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quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022

NOTA DE ESCLARECIMENTO PARA O RECENTE ARTIGO “ALGUNS DADOS SOBRE CABINDA”

Erick Wolff
16/02/2022  

Imagem 1
Imagem 2 

A Revista Olorun, número 89, fevereiro de 2022 publicou o artigo “Alguns dados sobre fundação da Cabinda” (província africana de Angola) que despertou elevada a discussão devido à questão da transtemporalidade apresentada.

A palavra transtemporalidade vem de transtemporal:

“Que transcende seu tempo ou que vai além do temporal.      

Dicionário Michaelis,

https://michaelis.uol.com.br/palavra/EZxo7/transtemporal/

 

“Que está além ou fora do tempo; que está para lá do tempo e, por isso, é relativo a todos os tempos; que transcende o que é temporal. 

https://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/transtemporal


No artigo “Alguns dados sobre fundação da Cabinda”, não estamos querendo dizer que não vieram negros de Mafuka M`binda, mas que o atual nome Cabinda, não era de conhecimento da época entre os nativos.

Sabemos que há registros nacionais da palavra Cabinda que datam do século 19 e anteriores, entretanto, muito possivelmente, trata-se de uma temporalidade dos autores ao utilizarem uma palavra recente, para um histórico ou lugar antigo.

Um exemplo disso ocorre com a palavra Brasil, ao dizermos que Cabral o descobriu em 1.500. Ora, como pode Cabral ter descoberto um Brasil que ainda não existia, e nem ele sabia por qual nome os nativos chamavam estas terras?

Portanto, quando um livro de história do Brasil diz que Cabral descobriu o Brasil em 1.500, está fazendo uma transtemporalidade de um nome que só veio a existir depois.

Devido a esse mal-entendido (ou mal-explicado talvez) a partir da publicação desta nota, usaremos a palavra “Mafuka” para referimos a este território quando do início século 19 e anteriores, e Cabinda para o momento histórico contemporâneo, século 20.

Conforme informações da prefeitura de Cabinda:

[...]

O nome Cabinda tem a sua origem na junção de dois nomes “Mbinda” e “Nfuka”, ficando “Mafukambinda”. Estes foram os primeiros indivíduos com que os navegadores europeus estabeleceram contactos quando chegaram ao reino de Ngoio.

[...] Cabinda teve a sua elevação a cidade no dia 28 de Maio de 1956. [...] (PMC, pp. 13)

Assim sendo Mafukambinda passou a ser chamada Cabinda, por influência dos portugueses:

[...]

De tanto ouvir falar de Mafuka Binda, os colonizadores portugueses, que tinham dificuldades em pronunciar nomes locais, omitindo por vezes certos guturais (sons mais fortes da garganta), começaram a juntar a última sílaba de mafuka com binda (Mafu Kabinda), dando assim origem ao topónimo Kabinda. E foi assim que os europeus acabaram por atribuir a esta terra, incluindo aos seus habitantes, o nome de Cabinda [...] (AAP, pp. 05)

Referencias

ANGOP Agência Angola Press. Internet. Saneamento básico impulsiona nova imagem a cidade de Tchiowa, maio 2021. Acesso em 16/02/2022. Disponível em: https://www.angop.ao/noticias/sociedade/cabinda-saneamento-basico-impulsiona-nova-imagem-a-cidade-de-tchiwoa/

WOLFF, Erick. Alguns dados sobre fundação da Cabinda, Revista Olorun, Internet. Acesso em 16/02/2022. Disponível em: https://olorun.com.br/site1/component/html5flippingbook/publication/revista-olorun-n-89-fevereiro-2022/93/component.html

PMC, Perfil do Município de Cabinda. Internet. Biblioteca Terra, Angolanet. Julho 2007. Acesso em 16/02/2022. Disponível em:

http://bibliotecaterra.angonet.org/sites/default/files/perfil_cabinda_municipal_-_nov_2007.pdf

 
Créditos das imagens

Imagem 1 - 17th-century map of the Kingdom of Congo. This map was published as an inset labelled Congi regni in Africa Christiani nova descriptio. alongside a larger map Abissinorum sive Pretiosi Joannis imperium. It was published as an update to Mercator's Atlas sive cosmographicae meditationes de fabrica mundi et fabricati figura of 1595 (in spite of the filename, this is not a map made by Mercator himself!).

