salvador e outras localidades todos vestidos de branco, realizam um grande ato de confraternização num encontro de nações jeje, keto, angola, caboclo e pedem licença a todas as ancestralidades que regem a comunidade do Engenho Velho da Federação. Não por acaso, nesse local também encerramos a Caminhada, cantando para Oxalá. Portanto, a Caminhada é esse princípio e fim, de consagrar a vida do bairro."

Fachada Zoogodô Bogum Malê Rundó

Fonte - https://caminhosdaresistencia.com.br/zoogodo-bogum-male-rundo

Imagens comprobatórias




No entanto, prof Dr. Ordep Serra informa que a data da formação do terreiro Bogun, não são conclusivas. A seguir o link do trabalho do professor. 

https://ordepserra.files.wordpress.com/2008/09/bogum-vii.pdf

sábado, 12 de março de 2022

O BATUQUE PRESERVOU MUITO MAIS DA MATRIZ DO QUE PENSAVÁMOS XLVII

Por Erick Wolff de Oxalá

Postado em 10/03/2022, na comunidade - https://www.facebook.com/groups/1444295859135612 



AS DIFERENTES TRADIÇÕES JEJES DA DIÁSPORA BRASILEIRA


Nesta postagem desejamos falar um pouco sobre os Vodun, claro que, ninguém terá que mudar o que pratica, mas é importante sabermos mais sobre a cultura dos voduns, sabemos que muitos já vieram aculturados para o Brasil, por serem cultuados no vulto ou okuta, assim sendo, indicamos esta postagem para que conheçam algumas peculiaridades sobre: uma breve apresentação sobre os vodun, e sua formação na diáspora Brasileira (pp. 84); informações sobre os vodun Legba, Ayizan, Atimbowa, Sogbo, Agama... (pp. 95).

Link para acesso - https://revistaolorun.files.wordpress.com/2018/10/revista-olorun-17.pdf


sábado, 11 de julho de 2020

ṢÀNPỌ̀NNÁ


"A Divindade se chama Ṣànpọ̀nná (Xampanã), nome que não deve ser pronunciado na hora em que o sol está quente e nem em estações quentes e secas...

Ọbalúayé (Rei e senhor na Terra) é o nome que esta Divindade possui quando encarnou na Terra, Ọmọlú (Filho de Ọlú) é um título de Ọbalúayé apenas em Ọ̀yọ́, e como o Candomblé sofreu grande influência das tradições de Ọ̀yọ́, este título de Ọbalúayé foi conservado no Brasil, não é um título usado para este Òrìṣà em outras cidades iorubás...

Outros títulos da Divindade Ṣànpọ̀nná são: Jagun, Olóde, Bàbá Oyè, Àjàkáyé, Ìgbóná, etc...

Ṣànpọ̀nná (Ọbalúayé) entre os iorubás não se veste de ìko (palha da costa), mas no Candomblé sim, devemos respeitar esta maneira de culto...

Ṣànpọ̀nná/Ọbalúayé NÃO É UM VÒDÚN...

SAKPATA É UM VÒDÚN. SAKPATA É O CULTO DE ṢÀNPỌ̀NNÁ EM TERRAS FONS..."

*Foto: Ṣànpọ̀nná em Ọ̀yọ́, foto Àṣà Òrìṣà Aláàfin Ọ̀yọ́.
Hérick Lechinski

TIKTOK ERICK WOLFF