Mostrando postagens com marcador Orixá. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Orixá. Mostrar todas as postagens

sábado, 27 de maio de 2023

VOCÊ JÁ REZOU HOJE?

Esta postagem registra experiências de uma batuqueira vividas em terras Yoruba.

Osunronké foi para Oyo em março, visitou lugares sagrados, participou de festivais, rituais e iniciações, que a levou a um despertar espiritual, ou melhor, foi mais que um renascimento, houveram respostas e até orientações que refletirão por toda a sua vida.

Nesta viagem, Osunronké pode ver com os próprios olhos o que o Batuque preservou da matriz, encontrando em Oyo e região elementos comuns em nosso dia-a-dia na diáspora batuqueira. 

A seguir:




"Ẹ kú ojúmọ́ gbogbo ilé o.
Bom dia ! Você já *rezou hoje?
Por que eu bato tanto nessa tecla?
Eu noto que a finalidade de uma religião e o modo de cultuar se perdem.
Você costuma rezar para o seu Òrìsà, agradecer pelas conquistas pela saúde, pela vida, pela família e pelos amigos que tem? Ou você lembra do Òrìsà somente quando é para te favorecer?
Hoje dia de ọ̀sé̩ Ọ̀ṣun Sàngó àti Ẹ̀gbẹ́ Que possam nos abençoar e nos proteger.
Hoje em especial eu rezo, invoco e agradeço a Orí que me deu maturidade de tentar entender e aceitar as pessoas como são. Aceitar as pessoas com suas qualidades e defeitos et respeitar o espaço de todos para que o meu espaço também seja respeitado.
Já procurou te melhorar hoje? Caso não tenha feito isso. Então, o que serve a religião?
Graças a Eledumare e a Ọ̀ṣun tenho pessoas abençoadas nos meus caminhos com os mesmos propósitos. Que Ẹ̀gbé̩ me apresente e faça permanecer pessoas leves que agreguem palavras boas de Ire.
Ótima quinta feira aos meus amigos.
Que Ọ̀ṣun nos abençoe.
Ọ̀ṣun á gbé wa ooo
ORE YÈYÉ OOO "

Destacamos a importância de evocar ori e orixá:

Erick Wolff
Muito importante invocar orixá e ori para agradecer e não somente pedir…

Julie Osunronké Abebí
Erick Wolff Aqui entra o assunto daquela tecla que já batias a dez anos atrás sobre Orí e a importância do culto. 😘





*Destacarmos que o termo rezar se refere a adura (orações).

https://www.facebook.com/photo/?fbid=10160686449634394&set=a.10159653616779394

segunda-feira, 1 de maio de 2023

ORIXÁS DO MEL, NO DENDÊ!!! (BATUQUE)

Esta postagem foi elaborada em 26/04/2026, para os seguidores do Batuque do RS, pudessem amigavelmente falar sobre os costumes do Batuque e suas tradições. 

O intuito foi estudar o novo costume de temperar com azeite de Dendê orixás que no Batuque são tratados com o mel.


A seguir:



Recentemente algumas pessoas tem publicado que Oxalá Oromilaia, Oxum Oloba e Oxum Jimu, estão sendo tratados no dendê.

Abro espaço para comentarem seus pensamentos ou experiencias, não há necessidade de citar famílias ou pessoas.

As respostas a seguir:



Erick Wolff
William Saupe agradeço a contribuição, mas devemos lembrar que Osaguian é cultuado no candomblé.
Talvez o novo segmento do Batuque o Batuble possa estar cultuando Osaguian pelo aculturamento, no entanto, Osala Obokun não tem ligação com está divindade.

Luiz Cláudio Soares
Erick Wolff vdd

Bàbá Ifaburè Dirojaye
Nosotros entendemos que el único Òrìṣà que tiene prohibido el dendê es Òṣànlá y por consecuencia, todo el agrupamiento de Òrìṣà que encierra esa denominación. El resto, no tendría a nuestro criterio, problema con el dendê.


