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terça-feira, 4 de outubro de 2022

IYEMOJA CULTUA ORÍ

Por Erick Wolff de Oxalá



Respeitando o direito de cada um e a liberdade de culto, este ensaio tem por finalidade esclarecer alguns conceitos de Orí e Òrìsà. 

Analisaremos p pensamento de que o Bo seria feito para ligar o indivíduo ao Òrìsà (convidando-o a comer junto com o Orí).

Apresentaremos alguns versos de Iyemoja, do erindilogun, ao qual Iyemoja faz oferendas para o Odela cujo o rito nenhum orixá é "convidado". Veremos a seguir:


[...] Um ese do odù ògúndá, recitado pelo Bàbálórìsà Salako de Òyó, coletado e publicado por Bascom (1993, pg. 451), mostra que Iyemoja cultuou seu Orí para conseguir ter filhos. 

Resumo:
Iyemoja consultou o oráculo porque não tinha filhos. Foi dito a ela que ela deveria fazer uma oferenda para seu Orí. Ela seguiu a receita do oráculo, e ofereceu tudo para seu Orí. Depois que ela fiz isso, ela passou a gerar muitos filhos, inclusive, Dàda, Sàngó e Egúngún.” 

Ògúndá (O terceiro signo do jogo de búzios.)

 

Iyemoja faz ebo a Orí para ter filhos 

 

1. Quando sacrificamos ìgbín (caracol)
2. Nós não encontramos épón (vermelhão)
3. Ode ògòngò (larvas da palmeira) precisam ter sempre omi 
4. Jogo para Iyemoja Omígbadé Àdùfé
5. Filha de Aje'gòngò
6. Iyemoja disse: 
7. “O que posso fazer para ter muitos filhos?”
8. Eles disseram que ela deveria fazer uma oferenda 
9. O que ela deveria oferecer? 
10. 26.000 búzios 
11. 1 aso funfun (pano branco) 
12. Omi tútù (água fria) 
13. 16 ìgbín (caracóis)
14. 16 ògòngò 
15. Eles disseram que ela deveria oferecer tudo para seu Orí 
16. Ela deveria que ela deveria pegar um pote de omi tútù (água fria) 
17. Colocar os dezesseis ògòngò e os dezesseis ìgbín, dentro 
18. E beber dessa água todos os dias 
19. Iyemoja ouviu, ela fez o sacrifício. 
20. Depois que ela fez as oferendas 
21. Ela começou a ter filhos, 
22. E seus filhos foram numerosos 
23. Ela deu nascimento a Dàda 
24. Ela deu nascimento a Sàngó 
25. Ela deu nascimento a Egúngún 
26. Ela estava louvando os awo 
27. E os awo estavam louvando Òrìsà 
28. Eles estavam cantando: 
29. “A pà'gbín 
30. “Nwon ò k'épón 
31. “Nós sacrificamos ìgbín (caracol)” 
32. “Não encontramos épón (vermelhão)” 
33. Jogo para Iyemoja Omígbadé Àdùfé 
34. Filha de Aje'gòngò 
35. Òrìsà diz: ire omo! 
36. Òrìsà diz assim. 
[...] 

 

Considerações finais 

O Orí que 
Iyemoja alimentou é metafísico, nele possuía possibilidades que não conseguia alcançar. 

E não "convidou" nenhum Òrìsà para comer no ebo que deu para Orí.

Nestes versos notamos que até 
Iyemoja possui Orí e o alimenta para realizar seus desejos.


MARINS, Luiz L., ORÍ NÌKÀN: O CULTO DE ORÍ COMO ÒRÌSÀ INDIVIDUAL, REVISTA OLORUN 88 – dez. 2021 / jan. 2022. 

segunda-feira, 3 de outubro de 2022

TROCANDO AS ÁGUAS DAS QUARTINHAS



Por Erick Wolff de Oxalá





Respeitando o direito de cada um e a liberdade de culto, este ensaio tem por finalidade esclarecer alguns conceitos e rituais de origem Orixaísta na tradição do Ilê Axé Nagô Kóbi, segmento da religião Batuque do Rio Grande do Sul.

Todos nós já nos perguntamos para que serve a água da quartinha, e justamente sobre isso que falaremos hoje.

