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quinta-feira, 7 de setembro de 2023

O PASSEIO DO ÌYÁWÓ

Este ensaio tem por finalidade registrar o conceito da palavra Ìyáwó, que muda conforme empregado na matriz Ioruba e no Brasil. 

Em sua página do Facebook a Gaúcha e Batuqueira Julie Viana, nos forneceu algumas informações. Vejamos:



"Hoje o templo de Ò̩ṣun em Ọ̀yọ́ mais uma vez runfa seus bàtá ( tipo de tambor tradicional Yorùbá) com a saída de yaó. Com muito gorgulho e satisfação apresentamos para a sociedade a mais nova integrante da família de yèyé!
Assim ganho uma abùró , ( irmã mais nova) , mais uma pessoa para compartilhar vivência. O culto se expande e o Èsìn Òrìsà Ebilé é preservado .
🙌🏻
Ore yèyé ooo !
Obs: Com o consentimento posto o vídeo."


Destacamos algumas informações da postagem: 


Julie Viana
Erick Wolff é a mesma bàbá. É Yawo , significa “esposa “ e também é usado neste caso para o novo iniciado . Eu estou procurando a acentuação correta aqui nos documentos.

Julie Viana
Erick Wolff bàbá confirmando o modo correto da escrita e acentuação Ìyàwó, que significa esposa e também o novo iniciado. Pronúncia [ yaó ].
Observação: Em Yorùbá Aya também significa esposa .

Erick Wolff
Julie Viana é excelente o quanto o Batuque preservou em suas raízes os elementos de OYO e Nigéria. 
 
Julie Viana 
Erick Wolff Essa apresentação pública externa passando por alguns determinados pontos da cidade me fez ver com outro entendimento o nosso “ passeio “ no Batuque. 
O termo yaó é usado na religião tradicional Yorùbá. 
Eu era chamada dentro do templo de Yaó Osun e apresentada a outras pessoas assim. 
Quando a Luiza chegou em Ọ̀yó̩ durante o festival Sabgo apresentei ela aos sacerdotes como Yaó tuntun ( nova yaó).
 
Julie Viana 
Erick Wolff bàbá. Outra coisa referente a saída do Yawo em Ọ̀yó̩. Visto que todas as pessoas são iniciadas indiferente receba a manifestação ou não. Na saída do Yawo, o novo iniciado sai ( sem manifestação) sendo apresentado à comunidade ao lado da família. Alguma semelha ao nosso passeio ? 

Erick Wolff
Entendia iya Julie Viana, os homens também são chamados de iyawo na sua família ?

Julie Viana
Erick Wolff Sim Yawo. Todo iniciado é Yawo.

Julie Viana
Erick Wolff boa tarde bàbá.
O termo “ saída de yaó “ é em português . Após o processo iniciático é feita a saída pública do yaó onde é apresentado a comunidade . Como o “ passeio “ que fazemos no Batuque. No segundo vídeo no storys é possível ver o Èsù do vilarejo onde passamos por ele pra saúda lo .

Coletamos este fragmento do texto "ÌYÁWÓ – A ORIGEM DA PALAVRA E SEU REAL SIGNIFICADO, do Olùkó Vander (2022), para uma breve explicação do Ìyáwó do Candomblé.


[...] Ìyáwó é o segundo grande centro das atenções do Candomblé, só perdendo para o òrìṣà. [...]

[...]Toda ìyálórìṣà ou bàbálórìṣà, palavra que designa a pessoa que possui conhecimento para manipular as energias do òrìṣà, são em algum estágio de sua vida religiosa um ìyáwó, pois é neste período que ele adquire os conhecimentos mais básicos do culto. Até mesmo, pode-se dizer que uma pessoa sempre será ìyáwó diante de uma pessoa mais velha. Bem, são as guerras de Ego dentro da religião. [...]

[...] A palavra foi usada pela origem da religião ter se dado inicialmente por mulheres, era um culto matriarcal. Esta origem podemos ver claramente em muitos pontos, como vestimentas (Gèlè – pano de cabeça, Aṣọ oke – pano da costa) e acessórios litúrgicos (Ààjà – sineta). [...]

[...] Nisso, a mulher ao se iniciar, firmava um compromisso com as divindades, um casamento, com elas figurando como as esposas (Àwọn ìyáwó – àwọn é o formador de plural no idioma Yorùbá). E um tempo antigo, a dedicação era bem maior do que hoje, a abnegação da vida profana era enorme, com algumas simplesmente morando nos terreiros e se quer casando.


