sábado, 22 de abril de 2023

ÉPO ( AZEITE DE DENDÊ) NA RELIGIÃO DE MATRIZ AFRICANA SERVE PARA TUDO

Por Erick Wolff 

Postado em 22/04/2023


Este ensaio tem por finalidade pontuar os  conceitos conflitantes entre a diáspora e a matriz Africana publicados que seguem no artigo "ÉPO ( AZEITE DE DENDÊ) NA RELIGIÃO DE MATRIZ AFRICANA SERVE PARA TUDO", do Dr. Adeyinka Olaiya.


As Nações Afro-brasileiras nasceram em solo Brasileiro e não são Nações Africanas, ou seja, não vieram prontas algum local da África. 


Assim, vejamos as falas de alguns professores sobre o tema:

[...] A nação afro-brasileira de kétu refere-se a uma nação afro-religiosa do candomblé, e não à cidade ioruba africana de Kétu, localizada no Dahome.[...] (José Beniste)

 

Também como a nação afro-brasileira Jeje refere-se a uma nação afro-religiosa do candomblé, batuque ou tambor de mina. Segundo o professor Reginaldo Prandi (USP), não existe nenhuma nação política denominada “Jeje” em solo africano. O mesmo vale para a nação religiosa afro-brasileira “nagô”.


Incluímos o conceito de Nação Afro-brasileira do professor Vivaldo:
 


E por último uma sacerdotisa do Opon Afonja, informou que:



[...] As nações afro-religiosas da forma como existem aqui não existem na África, e vice-versa. Que isto fique claro para que não se arvorem prepotentemente sobre falsos conceitos de pureza. Não existe ninguém puro (Mãe Stella). [...]


Entretanto, o Dr. Adeyinka Olaiya, nos apresenta um texto que sugere que o Candomblé veio da África Ocidental, conforme a seguir: 


[...] A religião do Candomblé é uma religião africana tradicional que tem suas raízes na região da África Ocidental, mas que também é praticada em muitas partes do mundo, incluindo o Brasil. [...]


Convidamos o Dr. Olaiya, a fornecer as fontes para estudo e pesquisas. 

Idem na pauta Teísmo.


[...] O Candomblé é uma religião politeísta, o que significa que reconhece e adora múltiplos deuses [...]


Pela praticidade sugerimos o dicionário online.

 

Teísmo

Substantivo masculino, doutrina que afirma a existência pessoal de Deus e sua ação providencial no mundo. (Dicionário Online de Português)


E o professor Aulo Barreti (2012) conceitua a religião Orixaísta:

[....] Portanto, com a premissa descrita e aceita – crio um novo conceito teológico, de nos autointitular, genericamente, de sermos todos pertencentes, de um modo ou outro, a religião dos Òrìsà. Sendo assim, conceituo a nos auto aclamar seguidores da religião do Òrìsàísmo: O conjunto das religiões ou a religião dos que cultuam Òrìsà. Somos, então, Òrìsàístas. Quem cultua Òrìsà é da Religião do ÒRÌSÀÍSMO. Somos ÒRÌSÀÍSTAS. [...] 


E completa:


[...] Tendo sido, portanto, o Òrìsàísmo instituído durante o mito da criação (seja qual for o mito adotado), e tendo a tradição semeada a religião tradicional dos Òrìsà através do mundo, concluímos, que o Òrìsàísmo, religião tradicional dos Òrìsà é uma religião original, universal, possuindo seus próprios conceitos teológicos, no qual dificilmente cabem, sequer por analogias, os conceitos universais existentes.

Que fique registrado que o Òrìsàísmo praticado em qualquer parte do mundo, independentemente do nome regional adotado, respeita, mas não re-conhece a Bíblia, como uma de suas diretrizes sagradas, tampouco o Alcorão ou a Torá. Para os Òrìsàístas trata-se apenas de livros religiosos, assim como tantos outros. [...]  


Confiram o artigo do Dr. Adeyinka Olaiya:


ÉPO ( AZEITE DE DENDÊ) NA RELIGIÃO DE MATRIZ AFRICANA SERVE PARA TUDO

Religião tradicional YORÙBÁ e CANDOMBLÉ 

—————————-


Dr. Adeyinka Olaiya  

Jornalista/ Artista .


