quinta-feira, 17 de novembro de 2022

A POSESSÃO OU TRANSE NO CULTO DE EGUNGUN

Por Erick Wolff de Oxalá

Em 17/11/2022



Procuramos o Oje Adebayo, sacerdote do culto de Egungun, para saber sobre a possessão ou transe no culto de Egungun, que nos esclareceu o seguinte: 


"Bom dia, a pessoa dependendo da linhagem (Yoruba) e mascarado pode sim ficar em um estado completamente fora do natural... Pode acontecer de antes de se portar os trajes a pessoa ser levada para local reservado onde vai ser feito o consumo de bebidas especialmente preparadas, ritos e a pessoa vai passar um tempo ali só rezando... Em um determinado momento alguém entra e conclui os atos * não vai sair até que se exista a absoluta certeza***  quando o ancestral esta pronto, possivelmente assuntos particulares serão revelados naquele mesmo momento. Inimigos, saúde, prosperidade, êxitos, filhos... Então o ancestral sai para rezar, abençoar seus filhos, dar conselhos etc... Quando o ancestral vai embora a pessoa não lembra de nada mas é diferente de Orisa, o retorno é de igual forma necessário de cuidados específicos. Uma vez escutei de alguem que o Ancestral deixa seu corpo como se você tivesse morto, não gosto de fantasias nem folclore em culto mas esta é a melhor definição, corpo frio como se tivesse sem vida... O Ancestral tem que ser real e como prova ele vai revelar coisas que uma pessoa comum não saberia dizer, vai tratar de assuntos que não compete a Orisa. Por isto tenho visto pessoas que fazem uma espécie de transe para seus ancestrais o que não é errado, porem conheço e cultuo alguns onde podemos falar de possessão ancestral... o transe é mais comum com consumo de bebidas preparadas com folhas principalmente ja a possessão envolve um rito maior e mais complexo que leva tempo...

Em ambos os casos sempre a relatos de sonhos... muitos logo apos o culto..." (informação pessoal)


Oje Adebayo Ifamuyiwa Ojebisi, pertence a Religião Tradicional Aborigene Ioruba Ifa e Egungun,  mora em Itabuna, Salvador. 

Fonte: conversa pelo msn.
imagem comprobatório


terça-feira, 15 de novembro de 2022

HISTÓRIA DA FAMÍLIA DO PAI WALDEMAR DE XANGÔ

Em 15/11/2022 acessado às 11:57h

Este registro da família da mãe Otilia, nos enriquece mais ainda a história do legado do pai Waldemar e seus descendentes. 

"No dia 14/11/1925. há exatamente 97 anos, num sábado de manhã, em Porto Alegre, aconteceu o casamento de ANTÔNIO WALDEMAR SANTOS E OTÍLIA TAVARES ( Pai Waldemar de Xangô Kamuká e Mãe Otília de Ossanha). A princípio acredito que eles já viviam em matrimônio e essa data apenas oficializaram seu matrimônio, embora seja uma das várias especulações que ainda tenho sobre a história deles. Um casal cheio de mistérios e encantos, que a cada passo me fascina mais e mais pela busca de suas extraordinárias histórias. Espero logo sair das especulações e compartilhar comprovações. Da união de Pai Waldemar e Mãe Otilia, deixam alguns filhos registrados como Nair Tavares dos Santos, tive a oportunidade de conhecer duas filhas de Dona Nair, falecida em 2018.

A data de hoje também marca a entrada de Eliane de Oyá Dirã, neta de Pai Waldemar e Marcio de Oxalá, bisneto de Pai Waldemar para minha casa religiosa, uma grande surpresa pra mim quando fui convidado a ser seu Sacerdote, os procurei por histórias e recebo essa grande missão, cuidar de descendentes daquele que tenho como maior ancestral, um Baba Egun a qual reverencio e agradeço todos os dias por ter criado a família a qual me manteve religiosamente, tenho muito orgulho de ser Cabindeiro ou Kambindeiro, indiferente do termo, mas sentir pertencer a essa família, sem nunca ter duvidado disso. Eliane e Marcio sejam bem vindos.