Adilson Piedras Junior
No batuque, nas casas que já vivi e presenciei a presença dos orisas, sempre notei que em diversos rituais,que se era condicionada a proximidade de comidas e elementos de Osun e Yemanjá a Osala.
Isso já é um motivo suficiente para não utilizar o dendê que é rejeitado por esta divindade.
Outro ponto é que Orunmilá é confundido com Osala Oromilaia...
De fato não são a mesma divindade!

Diego da Rosa
Sei que colocam um pouco de dendê, um pouco Oi, nos orixás obokun, miwa e panda , poisé ser colocado, oxuns novas não vejo tanto receio e são antigos na religião que falam. Ao eu

Chico Neto
Pergunta:
Se colocar epô ( dendê) nos orixás de praia, como despacha junto com os de Mel depois??

Eduardo Borges
Peço licença para um simples comentário...
Em primeiro lugar se faz necessário interpretar o conteúdo da postagem do irmão Erick Wolff que fala sobre o TRATO de tais divindades... diferente de se falar em "ebós" as mesmas!
No batuque RS Oxum, Iemanja e Oxalá não são tratados no epô por vários motivos, no meu ponto de vista, o principal foi o resumo de informações passada aos adeptos ao longo dos anos o que prejudicou o entendimento do que se trata como "tradição", "feitura", "lado" e na minha visão um ponto extremamente relevante, a HISTÓRIA! Negar a história como vejo muitos fazendo em nome de uma tradição RECENTE como o batuque x o culto a orixá é um tremendo desserviço a sabedoria milenar em orixá! Axé 🙏🏻
 
Erick Wolff
Saudações Iya Peggie Abike, por gentileza, só mais uma pergunta, quando menciona a ifa,,se refere ao termo antigo do jogo de búzios do batuque ou a ifa-orunmila ?

Erick Wolff
Jairo D'Adjolá por gentileza meu irmão, neste debate, saberia informar se onde a oxum Oloba ia dendê, na hora da levantação ela ia junto com os de dendê?

Jairo D'Adjolá
Erick Wolff não foi comentado na epoca

Erick Wolff
Saudações Thiago Oliveira, na sua família, Oromilaia seria uma qualidade de qual orixá?

Thiago Oliveira
Erick Wolff oxalá

Erick Wolff
Por gentileza Jeferson Cordova, a sua fala não ficou clara, pois informa que:
"Nos orixas sempre mel nunca epô,"
Entretanto, na mesma fala afirma que:
"mas existe algumas situações q quando se faz uma oferenda para oxum q vai um pouquinho de epô."

Jeferson Cordova
Erick Wolff quis falar q nos acentamentos de oxum, yemanja e oxalá vai mel sempre. E em algumas situações em oferendas ou trabalhos usa-se dendê em pouca quantidade 
 
Erick Wolff
Por Gentileza, querido irmão Diego da Rosa, se puder responder alguns pontos para estudo e pesquisa:
No caso do "orixás obokun", quem coloca dendê o cultua como Osala?
E miwa seria um nome de um orixá ou seria uma qualidade de orixá?
Ainda a tempo, estes orixás do mel com dendê são despachados entre os de dendê?

Diego da Rosa
Erick Wolff perdões minha tela está quebrada , baba Erick, conheço quem coloque um pouco de dendê e mel para Obokun tanto na frente quanto a deixar em "axeeo" assim o mesmo para Oxum Panda e /Miwa, dito assim pois sei de casos em familia que orsticam isso umas não dividem a miwa como qualidade

William Saupe
Erick Wolff não sei se é pertinente ao assunto mas comparam muito "Obokun" com "osalaguian" e esse é tratado com dendê no culto tradicional mesmo sendo um orixa funfun

Diego da Rosa
Axero praticam corrigindo os erros

Erick Wolff
Me perdoe, não me fiz claro Diego da Rosa, me referia a levantação, este orixá de mel tratado também com dendê, ele vai junto com os de dendê na bacia?