Mas, com o passar dos tempos, os homens passaram também a serem iniciados da mesma forma que as mulheres e suas saídas serem públicas, mas o termo continuou: Ìyáwó. Porém, agora com o sentido de iniciado ao
òrìṣà, conotativamente. Tornou-se uma palavra sem gênero definido, podendo tanto ser usado para a pessoa do sexo masculino, quanto para a pessoa do sexo feminino. [...](Olùkó Vander)


Considerações  

Observamos que na Matriz Ioruba o termo Ìyáwó é usado para todos que passam pela iniciação

Que na Matriz Ioruba o iniciado independente de passar pela possessão da divindade ou não, é considerado um Ìyáwó.

Já no Brasil somente que passa pela possessão que é considerado um Ìyáwó. 

Outro fato de destaque é que na Matriz Ioruba o 
Ìyáwó, após o processo iniciático é apresentado para a comunidade, semelhante ao passeio após obrigações que ocorre no Batuque, diferente da saída de Ìyáwó no Candomblé.

Links 

ÌYÁWÓ – A ORIGEM DA PALAVRA E SEU REAL SIGNIFICADO
https://iledeobokum.blogspot.com/2022/10/iyawo-origem-da-palavra-e-seu-real.html

Postagem da Julie Viana
https://www.facebook.com/julie.vianajadeomosun/posts/pfbid02apjjvwAANBcByfs2ZS8eQLFFXLHxFoDeBfRNjjf7tHTU7MAgHe1VKUE9rEhMgRaal

Imagens comprobatórias







segunda-feira, 28 de agosto de 2023

INFORMAÇÕES KANBINA, POR MARY FALEIRO

Este ensaio tem por finalidade registrar alguns detalhes de alguns percussores da Kanbina, atualmente conhecida como Cabinda.

Coletamos esta postagem na pagina da Mãe Mary Faleiro, do Facebook na data 28/08/2023, onde reafirma uma postagem compartilhada a seis anos atrás. 


"Bom.. devido a marcações em meu nome para que me manifeste ,questionamentos inbox,Whats etc..aqui vai o fundamento vindo de meu pai através de sua yá Mãe Madalena, pronta de frente a fundo por pai Valdemar.

Esta é nossa vertente. Esta é minha página, se alguém se sentir desconfortável se retire.
Leba: não cultuamos no lixo
Lodê: sim, damos cabeça para mulheres
Oyá Diran: nossa legítima Oyá de rua, também damos cabeça.
Ogum Avagan: damos cabeça
Não cultuamos zina e nem anjos, esta era uma peculiaridade de meu falecido amigo Henrique de Oxum, assim como meu irmão Adão de Bará tinha a sua com Maria Pandilha.
Xangô Kamucá: nosso Rei, não é egun e sim Orixá.
Falo de minha vertente, os demais façam o que quiserem.
Sem mais."


Link https://www.facebook.com/mary.faleiro.7/posts/pfbid02NF6kC66frTMpdmrQs2HyFAGFiP3oT7rc8euyancL8e5bZ8fVRKqNUfd8zbpsxBLpl 

Imagem comprobatória 



sábado, 26 de agosto de 2023

VARIANTES DO RITUAL RELIGIOSO DO BATUQUE

Este ensaio tem por finalidade registrar uma variante do ritual religioso do Batuque do Rio Grande do Sul na Argentina no templo Ilé Omi Axé, postado em 25/08/2023.


O costume antigo de apresentação realizado no final do Batuque pelos próprios Orixás vem sendo aos poucos modificado por variantes rituais exercidas pelo próprio sacerdote; além disso, chama a atenção a quantidade muito grande de filhos prontos todos ao mesmo tempo, o que sugere, talvez, uma variação também na forma de aprontamento.






 Link https://www.facebook.com/alejandro.frigerio.3/posts/pfbid0kV6AUkeXWR27yVG1wHmZbFipzhSApeKGwH4WdwfHrqvCzS42c9GmyzNjmpJAgK7zl 

Imagens comprobatórias



terça-feira, 22 de agosto de 2023

PROFESSOR DENIS FALA SOBRE ORIXÁ ANDRÓGINO NO BATUQUE.

Este ensaio tem por finalidade registrar informações sobre a história do Batuque coletadas pelo prof. Denis de Odé.

Devido a importância das informações, coletamos este vídeo postado em 01/12/2021, pelo professor na época pertencia ao segmento religioso Kanbina (Cabinda). 

