Este fragmento do artigo "Esclarecimentos de Oloye Edu Obadugbe Afolagbade", postado na revista OLORUN, n. 40, julho de 2016, ISSN 2358-3320 – www.olorun.com.br, nos trás informações sobre o ato de raspar a cabeça.
Transcrição e adaptação por Luiz L. Marins (www.luizlmarins.com.br), com autorização
de Baba Omotobatala.
[...] 1) Aquele que já foi iniciado no culto ao Orixá, seja em qualquer nação com raspado
da cabeça ou não, quando mudar de mão, não se raspa, pois ele já foi iniciado, não tem
porque passar novamente pelo mesmo ritual duas vezes. Mas acontece que no Brasil
muitas vezes por ignorância, quando chega alguém que foi iniciado em outra sem raspar,
então, as casas que raspam acham que essa iniciação sem raspar não tem valia, e voltam
a iniciar a pessoa.
2) Aquele que já foi raspado, se mudar de mão e passar para uma linhagem que não
raspa, não tem porque se raspar. Mais como ele foi raspado na primeira vez, ele ou ela
como babalorixá ou iyalorixá, na sua casa poderá consultar os Orixá para raspar ou não,
pois tem pessoas que não devem se raspar pelo falado acima.
3) Aquele que não vai ser iniciado para o sacerdócio, e sim por saúde, não precisa
ser raspado.
4) Quem receber Orixá por herança de algum parente que morreu, passa por uma
iniciação sem raspar, pois, acredita-se que a ordem para a pessoa ter Orixá vem do orun.
Esclarecimentos de Oloye Edu Obadugbe Afolagbade
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5) Escravidão: Raspar ou não no culto do Orixá em terra ioruba tem a ver com a
família ou linhagem. Em muitas linhagens da terra ioruba onde o fundador foi escravo
ou teve um ancestre escravo, não se raspa, principalmente entre os Nagôs: Egba, Ekiti e
Ijebu, pois o ato de raspar lembra o fato de ter sido escravo e é motivo de humilhação.
Era costume entre os Oyó raspar a cabeça dos escravos e fazer tatuagens, aqueles que
voltavam livres para sua terra eram logo chamados "afarikola" (carecas com tatuagens).
O motivo para se tornar escravo em terra ioruba podia ser crimes contra a comunidade:
roubo, assassinato, estrupo, etc.
Mas houve um tempo no qual as nações estavam em guerra e as pessoas eram caçadas
e escravizadas. Alguns poucos ficavam na terra ioruba, mas os outros eram vendidos aos
portugueses, ingleses ou franceses.
No caso os escravos ganhar sua liberdade e voltar a sua terra recebiam nomes
pejorativos como: "afarikola", "ajereke", "alaigbede", "aguda", "atoyobo".
Espero que a explicação tenha esclarecido porque se usa se raspar ou não. [...]
O artigo completo:
https://luizlmarins.files.wordpress.com/2015/02/esclarecimentos-de-oloye-edu-obadugbe-afolagbade.pdf