As águas preenchem as quartinhas e, simultaneamente, pode ser usada em diversos fundamentos, como banhos, limpeza ao borrifar com a água de determinada quartinha, preparo de axé para algum indivíduo do templo ou da família, entre tantas outras formas de usar as águas que se tornam sagradas, pois esta quartinha ao ser consagrada passa por fundamentos que irá se misturar com o barro cozido de cada quartinha e depois envolverá a própria água que esta quartinha guarda.

É nosso costume mantermos fechadas as quartinhas por higiene e por fundamento, preservando a higiene apenas para poderem ser manuseadas, deixando aberta e seca em casos fúnebres.

Na tradição da nossa casa costumamos pintar as quartinhas na cor do orixá a que ela pertence, com exceção apenas do bori que será sempre branca, pois esta possui ligação apenas com o ori do indivíduo.

As quartinhas são tão sagradas que quando se despacha um orixá elas o acompanham, e há casos que é possível encostar orixás em quartinhas para proteger uma casa ou local de trabalho.

quinta-feira, 18 de agosto de 2022

NÃO SE ENTERRA ORIXÁ EM TERRAS IORUBA

Por Dra. Paula Gomes

Postado em 18/08/2022



Este extrato, foi recolhido da postagem ao qual a Dra. Paula responde ao público sobre os costumes fúnebres em terras ioruba.



 Veja o vídeo completo em 
https://www.youtube.com/watch?v=P9by2PbnTkU

quinta-feira, 28 de julho de 2022

NAÇÕES AFRO-BRASILEIRAS E O BATUQUE DO RS.

Postado em 27/07/2022

Revisado e aumentado em 19/10/2023





REVISTA OLORUN n. 46, janeiro de 2017
ISSN 2358-3320 – www.olorun.com.br

NAÇÕES RELIGIOSAS AFRO-BRASILEIRAS NÃO SÃO NAÇÕES POLÍTICAS AFRICANAS

Erick Wolff
Março de 2016



SOBRE NAÇÕES

Nos diversos segmentos religiosos afro-brasileiros todos querem legitimar-se afirmando que sua “nação” é originalmente oriunda de solo africano, desta ou aquela região, iniciado por fulano ou ciclano cujo nome jamais poderá ser checado, supostamente nascido na África. É louvável o desejo da legitimização africana, se não fosse ilusório. 

Todas as nações religiosas afro-brasileiras, de todos os segmentos, nasceram no Brasil, são afro-brasileiras, não são africanas, não representam nenhum Estado ou Cidade africana, não praticam nenhum culto na forma tradicional africana mesmo que possuam nomes de cidades africanas em suas definições afro-sociais. É verdade que foram formadas por elementos de matrizes africanas aqui repensadas e reestruturadas, mas estas heranças culturais e religiosas não fazem de nenhuma nação de religião afro-brasileira uma nação pura africana. NENHUMA!

Entretanto, o fato de terem nascido no Brasil não significa que são uma fraude, pois se assim fosse, todas os segmentos religiosos afro-brasileiros seriam, mas não, todas são legítimas para o Brasil. O erro está em considerar que a nação do outro é uma fraude, e a sua é verdadeira, porque é supostamente original de algum lugar da África. 

A nação afro-brasileira de kétu refere-se a uma nação afro-religiosa do candomblé, e não à cidade ioruba africana de Kétu, localizada no Dahome. (José Beniste) 

A nação afro-brasileira angola refere-se a uma nação afro-religiosa do candomblé, e não ao país africano de Angola. 

A nação afro-brasileira Jeje refere-se a uma nação afro-religiosa do candomblé, Batuque ou tambor de mina. Segundo o professor Reginaldo Prandi (USP), não existe nenhuma nação política denominada “Jeje” em solo africano. O mesmo vale para a nação religiosa afro-brasileira “nagô”. 

A nação religiosa afro-brasileira Oió refere-se a uma nação religiosa do Batuque, e não à cidade Iorubá de Oió, na Nigéria. 

