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domingo, 3 de dezembro de 2023

ODU E ÒRÌṢÀ REGENTE DO ANO NOVO

Nesta postagem publicada em 02/02/2023, a Dr.a Paula Gomes, informa que em terras Ioruba, não há odu nem orixá regente do ano.


Na mesma página houveram comentários que registramos alguns que completam a postagem:


"Babalawo Ifágbayé Fagbàmi
O odu não rege ano porque o ano é algo abstrato, ou seja, não existe. A humanidade o criou para organizar a própria vida. Um odu é um símbolo que narra itans que pode indicar rituais . Quem rege o ano ou a pessoa é seu Ori e seu orisa. Aqui no Brasil existe muito esoterismo e mistura. Então, as pessoas confundem , porém muita gente está deixando esse pensamento místico de lado. Sua explicação ajuda e muito. Ase


Luiz L. Marins
Obrigado pelos esclarecimentos ... aproveitando o tema ... gostaria de acrescentar que a diáspora tem o costume de dizer: "... tal odu dá nascimento a tal orixa..." ou "...tal orixá nasce em tal odu..." ... porém, tal forma de falar é apenas uma força de expressão, uma figura de linguagem para dizer que tal mito está "registrado" naquele odu ... Precisamos compreender que odu que sai no jogo não é divindade nem tem o poder de dar "nascimento" a nada ... Acrescentando, odu de nascimento só se tira para recém-nascidos, não é possível tirar odu de nascimento para adultos ... ver vídeo aqui >> https://youtu.be/nazn6-FA0Mo ... Àse."




Imagem comprobatória 




quarta-feira, 11 de janeiro de 2023

O USO DA PALAVRA ODU NO ORÁCULO DO BATUQUE

 Por Erick Wolff de Oxalá

Em 11/01/2023


Este breve artigo tem por finalidade esclarecer que o Batuque do Rio Grande do Sul, não usa nem precisa de odù.

O sistema oracular do Batuque do Rio Grande do Sul se apoia no orixá, e suas quedas não são enumeradas nem mesmo marcadas desta forma não há encaixe o odù

Vejamos o que significa a palavra odù:

Dicionário Yorubá Português (Beniste, p.  558) • Odù:  Conjunto de signos do sistema de Ifá que revela em forma de poemas, que servem de instruções diante de uma consulta.

E a palavra Kádàrá significa destino no idioma ioruba, que no Brasil é pouco conhecido o seu real significado:

Dicionário Yorubá Português (Beniste, p.  440) • Kàdárà: Destino, sina.

 Em outros dicionários a palavra destino.

Dictionary of Modern Yorùbá (Abraham, p. 357) • Kádàrá: Destiny – Destino.

Dictionary of the Yorùbá Language (CMS, p. 40) • Kàdárà: predestinate – Destino.  

Porem, atualmente alguns batuqueiros associam as quedas do jogo de búzios do Batuque, com a palavra odù, a destino; no entanto, esta expressão não tem nada a ver com odù-òrìsà nem odù-ifá, pois o sistema do jogo do Batuque não é numerado nem fracionado.

Os mais velhos costumavam chamar de Ifa o sistema de Búzios do Batuque. 

Importante destacar que o jogo de búzios do Batuque, apesar de ser chamado de Ifa pelos mais velhos, nada tem nada haver com Ifá-Òrúnmìlà que usa ikin ou òpèlè.

Assim consideramos que o atual uso da palavra odù, como destino para o jogo de búzios do batuque é apenas de uso pessoal. 


Informações complementares
Dicionário Yorubá Português (Beniste, p. 343) • Ifá: sistema de consulta divinatória que utiliza 16 coquinhos de palmeira, òpe ifá.

Dicionário Yorubá Português (Beniste, p. 344) • Ìfà: boa sorte, ganho, vantagem.

Dicionário Yorubá Português (Beniste, p. 344) • Ìfà: função.

Dicionário Yorubá Português (Beniste, p.  344)  Ì: ferramenta com dois cabos usada para escavar a polpa da cabaça verde.

Dicionário Yorubá Português (Beniste, p. 367) • Ikin: coquinho de dendezeiro. Na pratica religiosa, eles simbolizam a personalidade de Òrúnmìlà, sendo utilizados os que possuem quatro orifícios ralos, conhecidos como olhos e jogados em número de 16, em oito jogadas sucessivas que objetivam encontrar oito sinais - odù.

Dicionário Yorubá Português (Beniste, p.  622)  òpèlè: corrente intercalada com oito sementes côncavas para prática de  consulta divinatória de Ifá.

terça-feira, 23 de agosto de 2022

PORQUE O BATUQUE NÃO PRECISA DE ODÙ

Por Erick Wolff de Oxalá

23/08/2022

Créditos da imagem - ignorados: a saber.