Os estudos e pesquisas do professor Denis tem como base os manuscritos do professor Krebs, que podem ser importantes referencias para estudos e pesquisas para os Povos de Terreiro.


Temas abordados:

  • Bara Agelu, um orixá andrógeno no Batuque do RS;

  • Culto diferente do bara Agelu entre Nações;

  • Animais ofertados para o Bara Agelu;

  • Mudanças nas ritualísticas e nos cultos do Batuque.



  • Vejamos o vídeo a seguir:


Existe Orixá Andrógino no Batuque?



Canal História & Batuque (professor Denis de Odé)
"O tema do vídeo de hoje é sobre se há a existência de um orixá andrógino no batuque."

  • Segundo o professor Denis Bara Agelu seria uma divindade andrógena:
Professor Denis, min 1:22
[...] Orixá andrógino do Batuque do Rio Grande do Sul [...] certos questionamentos ahhh, existe um orixá andrógino no Batuque do Rio Grande do Sul, né como no candomblé, seria Logun Edé, no caso, se eu falei alguma coisa errada o pessoal do candomblé possa me corrigir, pergunto para vocês. Existe orixá andrógino no Batuque? [...] Olha só de acordo com os apontamentos a gente tem estudado muito a obra do professor Krebs, nosso mestre que a gente fala, né, ahhhh, certa vez ele faz uma entrevista, ele estudava muito com Nina Rodrigues... então ele faz um contraponto, existe um orixá andrógino no Batuque do Rio Grande do Sul? Pergunta ele para a finada Mãe Andreza, e a mãe Andreza, olha que eu saiba só tem um, e qual seria? E o Bará Gelu, o bara Gelu ele é Andrógino, ele tem tantos elementos masculinos quantos femininos, uma dualidade dele... [...] 

 

  • Segundo este relato o Bara não comia quatro pés. 

Professor Denis, min 2:32
[...] ai começa explicar... certas pessoas vao na casa de alguém e diz ahh não se corta galo, cabrita pequininha, para o bara Gelu, corta só pombo, realmente se pegar todos os registros, dali ate as décadas de quarenta era só pombos que cortava para o Agelu, ahhh hoje eu corto galo... não quer dizer que esta errado ou que esta certo... a gente tá trazendo o que aparecia... era corte para o Bara Gelu, era pombo, não se cortava galo [...]

 

  • Não são todas as Nações que Bara é masculino.

Professor Denis, min 3:00
[...] Em algumas nações a informação dele é como orixá feminino, e aí, explica lá atras, esta questão da entrevista do Klebs com Andreza... que ela diz que o Gelu que eles chamam era, tinha o elemento masculino e feminino. [...]
 
Professor Denis, min 3:20 
[...] Entao conforme apareceu nos relatos ali nas entrevistas, o orixá andrógino do Batuque seria Bara Gelu.

  • As mudanças começaram nos anos 70.

Professor Denis, min 4:12
[...] houve uma mudança, o batuque a partir dos anos 70, ele tem uma mudança bem forte até, bem forte... a gente estudando a gente vendo bem que 70, eles deram uma boa mudança na ritualística, no culto [....] 

Professor Denis, min 4:40
[...] muitos elementos foram agregados [...]


  • A invenção da orin do bara Agelu 

Professor Denis, min 4:46
[...] Voltando ainda na questão do Bara Gelu, a própria reza, orin cantiga... Bara Gelu Gebó, foi inventada nos anos 80, isso não existia, até os anos 70, começo dos anos 70 não existia, essa reza, esse axé, a isso foi inventado... não vou dizer o nome dele, por não tenho certeza se foi ele, mas foi nessa geração de ser pos ai 70 que ta voltando aos 80, então eles fizeram esta composição, da reza do Bara Gelu, tai isso ta escrito ta anotado, não é uma coisa que a gente tá jogando no vento, ta jogando na rede, ta estas informações estão registradas ali [...] 


Considerações 


Não possuímos registros se o professor Krebs foi iniciado no Batuque, se teve ou não acesso aos rituais internos mais secretos. 

Assim, seus dados carecem de "múltipla atestação" e precisam ser tomados com cautela, pois não sabemos qual a profundidade de suas informações sobre os conceitos ritualísticos e fundamentos do Batuque. 

Se Krebs não foi iniciado, talvez suas informações possam ser superficiais. O acesso às fontes é cientificamente necessário para aprofundamento e aceitação de uma boa pesquisa acadêmica neutra e isenta.