A nação religiosa afro-brasileira Kambina, do Batuque, refere-se a uma nação religiosa criada e estrutura aqui no Brasil, tanto quanto as outras, e não à alguma cidade ou nação na África. Se as outras aqui formadas são legítimas para o Brasil, a Kambina também é. Alguns sacerdotes tentam equivocadamente afirmar que a Kambina trata-se de Cabinda, província de Angola, sem apenas pela semelhança do nome. Não existe nenhuma nação religiosa afro-brasileira, de qualquer segmento, que seja a extensão pura e legitima de uma cidade, estado ou nação africana, que exista aqui tal qual existe em África. Acreditar nisto é utopia, ou má fé. Todas, sem exceção, foram pensadas, criadas e estruturadas no Brasil. As nações afro-religiosas da forma como existem aqui não existem na África, e vice-versa. Que isto fique claro para que não se arvorem prepotentemente sobre falsos conceitos de pureza. Não existe ninguém puro (Mãe Stella). Sobre o conceito de nação religiosa afro-brasileira separamos alguns extratos de pessoas altamente conceituadas e referenciadas na bibliografia afro-brasileira:


 




SOBRE REIS E PRÍNCIPES 

O conceito que um rei de uma nação afro-brasileira precisa ter sangue nobre africano para ser reconhecido é utópico. Não existe nenhuma prova exata e certa que algum rei, rainha, príncipe ou princesa africanos que aqui fundaram qualquer nação pura, tal qual em África. 

Sempre em algum momento da história das religiões afro-brasileiras surgiram “reis” desta ou aquela nação religiosa aqui formada que, ou se auto intitularam, ou foram titulados pelos seus seguidores. Reis não nasceram com o mundo, eles foram feitos reis pelos homens, e para os homens. 

Se as nações religiosas afro-brasileiras não são nações políticas africanas, reis e os príncipes religiosos afro-brasileiros também não são, nunca foram. Exigir sangue nobre como base para seu reconhecimento e legitimação não faz sentido, até porque tal, mesmo que verdade fosse, não se poderia provar. 

Afirmar através de documentações discutíveis que um africano puro vindo de uma nação africana pura, veio ao Brasil há “duzentos” e aqui fundou uma nação pura, é zombar da inteligência dos estudiosos e explorar o boa fé dos leigos. 

O que dá legitimidade a um “rei” religioso afro-brasileiro (ou em qualquer lugar do mundo) é o reconhecimento de seus súditos e a reverencia a ele prestada, independente de ser auto intitulado, ou de ter sido titulado após a morte. É importante para uma nação religiosa afro-brasileira aqui formada conhecer suas origens e ser respeitada através de um ícone. 

Mas estas origens estão aqui mesmo no Brasil, todas as nações religiosas afro-brasileiras tem seu fundador mítico. Estas nações devem respeitar-se mutuamente respeitando seus fundadores. Se o rei em questão é reconhecido por seus súditos, então ele é rei, independente do sangue de família e de sua suposta origem africana, ou não. O mesmo conceito vale para os príncipes e princesas. 

Entre os iorubas, o conceito de principado é diferente do europeu, pois não é preciso ter sangue nobre para ser príncipe. Quando um rei é coroado, todas as crianças que nascem no lugar de origem do rei, a partir desta data, são considerados príncipes (Nathan Lugo).



Algumas considerações


O Batuque possui identidade, rituais e origens próprias, por isso, é completamente errado, como vemos alguns autores dizendo que o Batuque seria um tipo de Candomblé gaúcho. Não, não é, assim como o Candomblé não é um Batuque nem precisa ser.

O Candomblé possui várias Nações com costumes, idioma, divindades e tradições diferentes. 

O Batuque possui segmentos atualmente destacam-se Oyo, Nagô, Kanbina, Jeje e Ijesa que cultuam as mesmas divindades, possuem os mesmos costumes, iniciações e tradições, portanto, podemos dizer, conforme o Conceito de Nação, que o Batuque é uma nação com alguns segmentos.

Concluindo que tanto o Candomblé quanto o Batuque nasceram aqui, não veio da África, sendo que até o momento não temos registros que existiu ou existe Batuque ou Candomblé em qualquer lugar da África.

Sobre o conceito de Reis, Rainhas, Príncipes e Princesas africanas nem sempre se baseiam em sangue real, mas são denominados conforme os ritos ou costumes de uma região.