Imagem 2 - http://ultimatehistoryproject.com/uploads/3/5/0/1/35012707/2692801.jpg?409




terça-feira, 2 de novembro de 2021

LIVRO - KANBINA: ORIGENS IORUBÁ E CONTINUIDADE NO BATUQUE DO RS - ATUALIZAÇÃO

Por Erick Wolff de Oxalá

Postado em 02/11/2021


Este presente artigo tem por finalidade registrar novos dados sobre as pesquisas do livro Kanbina e a sua origem Iorubá.

Durante os nossos estudos até a publicação do livro KANBINA: ORIGENS IORUBÁ E CONTINUIDADE NO BATUQUE DO RS, em 2019, os dados coletados no site Xangô Sol apontam que pai Antoninho seria filho de mãe Donga [informante Mãe Nélia de ossanhe], e Bolivar nos informa que um dos ícones da nação Oyo seria Antoninho Gululu de Yemanjá, nos levando sempre ao entendimento que Antoninho da Oxum seria a mesma pessoa que o Gululu.



No entanto, dados novos publicados por "Histórias de Batuques e Batuqueiros? Rio Grande, Pelotas e Porto Alegre" (GOMES & SCHERER & OLIVEIRA, 2021) apresentam a possibilidade ainda não comprovada, que Gululu, seria Antonio Gululu, que os pesquisadores afirmam ter origem no culto Iorubá, sendo um sacerdote de orixá. 

O centro de nossa pesquisa no livro "Kambina..." sempre foi mostrar a sua origem Iorubá.

Os dados sobre Antoninho da Oxum não ser o Gululu, não são relevantes para nossa pesquisa, e não mudam a direção dos estudos que publicamos no livro "Kambina..." pois os recentes dados publicados confirmam ainda mais nossa pesquisa da origem ioruba da Kambina do Batuque do R. S.


VIDEOS

A seguir transcrevemos extratos de um vídeo on-line dos pesquisadores GOMES &  OLIVEIRA, "Seria Pai Antoninho o Antônio Gululu? - ft. Vinícius de Aganjú" (https://www.youtube.com/watch?v=1nyUpRILxqU) que pontuam informações sobre a origem do Gululu, mesmo que não conclusivas e ainda com dados insuficientes, sempre nos impulsionam para o povo Iorubá: 

Neste trecho Vinicius informa que não possui informações sobre origem do Gululu.

A seguir, a informação do Xangô do Povo tem origem no nordeste do país. Mas não esclarece em qual região nordestina, e de qual casa trouxeram.


VINICIUS DE AGANJU - [...] verificar, até por que não se sabe, o nome completo dele, por exemplo, não se sabe o termo gululu, o próprio  termo gululu, nós não sabemos exatamente a que se refere, podemos especular, né, podemos buscar referencias na África, mas ter certeza mesmo não teremos [...] por exemplo pai Sarin, um grande tamboreiro, antigo tamboreiro, filho da mãe Chininha do Oxalá, que por sua vez, foi filha de santo do Antoninho da Oxum [...] ele comenta, né, a mãe Chininha e as antigas comentavam que os dois se conheciam andavam juntos, que isso era sabido e notório, pela comunidade batuqueira, né... iiiii, tem mais o pai Sari comenta em que o Gululu trouxe pronto do norte um Xangô do Povo, né, ele fala do Norte, não sabemos exatamente de onde, Norte, Nordeste, possivelmente o Nordeste. 
 
Sobre o Cujoba, né um pouco mais complicado tem ainda , apenas alguns relatos que chegaram até os dias de hoje, né, não, eu como acho que toda a comunidade toda de pesquisa não crê que sejam a mesma pessoa. 