Diego da Rosa
Até onde eu saiba mel

Erick Wolff
Ainda a tempo Iyá Pati Iemanjá, por gentileza, tratam Oxalá Oromilaia no dende ou no mel?
E se possível me retire uma dúvida, na sua família, não usam okuta, mas sentam este orixá na vasilha e também entregam cabeça?

Iyá Pati Iemanjá
Erick Wolff sou Jeje Nagô de Bobokesha - não sentamos Oromilaia, e não fazemos filho de cabeça. Nossa feitura é específica para uma obrigação feita para ter o axé de Ifá, feita no mel e não damos ocutá
Maiores detalhes irmão Erick Wolff meu whats 51.98955-0156

Thiago Oliveira
Minha família Oyo/jeje usa epo para oromilaia

Ruan Carlos Lima Munhoz
Erick Wolff Para a minha ẹbí , Òşùn, Yèmojá e Òşàálá, são todos no mel.
Observação: Independente de classe e qualidade.

Jairo D'Adjolá
Participei de um debate aqui n face em que um irmão dizia tratar Oxum Oloba com dende

Andrew Monteiro
Na tradição que sigo, não há prática de vincular dendê à Oxum Demum e Oxalá Oromilaia.

Òmò Òrìsà Léo Agandjú Ïomí
Ijimum/Demum não me causa estranheza, aprendi sobre dendê pra esta qualidade de Oxum.
Mas pra Orunmilá/Oromilaia no batuque acho diferente, sendo que é aglutinado à Oxalá.
Mas deve ter famílias que praticam.

Chico Neto
Diego da Rosa mas como mistura os Orixás de mel junto com os Orixás de mel que também vai dendê, de certa forma os que são tratados somente com mel, vai acabar com dendê também..
Poderia descrever mais sobre esse assunto?
 
Erick Wolff
Obrigado Diego da Rosa, pela atenção.

Luiz Cláudio Soares
E no caso de um toque onde se faz duas balanças, povo de epô e do mel , onde ficaria o pessoal se Orumilaia neste caso, na primeira ou segunda balança? 
 
Erick Wolff
Saudações irmão Eduardo Borges, referente a sua fala, é justamente o intuito das minhas postagens, distante de levantar qualquer critica ou costume da casa de alguém ou família religiosa, desejamos registrar o que é comum entre todas, ou de cada família, para mapearmos a origem de novos costumes e tradições.
Desta forma os mais novos terão oportunidade de entender os novos segmentos do Batuque.
"Negar a história como vejo muitos fazendo em nome de uma tradição RECENTE como o batuque x o culto a orixá é um tremendo desserviço a sabedoria milenar em orixá!"
 
Erick Wolff
Bom dia irmão Jeferson Cordova, neste caso, o orixá de mel, que está sendo tratado com o dendê, ele ficaria entre os orixás de dendê?

Luiz Cláudio Soares
Segundo relatos de pessoas mais velhas da tradição OYO, oromilaia não possuía okuta.
Pelo que observei o dendê neste oxalá pode ser recente. (Iemanjá nunca vi dendê , Oxum Jimun já vi)

Iyá Pati Iemanjá
Luiz Cláudio Soares sou Jeje Nagô de Bobokesha e não usamos ocuta para Orunmilá.