O mesmo ocorre no Brasil, onde Reis, Rainhas, Príncipes e Princesas recebem suas condecorações pelos seus súditos. 

terça-feira, 5 de julho de 2022

O VALOR DO EJE: MENOS É MAIS

Por Erick Wolff de Oxalá

Postado em 04/07/2022

Imagem 01, sacralização para Ògún, crédito Awosipe


Este texto apresenta ao leitor alguns conceitos que envolvem o uso do eje

Sobre oferendas comunitárias o professor Hendrix (2015), assim comunica:


[....] Em África, durante as grandes festividades em homenagem às divindades, são realizadas procissões onde os assentamentos dos òrìsà são lavados com água da nascente de um rio e, posteriormente, são imolados animais que se tornam o prato principal de um banquete comunal nessa "economia teologal "acompanhada de grandes festas coletivas, muitas vezes patrocinadas pelo rei local ou dono de mercado. 

 

Existem vários tipos de oferendas destinadas às divindades e aos antepassados. Os yorùbá eram agricultores ou pastores, por isso as oferendas se constituem da mesma forma. Quando os yorùbá faziam a colheita, o primeiro prato era para a divindade da família ou da cidade ou da comunidade. Da mesma forma quando pretendiam fazer, por exemplo, uma comida a base de galinhas. Antes de comer o animal, devia-se sacrificá-lo aos òrìsà, para, daí sim, poder consumir a carne. [...] (pg. 11)


E o professor Hendrix completa:


[...] Para os yorùbá todo ser vivo foi criado por Òòsàálá, portanto a sua vida devia ser respeitada. Para poder alimentar, o yorùbá deve primeiro devolver aos òrìsà,, o àse, a energia vital divina, assim ao consumir a carne do animal, seja uma galinha, um carneiro, ele está em comunhão com a própria divindade. [...] (pg. 11)


A seguir mostraremos a fala do Bàbálawo Ifaodunnola Aworeni:


[...] Meu irmão na realidade quem vai definir a sacralização é Orunmilá e os Orisás através do Ikin ou Meridigolun.[...]

 

Sobre a quantidade de animais oferendados o Bàbálawo Aworeni, esclarece:


[...] O Oluwo Bàbá Ifateju Aworeni no I Seminário AfroBrasileiro em Porto Alegre em seu discurso falou algumas palavras que repercutiram pesadamente em meus princípios religiosos: ..... Orisá não é vampiro....

Ou seja se Orunmilá determinar que seja usado um adiẹ não deverá ser usado dois, três, quatro ou cem! Deverá ser usado somente UM!

E é isso que justamente o que muitos erram, pois na ânsia de agradar ou por falta de conhecimento saem por ai sacralizando sem nenhum tipo de comedimento. [...] (Aworeni)


Consideração final 


Em consonância aos conceitos apresentado, já algum tempo venho divulgando que podemos observar a orientação do jogo para evitar exageros no abate, afinal o poder está no próprio orixá, no àse que ele carrega de Olodumare 


*Èjè - sangue

Referencias

AWORENI, Bàbálawo IfaodunnolaPai qual o momento certo de usar o Ejé?, J.B Ancestralidade, 2022.

Link acessado em04/07/2022 às 21:20 hrs - https://www.facebook.com/730042267179598/posts/pfbid0s7P8HQygmnSScKGGwqCTWcraPTNBE2qjaaCQ4JKB4e3fSHvQtYRjMrBXdisWsbgEl/


AWOSIPE, Ifatola Sangodare. Feliz início do mês, Ò Ògún, Blog Ilê Axé Nagô Kóbi, 2020 (crédito imagem 1)

Link - https://iledeobokum.blogspot.com/2020/05/feliz-inicido-de-mes-ose-ogun.html


SILVEIRA, Hendrix. Ìpèje: a Imolação nas tradições de Matriz Africana, Revista Olòrun n25, 2015.
Link - https://revistaolorun.files.wordpress.com/2018/10/revista-olorun-25.pdf

Imagens comprobatórias



quinta-feira, 9 de junho de 2022

ALGUMAS PALAVRAS DO VOCABULÁRIO IORUBA

Postado por Erick Wolff de Oxalá
Em 09/06/2022


Segundo os meus estudos, seguem algumas traduções sobre as saudações das nossas divindades.


Bara - Laalu po = Laalu (o mais famoso ou mais importante da cidade ), po (completamente) - Laalu - em terras Iorubá, esta saudação pode ser usada também para Sàngó.

Ogun - Ògún Yè = Yè - verbo que indica o fato de estar vivo, indica também o ato de sobreviver, sair incólume de algo.

Oya - Epà Hey = Epà (expressão de surpresa, tipo salve), Hey (denota espanto) - Epà também pode ser usada para outras divindades.