O Professor Denis, sem detalhar, informa que em 1970 ocorreu uma grande mudança no Batuque, e que fez grande diferença.

Informa ainda que existem variações do culto do Bara Agelu em algumas Nações, entretanto, ele não aponta quais seriam.

  • Comentários coletados no canal da postagem: 

@luanaavila3274
Muito bom, estou amando as publicações da página.  Como dizem, conhecimento não ocupa espaço, obrigada por nos presentear com seu conhecimento e suas pesquisas. 🙏🏽

História & Batuque
Muito obrigado , fico feliz em dividir  . Na verdade o canal é de vcs abraço .

@santincwb
Parabéns! Exato! Eu sou nagô, o que hoje chamam de Oyó em Porto Alegre. Tem relatos da finada Mãe Moça sobre esse aspecto dual de Ijelu também. Como disse o Prof. Dênis, não há certo e nem errado, porém, há muitas coisas do desconhecimento da grande maioria. Ijelu era só de pombo antigamente, havia situações que comia frango, mas nunca sem pombo. Recebia axé seco (torrada) e axé cozido (Dependia da situação). Um Bará de mel, em algumas situações um pouco de epô. Ligado ao preto e branco e não ao vermelho... E por aí vai... Com maneira de tratar e se fazer que não se vê hoje em dia... Outro Batuque...

@cristianhoesel3792
Em algumas conversas com antigos, essas questões de agelu ser praia etc, tem haver com Oluayê ou jagum (xapana) por esses motivos habita o quarto de santo, com isso foi transmutado a um bara e todas suas ritualísticas ferramentas etc.
Adorei o vídeo top, debater eleva o saber, ninguém é dono da verdade. Parabéns

@imandre98
Semelhante a Adjolá que foi passado a ser tratado e cultuado como um Ogum.

@Segundo.Sol_Luiz.Claudio
Por favor professor Denis, para colaborar com as pesquisas cientificas e outros estudiosos. O senhor pode por favor, informar onde podemos encontrar este registro do Krebs, neste tema? 
O que o faz ser aceito é a observação das normas e regras cientificas.

@HistoriaeBatuque
No Antigo IGTF , tem alguns documentos .

@Segundo.Sol_Luiz.Claudio
@HistoriaeBatuque  pode trazer o link por favor?!

@rodrigoaruvaje4520
Muito bom vídeo,amigo.
No batuque poucas casas cultuam Dan,e as que fazem é acostado na quartinha.  Não fazem cabeça(Orí).

@HistoriaeBatuque
Correção : Prof Krebs utilizava-se das obras do Nina Rodrigues, não foram contemporâneos .

@joaofranco6421
(06:11) Registrado por quem ? Os textos africanos não falam dessa particularidade do Bara do mercado da aldeia de Ijèlú. Os antigos sabiam muito, mas não sabiam tudo; e o que não sabiam eles inventavam. Tal como é feito até hoje.

@gleniocosta9276
Falou uma coisa bem certa a reza foi inveda não existe Bara ajelu ajebo óia nireu parabéns irmão Grande trabalho suas pesquisas

@gleniocosta9276
Sou de nação ygexa filho pai Tita  de xangô e tamboreiro

@claudiodri5146
Baba . usted sabe decirme , si hay posibilidad . de que bara anjelu tenga relacion con pambu nzila ( nkisi) ?

@HistoriaeBatuque
Pode haver influência sim.

@claudiodri5146
@HistoriaeBatuque   fue una duda que siempre sono en mi. Gracias por su respuesta baba.


Imagens comprobatórias:






Link para acesso do canal https://www.youtube.com/@HistoriaeBatuque 

Link para acesso ao vídeo no canal 
https://www.youtube.com/watch?v=0rVTM_XoQXA&t

sábado, 12 de agosto de 2023

O ESPAÇO DOS ORIXÁS

No modelo das construções de Batuque, na quase totalidade das casas, geralmente, o "Bará de dentro de casa" é assim chamado por ficar dentro do quarto de santo.

Apenas por hipótese, sem o proposito de nenhuma mudança, elaboramos uma enquete perguntando: - Onde ficaria o "Bará de dentro de casa" se cada orixá tivesse sua própria casa separada?

Cada participante respondeu livremente conforme o seu entendimento, conceitos e fundamentos, e as respostas foram muito interessantes:


Nesta enquete/postagem observamos que:

Há famílias que não possuem nenhum Orixá dentro de casa.
famílias que possuem um Bara dentro de uma casinha no salão.

famílias que possuem um Bara no quarto de orixá.