A religião do Candomblé é uma religião africana tradicional que tem suas raízes na região da África Ocidental, mas que também é praticada em muitas partes do mundo, incluindo o Brasil. O Candomblé tem um sistema complexo de crenças, deuses e rituais que são centrais para suas práticas. Um dos elementos-chave da religião é o uso de EPO, ou azeite de dendê. O EPO desempenha um papel significativo no Candomblé, e sua importância não pode ser subestimada.


O Candomblé é uma religião politeísta, o que significa que reconhece e adora múltiplos deuses. Esses deuses, conhecidos como Orixás, são acreditados ter o controle sobre vários aspectos da vida, como saúde, riqueza e fertilidade. Cada Orixá tem sua própria personalidade e atributos únicos, e muitas vezes estão associados a diferentes elementos da natureza, como rios, montanhas e árvores.


O EPO é usado no Candomblé para honrar e apaziguar os Orixás. Acredita-se que o EPO seja o alimento dos Orixás, e que oferecê-lo a eles os satisfará e concederá bênçãos aos seus seguidores. O EPO também é usado como símbolo de pureza e divindade, e muitas vezes é usado em rituais de purificação e outras práticas espirituais.


Um dos usos mais importantes do EPO no Candomblé é em rituais de divinação. Adivinhação é a prática de buscar orientação dos Orixás interpretando sinais e presságios. Durante os rituais de adivinhação, o EPO é usado para marcar a bandeja de divinação, que é usada para segurar as ferramentas de divinação. Acredita-se que o EPO ajude o adivinho a se conectar com os Orixás e receber sua orientação.


O EPO também é usado em outros rituais importantes do Candomblé, como a cerimônia de nomeação e a cerimônia de casamento. Na cerimônia de nomeação, o EPO é usado para ungir o recém-nascido e simbolizar a entrada do bebê no mundo. Na cerimônia de casamento, o EPO é usado para simbolizar a união e a fertilidade do casal.


Outro uso importante do EPO no Candomblé é na cura e na medicina. Acredita-se que o EPO tenha propriedades curativas e é usado em várias preparações medicinais. Também é usado em massagem e outras práticas terapêuticas, onde se acredita que promova relaxamento e cura.


Além de seus usos espirituais e medicinais, o EPO também é um símbolo cultural importante no Candomblé. É frequentemente usado em arte e artesanato tradicionais do Candomblé, como trabalho em contas e escultura. O EPO também é um ingrediente importante na culinária tradicional do Candomblé e é usado em muitos pratos, como sopa de Egusi e acarajé.


Uma das formas mais importantes de uso do EPO no Candomblé é para proteger contra ataques espirituais.


Um ataque espiritual é uma tentativa de prejudicar alguém através de meios espirituais. Esses ataques podem assumir várias formas, desde a inveja até a maldição. O objetivo desses ataques é prejudicar a saúde, a felicidade e a prosperidade da pessoa alvo. No Candomblé, acredita-se que os ataques espirituais sejam perpetrados por forças malignas e invejosas que buscam prejudicar aqueles que são abençoados pelos Orixás.


O EPO é uma das maneiras mais eficazes de se proteger contra esses ataques. É usado em um ritual chamado "feitura de santo", que é uma cerimônia em que uma pessoa é iniciada no Candomblé e recebe um Orixá. Durante a feitura de santo, o EPO é usado para proteger a pessoa iniciada e fortalecer seu vínculo com seu Orixá.


Para proteger contra ataques espirituais, o EPO é usado em um ritual chamado "ebó". O ebó é uma oferenda feita aos Orixás para pedir proteção e bênçãos. O EPO é um ingrediente comum em muitos ebós, pois se acredita que tenha propriedades protetoras e purificadoras. Também é usado em banhos rituais, que são tomados para limpar e proteger contra ataques espirituais.


Além disso, o EPO pode ser usado em conjunção com outras práticas espirituais para proteção. Por exemplo, o EPO pode ser usado com ervas medicinais e incensos para criar uma mistura protetora e purificadora. Também pode ser usado em amuletos e talismãs, que são objetos carregados com poder espiritual e usados para proteger contra ataques espirituais.


Outra maneira de usar o EPO para proteção é em práticas de adivinhação. Adivinhação é a prática de buscar orientação espiritual através da interpretação de sinais e presságios. Durante a adivinhação, o EPO pode ser usado para marcar as ferramentas de adivinhação, como a bandeja de divinação. Isso ajuda a fortalecer a conexão com os Orixás e a receber sua orientação e proteção.