O professor e pesquisador Denis, ao perguntar qual seria o orixá do Gululu, reforça a questão da origem Iorubá, considerando que os orixás possuem origem entre os iorubá. A seguir professor  Vinicius informa que a sua fonte possui duvidas sobre o orixá do Gululu seria Bara ou Xapanã, no entanto, a informação de que Gululu é feito para orixá, reafirma novamente a origem Iorubá. 





DENIS DE ODÉ - Qual era o orixá do Gululu? 
 
VINICIUS DE AGANJU - Olha... O Gululu, eeeee, temos informação que seria do Xapanã, até alguma memoria o pai Sarin comenta talvez tenha a possibilidade de ter sido do Bara, mas ele mesmo informa que não tem certeza, mas o que temos assim de mais efetivo que seria de Xapanã.


Neste trecho Vinicius apresenta um documento do jornal de Porto Alegre, 1920, assinado por Mob, que informa o Gululu ser negro e ser do orixá Xapanã, destacando a cultura Iorubá. Levantando a possibilidade de ser ex-escravo, mas não confirmado pelos pesquisadores. 

Neste trecho os pesquisadores apresentam o agente (Pai Fiorentino) do documento que faz o inventário para a sua filha (omitida a informação a pedido da família), mas mesmo sem assinatura e sem mais informações sobre a origem da coleta do documento, registra o parentesco religiosos do Gululu com Antoninho da Oxum. 




VINICIUS DE AGANJU - Na década de 70, o Mob Caldas, que é uma figura conhecida principalmente no meio da Umbanda, né, por que ele foi um... inclusive Deputado, que teve esta questão da pauta, né, relativa da Umbanda, nesse documento, neste artigo publicado na década de 70 no jornal de porto alegre, onde ele faz referencia a vários, varias lideranças,  antigas já falecidas do Batuque, ele refere aqui por onde o cursor esta mostrando, né, há uma referencia ao Gululu, né, do Xapanã, preto, morreu com 102 anos a mais de 40 anos, as datas não são precisas, né, então aproximadas, então talvez este falecimento tenha ocorrido ainda anterior a, a projeção feita pelo Mob Caldas.

DENIS DE ODÉ - Um exemplo 1920, por aí? 
 
VINICIUS DE AGANJU - Por aí, aproximadamente, é! 
 
DENIS DE ODÉ - Então a gente já sabe que  era um negro, mais ou menos que habitava o beco do poço, morreu com 102 anos... possivelmente é óbvio, óbvio não, possivelmente ex-escravo... ahhh, outro ponto também, qual a relação do Gululu com Waldemar e Antoninho de Oxum?

VINICIUS DE AGANJU - Então a questão , né, que .... grande anseio da comunidade batuqueira, né, figura do Waldemar que nos ainda estamos, né, correndo atrás. 

 

Então, aqui nos temos a imagem, né, uma foto conhecida do pai Antoninho da Oxum, morreu muito novo, morreu com 40 e poucos anos, 43 não me recordo bem, na década de 30, né, essa foto um pouco anterior.

 

Então aqui temos um documento, que já foi apresentado na nossa publicação, tá disponível lá no canal, nu perfil da, do face moforibale alafiá, esse é um certificado de apronte emitido pelo pai Florentino do Ogum, que era filho do pai Antoninho, e nesse certificado em que nós omitimos o nome da filha de santo.

Neste extrato continua à informação sobre a preservação da fonte,  e os pesquisadores apresentam outro documento da primeira mãe de santo do Antoninho, mas não apresentam nenhum outro documento que foi a única, mãe de santo, e que após ela ele teve apenas o Gululu como sacerdote, esta informação ainda pode ser esclarecida. 

E neste mesmo trecho, o professor Denis solicita ao seu parceiro de trabalho, informações comprovando o vinculo religioso do Waldemar com o Gululu, desta forma criando um paralelo maior entre a Kanbina e o Oyo, que o próprio Vinicius ao confirmar serem irmãos completam que a Cabinda e o Oyo possuem a mesma origem. 