Houve pessoas que sugeriram que o Bará deveria ficar no salão central ou no pátio.
Houve pessoas que sugeriram que o Bará deveria ficar no pátio seguindo a ordem do sire.

Há famílias possuem os orixás já separados.
Houve pessoas que informaram que o Bará deveria ficar numa casinha na frente do templo após a casinha do Lode.
Houve pessoas que disseram que separariam por qualidades de orixá e por afinidades.
Houve pessoas que informaram que o Bará ficaria com o orixá regente do templo. Há famílias possuem um Bara na porta do templo.
Houve pessoas que informaram que não desejam mudar, por isso, não quiseram nem levantar uma hipótese.
Houve pessoas que informara que o Bará deveria ficar ao lado direito do portão.

Houve pessoas que informaram que não existe no Batuque uma casa para cada orixá, porque todos os Orixás ficam na prateleira dentro do quarto de orixá.
Houve pessoas que informaram que separar os Orixás em casinhas é um costume do Candomblé.

Vejamos a seguir os comentários dos participantes:


Antonio Carlos Pereira

Agora você me fez refletir: não tenho nenhum Bara dentro de casa, pensando bem todos meus santos estão sentos na rua, e fisicamente bem distantes. 

 

Erick Wolff

Boa tarde querido amigo Antônio, qual seria a sua nação e quando se refere a ficarem na rua, eles ficariam onde? E qual local?


Antonio Carlos Pereira

Erick Wolff literalmente ns rua mesmo. Em pé de figueiras, em caminhos pelo interior, em rios, pedreiras, praias....


Erick Wolff

Antonio Carlos Pereira por gentileza poderia informar a sua nação.

 

Andrew Monteiro

Aqui em Pelotas há um terreiro onde o Bará de dentro de casa fica em uma casinha separada dentro do salão de ritualísticas.


Andrew Monteiro

Visto que mesmo no quarto de santo ele já fica separado dos outros Orixás, faria uma casa só para ele, seguido da casa de Lodê e Avagã.

 

Erick Wolff

Por gentileza Andrew Monteiro, qual seria a nação desta casa?

E está casinha é igual aquela tradicional que fica no quarto de orixá?


Erick Wolff

Andrew Monteiro grato pela gentileza


Jessica Liares

Eu não entendo muito, mas eu construiria uma casa para ele, e as casa fossem construída em círculo eu colocaria ele dentro do círculo.


Celso Xapanã

No salão festas orixás, até porque teria ter salão festas 🎉


Lya Tarosh

Poderia ser dentro do salão central , ou no pátio na casa dele separada dos demais.

Acho que no jogo poderia se decidir ou dentro de casa , ou em sua casa na rua separado dos outros.


Leandro Dos Santos

Lálùpò me corrija a vontade pai Erick Wolff a escrita mas aquele que abre vem no início após o portão e os Odès (e digo os Odè os guardiões de fora do templo/pátio mesmo não Odé) casa


Carla Rodalles

Casa de Lode e avagã ja é separado !


Nascimento Adriana

Junto ao Exú Lodê!

Exú é Exú tds podem ficar juntos e inclusive c/tds Oguns da casa!


Babalorixá Emanuel d'Oxalá

Bom dia babá, na minha visão, ficaria logo primeiro após as casas dos orixás que são guardiões (Olodê, Avagã, Timboá e Dirã)


Carlos Santos

Como assim? Eu já colocaria todos os Baras na mesma casa na entrada do portão,no astral tds são ofertados nos cruzeiros e encruzilhadas e respondem perfeitamente bem, assim como todos os outros independente de que caminho ou título a essência é a mesma tds os Baras são Baras,tds os Oguns são Oguns e assim por diante 🙏🏼 , quando canta para o Bara Olode a gente cita os outros Baras , não vejo problema dividir espaço, coloca o Olode a frente dos outros e o Bara Agelu mais para os fundos e entre eles Adague e o Lanã


Rudinei Oliveira Borba

a Faria uma casa para por ogun e bara juntos, uma casa para yemoja, ode e ótin juntos, sango, oya, osun e oba juntos, obatala sozinho, sapana e osanha juntos. Eu faria isto...


Léo Agandjú Ïomí

Haja visto que: Lanã é o Bará que responde na porta de entrada do terreiro, Adague meio do terreiro e Ajelú dentro do Peji.

