Revisado e aumentado, contém atualizações no corpo do texto.
Pelo bem da ciência e preservação da memória do Batuque do Rio grande do Sul, registramos uma postagem da página do Jornal do Batuqueiro e o artigo científico do Bolivar, que coleta informações da Mãe Emília de Oya Laja. Vejamos a seguir:
Postado em 01/12/2022 acessado às 8:06 h
"MÃE EMILIA DE IANSÃ OIA LAJÁ
QUEM FOI EMILIA AFFONSO ARAÚJO?
Em 2020 em uma pesquisa encontro uma publicação de um ESTATUTO DA SOCIEDADE RELIGIOSA BENEFICIENTE AFRICANA em um jornal de Porto Alegre (A Federação, 4 de janeiro de 1924) no estatuto consta em seu quadro:
1°Conselheira: EMILIA AFFONSO ARAÚJO
Presidente: FABIANO DOS SANTOS
Secretário: CLAUDIONOR ALVES
Tesoureiro: EMILIO JOSÉ DA COSTA
Também encontramos a SOCIEDADE BENEFICIENTE “EMILIA AFONSO DE ARÚJO” seu estatuto no Jornal a Federação, 18 de janeiro de 1933, Porto Alegre. Acredito que seu nome foi dado a esta casa de culto a Religião Africana em homenagem Póstuma, seu quadro é formado por:
Presidente: DARTGANAN VAZ
Vice Presidente: FRANCISCO LA ROTONDA
1° Secretário: SILVIO GUIMARÃES
2° Secretário: ALCIDES DA SILVA
Tesoureiro: GALVÃO RODRIGUES (também foi presidente da Sociedade 14 de Setembro, Rua TAquary N°57)
Sócios Fundadores: Dartgnan Vaz, Silvio Guimarães, Galvão Rodrigues Machado, Armando Luiz da Silva, Eduardo Silva, José Monteiro, João Mathias, Salles Darvil, Darcy Galdino dos Santos, Maria Joaquina Machado, Anna Luiza Santos, Lydia Pio, Noemia Alves, Odeth, Ady do Carmo, Lucia Frierweiler e Francisco La Rotonda.
EMILIA AFFONSO DE ARAÚJO nasceu em 1864 (levando em conta que tinha 17 anos quando casou em 1881) , Emília era natural de Rio Grande, seu nome de solteira era: EMILIA ROSA AFFONSO, filha de FELICIANA MARIA DE BARROS (Africana liberta da Costa da África). Casou em 1881 na catedral de São Pedro em Rio Grande com MIGUEL SERAFIM RODRIGUES DE ARAÚJO, profissão pedreiro, natural de Pelotas, Miguel era Filho de: MIGUEL SERAFIM RODRIGUES (Costa da África) E JOANNA ANTONIA (Africana Liberta da Costa da África). Obs.: A parte paterna usou mais de 3 gerações o nome Miguel.
Emília e Miguel tiveram os seguintes filhos: MIGUEL RODRIGUES DE ARAÚJO, MARIA RODRIGUES DE ARAÚJO E ALICE RODRIGUES DE ARAÚJO.
Espero que a partir dessas informações surjam novas informações sobre essa Grande Ialorixá dos anos 20 e 30.
FONTES: FAMILY SEARCH, CANAL DO YOUTUBE HISTÓRIA E BATUQUE, HEMEROTECA DIGITAL."
Link https://www.facebook.com/100063684961443/posts/pfbid0wLKJ7vFCTMGAWSdYJsvpEGyHRrFdi4fN7UuHHbs7AJKSDUH3j5a3EWS35fX2fDukl/?mibextid=Nif5oz
Imagem comprobatório
BOLIVAR
Entretanto, Bolivar em 2012, o artigo "A Nação Oyó em Alegrete, Uma Etnografia do Batuque Oyó", que segundo seu informante o Babalorixá José Airton Barraganas, no dia 22 de abril de 2012, informa, que mãe Emilia era filha de escravos, nascida sob a lei do ventre livre, e completa com informações sobre a Iyalorixá. Segue:
[...] A segunda família religiosa chegou pelo porto de Rio Grande, deslocando-se depois para Pelotas, local de nascimento de Mãe Emília de Oyá Ladjá (Emília Fontes de Araújo, nascida no século XIX e falecida na década de 30), a Mãe de Santo mais antiga que se tem notícia desta família. É sobre a tradição de Mãe Emilia e de seus descendentes religiosos que se ocupará este trabalho de pesquisa.