VINICIUS DE AGANJU - [...] a pedido da família religiosa, ele pai Florentino informa, né, que essa sua filha de santo, por ser sua filha consequentemente é, ela era herdeira direta, né, neta de Antonio da Cruz Ferrari, e bisneta de Antonio Gululu, ambos já falecidos, documento datado do ano de  1950, do berço do Oyó, um dos berços do Oyó, em Porto Alegre, que é região do Montserrat, a casa do pai Florentino, ele viveu na Eudoro Benir, que possivelmente ele tinha residência... na região baixa ali do Petrópolis, rua Alegretes se não me engano, né...  

 

Temos aqui então já falando de Antoninho da Oxum, a sua primeira mãe de santo, temos uma referencia oral, né, qui, o pai Antoninho seria filho da mãe Donga, mas isso, nos conseguimos identificar uma narrativa e nós conseguimos avançar, até eu mostro para vocês um registro feito, isso também na década de 50, no verso desta foto no acervo do prof Carlos Galvão Krebs, onde ele anota, Chininha de Xangô primeira mãe de santo de Antonio da Cruz Ferrari, linha de Oyó. 

DENIS DE ODÉ - Vou te fazer mais uma pergunta, que agora estilo do professor Krebs. 

 

Eu não entendi muito bem pode explicar de novo o Antoninho era irmão de santo do Waldemar? 

VINICIUS DE AGANJU - Então... Antonio da Cruz Ferrari, sendo filho de Antonio Gululu era irmão de santo do Waldemar , do pai Waldemar, né, então interessante esta relação entre o Oyó e a Cabinda, está ainda por desvendar, mas existe que pelo menos uma ancestralidade comum, isso já acho um ponto importante pra, para pensarmos, principalmente para a comunidade, né, da nação Cabinda, né, para guiarmos ai um pouco....


Procuramos o Baba Márcio de Oxalá*, tradição Oyó, parente religioso do Antoninho da Oxum, que buscou na casa do tio de orixá dele, pai Sarin de Xangô, para maiores informações sobre o pai Gululu, pai Antoninho da oxum e Pai Valdemar.  Seguem as informações coletadas:

O pai Antoninho da Oxum é Antonio Cruz, não se recorda do restante do nome, diz que existem duas vertentes sobre o pai Antoninho, uma ele era filho da mãe Donga e outra que ele era filho de orixá de alguém de Pernambuco, que radicou e, Rio Grande e depois veio para Porto Alegre. Onde nasce o culto de Aganju do povo. 

 

O Gululu seria de Batuque vindo de Pernambuco. O nome Gululu era dado para filhos de Ogum, no entanto, o feitor de pai Antoninho seria de Oxalá, desconhece quem seja mãe Deolinda. Inclusive cita o babalorixá Máximo de Odé pai de santo da esposa do Antoninho da Oxum. [Sarin de Xangô, apudi Marcio de oxalá]


Revisado e aumentado em 03/04/2023

Pai Sarin, retornou aos ancestrais nesta segunda feira 02/03/2023

O professor Denis de Odé, assim homenageou o ilustre pai Sarin:

  

Passo aqui hoje para prestar uma singela homenagem ao Pai Sarinha , "que os Orixás te recebam no orun" .Pai Sarinha foi o único na contemporaneidade a revelar  informações corretas , sobre o Batuque , entre essas informações registra-se o ultimo Baba de Pai Antoninho de Oxum ,  que foi Antonio Gululu  ,conhecido também  como Gululu de Xapanã .“ 

 

Interessante observamos que o professor Dênis informa que, pai Sarin foi o único na contemporaneidade a revelar  informações corretas.

CONSIDERAÇOES FINAIS 

Diante das recentes informações, eticamente citamos cada fonte e cada informante. Ressaltamos que o norte da nossa pesquisa e estudos sempre foi a origem iorubá e a sua continuidade no Batuque do R.S., que destes diante fatos, hoje poderemos dar continuidade aos nossos estudos neste segmento. 

E as recentes informações nos levam a possibilidade de que o pai Waldemar era irmão de pai Antoninho da Oxum, dando a mesma origem entre os dois, através do mesmo sacerdote, que apesar das divergências com a pessoa Gululu, sempre realça que ele era de orixá, tradição de origem Iorubá, e que, pelo Waldemar e o Antoninho terem o mesmo sacerdote criam uma origem comum ambos no mesmo segmento religioso.