Casa de Lanã na porta da entrada, na metade do salão casa de Adague e no Peji Ajelú.

A pergunta é com os Barás né ?! Assim eu faria se fosse individualizar.


Rodrigo T Shango Ibedje

Oi mano bom dia colocaria lode timboa e avaga na entrada e se fosse em círculo ou roda bara Ogum Iansã sango ode otim ossain oba saponna sango Ibedje osun Ibedje osun iemonja osala ase pupo forte abraço


Alexandre Custodio

O interessante, como já dito pelo Rudinei Oliveira Borba, como ficaria o caso dos orixás que tem assentamento na rua, teriam duas casas!? Haja visto que hoje já possuem uma!!


Alexandre Custodio

O Bara de dentro de casa ficaria com o Orixá regente do templo.


Alexandre Custodio

Andrew Monteiro Na minha casa também usamos assim.


Rodrigo Alagbede

Alexandre Custodio Eu também cultuo assim.


Léo Agandjú Ïomí

Andrew Monteiro É o correto. Pelo menos seria o correto que todos fossem, mas com poucos espaços, etc... Acaba não sendo.


Gabriel Orquera

Andrew Monteiro aqui na Argentina no seu tempo ficava igual... Chamava-se "Bará de serviço"; na raiz de Oyó que chegou aqui... Mais já não olhei...


Rudinei Oliveira Borba

Se for analisar a expressão casa, independente do tamanho, o lode fica numa casa também, mesmo que pequena


Erick Wolff

Iya Peggie Abike respeitosamente, como dissemos, trata-se de uma hipótese, não há intenção de reforma religiosa ou cultural, mas champs a uma reflexão.


Iya Peggie Abike

Erick Wolff ¡Gracias x Responder! Entiendo la Reflexion! Es para los que Recien Comienzan. Omio Babá Ya No Puede Ni Quiere Cambiar Nada. ¡¡¡Solo Mantener lo Existente en estos Tiempos de Crisis Económica y Caos Social! Los Mayores, Vivimos en el Mismo Edificio Que Lo Sagrado...¡Actualmente Nos Cuesta Sostener lo existente! Nunca pensamos que a nuestras Edades Avanzadas Tuviéramos Tanta Pobreza y Miserias Politicas. Creo que en Brasil; Uruguay y Otros Paises Latinoamericanos Estan Igual o Peor. Siempre Es Grato Intercambiar Opiniones.¡¡¡ Lluvia de Bendiciones Los y Nos Acompañen🙏😇🙏


Erick Wolff

Grato Carlos Santos, mais alguém pensa como irmão e Bàbá Carlos e queira contribuir ?


Erick Wolff

Fiquem a vontade dos que forem a favor ou contra de comentarem, queremos ouvir a todos.

domingo, 6 de agosto de 2023

O LEGBA E O BATUQUE DO RS

Por Erick Wolff de Oxalá 

Em 02/08/2023

Imagem 01: Vodun Legba


Este artigo tem por finalidade registrar informações da divindade Legba na Matriz e na diáspora afro-brasileira.





Em 2013, o professor Charles (vr) forneceu informações sobre o Legbá, vejamos:

[...] Legbá (Legbà, em fongbé) é um vodun muito importante, tanto no Benin como na diáspora, por ser aquele que tem como atributos ser o protetor e o mensageiro entre os homens e os Voduns... [...] 

[...] No Brasil não é feito e nem entra em transe, não tendo o vodunsi. No Benin há vodunsi dedicadas a estes voduns, recebendo a denominação de Legbási. [...] 

[...] Legbá é o correspondente Jeji ao òrìsà Èsù (Bara) dos yoruba. É o filho mais jovem do par Mawu-Lissa ou Dadá-Segbo. Seu assentamento é um montículo de barro com um falo ereto, representação de sua relação com a sexualidade masculina, e com dois chifres. Possui ligações com Ayizan e Xorokwe. [...]