Luiz Cláudio Soares
Ricardo Regis mas nesse caso teriam que começar tirando o sincretismo, que ao menos teria alguma justificativa, do que apenas incluir um elemento. ( precisaria ter uma fundamentação para incluir)

Ricardo Regis
A questão é que estão misturando tradição Yorùbá que quase todos orixas usam dendê com a tradição do batuque em que oxum / yemanja é oxala usam mel

Bàbá Ifaburè Dirojaye
Ricardo Regis , que usted no haya visto en batuke tal o cual cosa, en todo caso solo demuestra que usted no lo vio, y no que sea una mixtura. Òrìṣà es Òrìṣà, aquí y en África. Lo que le gusta allá, le gusta acá. Que haya elementos que por alguna razón … Ver mais
 
Erick Wolff
Saudações Iyá Pati Iemanjá, meus respeitos.
Pelo que entendi o Luiz Cláudio Soares informa que não possuía, pelo que parece passaram a usar okuta, para sentar oxalá Oromilaia.


Erick Wolff
Para contribuir com as divindades que possuímos registros que eram cultuadas nos anos 80.
Oxalás cultuados no Batuque
Oxala Obokun, Oxala Olokun, Oxala Dakun, Oxala Jobokun e oxala Oromilaia.
Oxum cultuadas no Batuque
Oxum Epanda, Oxum Jimu, Oxum Oloba , Epanda Ibeji e Oxum Doko.


A Afrobras em 30/04/2023, faz um anuncio público sobre as tradições da Religião Batuque do R.S.

Em nota, fala sobre a divindade Osaguian, veremos a seguir:

Afrobras - Federação das Religiões Afro-Brasileiras 

"NOTA AFROBRAS:
A Federação das Religiões Afro Brasileiras - AFROBRAS vem esclarecer aos seus filiados que a divindade Orixá "Osaguian" NÃO É CULTUADO NO BATUQUE AFRO GAÚCHO.
Nossa Federação NÃO RECOMENDA feituras de Orí para esta divindade, visto que não pertence ao culto batuqueiro. mas, sim ao Candomblé e a outras vertentes afro brasileiras.
Não compactuamos com o pensamento de uma tradição mista, cada herança ancestral, na diáspora, possui suas características e fundamentações que respeitamos de forma natural.
O Batuque RS possui sua estrutura litúrgica e fundamental, pertence à todos os seus prosélitos e rende satisfações a nossa ancestralidade, NENHUM SACERDOTE tem a autoridade para transformar o Batuque em "Batucamblé".
Lembramos que o Orixá "Obookun" não tem relação sincrética com "Osaguian".
Estamos a disposição para outros esclarecimentos aos nossos associados.
Muito Axé !"


Imagem comprobatória: 


Link https://www.facebook.com/photo?fbid=642703677900173&set=a.579643120872896


Imagens comprobatórias:









Outros artigos que possam contribuir para o estudo:

domingo, 16 de abril de 2023

AS DIVERSIDADES DA FEITURA DO ORIXÁ

Por Julie Osunronké Abebí

Postado em 14/04/2023 em Oyo, Nigéria, acessado em 16/04/2023


É kabó gbogbo ilé.

Na religião Afro Brasileira costumamos cultuar um Orisa de cabeça e um segundo Orisa que cuidaria da pessoa.
Falando do Batuque RS , na maioria das família temos um Orisà masculino e outro feminino ou vice versa . Depois temos Orisas que compõem a feitura daquela pessoa .
Cada pessoa é um caso , um destino uma espiritualidade. Não existe uma receita única, até porque a receita do bolo muda.
Na religião tradicional Yorubá me referindo ao Esin Orisa Ebilé , somos iniciamos apenas para um Orisa e não existe segundo ou terceiro Orisa.
Existe casos que o Erindinlogun traz uma mensagem dizendo qual seu Orisa de cabeça e algumas pessoas podem ou devem cultuar um segundo Orisa . Por motivo xxxx.
Usando o meu caso como exemplo , chegando aqui em Oyó a mensagem do Erindinlogun dizia: Filha de Òsún mas tinha Sàngó que eu poderia e deveria cuidar.
Neste caso a pessoa se inicia para seu Orisa de cabeça e depois é feito este segundo Orisa como determinado no jogo de búzios .
CURIOSIDADE : No batuque RS Eu sou feita para Òsún com Sàngó. Nas terras Yorubá Sàngó continuou fazendo parte da minha vida.
Os anos se passaram , os rituais são outros mas os Orisas deu Òsún e Sàngó .
Coincidência ?
Eu não acredito .
Eu sempre disse que minha Iya no Batuque jogava muito bem. Nicoly Gon
Kabiesi !
Ver foto: Recebendo Sàngó Koso feito pela família de Sàngó das mão de Sàngówale . Junto na foto doutora Paula Gomes.