Sobre o nome Gululu, possivelmente foi muito popular, apesar das divergências existentes entre os dados envolvendo a pessoa do pai Waldemar, pai Antoninho da Oxum e pai Gululu, nota-se que vários informantes e documentos registram o Gululu de Yemanjá, o Gululu de Xapanã, possivelmente o Gululu de Bara, e que Gululu era um nome comum para filhos de Ogum. 


REFERÊNCIAS

TITA DE XANGÔ. site XangôSol, internet, www.xangosol.com.br, acessado em 02/11/2021, às 2:40  

GOMES & SCHERER & OLIVEIRA. Histórias de Batuques e Batuqueiro, Rio Grande, Pelotas e Porto Alegre, Dos autores, 2021.

WOLLF, Erick, KANBINA: ORIGENS IORUBÁ E CONTINUIDADE NO BATUQUE DO RS, edição do autor, 2019 (https://iledeobokum.blogspot.com/2019/12/kanbina-origens-ioruba-e-continuidade.html)


Professor Dênis publicou homenagem ao pai Sarinha, em 02/03/2023, acessar em: https://www.facebook.com/100004777351528/posts/pfbid02UAvJEffSQu5g5BcKNJP7QfS8EKMJDutHrUFydQEmyfch7buH8qA896wtaJJUqxEwl/?mibextid=cr9u03


INFORMANTE

* Marcio Goulart dos Santos, BOLAJI, Marcio de Oxalá, iniciado em 8/12/1995, por Dora de Oxalá, neta de Antoninho da Oxum. Herdeiro do templo Ilé Àse Òrìsà Omi, Batuque do RS, raiz Oyó, reside em Gravataí, Porto Alegre. 





Revisado e aumentado em 24/05/2023

Produzimos este extrato para o Tiktok e mídias sociais do Ilê Axé Nagô Kóbi, para ilustrar e convidar o internauta a participar dos nossos estudos, vejamos:


Link - https://www.tiktok.com/@erick_wolff8/video/7236698383883193605?is_from_webapp=1&sender_device=pc&web_id=7205200879410071046

sábado, 13 de fevereiro de 2021

CAMBÍNI OU CAMBINA, SERIA MESMO A CABINDA?

Por Luiz Cláudio Soares

Em 13/02/2021 revisado e aumentado em 01/05/2022

Diante diversos debates que estão sendo discutidos nas redes sociais sobre a origem do nome da Cambina, uma das tradições do Batuque do RS., em busca da origem desta tradição verificamos o livro O Batuque do Rio Grande do Sul, de Norton F. Corrêa. 

Norton afirma sem referência ou comprobações, que a Cambíni ou Cambina seria (Cabinda), território banto:


[...] cambíni ou cambina (de Cabinda, porto e hoje país da África)[...] 
                                                               
(Norton Correia, O Batuque do Rio Grande do Sul, pag. 50) 

Curiosamente Norton embora, não tenha explicado como chegou à conclusão que Cambina seria Banto, no mesmo parágrafo, cobra referencias de Herskovits e Laytano, sobre o lado de "Oba".

domingo, 4 de outubro de 2020

KAMUKA NA NIGÉRIA

Por Erick Wolff8

04/10/2020

KAMUKA NA NIGÉRIA


RESUMO

Este texto tem por finalidade revelar as recentes informações sobre o tema Kamuka nas atuais terras Nigerianas. O trabalho apresenta o CEP da região Kamuka, informações sobre a etnia Kamuka, além de registros de famílias e, até mesmo o parque nacional Kamuka, devidamente localizado em terras Nigerianas.

PALAVRAS CHAVES: Kamuka, Nigéria, Iorubá,


Link >>>> KAMUKA NA NIGÉRIA 

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CONCEITO DE NAÇÃO
Muitos debates atualmente envolvem temas sobre Nações Afro-brasileiras e as Nações Africanas. Neste artigo abordamos este assunto, esclarecendo ao leitor as duvidas e conceitos que envolvem os debates.