Adeyinka Olaiya 

/ jornalista


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CONSIDERAÇÕES FINAIS


Até o presente momento não há registro de origens de um Candomblé na África que se tenha dado origem ao Candomblé no Brasil. 


E no conceito politeísta, se faz numa crença em vários deuses, autônomos autogerados e independentes, que NÃO é o caso do Candomblé nem da Religião Tradicional Yoruba.


Desta forma convidamos o Dr.  Adeyinka Olaiya  a analisar e reconsiderar a possibilidade de rever os temas abordados neste ensaio.


Fontes Virtuais

NAÇÕES RELIGIOSAS AFRO-BRASILEIRAS NÃO SÃO NAÇÕES POLÍTICAS AFRICANAS, 2016, acesso por - https://luizlmarins.files.wordpress.com/2015/02/nacoes-religiosas-afro-brasileiras-nao-sao-nacoes-politicas-africanas.pdf


ORIXAÍSMO, UM ESTUDO DA RELIGIÃO IORUBA, 2020, acesso por - https://drive.google.com/file/d/16PAKKlplwjAFHHwO32vDGxcEzsFFA50z/view

sexta-feira, 21 de abril de 2023

A FORMA DE PREPARAR AS FOLHAS

Por Julie Osunronke Abebí

Informação coletada em 21/04/2023, 8:28 hrs, mensagem através do msn. 

Durante a sua iniciação e em outra iniciação ao qual presenciou, foi possível ver como lidam com as ervas para o ritual de iniciação.  



Sobre as folhas e os banhos na iniciação Osunronke informa que:

"O modo de preparar ervas é parecido com o batuque , não se evoca ossain" (informação pessoal)

 

E completa:

"não existe sassanha em oyo" (informação pessoal)


quarta-feira, 19 de abril de 2023

A CABINDA E OS CABINDAS NO RIO GRANDE DO SUL

A CABINDA E OS CABINDAS NO RIO GRANDE DO SUL

Por Vinicius de Aganju (Doutor em História/UFRGS)

Nos últimos dias se desenrolou um debate sobre a existência ou não de africanos identificados como “cabindas" no Rio Grande do Sul, pois, segundo afirmação de Erick Wolff (https://olorun.com.br/site1/index.php), a região de Cabinda na África teria sido oficialmente criada, com este designação, apenas no século XX. E dessa forma não poderíamos ter tido africanos “cabindas" por aqui, já que o tráfico escravista para o Brasil findou em 1850 e a citada região inexistiria neste momento.

Escrevo estas linhas com o objetivo de contribuir para o debate a partir da apresentação de algumas poucas referências a documentos históricos do escravismo no estado. Digo poucas referências não porque elas sejam raras, mas justamente por serem abundantes os documentos históricos que registram africanos “cabindas” no Rio Grande do Sul, desde as origens da ocupação portuguesa no século XVIII. Existem dezenas de artigos, livros, teses e dissertações de pesquisadores que se debruçaram sobre documentação nos arquivos históricos. É algo a muito tempo conhecido e consensuado: a formação cultural do Rio Grande do Sul (e de todo o Brasil) contou com a contribuição dos africanos bantos (oriundos da África Central Atlântica, atuais Congo, Angola e entornos) identificados não só como cabindas, mas também como congos, mongombes, monjolos, anjicos, benguelas, angolas, ambacas, cambambe, cassange, etc. Além dos homens e mulheres originários da África Ocidental, berço da cultura dos orixás: os minas, os jejes, os ijexás, os haussás, os nagôs, etc. E aqueles da África Oriental: moçambiques, inhambanes, etc (Russel-Wood, 2001, p.13-14; Moreira e Tassoni, 2007).

Se temos ou não elementos banto no Batuque de Nação do RS é uma discussão mais complexa e em aberto, sobre a qual muito já foi dito, mas foge do foco desta pequena reflexão que proponho por ora. Meu objetivo não é adentrar a questão interna aos fundamentos desta nação, até porque não sou feito nela e não vivenciei suas especificidades. Busco apenas evidenciar a presença dos cabinas enquanto grupo. A ampla produção da Historiografia da Escravidão e da Liberdade no Brasil evidencia que africanos procedentes da região de Cabinda estava por aqui desde nosso período colonial, e assim era reconhecido pelos documentos oficiais do comércio escravista e pelo estado brasileiro.