Sàngó - Kabiesile = (O rei esta na terra) pode ser usado para todas as divindades inclusive as femininas.

Odé e Otin = Oke possivelmente uma referência a montanha; Bambó (veio comigo)  
Ossanhe - Ewé oò = Salve as folhas (oò = intensifica o que veio anteriormente).

Xapanã - Àgbàwò = atendimento a uma pessoa doente.

Osun - Oore yeye oo = Oore (benevolente), yeye (mãezinha), oo (intensificação das saudações).
Ouvimos muita gente falar Ora yeye ooo, ou seja - Ora (gorda) nada impede que possam continuar a usar ora yeye ooo.

Yemanja - Omi odo = omi (àgua), odo (rio).

Oxalá = Epà ooo Epà baba

Sobre a saudação de Oba, encontramos apenas Ẹṣọ́ (guarda).
Fontes -
Educa Yoruba
dic do Beniste

sexta-feira, 29 de abril de 2022

HOJE É DIA MUNDIAL DA RELIGIÃO E DIA NACIONAL DE COMBATE À INTOLERÂNCIA RELIGIOSA

Por Yemojagbemi Arike
Postado em 21/02/2022, acessado em 30/04/2022 às 01:55



Eu acredito que a melhor forma de conseguirmos respeito é com o conhecimento, é cada vez mais ampliar os espaços, as vozes , não para conversão, mas sim para nossa preservação:




É importante sentir orgulho daquilo que faz parte e sem qualquer medo dizer a fé que se professa. Andar com os trajes que quiser e onde quiser.

Andar de cabeça raspada ou dizer sarava ! Invocar os índios donos desta terra brasil ..’jurema.

E assim vamos nestas religiões que se costuraram seja lá o que alguém pode e mesmo um de nós: discordar, não podemos nunca é parar de respeitar.

ORIXÁ DA MÃE RITA CHEGA EM PLENO DIA

Por Erick Wolff de Oxalá

Postado em 29/04/2022, revisado e aumentado em 01/05/2022 às 10:27

Mestre Borel

O extrato de vídeo abaixo registra um depoimento do Mestre Borel, que relata o orixá da Mãe Rita*, chegando as 13 horas da tarde, em pleno dia, para falar com ele. 



O vídeo completo pode ser encontrado aqui - https://youtu.be/ftjdoUEC4b0

 


Informação da mãe Rita do Aganju: *Mãe Rita do Aganju, filha de Jauri de Oxum Fun Mike, tradição Ijexá Puro.

Imagem comprobatória:


 

sexta-feira, 15 de abril de 2022

ORIXÁ: SEMELHANÇAS E DIFERENÇAS ENTRE A TRADIÇÃO IORUBA E A TRADIÇÃO DO BATUQUE DO R.S.

Por Erick Wolff de Oxalá

Postado em 15/04/2022





RESUMO

Neste artigo, estamos diante a riqueza de registros do livro Estudos de Batuque, de Carlos Krebs, que possui raras imagens de orixás manifestados nos rituais do Batuque, que por tradição e ritualística, no Batuque do RS não fotografa nem filma orixás. Por isso, este trabalho possibilita demostrar a semelhança preservada dos orixás do Batuque quando possuídos em seus iniciados, com a tradição ioruba. 

 

PALAVRAS CHAVES: Orixá, vestimenta, paramentos, indumentária.

 

Introdução

Os orixás do Batuque não permitem serem filmados, ou, fotografados, motivo este que na sua manifestação, estas divindades praticam rituais e cerimonias que não devem ser comentadas com os iniciados[1] destes orixás. Sendo assim, não é permitido filmar, fotografar, e que fotos ou filmagens que existem, foram feitos à revelia, e somente divulgado após a morte das pessoas envolvidas. O mesmo ocorre com mencionar que há manifestação do orixá naquela pessoa. E por motivos de respeitar este tabu, dificulta mais registros ou estudos sobre a manifestação dos orixás no Batuque.

 

Mesmo assim, neste artigo ilustraremos alguns orixás manifestados, paramentados e vestidos, para registro e estudos dos costumes do culto do orixá afrosul, ao mesmo tempo que demonstraremos registros de orixás manifestados em terras Iorubas.