Link >>>>>   NAÇÕES RELIGIOSAS AFRO-BRASILEIRAS NÃO SÃO NAÇÕES POLÍTICAS AFRICANAS 


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KANBINI, KANBINA OU CABINDA?

O
 livro KANBINA: ORIGENS IORUBÁ E CONTINUIDADE NO BATUQUE DO RS. 

Um trabalho de 10 anos recolhendo informações e dados para seguir os rigores acadêmicos, este livro conta a historia da Kanbina (tradição do Batuque do Rio Grande do Sul) e a sua origem, fazendo um paralelo com o Ioruba e seus costumes.

Link >>>>> 
KANBINA: ORIGENS IORUBÁ E CONTINUIDADE NO BATUQUE DO RS 

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Pronuncia Kamuka

KAMUKA NA NIGÉRIA 

domingo, 27 de setembro de 2020

KAMUKA, KANBINA E O CONCEITO DE NAÇÃO

Por Erick Wolff de Oxalá
26/09/2020


Este texto tem por finalidade pontuar alguns conceitos de Nação, pois constantemente nos deparamos com textos que sugerem que a Kanbina e Kamuka sejam Banto, apenas pela semelhança do nome aos povos Banto. 

Recentemente, a página Ile Ase Igbomina, no Facebook, publicou na data de 09 de setembro de 2020, algumas considerações sobre Kamuka, que respeitosamente resenharemos neste artigo alguns tópicos.

Procuramos pontos concordantes mas não foi possível encontrar, ao qual o próprio autor informa que, não foi uma tarefa fácil, pois o autor pertence a outro segmento batuqueiro, e que pela dificuldade de informações pode ter cometido qualquer equivoco, assim relatado pelo Igbomina.

[...] tentar falar sobre este Orixá tão introspectivo não é uma tarefa das mais fáceis para mim tendo em vista que sou da Nação Ijexá [...]

Começaremos pontuando que, Paulo Tadeu, informa no seu livro "Quem é o orixá Xangô Kamucá da Nação Religiosa Cabinda?", que o patrono da Kanbina, pai Waldemar foi escolhido por Xangô (divindade ioruba) ainda no ventre." 

Assim, poderia ser uma divindade Banto, conforme também chegamos a pensar, um dia. 

Norton Correia registra em 1992, no seu primeiro livro O Batuque do Rio Grande do Sul, a palavra Cambini ou Cambina, o que, para aquela época era como os antigos a chamavam. 

Porém, com o tempo, Paulo Tadeu, sem qualquer estudo científico, informava para a sociedade religiosa do Batuque, que era totalmente errado e deveriam falar Cabinda. 

Nos trechos que destacaremos, faremos algumas resenhas sobre as divergências e questões apresentadas na página Ile Ase Igbomina:

1. [...] E o que sei é que Kamuká só seria cultuado na cabinda e que nenhuma outra nação deveria ou poderia cultuá-lo, pois esse Orixá é o do fundador dessa nação [...]

Segundo informações do escritor Paulo Tadeu, Kamuka sempre foi da Kanbina. Paulo Tadeu informa ainda que Pai Waldemar era de Xangô Agodô. Então, como explicaria Pai Waldermar ser conhecido como Waldemar do Kamuka?

O Xangô do Povo, na tradição do Batuque Oyo, tem a finalidade de proteger a comunidade,  e por isso seu local de culto era no pátio, mas nem por isso registramos algum relato de que Xangô do Povo foi ou é um Egun, mesmo por que, orixá não vira Egun, nem morre.

2. [...] O que sei também é que o assentamento desse Orixá é feito no balé, pois teria ele grande aproximação com eguns. Meu tio-avô carnal, Cláudio de Oxum Docô, falecido babalorixá de Cabinda me disse inclusive que nem devemos pronunciar esse nome (Kamuká) dentro de casa, pois poderia atrair algum tipo de mal, porém sou totalmente cético sobre isto.
Dizem ainda que Kamuká reside no cemitério, mais precisamente no forno (lugar onde se cremam os ossos) e que, por conta disso, se prestaria só ao dano [...] 