O Òrìsà possui identidade e existência própria, desta forma o Òrìsà  depende de Olódùmarè.


Diferente do Òrìsà, o odù não possui existência própria, não é uma divindade, ele (odù) é um "livro de registro" dos acontecimentos tanto dos Òrìsà como de todo o cotidiano yorùbá, e que hoje é utilizado por alguns sacerdotes durante o oráculo. 


Odù - Conjunto de signos do sistema de Ifá que revela a história em forma de poemas, que servem de instruções diante de uma consulta. (Beniste, pg. 558)


Os odù são registros que narram acontecimentos, ajudando alguns sacerdotes numa consulta oracular. 

Conforme a referencia do Beniste, em momento algum ele informa que odù seria destino, nem que determinaria o destino de um individuo, pois os versos seriam usados para orientar uma consulta oracular. 

Odù precisa da mitologia oral do Òrìsà, para ser composto, os Òrìsà propriamente dito não precisam de odù para existirem como divindade, embora algumas divindades utilizem odù como forma de comunicação com os devotos.

Odún - ano, estação, período próximo das festividades anuais. (Beniste, pg. 606) 


Possivelmente pela semelhança entre as palavras odún (ano) com odù (signos), algumas pessoas se equivocam ao usar estas palavras do idioma yorùbá.


Concluindo 


Desta forma, o oráculo do Batuque, baseado na personalidade, na mitologia, rituais e todo o conhecimento que se tem dos Òrìsà compõem o fundamento oracular do Batuque, não precisando do odù por que ele (Batuque) utiliza o próprio Òrìsà para o seu oráculo. 


BENISTE, José, Dicionário Yorubá Português, Editora Bertrand Brasil, 2011 


quinta-feira, 7 de janeiro de 2021

TRADIÇÃO DO BATUQUE DO RS

Por Erick Wolff

Atualizado em 10/10/2022




Algumas informações sobre o culto de Orixá na tradição Batuque do RS.:


1. A iniciação do Batuque NÃO raspa a cabeça do iniciado, pois NÃO precisa. Sabemos que na matriz Iorubá nem todos os Orixás necessitam raspar a cabeça do iniciado na feitura, assim como nem todos os iniciados passam pela raspagem. Desta forma NÃO precisamos do adoxu*.


2. É valido lembrar que o adoxu para feitura de determinado orixá, deverá ser feito por pessoas "daquele orixá", ou, se for feito por pessoas de outros orixás, será um adoxu "da casa" que está ocorrendo a feitura, e não do Orixá ao qual ele está sendo feito.


3. Se não raspa e nem adoxa um iniciado, o Batuque não precisa e não possui Iyawo.


4. Nem todos os iniciados no Batuque passam pela possessão, chamada de ocupação pelos Batuqueiros, muitos sacerdotes do Batuque não passam pela ocupação.


5. No Batuque NÃO se faz barco de recolhimento, porque se nem todos que estão recolhidos passam pela ocupação, sendo assim, não tem como nomear a ordem dos Iyawo do Barco.


6. Se não possui raspagem, adoxu, Iyawo, ocupação ou barco de feitura, também não precisa e NÃO se faz saída de Iyawo.


7. No Batuque o tambor é tocado por um onilu, ao qual chamamos de Tamboreiro.


8. Na tradição do Batuque não há interdição do tamboreiro passar pela ocupação, inclusive o tamboreiro também pode se tornar um sacerdote e ter filhos de Orixá.


9. Não necessitamos dos cargos Ekeji ou Ogã, que são do Candomblé.


10. Um sacerdote na tradição do Batuque para abrir casa, não precisa ter todos os orixás sentos, pode ter alguns conforme os fundamentos da sua família e ir se sentando com o tempo os demais.


11. Não usamos odu, pois não necessitamos.


12. Oxalá Oromilaia não é Orunmila.


13. Não existe axé de governo com pai de santo vivo.


14. O culto do Batuque é voltado à Orixá. As entidades Caboclos, Exu e Pomba gira NÃO SÃO cultuados no Batuque.


15. Batuque tem orúko, e não tem dijina**, pertence ao Candomblé. Orúko (nome) no idioma ioruba, não é exclusivo do Candomblé. .


* Adoxu um pequeno preparado cônico, que é consagrado possuindo diversos elementos religiosos, que é colocado no topo da cabeça do iniciado quando se raspa a cabeça do iniciado.