 

MANIFESTAÇÃO DOS ORIXÁS DO BATUQUE DO RS

Seguem imagens que registram manifestações, vestimentas e comportamento dos orixás da década de 40. Estes que muitas vezes passam horas manifestados e acabam indo embora deixando o seu iniciado sem cansaço ou vestígio decorrente de uma manifestação. 


Vejam a seguir imagens do livro Estudos de Batuque


  • Imagem 01, crédito Estudos de Batuque, Pai Fiorentino Pereira da Silva, dançando ritualmente com o seu Ogum manifestado. Casa Mãe Apolinária.


  • Imagem 02, crédito Estudos de Batuque, Marieta, filha e mãe-de-santo, possuída por seu Oxalá-moço. Está envergando nas vestes rituais do orixá (branco) e portando o seu cajado. Marieta vem referida no texto, em possessão e fazendo cair no santo inúmeras pessoas, apenas apontando-lhe com a mão ou com um simples lírio branco. 


  • Imagem 03, crédito Estudos de Batuque, A manifestação do orixá.

  • Imagem 04, crédito Estudos de Batuque, Ogum, orixá da guerra, manifestado e revestido com seus paramentos rituais. Casa Mãe Apolinária.

  • Imagem 05, crédito Estudos de Batuque, No interior do pegi, o rito final para despachar o santo. Casa de Mãe Apolinária.


  • Imagem 06, crédito Estudos de Batuque, inicio do estado-de-santo.

  • Imagem 07, crédito Estudos de Batuque, Característica expressa facial de um crente em possessão. Casa da Mãe Apolinária. 

  • Imagem 08, crédito Estudos de Batuque, Oxalá-velho manifestado no seu iniciado. Observe-se o pequeno bastão usado, um dos atributos deste orixá. Casa da Mãe Apolinária.

  • Imagem 09, crédito Estudos de Batuque, A Oxum manifestada em Dona Moça, mãe-de-santo, numa cerimônia festiva em sua casa de culto.

  • Imagem 10, crédito Estudos de Batuque, Amparado por Mãe Apolinária, um crente começa a entrar no estado-de-santo.


  • Imagem 11, crédito Estudos de Batuque,  A projeção dos lábios, típica nos crentes em estado-de-santo.


Nas próximas imagens, são de orixás manifestados em terras Iorubas, notem a semelhança entre eles e os orixás do Batuque do RS. 


  • Imagem 12, crédito Asa Òrìsà, Durante o festival de Xapanã, em Òyó, Nigéria, Xapanã Manifestado, anda pelas ruas abençoando e falando com as pessoas. Observem a capa que envolve as vestes de Xapanã. Não ele carrega uma vassoura, que é o símbolo de Xapanã. 


  • Imagem 13, crédito Asa ÒrìsàDurante o festival de Xapanã, em Òyó, Nigéria, o orixá para na frente do Palácio do Alaafin para abençoa-lo e a todos que ali estão.

Vídeo de Xapanã durante o festival.

A seguir, este registro é muito importante, onde Oya, visita Yemoja para abençoar e passar mensagens.


  • Imagem 14, crédito Òrìsà BrasilRenata estava em rituais de iniciação para Yemanjá, quando Oya vem pelas ruas e entra na casa de Yemanja, senta na esteira para passar mensagens e benção, depois Oya levanta e vai embora para a sua casa.

Vídeo de Oya visitando Yemoja. 



  • Imagem 15, crédito Asa Òrìsà, Durante o festival de Xangô, Òyó, Nigéria, Xangô, Oyo, o próprio orixá sentado passando mensagens, ensinamentos e abençoando os devotos.


  • Imagem 16, crédito Yemonja Arike, Durante o festival de Xangô, Òyó, Nigéria, Xangô, Oyo em 2019. Xangô come o fogo.


PONTOS SEMELHANTES ENTRE O ORIXÁ DO BATUQUE E O ORIXÁ EM TERRAS IORUBA

A forma que os orixás do Batuque manifestam, possuem características próprias, que não se assemelha a qualquer outra religião afro-brasileira, no entanto, podemos notar que os orixás do Batuque preservaram muito dos orixás em terras Ioruba.

 

Notamos que as vestimentas e paramentos também possuem características dos orixás em terras Ioruba, e não se assemelham a outras religiões afro-brasileiras. Referente as tradicionais capas, que alguns orixás do Batuque usam, lembram os panos que os orixás usam na matriz ioruba. 