Quanto ao Rio Grande do Sul, sugiro a leitura da dissertação de mestrado do historiador Gabriel Berute, em que analisa o tráfico de escravizados para o estado nos primórdios da ocupação portuguesa (1790 a 1825). O autor evidencia o destaque numérico dos africanos identificados como cabinas entre os que chegavam para ser vendidos no RS. Em seu texto existem diversas indicações de leituras que embasam o o que afirmo neste e no parágrafo anterior (Berute, 2006, p. 73 - acesso no link: https://lume.ufrgs.br/handle/10183/10917).

O Arquivo Público do Estado do RS (APERS) disponibilizou gratuitamente, em pdf, diversas publicações com resumos de documentos históricos da escravidão no estado, onde é possível verificar as identificações de origem dos africanos que aqui viviam (documentos de registro de compra e venda de escravos, cartas de alforria, inventários e processos criminais em que aparecem escravizados, testamentos). Estes documentos podem ser acessados nos seguintes links: https://www.apers.rs.gov.br/acervo-judiciario - e - https://www.apers.rs.gov.br/acervo-tabelionatos
Verbetes sobre as cartas de alforria de Porto Alegre encontram-se igualmente publicadas na obra de Moreira e Tassoni (2007).

Entre os trabalhadores escravizados citados nestas obras estão, por exemplo, o cabinda João, que em 1806 tinha cerca de 40 anos e residia em Pelotas, sendo escravizado de Luiz Pereira. E Ventura, que em 1785 vivia em Porto Alegre e tinha cerca de 30 anos, identificado como sendo cabinda (Fonte: APERS. Documentos da escravidão - inventários: o escravo deixado como herança. Porto Alegre: CORAG, 2010. Volume I, p. 24 e 38 - acesso disponível nos links disponibilizados acima).

Como já referi, existem dezenas de publicações que reforçam e embasam o argumento que venho expondo. Não vou citá-los pois a lista é longa. Sugiro a leitura deste guia bibliográfico, com longas listagens de obras que podem ser buscadas e lidas: XAVIER, Regina. C. Lima. História da escravidão e da liberdade no Brasil meridional: guia bibliográfico. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2007. v. 1. 392p .

“Cabinda" é o termo pelo qual passou a ser denominado, pelos dominadores portugueses, um dos tantos grupos étnico-culturais da África Central Atlântica, região de cultura banto que atualmente corresponde às regiões de Angola, Congo e seus entornos. Como o Pai Fabiano de Oxalá já demonstrou em sua página no Facebook (com base no livro de Martins, 1972) o termo cabinda para se referir a uma região na África não é uma denominação surgida no século XIX, muito menos no século XX. Longe, disso, já era utilizada desde o século XVIII (em 1783/4 foi construída a fortaleza portuguesa de Santa Maria de Cabinda, no antigo porto de Tchioua, no Ngoio, conforme pesquisa de Müller, p. 87)

O fato da atual província de Cabinda, em Angola, ter sido formalmente denominada por este nome apenas em 1956 não é suficiente para supor que antes disso o termo não fosse utilizado na África e nas Américas como denominação de um grupo cultural, como uma região na África ou recorte político-cultural. E insistir neste raciocínio, descartando a possibilidade de nossa ancestralidade batuqueira possa ter - ainda que hipoteticamente - de alguma forma bebido da herança da cultura banto (ou do grupo étnico dos cabindas) é, no mínimo, superficial.

Supor ainda que a cultura afro-brasileira teria se formado independentemente da existência dos povos oriundos da região de Cabinda, como afirmado por Erick Wolf no resumo de seu artigo lançado em fevereiro de 2022 (Revista Olorum, n. 89) não encontra embasamento nenhum na historiografia sobre a formação do Brasil, país que recebeu mais de 4 milhões de africanos escravizados, muitos deles chamados de cabindas.
 