Segundo constam as fontes orais, Mãe Emília era filha de escravos nascida sob a Lei do Ventre Livre 16. Em sua cidade natal, ela era dona de um estabelecimento conhecido por “casa de pasto”, local similar a uma casa de pensão aonde também se servia comida. Posteriormente, ela mudou-se para Porto Alegre, cidade em que fundou uma casa de santo localizada na Rua Visconde do Herval. A idéia desta mudança de Pelotas para a capital surgiu quando Mãe Emília foi convidada a uma festa de Batuque em Porto Alegre, tendo gostado bastante da cidade. Posterior a isso, diz-se que ela foi aconselhada pelas próprias entidades a deslocar-se para Porto Alegre e abrir uma casa de religião lá. Estima-se que estes fatos aconteceram num período situado entre o final do século XIX e o começo do século XX. Mãe Emília viveu neste local até o final de sua vida e acredita-se que seu legado em Porto Alegre tenha sido preservado pela Mãe Elvira de Oxum, a filha de santo mais próxima de Mãe Emilia. Na sequência genealógica do Batuque Oyó da cidade de Alegrete, está uma das filhas de Santo de Mãe Emília, Mãe Doca de Yemanjá (Palmira de Jesus), era originária de Gravataí e representa o elo seguinte na linhagem do Oyó de Alegrete. Mãe Doca, antes de se dedicar integralmente ao Batuque, trabalhava como lavadeira. Foi ela quem iniciou Mãe Lili de Xapanã, a introdutora do Batuque da Nação Oyó em Alegrete. [...] (2012, p. 22)
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Figura 1: Foto do “local de honra” 23 do terreiro de Airton de Yemanjá. À esquerda, Mãe Doca de Yemanjá e à direita, Mãe Emilia da Oyá Ladjá. P. 24 |
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Figura 4: Foto do “local de honra” do terreiro de Carlos de Oxum,
filho de santo de Airton de Yemanjá. À esquerda, Mãe Emília de Oyá Ladjá; à direita, Mãe Doca de Yemanjá e ao centro Mãe Lili de Xapanã. Percebe-se a adição de mais uma foto no “local de honra” em comparação à figura anterior. P. 26 |
Neste trecho outro autor, sem esclarecer como chegou a esta informação, diz que o orixá da mãe Emília é Dirã. Da forma como está escrito imaginamos que esta informação tenha vindo do Tamboreiro Donga da Iemanjá:
[...]
No movimento inverso àquele que fez Pai João de Carlos de Oxalá, que trouxe a cabinda de Porto Alegre para Pelotas, o velho tamboreiro Donga da Iemanjá‟ considera que „quem trouxe o lado de oió para Porto Alegre, vinda de Pelotas, fora sua mãe-de-santo, Emília da Oyá Dirã (ou da Oyá Lajá, de acordo com outras fontes), que se instalara na Azenha[...] (apud Edgar)
Algumas considerações sobre o texto do Bolivar.
Segundo estas informações, coletadas por Bolivar talvez o titulo de Princesa Emília Laja, tenha a ver com a religião afro-brasileira Batuque do RS, sendo que segundo Bolivar ela teria nascido no Brasil, sob a lei do ventre livre, sendo que o seu titulo não teria qualquer correlação com os Ioruba ou origem Africana.
E EDGAR
E Edgar fala sobre o nome da Oya, da mãe Emília, seria Dirã.
Devido a informações recentes sobre a princesa Emília, faremos este registro do Jornal do Batuqueiro, dados atualizado em 07/01/2023 às 16:46:
"Mãe Alzenda de Iansã a baluarte mais antiga da cidade de Rio Grande, não em idade e sim em vasilha pois hoje com 75 anos de feitura, feita pela saudosa Mãe Margarida de IANSÃ ( postúma) com seu filho de santo Thiago de Agelú , ambos da Nação NAGÔ.
Foto e texto: Thiago de Agelú"
Outros depoimentos dos descendentes informam que:
Link - https://www.facebook.com/story.php?story_fbid=pfbid0Xt8F3T1FbCxDeTgiwjsCYLbsEKMW7xX23j6BfXxRs3aRKUsqczFNxegMpJnCyC3Ql&id=100063684961443&mibextid=Nif5oz
Referências
NETO, Edgar Rodrigues Barbosa. A Máquina do Mundo Variações sobre o Politeísmo em Coletivos Afro-Brasileiros, Universidade Federal do Rio de Janeiro Museu Nacional Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social, Rio de Janeiro, 2012.