 A chief Fama (vr) registra informações sobre a divindade Elégbaa, vejamos:

[...] Uma coisa fascinante sobre oríkì é o fato de que os nomes que estão contidos no oríkì são alguns substituídos por nomes reais. É o caso de um poderoso òrìsà cujo nome atributivo é ALÁGBÁRA, mas é conhecido, chamado e tratado como Èsù em Yorùbáland. De alguma forma, esse nome Alágbára, chamado ELÉGBAA na diáspora, é confundido pelos devotos de òrìsà na diáspora como sendo um òrìsà diferente de Èsù. Em toda YorùbálandÈsù raramente é chamada de AlágbáraAlágbára, e não Elégbaa, entra em cena, na maioria dos casos, apenas quando o oríkì de Èsù é cantado. Tomei conhecimento da confusão que existe entre Èsù e seu nome atributivo, Alágbara, quando nosso filho, Awo Devindra Somadhi, foi iniciado na Nigéria no culto de Èsù. Voltando para a América após a iniciação. De acordo com Awo Devindra, alguns adoradores de òrìsà lhe disseram que ele deveria ter sido iniciado em Elégbaa (como Èsù é chamado na diáspora) em vez de Èsù porque, de acordo com essas pessoas. Èsù é poderoso demais para qualquer um ser iniciado. Awo Devindra entrou em contato comigo para esclarecimentos no Regard. Eu disse a ele que Elégbaa é o nome atributivo de Èsù e que, em YorùbálandEleElégbaa não é um òrìsà diferente de Èsù. Para levar este ponto para casa, dei a Awo Devindra alguns dos oríkì de Èsù Onde Alágbara é incorporado um dos nomes atributivos de Èsù. Embora, Awo Devindra aceitasse explicação, eu sabia que as pessoas continuavam dizendo a ele que seu òrìsà era Èsù e não Elégbaa, apesar de sua própria tentativa de convencê-los.

 

Como era minha prática investigar mais a fundo quando confrontado com questões sensíveis, decidi pesquisar, fiz uma viagem a Yorùbáland, a sede de todos os òrìsà na palavra, em setembro de 1992, e entrevistei alguns Babaláwo para esclarecer a relação entre Èsù e Elégbaa. O primeiro Babaláwo que entrei em contato foi um amigo/professor, e um Babaláwo muito respeitado. Ele é Olóyè Adébóyè Oyèésànyà, o Sacerdote Chefe do Ijo Òrúnmìlà Atò (Templo de Òrúnmìlà) em Lagos, Nigéria. Perguntei a Olóyè Oyèésànyà quem Elégbaa. A resposta de Olóyè Oyèésànyà foi concisa. Ele disse que Elégbaa era um dos nomes atributivos de Èsù. Ele me deu mais informações sobre Èsù. Agradeci a Olóyè Oyèésànyà por esta resposta. Passei para Ìbàdàn para entrevistar outro respeitado Babaláwo Olóyè Oyèésànyà Bógunmbè. Fiz a mesma pergunta a Olóyè Bógunmbè, que tinha visitado a América no passado. O contato de Olóyè Bógunmbè com os adoradores de òrìsà na América permitiu avaliar minha pergunta profundamente. Ele, entrou em uma longa explicação e me disse que ele também era diáspora. Um dos pontos da confusão, para ele, é a palavra Elégbaa. Ele explicou que Elégbaa é uma pronúncia corrupta da palavra ALÁGBÁRA. Ele afirmou que ALÁGBÁRA significa "pessoa poderosa" e que Èsù sendo uma òrìsà muito poderosa, os devotos lhe deram a denominação, ALÁGBÁRA, que o retrata como uma òrìsà poderosa. Ele disse que os irmãos e irmãs na diáspora devem notar que Elégbaa - com pronúncia própria e grafia como ALÁGBÁRA - é a denominação de Èsù, e que definitivamente não é um òrìsà diferente. Agradeci a Olóyè Bógunmbè pela iluminação e depois voltei para Lagos para buscar a opinião de um irmão fraterno e colega, Babaláwo Ooye'funso Olawaye. [...] (Fama, p. 152 e 153)

 

O blog Yoruba Blog em 21 de novembro de 2021, publicou um artigo sobre Ojubo Elegba na Nigéria, terras Ioruba, atualizando os conceitos que possuíamos sobre esta divindade, vejamos:

 


(Tradução digital por Google)

"...Há muito tempo, antes da presença da urbanização e do bombardeio britânico de Lagos em 1851, a área hoje conhecida como Ojuelegba era uma floresta e local consagrado ao culto de Ẹ̀shù Elegbua também conhecido como Légba entre o povo Fon da República do Benin. Exu no Brasil, Echu-Elegua em Cuba, Papa Legba no Haiti e para alguns afro-americanos como Papa La Bas.