Obras consultadas:
BERUTE, Gabriel Santos. Dos escravos que partem para os portos do sul: características do tráfico negreiro do Rio Grande de São Pedro do Sul, c. 1790- c. 1825. Dissertação (Mestrado em História) Porto Alegre: UFRGS, 2006.
MARTINS, Joaquim. Cabindas: histórias, crenças, usos e costumes. Comissão de Turismo da Câmara Municipal de Cabinda. Angola, 1972.
MOREIRA, Paulo R. Staudt; TASSONI, Tatiani de Souza. Que com seu trabalho nos sustenta: as cartas de alforria de Porto Alegre (1748-1888). Porto Alegre: EST Edições, 2007.
MÜLLER, Paulo Ricardo. Historicidade, pós-colonialidade e dinâmicas das tradiCòes: Etnografia e mediações do conhecimento em Cabinda, Angola. Tese (doutorado em Antropologia Social/UFRGS), 2015.
RUSSELL-WOOD, A. J. R. Através de um prisma africano: uma nova abordagem ao estudo da diáspora africana no Brasil colonial. Revista Tempo (UFRJ), vol. 6, n. 12, 2001.

Imagens comprobatórias:




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COPIR - Coordenadoria de Promoção de Igualdade Racial
Rua Santana esquina Duque de Caxias - Bairro: Centro
Uruguaiana - RS - E-mail: copir@uruguaiana.rs.gov.br
Link http://antigo.uruguaiana.rs.gov.br/copir/evento_2022-02-16_cabinda.php

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NOTA DE ESCLARECIMENTO PARA O RECENTE ARTIGO “ALGUNS DADOS SOBRE CABINDA”


Erick Wolff
16/02/2022  

Imagem 1
Imagem 2 

A Revista Olorun, número 89, fevereiro de 2022 publicou o artigo “Alguns dados sobre fundação da Cabinda” (província africana de Angola) que despertou elevada a discussão devido à questão da transtemporalidade apresentada.

A palavra transtemporalidade vem de transtemporal:

“Que transcende seu tempo ou que vai além do temporal.      

Dicionário Michaelis,

https://michaelis.uol.com.br/palavra/EZxo7/transtemporal/

 

“Que está além ou fora do tempo; que está para lá do tempo e, por isso, é relativo a todos os tempos; que transcende o que é temporal. 

https://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/transtemporal


No artigo “Alguns dados sobre fundação da Cabinda”, não estamos querendo dizer que não vieram negros de Mafuka M`binda, mas que o atual nome Cabinda, não era de conhecimento da época entre os nativos.

Sabemos que há registros nacionais da palavra Cabinda que datam do século 19 e anteriores, entretanto, muito possivelmente, trata-se de uma temporalidade dos autores ao utilizarem uma palavra recente, para um histórico ou lugar antigo.

Um exemplo disso ocorre com a palavra Brasil, ao dizermos que Cabral o descobriu em 1.500. Ora, como pode Cabral ter descoberto um Brasil que ainda não existia, e nem ele sabia por qual nome os nativos chamavam estas terras?

Portanto, quando um livro de história do Brasil diz que Cabral descobriu o Brasil em 1.500, está fazendo uma transtemporalidade de um nome que só veio a existir depois.

Devido a esse mal-entendido (ou mal-explicado talvez) a partir da publicação desta nota, usaremos a palavra “Mafuka” para referimos a este território quando do início século 19 e anteriores, e Cabinda para o momento histórico contemporâneo, século 20.

Conforme informações da prefeitura de Cabinda:

[...]

O nome Cabinda tem a sua origem na junção de dois nomes “Mbinda” e “Nfuka”, ficando “Mafukambinda”. Estes foram os primeiros indivíduos com que os navegadores europeus estabeleceram contactos quando chegaram ao reino de Ngoio.

[...] Cabinda teve a sua elevação a cidade no dia 28 de Maio de 1956. [...] (PMC, pp. 13)

Assim sendo Mafukambinda passou a ser chamada Cabinda, por influência dos portugueses:

[...]

De tanto ouvir falar de Mafuka Binda, os colonizadores portugueses, que tinham dificuldades em pronunciar nomes locais, omitindo por vezes certos guturais (sons mais fortes da garganta), começaram a juntar a última sílaba de mafuka com binda (Mafu Kabinda), dando assim origem ao topónimo Kabinda. E foi assim que os europeus acabaram por atribuir a esta terra, incluindo aos seus habitantes, o nome de Cabinda [...] (AAP, pp. 05)

Referencias

ANGOP Agência Angola Press. Internet. Saneamento básico impulsiona nova imagem a cidade de Tchiowa, maio 2021. Acesso em 16/02/2022. Disponível em: https://www.angop.ao/noticias/sociedade/cabinda-saneamento-basico-impulsiona-nova-imagem-a-cidade-de-tchiwoa/