http://objdig.ufrj.br/72/teses/780960.pdf
MARINI, Bolívar Scholottfeldt, A NAÇÃO OYÓ EM ALEGRETE - UMA ETNOGRAFIA DO BATUQUE OYÓ, URCAMP, Centro
de Ciências da Educação, Comunicação e Artes Curso de História, Alegrete, 2012.
https://www.academia.edu/10084796/Monografia_A_NA%C3%87%C3%83O_OY%C3%93_EM_ALEGRETE_UMA_ETNOGRAFIA_DO_BATUQUE_OY%C3%93
Revisado e aumentado em 17/10/2023
PROGRAMA AXÉ RESGATE E TRADIÇÃO
Neste texto publicado em 16/10/2023, o perfil Programa Axé Resgate e Tradição, emitiu uma nota de repúdio referente a algum artigo publicado, porém, não informaram quem ou quando publicaram informações sobre a matriarca Emília, princesa do Batuque, à saber.
"Nota Pública De Repúdio
Nós Tradicionalistas da Nação de Oyó repudiamos a forma marginal como foi divulgada uma matéria de forma PARCIAL, que não leva em conta uma série de fatores a serem considerados sobres esta antiga Bacia de Oyó!
O fato da Princesa Emília ser Africana ou nascida no Brasil já havia sido levantado no livro Vozes Ancestrais!
Aliás fomos nós que publicamos o achado do Pesquisador Alexsandro Dolzan, editor do Jornal Batuqueiro que encontrou os documentos que muitos falam!
Enquanto ao fato do seu título ser próprio dela ou herdado da linhagem materna ou paterna ou até dela não ser uma Princesa, não influência o seu feito!
Quanto ao fato de chamarem a Princesa de praticante de Nago é correto, partindo da ótica que o TERMO NAGO no dialeto Djeje de Daomé significa PIOLHENTO!
Maneira a qual os mesmos chamavam os Yorubás vencidos na guerra de 1830 na África!
Quanto ao nome fomos nós autores do livro Vozes Ancestrais que publicamos o documento onde aparecia o nome de:
Emília Afonso de Araújo
Porém até o surgimento deste documento era conhecida como:
Emília Fontes Araújo
Isso levanta algumas questões:
É um homônimo?
É a mesma pessoa?
Pode ser uma corruptela oral?
Quanto ao tempo de vida da mesma, fomos nós que levantamos a data aproximada de sessenta anos de idade!
Quanto ao domicílio da Princesa ela desembarcou em Rio Grande, posterior foi para Pelotas e por fim a Porto Alegre!
Mas o que isso importa? Nada
O maior feito da Princesa, não foi o fato dela ser ou não Princesa!
Mas sim um grande Percusora da bacia de Oyó!
Em plena época de opressão! Aphartheid! De perseguições! Assassinatos e destruição de terreiros! Foi ela a responsável pela feitura de mais de 20 Bàbás ou Iyás!
Isso é o que importa ela ter deixado grandes nomes como:
Iyá Rola de Oxalá
Iyá Matilde de Ogum
Iyá Doca de Yemanjá
Iyá Alice de Osun
Iyá Margarida de Yansã
Iyá Aracy de Odé
Bàbá Donga de Yemanjá
Iyá Nora de Yansã
Iyá Eva
Bàbá Dirceu de Oxum
Entre tantos outros!
Isso fez dela uma grande Percusora da Bacia de Oyó! Esse foi seu grande feito!
Aconselho a qualquer Instituição antes de publicar qualquer documento de forma PARCIAL!
Ter ÉTICA! E trazer os pontos e contra pontos a tona! De forma a respeitar o amplo e democrático debate!
Bàbá André de Ogum"
Imagens comprobatórias
Link https://www.facebook.com/photo?fbid=700492162014465&set=a.467933548603662
MOZART DE IEMANJÁ
Nesta outra postagem publicada na página pessoal do sacerdote Mozarte de Yemanjá, comenta sobre a matriarca Emília, princesa do Batuque. A seguir:
A grande líder religiosa Yalorixá
Emília de Oya Ladjá, Mãe Emília Fontes de Araújo não era "Fontes", e
sim Afonso de Araújo, nunca foi escravizada, não veio da África, nunca teve
realeza civil, não viveu 115 anos( ela viveu 65 anos, nasceu em 1863 na cidade
de Rio Grande/RS e morreu em 1932 em Porto Alegre/RS, foi sepultada no
Cemitério da Santa Casa). Depois de 91 anos de seu falecimento é comprovado que
Mãe Emília nunca desembarcou do "navio negreiro" no porto de Rio
Grande/RS, e que não trouxe a Nação de Oyó da África para o Brasil, muito menos
para Porto Alegre, pois cultuava a Nação Nagô.