Sempre somos julgados, seja pelo que fazemos ou pelo que deixamos de fazer, então não podemos medir nossos erros e acertos pelos o que outras pessoas pensam sobre nós ou nossos atos, medimos pelas respostas que os Orixas nos oportunizam e pelo direcionamentos que nossos ancestrais nos mostram, simples assim."
Link - https://www.facebook.com/110671400398922/posts/pfbid0b9ny5nZdZKPGRD4oq3M4UkYUGfvLLbQS6CTnhiAwuBWaGUx7BpqVQumC1bm4MCbGl/

Imagens comprobatórias



A GRANDEZA DAS FOLHAS

Por Paula Gomes Aduke

Postado em 15/11/2022 acessado em 07:29

"Hoje vamos falar das folhas e sua grandeza.
Dentro do culto tradicional do Orisa toda a iniciação tem folhas.
Sem folhas não existe Orisa.
Sem folhas não existe o sagrado.
A força primordial do Orisa está nas folhas.
Cada Orisa tem suas folhas específicas e estas são preparadas antes de qualquer outro rito sagrado.
As folhas são escolhidas, acordadas, consagradas e preparadas segundo cada rito específico.
As folhas são tão importantes no culto ao Orisa que são necessários 4 dias de preparação para qualquer ato iniciatico ao culto sagrado do Orisa.
Folhas e sua preparação fazem parte do trabalho de preservação ao culto sagrado do Orisa.
Vamos preservar o culto ao Orisa em sua essência."



Link https://www.facebook.com/paula.gomes.aduke/photos/pcb.427860619556213/427860566222885/


segunda-feira, 14 de novembro de 2022

CANDOMBLÉ É DIFERENTE, PAI CLEON DE OXALÁ

Publicado por Reino de Oxalá - Soc. Ben. 7 Flexas e Oxalá
Em 22/07/2020 acessado em 14/11/2022 às 13:20 h

Para o bem da ciência e registro da história da religião Afro-sul, o Batuque do RS é uma religião que possui identidade própria, por isso, sabemos que o Batuque do RS não é um segmento do Candomblé.

No texto abaixo não deixa claro se o autor numa reflexão igualou o Batuque ao Candomblé, ou, se referia-se a algum Candomblé praticado no Rio Grande do Sul. Talvez o repórter não tenha compreendido a semântica do conteúdo da nossa tradição, gerando este equívoco. 

Importante destacar que já naquela época, pai Cleon possuía uma visão nítida da nossa realidade, destacando que "desenvolvemos e praticamos mais o Nagô", com a nossa identidade. 


"Com a Palavra: Pai Cleon


Existe, por parte dos leigos, especialmente turistas que vão a salvador e visitam uma terreira, a curiosidade de saber a diferenciação do candomblé praticado do nosso estado e o da Bahia.

É preciso explicar que toda a religião africanista é igual. Na vinda dos escravos para o Brasil, os africanistas se espalharam pelo país. Cada grupo se estabeleceu em uma região diferente, ali ficando e dando início à religiosidade que desenvolviam em sua terra, cada um com seus hábitos e costumes. E, a partir daí, cada região desenvolveu seus conhecimentos e credos. Em razão disso é que temos essa diferenciação na forma de praticar nossa religião. Especificamente no tocante ao Candomblé, oriundo de Angola e do Keto, é mais desenvolvido do Rio de Janeiro para o Nordeste, tendo maior número de praticantes na Bahia. Em recife, o maior desenvolvimento religioso africanista é o Xambá. No Maranhão, é o tambor de minas. No Rio Grande do Sul, particularmente, desenvolvemos e praticamos mais o Nagô dentro das nações Ioiô, Gege, Isechá e Cabinda, esta última uma região ao lado do Congo. A própria vestimenta, quando das festas, tem diferenças. Da mesma forma a identificação dos orixás por meio de ilustrações, assim como nos oferecimentos de comidas aos santos, nas orações e nas danças de cada orixá.

Todas essas doutrinas e seus funcionamentos são passados do pai-de-santo para seus filhos e assim por diante. A cada dia a religião africanista fica enriquecida pala transmissão dos seus fundamentos, uma vez que a leitura a respeito é pequena e poucos têm acesso a ela."


Fonte - 
https://www.facebook.com/reinodeoxalapaicleon/photos/3078988035531427 

Jornal Diário Gaúcho, 18.05.2000 Porto Alegre

O BATUQUE TRADICIONALMENTE NÃO FAZ BARCO DE FEITURA

Por Erick Wolff de Oxalá

14/11/2022

Este ensaio tem por finalidade esclarecer pontos sobre os conceitos da tradição do Batuque do RS. 

O termo Barco é usado pelo Candomblé para determinar a ordem de iniciação dentro de um grupo de indivíduos que seguem para a raspagem.

Coloca-se todos os indivíduos, sentados ou deitados em esteiras lados a lado, e vão entoando cantigas para invocar as divindades, até que elas começam manifestar, desta forma, vão denominando um a um como: dofono, dofonitinho, gamo, gamutinho, e assim segue.  

No Batuque do RS, não é possível denominar, porque há o Tabu da ocupação, por isso, não tem como ordenar estes indivíduos.  

Esta denominação é importante para a saída do iniciado, quando é feita a festa, para que durante um momento este saiam em público pela primeira vez após a feitura.