WOLFF, Erick. Alguns dados sobre fundação da Cabinda, Revista Olorun, Internet. Acesso em 16/02/2022. Disponível em: https://olorun.com.br/site1/component/html5flippingbook/publication/revista-olorun-n-89-fevereiro-2022/93/component.html

PMC, Perfil do Município de Cabinda. Internet. Biblioteca Terra, Angolanet. Julho 2007. Acesso em 16/02/2022. Disponível em:

http://bibliotecaterra.angonet.org/sites/default/files/perfil_cabinda_municipal_-_nov_2007.pdf

 
Créditos das imagens

Imagem 1 - 17th-century map of the Kingdom of Congo. This map was published as an inset labelled Congi regni in Africa Christiani nova descriptio. alongside a larger map Abissinorum sive Pretiosi Joannis imperium. It was published as an update to Mercator's Atlas sive cosmographicae meditationes de fabrica mundi et fabricati figura of 1595 (in spite of the filename, this is not a map made by Mercator himself!).

Imagem 2 - http://ultimatehistoryproject.com/uploads/3/5/0/1/35012707/2692801.jpg?409

Link original - https://iledeobokum.blogspot.com/2022/02/nota-de-esclarecimento-para-o-recente.html



terça-feira, 18 de abril de 2023

INICIAÇÃO DE OSUN: JULIE OUNSRONKÉ ABEBÍ

Este ensaio tem por finalidade registrar para estudos dos costumes da Matriz Ioruba e o Culto de Orisa.
 
Este material nos foi enviado exclusivamente para postar e divulgar a iniciação de Osunronké Abebí, em Osun, Oyo, Nigéria.



Postado por Julie Osunronké Abebí






Para completar o material, coletamos este material da página da Osunronké



17/04/2023

"Album dos 21 dias mais lindos desta minha vida. Compartilho mais um pouco da minha iniciação em Oyó na Nigéria. Quem nasce para o Orisa traz no DNA toda a ancestralidade, através de uma obrigação você alinha teu corpo e espírito com toda a ancestralidade do seu Orisa. Você recebe direto no Ori físico , no Ori abstrato e na corrente sanguínea tudo aquilo que te pertence. É apenas o seu resgate interior.

Esin Orisa Ebilé
Religião tradicional Yorubá
Ore Yeye ooo
Obs: Todos meus registros tenho a autorização para postar."


17/04/2023



"Templo de Òsún em Oyó, meu sacerdote preparando tudo junto da família de Yéyé . Neste dia escrevo uma nova página do livro.
Ore yeye ooo"



Imagens comprobatórias:




NOTA DO EDITOR
Procuramos a Osunronke, para saber sobre os bichos apresentados na primeira postagem, se eram exclusivos para a iniciação.

Osunronke
"Eu não presenciei dividirem bichos. Inclusive presenciei mais de uma pessoa sentar Orisa no mesmo dia e foi tudo com bichos separados." (informação pessoal)

segunda-feira, 17 de abril de 2023

O BATUQUE DO RIO GRANDE DO SUL: DIÁSPORA ARGENTINA, FAMÍLIA TIWALADE

Este ensaio tem por finalidade registrar informações e referencias para gerações futuras das variantes do Batuque do Rio Grande do Sul. 

Importante destacar que não temos a intenção de criticar, julgar ou normatizar os costumes, tradições e fundamentos registrados neste trabalho. 

Esta postagem do Asògún Sàngórinu Tiwaladé, foi compartilhada pela sacerdotisa Iya Peggie Abike, conforme veremos: 