Link - https://www.facebook.com/photo/?fbid=10160598310684394&set=a.10159653616779394

Imagens comprobatórias




quinta-feira, 23 de março de 2023

ORISA INDIVIDUAL OU ORISA FAMILIAR?

ORISA INDIVIDUAL OU ORISA FAMILIAR?



Por Omo Ogiyan

Postado em 13/12/2022 acessado em 23/03/2023

Uma concepção corrente (e equivocada) no Brasil sobre a religião dos Orisa na Nigéria diz que em cada cidade ou reino em terras Yoruba teria o culto de apenas um Orisa. Assim, alegam que em Ile Ife só Obatala, em Osogbo apenas Osun, em Oyo somente Sango, em Ejigbo só Ogiyan e por aí vai.
Hoje, lendo uma entrevista feita com o Rei de Ejigbo, destaquei um momento em que o Oba afirma que as atividades cotidianas no palácio de Ogiyan demandam bastante trabalho. Como exemplo, ele lembra que não são apenas os sacerdotes de Ogiyan que atuam no palácio. As próprias rainhas têm cargos específicos para além de Ogiyan, existe aquela que se dedica mais a cuidar das mensagens de Ifá, enquanto uma outra é a responsável por cuidar de Osun.
Lendo a entrevista, lembrei que nos jogos de búzios que presenciei na Nigéria o foco quase nunca recaía em dizer “qual o Orisa” de alguém. Isso, inclusive, parecia gerar muita frustração para alguns consulentes brasileiros. Como tradutor em muitos jogos, era difícil até mesmo explicar para a pessoa que estava fazendo a leitura dos búzios que o(a) consulente gostaria de saber qual seria o Orisa "dele(a)".
Essas considerações indicam algumas coisas importantes:
1. Algo que sempre escutei de minha mãe de santo nigeriana, Adedoyin Olosun, é que os Orisa não trabalham sozinhos. Osun precisa de Obatala que precisa de Esu que precisa de Ogun e por aí vai.
2. Dito isso, para além das relações mais cosmológicas, existem considerações práticas também. Por exemplo, a cidade de Ejigbo fica no estado de Osun, a cerca de 40km de Osogbo. Não é de se espantar que o próprio Akinjole (fundador de Ejigbo) tenha se casado e tenha tido filhos com uma mulher de Osun. Ao mudar-se para Ejigbo, essa senhora de Osun levou com ela o assentamento dela de Osun para Ejigbo. Dessa união, nasce a linhagem de Ejigbo chamada Akinlabi. Processos parecidos aconteceram com outras pessoas em terras Yoruba (que nunca foram estáticas). A presença de diferentes Orisa em uma cidade ou um reino na Nigéria é consequência do próprio processo histórico de séculos.
3. A questão de saber “qual o meu Orisa” não é tão latente na Nigéria porque as pessoas nascem em famílias que já cultuam certos Orisa. Presume-se que alguém nascido de uma família que cultua Ogiyan também seja desse Orisa. Certamente, essa expectativa nem sempre se confirma. Contudo, mesmo no caso de alguém nascido em uma família em Ejigbo e que seja de Sango, por exemplo, espera-se que cuide também de Orisa Ogiyan, pela própria proximidade geneaológica com outras pessoas desse último Orisa.
A violência da escravidão deixou cicatrizes profundas em nossas relações com a África e no que sabemos sobre a religião dos Orisa. Por exemplo, quase todas as conexões familiares foram perdidas (e reconstruídas) na diáspora. Como consequência, atualmente, muitas pessoas dependem exclusivamente do jogo de búzios como forma de descobrir algo muito importante sobre a ancestralidade delas. A que família de Orisa pertencem? Na Nigéria, alguém de Ejigbo saberia que as grandes famílias que sustentam o reinado de Ogiyan são de três linhagens principais: as pessoas de Ogiyan com Osun (família Akinlabi), Ogiyan com Oya (família Atakoko) e Ogiyan com Obatala (família Ondoye). Obviamente, essas não são regras fixas. O que existem são relações históricas e sociológicas nas quais os próprios Orisa estão envolvidos, assim como nós humanos.
OGIYAN EPA! EPA AJAGUNAN!