O conceito de que o assentamento de Kamuka é feito no igbale, que até pouco tempo comentavam, é um equivoco, pois conforme citamos acima, não há possibilidade de orixá ser egun, e no local de culto aos ancestrais do Batuque são cultuamos os mortos.

Existem registros que algumas famílias fazem uma segurança para Kamuka no meio do salão, o que em momento algum faria sentido ser um assentamento de egun, afinal o templo pertenceria a um orixá, o que seria inapropriado uma segurança no meio do salão para Kamuka caso fosse um egun, onde muitos fundamentos para orixá seriam feitos em cima desta segurança.
 
Xangô é uma divindade da etnia Ioruba, sabemos que os ioruba não enterram seus mortos no cemitério, mas no próprio quintal da casa, ou até mesmo, dentro de casa; por isso, na origem do culto a orixá, também não existe orixá do cemitério.
 
3. [...] pois esse Orixá é o do fundador dessa nação [...]  Esses são alguns dos motivos pelos quais não se dá cabeça de filhos para esse Orixá (que a essa altura me pergunto se é Orixá mesmo)[...] 

Notem neste trecho, primeiramente refere-se ao Pai Waldemar era de Kamuka e a seguir, informa não dá cabeça de filhos, fato que contradiz e ao mesmo tempo, sanciona, a fala do Paulo onde diz que o orixá de Pai Waldemar era Agodô.

4. [...] Por outro lado tenho minhas pesquisas históricas e o que encontrei é que, segundo Norton Corrêa, quem fundou a nação Cabinda em Porto Alegre foi um africano chamado Gululu.
No entanto a insistência dos descendentes de Cabinda em afirmar que o surgimento dessa nação se dá com o Esá (título que se dá a pais e mães-de-santo falecidos) Valdemar Antonio dos Santos, me leva a questionar se Gululu e Valdemar não seriam a mesma pessoa [...]

Conforme publicado no livro KANBINA, Origens ioruba e a continuidade no Batuque do RS, que Gululu é o Pai Antoninho da Oxum, filho de mãe Donga da Oxum, tradição Oyo, onde explica a Kamuka no pátio, assim como o Xangô do Povo herdado da Mãe Donga pelo Pai Antoninho.  Sobre os Banto e suas divindades, as fontes não foram informadas.

5. [...] Diferentemente das crenças bantus, na metafísica dos sudaneses para onde eles iam suas divindades e ancestrais os acompanhavam. Por isso, ao chegarem no Brasil, trouxeram consigo sua cultura religiosa. É bem provável que uma parte dos bantus também tenham migrado para a religião desses sudaneses cultuando os Orixás[..]

Cite ao menos um local no Brasil onde exista, comprovadamente, cultura religiosa tradicional de Cabinda.

6. [...] É possível que Gululu seja um desses africanos de origem bantu que aprendeu a cultura dos Orixás aqui no Brasil com sudaneses, mas resolveu fundar uma sociedade religiosa com negros originários da mesma região, batizando sua nação, então, de Cabinda [...] 

Qual seria a base para esta possibilidade do Gululu? Possibilidades, embora existam, não são provas irrefutáveis para nenhuma conclusão.

7. [...] Mas isso não explica o Kamuká no culto [...]

Talvez não explique por que esteja ignorando o conceito de Nação e etnia, por isso não o enxerga! veja a seguir;

8. [...] Existe em Angola - bem distante de Cabinda por sinal - uma etnia bantu denominada Mbundu/Kamuka (http://www.embaixadadeangola.org/cult…/linguas/l_mbunda.html) [...]

Sim existe, o que nos fez pensar nesta possibilidade. Porém, há uma grande distancia entre Cabinda, e Kamuka, que fica ao norte da republica do Congo. Observem os mapas:



No Zambia?
 

Neste mapa é possível ver a distancia da província Cabinda para Os Angola, inclusive:


9. [...] Isso não diz muito exceto que a origem do nome Kamuká, agora comprovadamente, é bantu [...]