Compartilhado por Iya Peggie Abike 

Em 10/04/2023



"Pare de fazer religião!
Se você estiver pesado com os compromissos do templo.
Se você não quer se consultar porque você não quer gastar com os ebó.
Se você consultar, mas não seguir os conselhos dos Orisa.
Se você prefere ficar e descansar do que ir ao templo.
Se você não confia na palavra do seu major.
Se você não considera importante respeito, compromisso e responsabilidade com sua casa religiosa.
Se você não faz porque os outros também não fazem.
Se você não acha necessário as obrigações anuais com seus Orisa.
Se você acha que com consagrações não vai precisar mais do seu mais velho.
Se você se importar de colaborar com sua casa religiosa.
Se você se importar mais em adquirir algo material, sobre espiritual.
Se o seu objetivo é um título religioso
Se acha que com uma consagração não precisa de mais nada e menos do seu mais velho.
Se você não tem paciência para aprender e acha que é perda de tempo.
Se acha que tem que resolver seus problemas sem colocar nada do seu lado.
Se o seu alvo for material.
Se você se sente exigido por compromissos espirituais... Pare de fazer religião! porque você está fazendo apenas desperdiçando seu tempo. Porque você recebe o que é dado, não só com a mão, mas com o coração. Um religioso não teme pelo material porque confia plenamente em seus Orisa. Um religioso sempre precisa da consulta e orientação de um mais velho, pois todos nós aprendemos até o último dia da nossa vida. Uma consagração, não faz o sacerdote, começar a si mesmo carrega muita humildade e entrega para reconhecer os erros pessoais através de um trabalho interno com a orientação de um maior para superá-los. Se você não entende isso, e pesa, pare de fazer religião, foi sua escolha fazê-lo e ninguém o obriga a continuar. Fazer as coisas pela metade é altamente negativo. Seja sincero com você mesmo e defina o rumo que você quer para sua vida... para esta e para as próximas... , BOM DIA PESSOAL TENHAM UM BOM DIA "


A seguir solicitamos informações para iya Peggi:

Erick Wolff : Saudações amada irmã, apenas para registro, esta imagem se trata de um ritual de qual religião?

Iya Peggie Abike : Erick Wolff Batuque Oyó. Familia Tiwalade.

Erick Wolff : Iya Peggie Abike por gentileza, eles estavam fazendo chamada naquele momento para orixá na frente do quarto de orixá?

Iya Peggie Abike : Erick Wolff Não saberia dizer-lhe já que não fui. Você pode escrever ao Autor do Poste: Asògún Sàngórinu Tiwaladé. Também para Akambi Oyo. Bença Babá!

Entramos em contato com o autor para mais informações: 


Imagem comprobatória:




Link - https://www.facebook.com/iya.odumolasowunmi/posts/pfbid02x9gDgTfdTJ7LhCBjsZZTiKRcaLWE1n4Z8uUym1MBriVdt9Dc97RfcHt5ZgYJR979l

Adaptação do texto para o ensaio: Erick Wolff de Oxalá

domingo, 16 de abril de 2023

AS DIVERSIDADES DA FEITURA DO ORIXÁ

Por Julie Osunronké Abebí

Postado em 14/04/2023 em Oyo, Nigéria, acessado em 16/04/2023


É kabó gbogbo ilé.

Na religião Afro Brasileira costumamos cultuar um Orisa de cabeça e um segundo Orisa que cuidaria da pessoa.
Falando do Batuque RS , na maioria das família temos um Orisà masculino e outro feminino ou vice versa . Depois temos Orisas que compõem a feitura daquela pessoa .
Cada pessoa é um caso , um destino uma espiritualidade. Não existe uma receita única, até porque a receita do bolo muda.
Na religião tradicional Yorubá me referindo ao Esin Orisa Ebilé , somos iniciamos apenas para um Orisa e não existe segundo ou terceiro Orisa.
Existe casos que o Erindinlogun traz uma mensagem dizendo qual seu Orisa de cabeça e algumas pessoas podem ou devem cultuar um segundo Orisa . Por motivo xxxx.
Usando o meu caso como exemplo , chegando aqui em Oyó a mensagem do Erindinlogun dizia: Filha de Òsún mas tinha Sàngó que eu poderia e deveria cuidar.
Neste caso a pessoa se inicia para seu Orisa de cabeça e depois é feito este segundo Orisa como determinado no jogo de búzios .
CURIOSIDADE : No batuque RS Eu sou feita para Òsún com Sàngó. Nas terras Yorubá Sàngó continuou fazendo parte da minha vida.
Os anos se passaram , os rituais são outros mas os Orisas deu Òsún e Sàngó .
Coincidência ?
Eu não acredito .
Eu sempre disse que minha Iya no Batuque jogava muito bem. Nicoly Gon
Kabiesi !
Ver foto: Recebendo Sàngó Koso feito pela família de Sàngó das mão de Sàngówale . Junto na foto doutora Paula Gomes.

Link - https://www.facebook.com/photo/?fbid=10160598310684394&set=a.10159653616779394

Imagens comprobatórias




TIKTOK ERICK WOLFF

https://www.tiktok.com/@erickwolff8?is_from_webapp=1&sender_device=pc