sábado, 18 de março de 2023

MOTIVOS PELOS QUAIS NÃO SE RASPA

Este fragmento do artigo "Esclarecimentos de Oloye Edu Obadugbe Afolagbade", postado na revista OLORUN, n. 40, julho de 2016,  ISSN 2358-3320 – www.olorun.com.br, nos trás informações sobre o ato de raspar a cabeça. 

Transcrição e adaptação por Luiz L. Marins (www.luizlmarins.com.br), com autorização de Baba Omotobatala.



[...] 1) Aquele que já foi iniciado no culto ao Orixá, seja em qualquer nação com raspado da cabeça ou não, quando mudar de mão, não se raspa, pois ele já foi iniciado, não tem porque passar novamente pelo mesmo ritual duas vezes. Mas acontece que no Brasil muitas vezes por ignorância, quando chega alguém que foi iniciado em outra sem raspar, então, as casas que raspam acham que essa iniciação sem raspar não tem valia, e voltam a iniciar a pessoa. 

2) Aquele que já foi raspado, se mudar de mão e passar para uma linhagem que não raspa, não tem porque se raspar. Mais como ele foi raspado na primeira vez, ele ou ela como babalorixá ou iyalorixá, na sua casa poderá consultar os Orixá para raspar ou não, pois tem pessoas que não devem se raspar pelo falado acima. 

3) Aquele que não vai ser iniciado para o sacerdócio, e sim por saúde, não precisa ser raspado. 

 4) Quem receber Orixá por herança de algum parente que morreu, passa por uma iniciação sem raspar, pois, acredita-se que a ordem para a pessoa ter Orixá vem do orun. Esclarecimentos de Oloye Edu Obadugbe Afolagbade 6 

5) Escravidão: Raspar ou não no culto do Orixá em terra ioruba tem a ver com a família ou linhagem. Em muitas linhagens da terra ioruba onde o fundador foi escravo ou teve um ancestre escravo, não se raspa, principalmente entre os Nagôs: Egba, Ekiti e Ijebu, pois o ato de raspar lembra o fato de ter sido escravo e é motivo de humilhação. 

Era costume entre os Oyó raspar a cabeça dos escravos e fazer tatuagens, aqueles que voltavam livres para sua terra eram logo chamados "afarikola" (carecas com tatuagens). 

O motivo para se tornar escravo em terra ioruba podia ser crimes contra a comunidade: roubo, assassinato, estrupo, etc. 

Mas houve um tempo no qual as nações estavam em guerra e as pessoas eram caçadas e escravizadas. Alguns poucos ficavam na terra ioruba, mas os outros eram vendidos aos portugueses, ingleses ou franceses. 

No caso os escravos ganhar sua liberdade e voltar a sua terra recebiam nomes pejorativos como: "afarikola", "ajereke", "alaigbede", "aguda", "atoyobo". 

Espero que a explicação tenha esclarecido porque se usa se raspar ou não. [...]