**Dijina é o nome do iniciado no Candomblé de Angola quando passa pela raspagem. Orixá não possui Dijina porque não pertence a sua cultura. A divindade Angolana nKissi não possui Dijina porque somente o iniciado usa este termo.

quinta-feira, 23 de abril de 2020

ODÙ

Por Hérick Lechinski
Publicado em 23/04/2020


Odù de nascimento, escuto e leio muitas coisas sobre isso, uns dizem que tem que fazer a famosa "Cabala de Odù" para descobrir o Odù de nascimento de uma pessoa, outros dizem que apenas se iniciando/consagrando em Ifá (Ọ̀rúnmìlà) que se descobre o Odù de nascimento de uma pessoa. Então, decidi escrever o que aprendi sobre "Odù de nascimento" em 13 anos de estudos e prática do Ẹ̀sìn Òrìṣà Ìbílẹ̀ (Religiosidade tradicional iorubá), mas, desde já deixo claro que respeito quem aprendeu e faz diferente, independente se certo ou errado.

Primeiro, o hábito de se fazer continhas ou gráficos com a data de nascimento de uma pessoa, chamado por muitos como a "Cabala de Odù", para se descobrir os Odù de uma pessoa, principalmente o dito "Odù de nascimento", isso nasceu no Brasil, não é uma prática tradicional iorubá, se as Casas Matrizes de Candomblé Kétu e Ẹ̀fọ̀n fazem isso ou não, não sei, embora, há quem diga que elas não fazem.

Segundo, Odù de nascimento é uma expressão utilizada para denominar o Odù que sai na consulta orácular realizada no Ẹsẹ̀ntáyé/Ìkọsẹ̀dáyé = Rito orácular realizado no terceiro dia do nascimento de uma criança, para conhecer parte do seu destino na Terra e saber o que esta criança representará e proporcionará para a sua família, dentre outras coisas mais. O Odù que sai nesta consulta é chamado de "Odù de nascimento" e é ele que vem trazendo os presságios positivos ou negativos sobre o nascimento desta criança, seu nome, seus interditos, etc. Mas como já dito em um outro artigo meu, Odù são signos oráculares do Ẹ́ẹ̀ríndínlógún, Ifá e Ọ̀pẹ̀lẹ̀, assim sendo, só existirá Odù de nascimento se o Ẹsẹ̀ntáyé for realizado com alguns destes oráculos citados, se este rito for realizado através do Obì, algo bastante comum nas famílias devotas de Ògún, Ẹgbẹ́ ọ̀run e Egúngún, não existirá Odù de nascimento, porque o oráculo do Obì não comporta Odù = SIGNOS ORÁCULARES.

Erroneamente é falado por parte de SACERDOTES DE Ọ̀RÚNMÌLÀ inescrupulosos e que desejam ganhar dinheiro com iniciações em Ifá ou por parte de pessoas desconhecedoras e que só sabem repetir o que é dito por estes Bàbáláwo e sem saber o porquê das coisas, que só se iniciando em Ifá que se descobre o Odù de nascimento de uma pessoa, revelando todo o seu destino, ISSO É MENTIRA. AO SE INICIAR/CONSAGRAR EM IFÁ, UM DEVOTO IRÁ RECEBER SEU ODÙ DE INICIAÇÃO EM IFÁ, COM TODOS OS SEUS PRESSÁGIOS E INTERDITOS, ASSIM COMO UM DEVOTO QUE SE INICIA/CONSAGRA EM ṢÀNGÓ, ÈṢÙ E QUALQUER OUTRA DIVINDADE QUE POSSUA UM ORÁCULO QUE COMPORTE ODÙ. Pode ser chamado de Odù de nascimento? Pode, MAS É O ODÙ DE NASCIMENTO NO CULTO DA DIVINDADE QUE O DEVOTO FOI CONSAGRADO E NÃO DE NASCIMENTO NA TERRA. 

UMA PESSOA SÓ POSSUI ODÙ DE NASCIMENTO SE ELA FOI SUBMETIDA AO RITO DE ẸSẸ̀NTÁYÉ ATRAVÉS DE ORÁCULOS COMO O Ẹ́Ẹ̀RÍNDÍNLÓGÚN, IFÁ E Ọ̀PẸ̀LẸ̀.
Para você que fala coisas sem saber, ou só sai por aí repetindo e escrevendo sobre coisas que não sabe, aprenda com sacerdotes conhecedores e só fale sobre o que souber.

*Foto: Bàbá Elésire Awódélé Ṣówùnmí realizando o Ẹsẹ̀ntáyé (com Ẹ́ẹ̀ríndínlógún) de meu filho carnal.
Imagem Compabratoria;



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