Sobre a raspagem nem todos necessitam passar pela raspagem na sua feitura, o Batuque do RS não raspa e nem precisa, porque durante a feitura que ocorre durante vários dias, o orixá come na cabeça do iniciado.


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Para completar esta postagem, coletamos alguns comentários que ocorreram na comunidade Nação Cabinda do RS, a seguir:

Nara Almeida

[...] É que lá nos anos 80 e 90 não precisava apresentar quem estava de obrigação, pois somente quem estava de obrigação usava pano na cabeça, era e ainda é costume orixa da casa ou visitar colocar quem estava de obrigação nas costas e fazer o famoso trenzinho , isso sempre existiu , a diferença hoje é que devido todo mundo usar pano na cabeça, dificulta as visitas quem está ou não de obrigação, por isso o dona da casa apresenta seus filhos de obrigação já no início do batuque . [...]


Luiz Cláudio Soares

[...] Mas Nara Almeida será que ESTAR TODOS de pano e dificultar a identificação justifica inserir elementos de outro culto no batuque? Pq sendo assim daqui a pouco teremos também elementos inseridos na RITUALÍSTICA. [...]


Nara Almeida

[...] Luiz Cláudio Soares meu querido se tu observar bem isso também já existe , inclusive rezas de candomble estão sendo cantadas em batuque [...]

 

Luiz Cláudio Soares

[...] Nara Almeida lamentável, ainda bem que existe ainda casas que não se rendem a esses "modernismos".[...]

[...]Tenho registro que na família do pai cleon, antes mesmo dos anos 80, era costume usar oja, boné ou equipa na cabeça.[...]


Ile Ase Igbomina

[...] Luiz Cláudio Soares tenho fotos da casa do pai cleon dos anos 75 onde los disfrazaba a los obligados [...]

 

 Luiz Cláudio Soares

[...] Nara Almeida é verdade, não sabemos por que mas tem muitas gravações com cantigas do candomblé, cantadas por antigos , conforme vemos aqui :

CANTIGAS DO CANDOMBLÉ NO BATUQUE

[...] 


Luiz Cláudio Soares

[...] Mah Do Maré pelo que eu entendi a ordem do Barco determina o nome do individuo, não depende da ordem do orixá, sendo que no candomblé na feitura colocam todos uns ao lado do outro e vao cantando, aquele que virar primeiro recebe o nome de dofono, por segundo dofonitinho, seguinte gamo e assim vai... O que vejo que o Batuque contemporâneo esta tendo problema porque mudou o seu costume e estão procurando criar novos costumes para suprir as necessidade. [...]


Mah Do Maré

[...] Luiz Cláudio Soares dentro do que conheci, antigamente somente o orixá fazia esse ritual de levar todos como um "trenzinho" na porta, tambor e quarto de santo e no final todos batiam cabeça para ele, geralmente na reza dele. Com o tempo, para que se tivesse esse registro, os sacerdotes começaram a fazer - sendo q algumas casas adotam o tamanho da obrigação e outras a listagem dos Santos...mas como sempre ensino aos meus, cada casa com seu fundamento ne? Axé mano! 

Foto gentilmente cedida do acervo do ilê axé nago kobi. Imagem anos 80, mesa de igbeji, todos cobriam a cabeça, mesmo os que não estavam de obrigação, sendo assim o pano de cabeça talvez não seja o principal motivo desta novidade. [...]

https://www.facebook.com/photo/?fbid=10230649925217585&set=a.2391243746282

Imagens comprobatórias






quarta-feira, 2 de novembro de 2022

A RODA DE ORIXÁ DO BATUQUE DO RIO GRANDE DO SUL

Por Erick Wolff de Oxalá

Postado em 02/11/2022



Respeitando a fé e a prática de cada um, este ensaio tem por finalidade registrar para o bem da ciência e preservação da história do Batuque do Rio Grande do Sul, nas suas práticas e costumes.

Possuímos registros que as rodas de Batuque eram organizadas por ordem de orixás, em algumas casas separavam entre prontos e os que ainda não eram prontos, no entanto, sabemos que era costume de o segmento Oyo Igbomina separar os homens das mulheres.

Temos alguns exemplos, inclusive de casas renomadas as quais deixam homens e mulheres sem separação, seguem alguns vídeos:

Batuque dos 30 anos do pai Bara do pai Gelson (1996).

 

Batuque mãe Taia de Xapanã.



BATUQUE NA CASA DO PAI PEDRO DE OXUM DÉCADA DE 90



Para visualizar mais vídeos dos anos 80/90 siga este link:
https://iledeobokum.blogspot.com/2022/03/batuques-antigos-no-youtube.html

TIKTOK ERICK WOLFF