 

Notem que assim como o orixá manifestado podem e anda com os olhos abertos, possuem autonomia para ficarem o tempo que quiserem durante rituais e se portar como desejarem, sendo que muitas destas manifestações ocorrem conforme vistos nos vídeos e fotos em terras iorubas.

 

É comum os orixás do Batuque passarem por rituais onde comem buchas de fogo, carvão em brasa, dendê ou mel fervendo, entre outros fundamentos, enquanto manifestados. Semelhante ao que vemos orixás manifestados em terras iorubas. 

 

PONTOS DIVERGENTES ENTRE O ORIXÁ DO BATUQUE E O ORIXÁ EM TERRAS IORUBA

Importante ressaltar que os orixás desejam se comunicar com os devotos, por isso, o fazem no idioma nativo Brasileiro, diferente dos orixás Ioruba que o fazem no idioma de sua origem. Existem registros de que o Xapanã do pai Manoelzinho ensinava as orin (cantiga) e falava o idioma nativo. 

 

Os orixás do Batuque podem chegar a qualquer momento, e ficam o tempo que desejarem, no entanto, hoje em dia, poucas casas fazem toques durante o dia, já os festivais de orixá em terras iorubas geralmente ocorrem durante o dia, desta forma, os orixás circulam pela cidade e abençoam a todos que por eles passam.


Em terras Ioruba, o orixá possui vestimentas especiais que as usam quando estão manifestados. Como pudermos ver os registros de orixás do Batuque, usando roupas e paramentos especiais durante as festas, hoje em dia poucas casas mantem os paramentos e vestes. Importante registrar que o orixá quando manifestado, retira relógio, joias, fios de contas e acessórios que o iniciado possa estar usando, para ter mais liberdade para dançar ou ajudar em rituais que esteja participando. 

 

É costume de o Batuque não comentar que o orixá manifesta em determinado individuo, segundo entendemos que este estado espiritual é mantido em segredo até mesmo pela divindade, que, não deixaria vestígios na mente do indivíduo. Jaá em terras Ioruba sabem que irão passar pela manifestação do orixá. 

 

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Orixás do Batuque preservaram alguns pontos sua origem ioruba, se considerado as possíveis adaptações em terras brasileiras para preservação do culto, e sem contato com a matriz, existe semelhança que podemos observar. 


Orixás do Batuque quando manifestados, mantém o tabu da ocupação, desta forma não é possível gravar ou filma, o que dificulta o registro dos costumes e tradições praticadas pelas divindades.  

 

Apesar da diferença e adaptações nos trajes e paramentos dos orixás do Batuque, ainda assim notamos que não copiava o Candomblé, por isso, a identidade e cultura do Batuque deve ser preservada.


Os orixás do Batuque não são obrigados a se comunicarem no seu idioma, nativo ioruba, pois, desejam facilitar o contato com os seguidores brasileiros. Contudo, nada impende que possamos estudar para que um dia caso estas divindades desejem falar no seu idioma, de origem, possamos nos comunicar com eles. 


Fonte internet

Sàngó abençoando e orientando o povo durante o festival de 2020, acessado em 31/03/2022 às 22:13 link - https://iledeobokum.blogspot.com/2021/12/sango-abencoando-e-orientando-o-povo.html



ARIKE, emojagbemi Omitanmole, Oya visita Emojagbemi Omitanmole Arike, acessado em 31/03/2022 às 22:13 link - https://iledeobokum.blogspot.com/2021/12/oya-visita-emojagbemi-omitanmole-arike.html

 

ARIKE, emojagbemi Omitanmole, Sàngó engolindo fogo durante o festival de Sango em Òyó, 2019, acessado em 02/04/2022 às 18:57 Link – https://www.facebook.com/yemoja.renata/videos/418716928924262

 

 

GOMES, Paula, Festival de Obaluaye (Xapanã) em Oyo, 2022, acessado em 31/03/2022 às 22:07 link - https://iledeobokum.blogspot.com/2022/01/festival-de-obaluaye-xapana-em-oyo-2022.html


Bibliografia

KREBS, Carlos Galvão, Estudos de Batuque, 1988, centenário da abolição, Instituto Gaúcho de Tradição e Folclore.  



[1] Momento ao qual o indivíduo passa pela possessão, que no batuque dá-se o nome de ocupação para o estado de possessão de uma divindade.


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