O artigo completo: 

https://luizlmarins.files.wordpress.com/2015/02/esclarecimentos-de-oloye-edu-obadugbe-afolagbade.pdf











quarta-feira, 28 de dezembro de 2022

ORÍ NÃO É ORIXÁ POR BABA SANGOWALE IBUOWO

Paula Gomes Aduke
Postado em 28/12/2022 acessado 


Segundo pesquisas realizadas entre 2015 e 2017 nas comunidades de Orisa, ORI NÃO É ORISA. Créditos ao Baba Sangowale IBUOWO

O BATUQUE COMEÇAVA ÀS 14H E NO MÁXIMO TERMINAVA ÀS 5H OU 6H DA TARDE (1988)

Coletamos este registro, de 2019, para preservar a memoria do Batuque e para o bem da ciência, pois algumas informações são desconhecidas ou ignoradas por muitos.

Postado por Dídio De Xangô Aganjú

Em 08/10/2019 acessado em 28/12/2022 às 11:32

"Boa tarde irmãos de Lei.

Mesmo sendo um jovem dentro da nossa religião, o Batuque, me criei dentro de uma casa de religião vendo pessoas como Tesoura de Ogum, Agenor de Oxalá, Marlene de Xapanã, Marli de Ogum, Silas da Oyá, Dadá de Xangô, Inês de Ogum Avagam, Odilon de Iemanjá,Lurdes Oya, Ilê Albino, Camir de Ogun, Eva Regina, Yalorixá Mara D'Oya, Evanai Domingues de Ogum, Silás da Oyá, Abilio de Ogum, Fernando Avagã, Tania Moraes dentre tantas outras pessoas que fazem a religião de forma séria, me desculpe se esqueci de alguém, mas por conta destas referencias e de meu Pai Ivan de Oxalá aprendi que não há espaço para brincadeiras e muito menos para erros dentro de uma obrigação, o que tem que ser feito deve ser feito, de forma correta, de forma segura.
Penso que estamos passando por um momento de transformação de renovação, mas será que estamos no caminho certo, vejo salões lotados, onde a roda não anda, cada vez mais as pessoas não tem respeito umas pelas outras, vejo Orixás indo embora antes do fim, incorporações cada vez mais desregradas, muitas pessoas recebendo santo, novos não respeitam os mais velhos, Orixás novos não identificam Orixás de feitura mais antiga, tamboreiro parando o tambor antes de o Orixá fazer toda a obrigação, tamboreiro fazendo cara feia para Orixá velho que vem nos abençoar no batuque, comidas de batuque praticamente não existem mais dentre tantas outras coisas que na minha opinião não vão de encontro ao conceito de tradição, de levar adiante o fundamento religioso do batuque.
Vejam bem isto não é uma critica e muito menos pretendo denegrir a imagem de algum irmão é apenas um desabafo sobre tudo que vi nestes 12 anos de participação efetiva dentro da religião.
Para ajudar na reflexão, compartilho com os irmãos um pequeno trecho de uma conversa entre meu Pai Ivan de Oxalá e o mestre Tamboreiro Tesoura do Ogum, este foi gravado no ano de 1988.
Axé a todos."

min 1:23
[...] o Batuque começava as 2 horas da tarde e no máximo 5 ou 6 horas terminava [...]


Imagem comprovativa

Link - https://www.facebook.com/story.php?story_fbid=pfbid0YQ3Tqgr6CwqoNyDq7k8HCKwYMqM44g1taPb2N49YnhvTUGmvfk6VDfB91YurSQE9l&id=100017604608322&mibextid=Nif5oz


terça-feira, 6 de dezembro de 2022

EM BUSCA DA ESPIRITUALIDADE.

Por Erick Wolff de Oxalá

06/12/2022


Estamos numa constante evolução em busca do aprendizado e do equilíbrio.

O médium contemporâneo, almeja ascensão espiritual evitando a toxidade energética.

O Batuque com a sua identidade e ritualística, pode fornecer segurança e boas práticas para a cada dia nos tornarmos pessoas melhores.