Foi bem, sob a atual ponte Ojuelegba que os Aworis, que se dizia ser os primeiros habitantes desta área, costumavam adorar láàlu ogiri òkò - a divindade encarregada da ordem e o divino executor das leis naturais e divinas. A pedra que era de terra laterítica com conchas de cauri marcando os olhos e a boca de Exu, que os adoradores derramam ofertas diárias para apaziguar o deus, agora abriu caminho para a urbanização, o santuário foi movido várias vezes antes de ser finalmente estabelecido em sua localização atual, a alguns passos (para o sul) da atual rotatória de Ojuelegba. Tem nela a inscrição ‘Ojú-Ìbọ Elégba', de onde o nome da cidade foi cunhado Ojú-elégba (que significa olhos de Elegba ou o Santuário de Elegba).

Na década de 1970, Ojuelegba tornou-se conhecida por sua vida noturna agitada, em parte devido ao santuário de Fela, que foi inicialmente localizado no império e também devido ao fato de ser um ponto de conexão vital para os viajantes no continente conectando os distritos circundantes de Surulere, Yaba e Mushin, também serve como ligação entre o sempre movimentado estaleiro Apapa-Wharf e a rodovia Ikorodu e Agege, de forma que se tornou famosa por seus engarrafamentos diários devido à ausência de semáforos e guarda de trânsito. Foi o tema da canção de Fela - "confusão" em 1975:

"Para Ojuelegba, para Ojuelagba
Moto dey vem do sul
Moto dey vem do norte
Moto dey vem para o leste
Moto dey vem do oeste
E o policial não tem dey para o centro
Que confusão seja isso
Que confusão seja isso "



Em 12 de fevereiro de 2022, Dra. Paula Gomes postou registros fotográficos da restauração do antigo templo Èsù Akesan, do mercado de Òyó, Nigéria, que possui a inscrição Elegbaa:


O sacerdote Omotobatala lançou um livro em 2003, trabalhando no idioma Ioruba ressignificações das orin cantadas no Batuque.


Neste trabalho Omotobatala, cita Legba em outros momento Elegba:






Considerações

Há famílias do Batuque que informam que o Legba seria um vodun, outras famílias informam que o Legba seria um òrìsà.

Há famílias que informam que o Legba é companheiro da Zina, que possivelmente seria a divindade vodun Ayzan. 

Há famílias que informam que o Legba seria companheiro da Atimbowa.
 
No entanto, diante do material apresentado, as pesquisas não são conclusivas que o Legba cultuado no Batuque seja de origem Fon ou Ioruba.

Importante anotar que o culto do Legba no Batuque é feito com vários tridentes de ferro ficados  numa base reta de barro batido. Não possuímos registros de assentamentos antigos de Legba, feito no chão conforme citado pelo prof. Charles.

Segundo o professor Hungbono Charles, "Um vodunsi somente pode ser feito por um Vodun, sendo que devido ao tabu da ocupação no Batuque do RS seria impossível". (Informação pessoal)


Segundo o professor e babalorixá Aulo Barretti, "os Ioruba cultuam o orixá em okuta (pedra), o povo Fon o vodun diretamente no chão, e o povo Banto cultua os inkisses em um conjunto de vários elementos." (informação pessoal de Luiz L. Marins, conforme ouviu do prof. Aulo Barretti em aula assistida na Funaculty, 1980).

É necessário observar que no livro Adura-orin Orisa, Omotobalata ressignifica as cantigas do Batuque, o seu trabalho foi baseado no idioma Ioruba e traduziu para o espanhol.  As orin deste livro 
não se trata das originais, pois, uma ressignificação tem como base a interpretação do autor.
 

Referências:

Charles, Revista Olorun, n. 17, abr. 2013, Casa Jeje de Azansú-Sapakta,  p. 26 e 27, https://revistaolorun.files.wordpress.com/2018/10/revista-olorun-15.pdf

Charles, Revista Olorun, n. 17, abr. 2014,  Buscando a Possível Herança Vodun no Batuque, p. 97 e 98, https://revistaolorun.files.wordpress.com/2018/10/revista-olorun-17.pdf  

Chief Fama, Fundamentals of the YORÙBÁ RELIGION ÒRÌSÀ WORSHIP, 1995, Printed in the United States of America. (Tradução online)


Fontes virtuais:
OJUELEGBA: UMA BREVE HISTÓRIA
https://iledeobokum.blogspot.com/2021/11/ojuelegba-uma-breve-historia.html 


SANTUÁRIO DE ÈSÙ AKESAN (ELEGBAA)

TIKTOK ERICK WOLFF