Os historiadores, através de
certidão de nascimento e de óbito, desconstruiram as narrativas verbais sobre
minha tataravó de santo. Me cabe continuar honrando e respeitando sua memória.
Quanto mais a história é revelada,
de forma documental e inquestionável, mais somos obrigados a nos manter
reconfigurados, sem negar a origem, a tradição e a fé.
Axé é para quem tem fé."
Sua benção meu pai. Com todo o respeito que lhe devo.
Rio grande, o berço do Batuque no RS, a primeira cidade do Estado, onde desembarcaram mais de 80% dos negros e negras escravizados, sempre soube que a princesa Emília era nagô. Temos provas vivas dessa relação. Iya Alzenda de Iansã, com seus 85 anos de idade, e 76 de iniciada. Filha de mãe Margarida de Iansã e neta de Mãe Emília de Oya Ladja.
Igualmente Rio Grande sempre soube que a princesa Emília não trouxe o Oyo de África. Pois foi iniciada aqui em Rio Grande, por Iya Bibica de Ogun e negro Ozébio. Rio Grande também sempre soube que ela já nascerá na Lei do Ventre livre e que veio de Recife para Rio Grande.
Seus pais biológicos foram vendidos para as Charqueadas. E Iya Bibica, que lhe iniciou, havia vindo tempos antes do mesmo local. Tinham relações com as tias do pátio do terço, casa de Santa Barbara (Iyaya e Sinhá). E sempre compreendemos que lhe foi dado o título de princesa na tradição, por reconhecimento dos seus e das suas e pela expansão do axé que executou ao iniciar muita gente no caminho de Rio Grande até a capital.
Então para nós a não ser as datas e o local de sepultamento, não tem grandes novidades. Em nada muda nosso respeito, admiração e amor por nossa matriarca. Responsável pela expansão da nossa nação.
A capital é que nunca nos deu ouvidos. E inclusive finge não saber da existência de Iya Alzenda, em plena atividade aqui no Interior do Estado. A Iya mais velha da nossa cidade, em tempo de iniciada.
[...]
NORTON CORREIA
Boa tarde, Chendler.
Quando comecei a pesquisar sobre o batuque, a turma da velha guarda me dizia que a religião surgiu em Rio Grande.
No templo da Mãe Merces da Iemanjá, na Cidade Baixa, conheci o tamboreiro Donga, assim como o Seu Jauri da Oxum, todos de Oió, de Pelotas, e que diziam a mesma coisa.
Quando fui a Rio Grande, entrevistei a Mãe Alzenda, do mesmo lado, e o Pai Miro (?) que se dizia de nagô. Mais recentemente, o historiador Jovani Scherer identificou uma colônia de negros auto intitulados também nagô, na cidade.
Quando fui a Recife, compareci a uma festa no muito antigo e respeitado templo no bairro da Água Fria, logo percebendo, surpreso, muitas coisas similares às do batuque, como os tambores, cânticos, preceitos, nomenclaturas etc.
Anos depois, quando a pesquisadora do xangô, Rita Segatto, minha amiga, veio a Porto Alegre, levei-a a uma festa na casa da Santinha. Disse que se sentia no xangô. Vários destes dados me levaram a supor, como escrevi em meu livro, O Batuque do RS, que havia uma relação entre o batuque e o xangô, que a fundadora possivelmente seria uma mulher vinda de Pernambuco. E que escravizados ou livres - talvez vindos de outros templos em outros lugares - teriam se filiado a ele, com o tempo, fundando outros templos e acrescentando aportes da fauna e flora do RGS, o que teria resultado no batuque mais ou menos como é hoje.
O certo é que a mulher que imaginei ter sido fundadora do batuque seria bem mais antiga do que a Mãe Emília, esta, sendo descendente de santo dela. Há mais coisas interessantes a desvendar: ela seria de nagô, mas suas descendentes de santo tomam-na como de Oió, como é o caso da Mãe Alzenda, do Pai Antoninho e sua filha Moça, ambos da Oxum. Não tenho dados suficientes sobre este assunto, mas algo me diz que Oió e Nagô podem ser a mesma coisa com pequenas alterações. Taí algo para ser esclarecido.
Finalizando, cabe e dizer que esta extraordinária dupla de pesquisadores de alto bordo - Vinícius de Oliveira e Jovani Scherer - têm trazido dados indiscutíveis, pois cientificamente embasados -, que muito nos contam sobre a história real do batuque. Meus parabéns à dupla.
[...]