A esperança de caminhos melhores e sadios para o orixaísta o impulsiona a sonhar e desejar uma vida amena e com amor da sua família, por isso, o papel do Batuqueiro coevo é ajudar a sociedade a se tornar melhor e passar a mensagem que o Orixá abençoa todos e jamais amaldiçoa ninguém.

Os orixás protegem e ajudam a humanidade contra os males do destino, jamais para satisfazer os caprichos de alguém, por isso, aprendemos no Batuque que o Orixá é inteligente e sabe julgar quem é inocente, ou não, sabendo ser justo ou abençoar a quem estiver na sua frente.

Buscamos a sabedoria para poder ajudar a quem nos procura, simples assim.

sábado, 26 de novembro de 2022

ORUNMILA TEM PACIENCIA E RECEBE BENÇÃOS

Postado em 26/11/2022

No itan Ogunda, Orunmila também vai se consultar com o erindilogun, desta forma o jogo é feito para Orunmila. 

Ogunda

[...]

Orixá diz: "Uma benção de dinheiro"

Orixá diz: "Uma benção de filhos"

Orixá diz: "Uma benção de longa vida"

Nós estamos vendo Ogunda

Orixá diz que esta pessoa deverá oferecer um sacrifício 

Orixá diz que o sacrifício

Deverá ser para paciência

Ele deverá fazer oferendas para Orixá

Eko (mingau de farinha de milho)  

Folhas Òdúndún

Três búzios

Ori

Assim orixá tem falado

"Cólera não resolve coisa alguma"

"Paciência é o que traz o bom caráter"

"O ancião é aquele que teve paciência"

"Gostaremos dos idosos, gostaremos de uma vida longa"

Jogo para Orunmila

Ifá estava vindo para a cidade de Iwo para divinar

Ele estava vindo casar com a filha do chefe Iwo

Eles disseram: 

"Orunmila, o lugar aonde você está indo"

"As Bençãos para mulheres estão ali"

Para que as bençãos para mulheres sejam verdadeiras

Eles disseram:

"Você deverá oferecer sacrifício"

"Você deverá ter paciência"

"A mulher deverá dar trabalho para você"

Orixá diz que esta pessoa deverá casas com ela

Mas ela será uma pessoa difícil

Ele deverá ter paciência

Mas no final ela será doce

Orunmila veio

Ele casou com a filha do chefe de Iwo

Orunmila varria chão

Ele colhia a pimenta

Ele fazia a sopa

Ele amassava os inhames

Ele fazia farinha

Se ele pedisse para ele cozinha a sopa

Ela colocava fezes na panela para ele 

Ela colocava urina na panela para ele

Ela quebrava a tigela de madeira de seu òkè-ipòrí

Todos os dias ela quebrava alguma coisa

Orunmila suportava tudo

Ele não mostrava aborrecimento

Orunmila veio fazer suas oferendas

Quando ele estava fazendo oferendas

O que houve então?

"Opá"

Ela chamou  Orunmila

Ela disse:

"Todas as coisas que causam um divórcio"

"Eu tenho"

"E você aceitou tudo"

"Você não mostrou aborrecimento nem uma vez"

"Você suportou tudo"

"Eu nunca deixarei você"

"Eu darei filhos para você"

Todas as coisas que ela não tinha feito

Ela estava fazendo agora

Ela estava cozinhando sopa para ele

Ela estava preparando comida para ele

Ela estava preparando bebida para ele

Ela estava boa para  Orunmila 

Orunmila estava dançando, ele estava alegre

Ele estava louvando os adivinhos

Eles estavam louvando orixá

Eles tinham falado a verdade 

Orixá diz benção de mulheres 

Nós estamos vendo Ogunda

Orixá diz assim

[....] 

Tradução e adaptação: Luiz L. Marins 

Fonte: BASCON, Willian, Sixteen Cowries, Yoruba Divination From Africa to the New Word, página 465

TIKTOK ERICK WOLFF