Ainda que exista um local chamado Kamuka ao norte da Republica Popular do Congo, tal fato não embasa a tese que a Kambina do Batuque é um culto bantu.

Quer nos parecer que, aos investigadores que pesquisam sobre as nações afro-brasileiras, falta-lhes o embasamento do que é o CONCEITO DE NAÇÃO conforme já estudado pelos professor Vivaldo Costa Lima (UFBA).

Sobre este tema já produzimos um resumo aqui no blog. Sugerimos a leitura: NAÇÕES RELIGIOSAS AFRO-BRASILEIRAS NÃO SÃO NAÇÃO POLÍTICAS AFRICANAS

 

Assim, conforme o Conceito de Nação acima exposto, cujas leituras foram sugeridas acima, conceituar nações afro-brasileiras, no caso a Cambina, ou Cambini, ligando-a à Cabinda, na Africa, apenas pela semelhança do nome, não serve como base conclusiva. 

No exemplo abaixo, qual deles seria o correto?






 

 

 

10. [...] E se hipoteticamente Gululu for o nome africano de Valdemar já que os escravizados eram batizados com nomes ocidentais quando chegavam no Brasil? Daí a coisa começa a se encaixar. 

Segundo o escritor Paulo Tadeu, Waldemar teria nascido em agosto de 1883, no Brasil, sob a lei do ventre livre.

11. [...] Kamuká pode ser um Nkisi nsi, espírito ancestral ligado a um clã familiar. Esse espírito pode ser de um ente falecido que volta incorporado num descendente seu [...]

[...] Agora refletindo: se Valdemar (ou Gululu) cultuava Kamuká por que este era o Nkisi nsi de sua família, fica explicado o porquê de Kamuká não pegar mais filhos, nem de poder baixar em alguém. Por outro lado, também fica explicado do porquê desse “Orixá” ser cultuado próximo ou junto ao balé, pois na cosmogonia iorubá Kamuká seria um egun[...]


Esta possibilidade existe, pois segundo Paulo Tadeu, Waldemar era de Xangô, e não de Kamuka ... mas ainda que Kamuka seja "um espírito ancestral ligado a um clã" de sua, talvez, família banto do Congo, esta possibilidade não faz da nação Cambina um culto banto, mas antes, uma nação de culto Ioruba que cultuaria junto um ancestral/divindade banto, assim como as nações do batuque cultuam a divindade Sapata, sem serem rotuladas de nação "fon".
 

Como reflexão, imaginemos um oriental que tenha sido escolhido por Xangô para ser iniciado para ele, e ele venha se iniciar para Xangô; independente da etnia oriental de origem, ele praticará o culto ioruba de Xangô, sendo que sua origem oriental, em momento algum transformaria o culto de Xangô que ele agora pratica, em culto asiático.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS:

O que necessitamos no estudo da Kanbina e Kamuka é o conceito de Nação, por isso não é possível afirmar que Kamuka seja Banto, mas caso fosse, apenas por hipótese, isso não transforma a Kanbina em culto Banto, assim como Sapakta não transforma o Batuque em culto Fon.

Mesmo que pai Waldemar possa ser um descendente do povo Banto, ao adotar o orixaismo, ele estava praticando rituais e costumes dos povos iorubas e não Banto.  

Orixá não é egun, por isso, não deve ser cultuado como morto.

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     Imagens comprobatórias




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Após a publicação deste artigo em nosso blog, a publicação original do Ile Ase Igbomina 

foi realocada para outra página, também no Facebook, cujo link fornecemos abaixo:

https://www.facebook.com/fabio.oxala/posts/3400801473310350

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Links de trabalhos e artigos para estudo e possível referencia;


NKISI É ORIXÁ?




NAÇÕES RELIGIOSAS AFRO-BRASILEIRAS NÃO SÃO NAÇÕES POLÍTICAS AFRICANAS Erick Wolff


Livro 

KANBINA: ORIGENS IORUBÁ E CONTINUIDADE NO BATUQUE DO RS




TIKTOK ERICK WOLFF